Crepúsculo escrita por Allison126Tw


Capítulo 13
Capítulo 13 - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Eu peço mil milhões de desculpas pela demora na postagem. Mas eu estava bloqueada criativamente, e não conseguia escrever nada, nem uma linha. Estou feliz por finalmente ter conseguido voltar :)



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Eu sentia dor, muita dor. Perdi a conta de quantas vezes acordei e apaguei. Quando a queimação finalmente abrandou, eu consegui abrir os olhos, mas ainda estava muito fraca, e demorei para perceber que estava no meu quarto, na casa de Joshua. Havia um cano de soro preso ao meu braço. Tentei me mexer, mas todo o meu corpo ainda doía, e eu sentia pontadas na minha costela. Resmunguei de dor, e em poucos segundos Sam estava ao meu lado.

—Bella... – ele chegou perto de mim. – Bella, consegue me ouvir?

Tentei assentir com a cabeça, mas ela parecia pesada demais.

—Tudo bem, não precisa se mexer. – Ele falou, e então suspirou. – É bom ver você com os olhos abertos novamente. – Ele parecia aliviado, e cansado.

— Quanto tempo eu dormi? – Consegui perguntar, com a voz rouca e fraca.

— Dois dias. – Ele respondeu. -  Você lembra o que aconteceu?

Imediatamente, a primeira coisa de que me lembrei foi Edward. E essa memória me acertou em cheio, e me deixou sem ar. Edward. Onde ele estava? Me lembrei dos outros vampiros, que atacaram a mim e Paul, e me lembrei de que ele estava lá também. Paul e Edward estavam bem? A possibilidade de eles terem sido feridos começou a me deixar ansiosa. E onde Edward estava agora? Eu precisava vê-lo, precisava ter certeza de que ele estava bem.

— Lembro do ataque... – tentei continuar, mas minha boca estava muito seca, e era difícil falar.

— Eles eram três. Eram os mesmos que perseguimos a um tempo atrás. Os Cullens sentiram o rastro deles também... – ele fez uma pausa antes de continuar. – Sabe, eu deveria dar uma bronca em você e Paul, por terem corrido atrás deles sozinhos, mas estou aliviado demais por estarem vivos para ficar bravo no momento. – Ele sorriu.

— Paul está bem? – Consegui perguntar.

— Sim. Algumas costelas quebradas, mas já está completamente curado. Ele não foi mordido como você.

Imediatamente tentei levar minha mão ao ombro, onde eu lembrava da mordida, mas a onda de dor foi mais forte.

— Ainda vai doer por um tempo. – Sam me alertou. – Nós fizemos uma sangria, e o veneno já saiu, mas é como se tivesse infeccionado, então seu corpo ainda não está cem por cento recuperado. Talvez você fique alguns dias sem conseguir se transformar. Foi o que aconteceu comigo quando eu fui mordido.

— Você já foi mordido? – Eu não lembrava de ele ter contado isso

— No primeiro ano. – Ele respondeu. – Você vai ficar bem, não se preocupe.

— E quanto aos Cullen? – Minha voz só conseguia sair num sussurro, mas eu tinha que perguntar.

— Eles estão bem. Eles pegaram um, e nós pegamos o outro vampiro, mas a fêmea conseguiu escapar.

Eu queria perguntar mais, perguntar sobre Edward, queria saber onde ele estava, e queria vê-lo, mas eu estava muito fraca, e eu sabia que se tentasse falar minha voz não sairia.

Sam deve ter percebido isso, pois falou: - Você precisa descansar, Bella. Depois nós conversamos mais.

Eu queria protestar, mas os poucos minutos acordada já me deixaram exausta. Tentei resistir, mas acabei fechando os olhos e dormindo novamente.

Quando acordei já era noite, e eu suspeitava que era madrugada, a casa estava muito silenciosa. Dessa vez eu não me sentia tão fraca. Consegui levantar da cama e tirar o soro do braço. Meu ombro ainda doía, mas consegui passar os dedos pela marca de dentes quase invisível. Eu não sabia se ela desapareceria por completo.

Ao lado da minha cama havia uma garrafa de água, e eu a bebi tão rápido que quase me engasguei.

