Orgulhosos escrita por Bear91


Capítulo 3
Capítulo 2




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Aquele era, definitivamente, o pior momento da vida de Mai Valentine. Sua vida tinha se tornado uma grande bagunça, não que ela já tivesse sido realmente estruturada, mas atualmente tudo aparentava estar pior. Parecia não ter restado nada que lhe sustentasse, ela havia perdido tudo que tinha de importante. A verdade era que ela não tinha perdido nada e sim jogado tudo fora. Mai sabia muito bem que merecia o estado lamentável no qual se encontrava.  

Já era o quinto dia desde que tinha acordado naquela casa, mas ainda não havia se acostumado a situação. Os dias haviam sido praticamente iguais, apenas acordar em seguida banhar-se, depois se esforçar para comer algo e ir dormir novamente. Com o pé quebrado e vários ferimentos pelo corpo, não conseguida se locomover sem ter de aguentar uma boa dose de dores. Mesmo que aquela fosse uma bela manhã ensolarada não poderia sair para aproveitá-la. Estava presa naquele maldito quarto, mas a verdade era que aquilo não era importante. O que era realmente valoroso em sua vida já havia sido perdido, e ela provavelmente nunca seria capaz de recuperar. 

Eles foram as únicas pessoas que realmente se importaram com ela, foram eles que a ensinaram o valor da amizade. Graças a eles, sua vida sombria e solitária se transformou em algo completamente diferente, ela conheceu a significado de ter amigos, descobriu que não precisava enfrentar tudo sozinha. E como ela os agradeceu por tudo que fizeram? Com uma traição. 

Ela havia sido tão estúpida, traiu seus amigos por motivos tão mesquinhos. Magoou as pessoas que mais se importavam com ela, tudo por egoísmo e medo. Se deixou levar pela promessa de conseguir um pouco poder e de nunca mais perder, mas no final acabou perdendo o que mais importava. Agora só lhe restava lamentar-se, como fazia naquele momento. 

— Você está bem? — perguntou Samantha, ao notar que Mai deixava algumas lágrimas escaparem, molhando seu pálido rosto. 

— Não se preocupe, eu estou bem. — ela afirmou, limpando as lágrimas com as costas da mão.  

— Mas você não parece estar bem. É como já te disse antes, se eu puder te ajudar com algo, ou se quiser desabafar... — Samantha era sincera em suas palavras, estava realmente preocupada com Mai. 

— Muito obrigada Samantha. Você é uma pessoa muito gentil, mas ninguém pode me ajudar. — respondeu, sorrindo fracamente. 

— E o seu almoço? Você mal tocou nele... — disse ao reparar que a refeição, que havia trago mais cedo, estava praticamente intocada. — Se continuar assim você não vai se recuperar, vai acabar piorando. E ainda vai me colocar em problemas.  

— Eu sei, me desculpe por isso. O Kaiba deve querer que me recupere logo, para ir embora daqui o quanto antes. Aposto que ele odeia o fato de eu estar morando na casa dele. — ela comentou com certo amargor, se lembrando do lugar em que estava.  

Não poderia ser pior, estar dependendo justamente da bondade de Seto.  Aquilo era tão humilhante, ser ajudada por uma pessoa que a desprezava. 

— Não diga isso! O senhor Seto pode ser um pouco rude as vezes, mas ele é uma boa pessoa e parece realmente se preocupar com o seu bem estar. 

— Ah, Samantha... você é um pouco ingênua. O seu chefe me despreza, tanto quanto eu o desprezo. 

 

 

                                                                                   ****** 

 

Seto estava em seu escritório, na Corporação Kaiba, terminando de assinar alguns documentos de um novo contrato. Ao terminar colocou os documentos de lado, em seguida conferiu o relógio. Já era hora de ir embora da empresa.  

Mokuba já o esperava, sentado no sofá com o notebook em seu colo, ele examinava alguns detalhes de um projeto que estava em andamento.  

— Mokuba, vamos embora. — disse Seto, enquanto fechava sua maleta, se preparando para sair.  

— Certo! — ele concordou, fechando o notebook e depositando em qualquer canto. — Seto, será que antes de irmos eu poderia te falar algo?  

— Claro, Mokuba. Vá em frente. — assentiu, um pouco intrigado. 

— Na verdade, não é nada de mais. Eu só queria agradecer, por concordar que a Mai ficasse em nossa casa até ela se recuperar. Significa muito para mim, Seto. 

— Nem precisava me agradecer por isso, Mokuba. Não foi nada, apesar que eu preferiria que nós tivéssemos a deixado no hospital. — ele comentou, não podendo deixar de demonstrar a sua insatisfação. 

— Eu sei que você não gosta da Mai, mas ela é uma boa pessoa e uma amiga. E como nós, ela não tem família. Seria errado a deixar sozinha hospital, ela não teria ninguém que cuidasse dela.  

— Se eu fosse você, não estaria tão certo sobre essa história dela não ter família. — sugeriu ele, causando confusão em seu irmão. 

— Como assim, o que você quer dizer com isso? — perguntou o garoto, sem entender do que o irmão falava.  

— Nada, Mokuba. Eu apenas pensei alto, mas agora vamos embora. — disse, pegando a sua maleta em seguida se encaminhando para saída e Mokuba foi logo atrás dele. 

 

 

                                                                        ******* 

Já era tarde da noite, Mokuba e os empregados já estavam todos dormindo. Ao contrário de Seto, que ainda se encontrava em seu escritório, trabalhando no desenvolvimento de um novo projeto.  