Aproveitei o silêncio para organizar meus pensamentos. Se fosse seguir meus impulsos, eu sairia agora mesmo para ir até onde Edward estava. Seria fácil seguir o cheiro dos Cullens até sua casa fora dos limites da cidade, mas eu sabia que não poderia fazer isso ainda. Primeiro, porque eu estava muito fraca. E segundo, porque Sam ficaria maluco. Além disso, eu suspeitava que minha aparência estaria ainda pior que meus ferimentos. Eu não me considerava uma garota muito vaidosa, mas a ideia de ver Edward me deixava ansiosa e fazia eu pensar nessas coisas.

Eu sabia que precisava falar com Sam sobre o que tinha acontecido comigo na floresta, sobre o imprinting. Eu não conseguia nem imaginar sua reação, mas ele certamente ficaria furioso. Será que acreditaria em mim? Ele tinha de acreditar, não é como se nós pudéssemos escolher essas coisas, ele sabia isso mais do que ninguém.

Eu teria que mostrá-lo. Teria que abrir minha mente e finalmente compartilhar meus pensamentos mais guardados. Então comecei a planejar como faria isso, comecei a escolher as memórias cuidadosamente. Sam teria que entender, e a matilha também. Por mais que eu os amasse, e me importasse com a opinião deles, eu sabia que não hesitaria em lutar caso eles tentassem me impedir de ver o Edward. Agora, eu sabia que não haveria nada que eu não faria por ele. O sentimento era tão intenso que fazia meu coração doer, mas era uma dor boa de sentir.

Então, era assim que era ter um imprnting. Tive vontade de rir. Quando eu o conheci, quando o vi pela primeira vez, eu senti uma coisa diferente, algo que eu não sabia explicar. Achei estúpido e um tanto patético me sentir assim por um desconhecido, mas ele não parecia um desconhecido para mim. E agora, tudo fazia sentido. Era ele. Sempre foi ele. Ele era meu imprinting, e meu coração seria para sempre dele.

Essa ideia deveria me assustar. Talvez algumas pessoas não gostassem de saber que estariam sempre presas a alguém dessa forma, mas eu não poderia estar mais feliz. Eu havia o encontrado, e não deixaria nada atrapalhar isso. Eu o amava de uma forma surreal agora, mas eu já o amava antes, e não havia nenhum pingo de dúvida em mim. Meu coração poderia explodir com tanto sentimento.

E então uma onda de medo me invadiu. E se ele não se sentisse da mesma forma por mim? E se ele desprezasse minha natureza de lobo? E se ele não me quisesse por perto? A dor que esses pensamentos me causaram eram quase grandes demais para suportar, e eu tive que me segurar na cama. Eu sabia que se ele me pedisse para ficar longe, eu o faria. Provavelmente, isso me destruiria, mas eu faria o que ele quisesse. A felicidade dele era mais importante que a minha, e se a felicidade dele fosse longe de mim, então assim seria.

Tentei me acalmar dizendo que nunca se soube de um caso que o imprinting de alguém o desprezasse, mas também nunca se soube de um caso em que o alvo do imprinting era um vampiro. Não havia precedentes nem para o bem nem para o mal.

Fiquei tanto tempo absorta em meus pensamentos que a manhã chegou sem que eu a percebesse. Levei um susto quando Sam bateu na porta.

— Bom dia, Bella. Como está se sentindo?

— Melhor, muito melhor. – Até minha voz estava mais forte.

— Que bom. – Ele sorriu aliviado. – Quer que eu prepare alguma coisa para você comer?

— Por favor. – Meu estômago estava roncando.

Quando Joshua se levantou, ele também veio me ver e conversar comigo. Parecia exausto.

— Estou muito feliz que esteja bem, Bella. Fiquei tão preocupado...

— Eu estou bem, e vou ficar melhor ainda depois do café da manhã. – Brinquei, e ele sorriu. E então me lembrei de minha mãe. Me senti culpada por ter esquecido dela, mas a minha cabeça estava uma bagunça no momento. – Então, e que vocês disseram para a Renée?

— Falamos que você e Paul caíram de moto. – Ele respondeu. – Ela ficou muito apreensiva... acabamos brigando.

— Ah não... por quê?

— Ela acha que não estou cuidando de você muito bem aqui na reserva. E não posso culpá-la, já a segunda vez, em um mês, que digo para ele que você está de cama.

— Não é culpa sua, pai...

— Bom, fui eu quem te passou esses genes de lobo, então eu meio que sinto que é culpa minha sim. – Ele provocou.

Eu ri. – É, mas você também me passou seus genes de ser bom em matemática, então está perdoado.

Joshua riu mais alto ainda, e foi bom ver ele com um sorriso no rosto de novo. Ele pegou uma das minhas mãos e apertou afetuosamente. – Você sabe que eu amo você, não é, filha? Sei que não digo isso com tanta frequência quanto deveria... sinto muito por isso.

Eu apertei sua mão de volta. – Amo você também, pai. E eu sinto muito que tenha que fazer você mentir para a Renée.

Depois de tomar café, eu liguei para ela, e minha mãe acabou chorando no telefone. Me senti culpada de novo, por fazer ela passar por isso, mas eu não sabia mais o que dizer.

Depois do almoço, à tarde, eu disse para o Sam que queria tentar me transformar novamente. Eu sabia que seria difícil, mas eu precisava estar na forma de lobo para contar a ele sobre o imprinting.

As primeiras tentativas foram muito dolorosas. Demorei a tarde inteira antes de finalmente conseguir.

“Uau! Você conseguiu! Estou impressionado com a rapidez” falava Sam, agora nós dois na forma de lobos. “Eu demorei bem mais para conseguir voltar, quando fui mordido.”

Mas ele não tinha tido a mesma motivação que eu para se esforçar tanto. A dor em meu corpo não era nada comparada com a urgência que eu sentia.

“Sam, eu... preciso te mostrar uma coisa” falei “Por favor, só... veja.” A ansiedade em minha voz era palpável, e pude sentir que ele imediatamente ficou tenso.

Concentrei minha mente, e então a abri.

Comecei pela memória mais intensa, a do imprinting, e então compartilhei outras: de quando conheci Edward, de como aquele momento pareceu certo; dele me salvando, no dia do acidente.

Fiquei tão focada em mostrar o que eu estava sentindo que a princípio não notei as reações de Sam. Mas elas foram ficando mais fortes, e ao contrário do que vinha de mim, suas emoções não eram positivas. Sua raiva me atingiu em cheio. Mas não era raiva de mim, era de Edward. Eu podia quase ver seus pensamentos jorrando. Ele achava que Edward tinha feito alguma coisa comigo, alguma manipulação. Ele não acreditava em mim, não acreditava que o imprinting tinha sido real.

“Não!” Sam vociferou. E começou a correr.

Meu corpo ainda doía, mas eu fui atrás dele.

“Sam! Me escuta! Veja!” eu gritava.

“Não é real, Bella!”

“Não me diga o que é ou não real! Não é algo que possamos nos enganar!”

“Eu não sei como ele fez isso, mas vou descobrir...” Sam ainda corria.

“Ele não fez nada! Você sabe que ele não poderia fazer nem se quisesse, ninguém pode...” Eu estava correndo devagar, por causa da dor. Sam estava muito na frente, eu não conseguia vê-lo, mas de repente entendi para onde ele estava correndo, e me obriguei a ir mais rápido.

O rastro dos Cullens começava a aparecer conforme íamos nos aproximando da casa deles, e eu não conseguia pensar em mais nada além do fato de que eu precisava parar Sam. Eu não podia deixá-lo chegar até eles, chegar até Edward. Eu sabia que a intenção dele seria machucá-los, e eu lutaria com todas as minhas forças para não deixar isso acontecer.

Corri o mais rápido que consegui, mas Sam ainda estava na minha frente. Á distância eu já podia ver a casa, com todos os Cullens do lado de fora. Eles com certeza ouviram nossa aproximação. Seria impossível não ouvir dois lobos gigantes se aproximando de maneira tão abrupta com a perfeita audição deles.

Definitivamente Sam estava cego pela ira, caso contrário ele saberia que era suicídio atacar tantos vampiros sozinhos, ainda mais vampiros com habilidades. Ele só podia estar louco. Eu precisava pará-lo, para seu próprio bem.

Felizmente, os Cullens não estavam atacando ainda, como haveria de se esperar. Consegui ver Edward avançar vários metros a frente dos outros, parecia estar se preparando para segurar Sam. Talvez ele já conseguisse ouvir seus pensamentos e saber que era atrás dele que Sam estava.

Eu estava quase o alcançando, mas ele foi mais rápido, se adiantou, e eu uivei quando vi ele se chocar com Edward. Meus músculos gritavam de dor, mas eu não ligava mais para isso, e avancei o mais rápido que pude. Edward tinha sido lançado longe, e antes que Sam conseguisse alcançá-lo de novo eu o ataquei por trás. Nós dois rolamos pelo chão, e quando ele se levantou eu o mordi e ouvi ele uivar de dor. Senti o gosto de seu sangue na minha boca, e ele tentou me morder de volta. Consegui me esquivar e joguei o peso do meu corpo contra ele, para derrubá-lo. Quando ele caiu de costas eu coloquei minhas pastas no seu peito, e o impedi de se levantar.