Geralmente essa era a sua rotina, frequentemente acabava trazendo trabalho para casa, era quase inevitável. E ele estava bem com a situação, adorava seu trabalho. Preferia dedicar seu tempo ao algo útil, ao invés de desperdiça-lo com alguma trivialidade.  

Somente em raras ocasiões ele se permitia gastar seu precioso tempo com certas distrações. Seto não se orgulhava desses momentos de fraqueza, no entanto, não poderia fazer muito a respeito. Afinal era um homem, e tinha certas necessidades a serem supridas. Mas nunca foi e jamais seria um escravo do prazer, ele era sensato o suficiente para não se deixar levar por reles vilezas. As únicas coisas importantes em sua vida eram Mokuba e a sua empresa, o resto lhe era insignificante. 

— Isso deve ser o suficiente por hoje. — murmurou Seto, enquanto deligava o computador a sua frente. 

Seu corpo já estava começando a lhe dar sinais de cansaço, então considerou que o melhor seria ir deitar-se de uma vez.  

O seu quarto não ficava muito distante do seu escritório, era questão de apenas alguns instantes e chegaria a ele, mas acabou resolvendo fazer um desvio. Decidiu fazer uma visita à sua hóspede, mas não por se importar com ela e sim porque precisava saber o seu estado. Graças a um capricho de seu irmão foi obrigado a se responsabilizar por ela, então mesmo não gostando da ideia, tinha que garantir que ela fosse bem tratada e se recuperasse.  

Ao abrir a porta do quarto em que Mai estava instalada, se deparou com a escuridão. Após acender as luzes do quarto encontrou o que já esperava, Mai dormindo profundamente. Então fechou a porta atrás de si, em seguida caminhou até estar próximo da cama, onde poderia vê-la com clareza. 

Ao olhar para ela, Seto confirmou suas suspeitas. Samantha era realmente uma incompetente, a mulher a sua frente parecia mais debilitada do que quando havia chegado. Sua pele estava pálida e parecia ter perdido peso, mas apesar do estado debilitado ele precisava admitir, mesmo a contra gosto, que ela ainda parecia atraente.  

Desde que a conheceu nunca havia realmente reparado em Mai, sua falta de modos era a única coisa que costumava associar a ela. No entanto, ao observá-la ali dormindo tão tranquila e silenciosa, foi impossível não a enxergar de um modo diferente. Ela era, inegavelmente, uma linda mulher. Os traços delicados de seu belo rosto, somados aos longos cabelos dourados, lhe davam uma aparência angelical. Desacordada ela realmente parecia atraente, porém ao lembrar-se de sua personalidade e suas medíocres habilidades como duelista, instantaneamente toda aquela beleza se tornava insignificante.  

— Que grande desperdício, tanta beleza em uma simples perdedora! — murmurou para si mesmo, enquanto continuava observá-la. Inesperadamente, suas palavras pareciam ter soado mais alto do que planejou, porque assim que terminou de falar Mai se mexeu na cama e em seguida abriu os olhos. 

— Kaiba? O que você está fazendo aqui? — perguntou ela, ainda muito sonolenta.  

Com certa dificuldade Mai sentou-se na cama, com as costas encostadas à cabeceira. Não pode evitar uma careta de dor, ao sentir as costas encostarem no móvel. Mesmo se passando uma semana, seu corpo ainda continuava muito sensível as dores dos ferimentos.  

— Vim apenas ver como a minha hospede está. — respondeu num tom frio, a encarando com sua expressão habitual. 

— Eu estou bem, graças a você e o Mokuba... Eu só queria dizer que sou muito grata pelo que fez. Mesmo não merecendo você me salvou e ainda providenciou tudo que eu precisava, então eu apenas queria agradecer por tudo que fez por mim — disse ela, tentado soar agradecida. 

— Você entendeu errado, Valentine.  

— Como... — começou ela, e parou quando Seto lhe a interrompeu. 

— Não deve me agradecer por nada. Eu apenas a ajudei por causa do Mokuba, se não fosse por ele você não estaria aqui. — afirmou ele, lhe lançando um olhar carregado de desprezo. — Me embrulha o estomago o fato de ter uma perdedora como você, que além de tudo é uma criminosa, vivendo debaixo de mesmo teto que o meu. Se não fosse pela simpatia que meu irmão sente por você, tenha certeza, você ainda estaria naqueles escombros em São Francisco. 

Tudo que Mai conseguiu fazer foi continuar em silêncio. Mesmo aquela sendo uma atitude típica de Kaiba, ela fora pega de surpresa por toda aquela hostilidade. E também não havia muito para dizer. Era muito humilhante ouvir tudo aquilo, ainda mais vindo de Seto, mas ele não estava errado. Então Mai apenas escutou calada. 

— Portanto enquanto estiver aqui se mantenha fora do meu caminho. — continuo secamente, ainda a encarado com frieza. — E faça o favor de se recuperar rápido, não me agrada em nada ter uma perdedora como você perto do meu irmão. Bem, era só isso que eu tinha a dizer, tenha uma boa noite. — acrescentou ele, sorrindo sarcasticamente e em seguida saiu do quarto. 

E depois de ter ouvido tudo que Seto tinha a dizer, Mai apenas tinha certeza de uma coisa: ela iria embora daquela casa o mais rápido possível. E daí que ainda estivesse debilitada? Ela não iria se sujeitar novamente as humilhações de Kaiba. 


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