“Sam! Para!”

“Me solta, Bella!” ele vociferou, e conseguiu se desvencilhar, me derrubando agora no chão.

Eu me levantei o mais rápido que pude e o ataquei por trás de novo, pois ele corria mais uma vez para onde Edward estava. Eu consegui ouvir Edward mandando sua família ficar afastada e não atacar. Consegui alcançar Sam e o derrubar mais uma vez, fazendo-nos novamente rolar pelo chão. Quando nos levantamos ficamos frente a frente.

“Se afaste, Bella!” ele mandou.

“Não!”

“Não estou pedindo!” Eu podia sentir ele usando sua voz de Alfa comigo agora. A voz de autoridade que nos fazia obedecê-lo, até contra nossa própria vontade. “Se afaste, isso é uma ordem!” E eu podia sentir que era. E se fosse qualquer outra ordem eu tenho certeza que a obedeceria. Mas não essa ordem.

“Não!”

A surpresa de Sam foi quase tão grande quanto a minha. Nós dois sabíamos que quando o Alfa dava uma ordem com sua autoridade era fisicamente impossível que a matilha não o obedecesse. Mas eu consegui dizer não. E estava pronta para atacá-lo novamente se ele fizesse qualquer movimento. Mas Sam não se moveu.

Depois que eu me juntei a matilha, Sam e os outros passaram vários dias me ensinando tudo que havia para saber. E havia uma lei que era a mais sagrada de todas para os lobos. A lei do Imprinting. A lei de que era dever absoluto da matilha proteger os impritings de seus membros. E nada poderia impedi-los de fazer isso, nem mesmo uma ordem do Alfa. Esse era o único caso que a autoridade do Alfa poderia ser desafiada.

E eu pude ver o momento em que essaa compreensão atingiu os olhos de Sam. Edward era meu Imprinting, e nada me faria parar de protegê-lo. Não havia nada no mundo forte o suficiente para fazer isso, nem mesmo ele. Eu lutaria com meu próprio irmão, lutaria com meu próprio Alfa se fosse preciso.

Ficamos parados por vários segundos, ainda de frente um para o outro. Eu podia sentir que Sam estava tentando assimilar a verdade.

Vi ele se virar para Edward, e imediatamente fiquei tensa. Mas ele apenas fez um leve movimento com a cabeça.

— Eu sei. – ouvi Edward dizer, e supus que os dois haviam tido alguma breve conversa mental que eu não consegui ouvir.

E então Sam correu de volta para a floresta. “Só... não demore. A matilha vai acabar sabendo assim que eu chegar.” Me falou antes de ir.

Agora eu estava de frente para Edward, e por mais que eu houvesse esperado muito por esse momento desde que o vi na floresta, há apenas três dias atrás, agora que estava aqui não sabia exatamente o que fazer. Só conseguia olhar para ele.

— Então irmão, vai ficar aí parado ou vai nos explicar o que está acontecendo? Nem todos conseguem ler pensamentos, sabe. – Ouvi Emmet dizer, interrompendo meus pensamentos. Ele estava perto da sua família, longe de onde nós estávamos.

Mas Edward pareceu ignorá-lo, e veio com sua velocidade sobre-humana até onde eu estava. E então sorriu. Um sorriso largo, que fazia ele ficar ainda mais perfeito e fazia meu coração se apertar.

— Sabe, eu tinha esperanças de conseguir ler sua mente quando estivesse na forma de lobo, mas continuo igualmente frustrado. – Ele falou, ainda sorrindo.

Eu queria corresponder ao seu sorriso, na minha forma humana, então me transformei de volta. Não senti a dor dessa vez, estava feliz demais por ele estar ali.

O sorriso de Edward ficou ainda maior e eu poderia ficar encarando aquele sorriso por horas. Demorei alguns instantes para sair do deslumbramento e conseguir falar.

— Você está bem? Me desculpa pelo Sam, eu tentei impedir ele, mas... – falei rápido demais, estava ansiosa com ele na minha frente, e meu coração estava acelerado.

— Não precisa se desculpar... – ele tentou me interromper.

— Por favor, espero que você e sua família não estejam bravos... eu posso explicar... – continuei, ainda falando rápido. – E obrigada por não o atacarem...

— Por que eu estaria bravo? Na verdade, estou muito grato. – Ele me interrompeu novamente. Ao contrário de mim, ele falava bem calmamente.

Eu o encarei sem entender, e ele só sorriu mais uma vez.  - O que quer dizer? – perguntei.

— Bem, ele me deu a melhor notícia que eu poderia receber. – Edward respondeu. – Então fico muito grato, mesmo que tenha sido um pouco difícil de entender no início... E que tenha sido um pouco... bruto. – Ele riu.

Meu coração palpitava loucamente. Será que ele estava querendo dizer o que eu achava que ele estava querendo dizer? Pisquei várias vezes, e então pude sentir a família dele nos observado, a vários metros de distância, mas eu sabia que eles podiam nos enxergar perfeitamente. Desviei os olhos para onde eles estavam, e Edward seguiu meu olhar.

— Geralmente, Alice antecipa as palavras de todo mundo, e sempre sabe o que vai ser dito a seguir, mas com você aqui ela não está conseguindo. – Ele riu de novo. – Tenho que admitir que é muito divertido ver ela frustrada também.

Da onde estávamos conseguimos ver ela fazendo uma careta.

— Espera... como assim? – Eu tinha ficado confusa com o que ele disse.

— Alice também tem uma habilidade especial, como eu. Mas a dela é... prever o futuro, ou as possibilidades do futuro, melhor dizendo. Mas não funciona com lobisomens. – Ele explicou, apontando para mim.  

— Com nenhum? - Demorei alguns segundos para realmente compreender mais essa nova e extraordinária informação. Aparentemente, havia sempre mais surpresas para descobrir sobre o mundo dos vampiros e lobos.

— Nenhum. Não sabemos exatamente por que... Carlisle acredita que talvez seja alguma tipo de defesa natural contra nossa espécie.

— Faz sentido. Quer dizer, vocês podem ler mentes e prever o futuro, isso parece um pouco injusto. – Falei, e ele riu de novo.

— Vamos. – Edward falou ao pegar na minha mão. – Se eu pudesse ter dor de cabeça, eu com certeza teria uma agora... eles estão pensando alto demais. – Ele sussurrou para mim.

— Vamos entrar, seria rude receber a visita do lado de fora. – Ouvi Esme dizer. E então todos nos dirigimos para casa.

Nos poucos segundos que demoramos para alcançar a porta da frente, eu comecei a ficar constrangida com a minha aparência. Eu usava a mesma calça jeans velha e camisa de flanela que estava usando em casa, e meu cabelo estava uma bagunça. Passe a mão para tentar ajeitá-lo, mas sabia que não seria o suficiente.

Eu não sabia o que esperar. Será que eles estavam bravos, por causa de Sam? Provavelmente sim. Eu não sabia muito sobre os Cullens, e definitivamente não sabia como eles se sentiam em relação a matilha. Será que eles me veriam como inimigo? Todos esses pensamentos me deixavam mais ansiosa a cada segundo.

A casa dos Cullens era linda. Grande e arejada, com janelas de vidro gigantes por todo lado, e uma decoração muito sofisticada.

Esme nos guiou até a sala de estar e eu comecei a me desculpar, pela confusão que tinha acontecido.

— Sinto muito pelo Sam, ele... estava fora de si. Sinto muito mesmo... – comecei a dizer.

Mas Carlisle não me deixou terminar. – Não precisa se desculpar, Bella.

— Eu acho que preciso...

— Não seja boba, está tudo certo. – Esme falou e fui pega de surpresa quando ela me abraçou. – É um prazer finalmente conhecê-la, Bella! – Ela disse sorrindo.

— Bella, essa é minha mãe, Esme. – Falou Edward.

— Acho que isso ela já percebeu... – Provocou Emmet, sentado do outro lado da sala, e Edward lançou aquele olhar de provocação que apenas irmãos conseguem lançar. Eu já convivia tempo suficiente com Sam agora, para reconhecer esse olhar.

Jasper, que estava perto de Emmet, deu uma risada alta, e todos na sala olharam para ele. – Tudo faz sentido, agora. – Ele falou, e riu de novo, olhando para Edward.

Virei a cabeça e Edward estava rindo também.

— Tá legal, já podemos parar com as conversinhas mentais agora? – reclamou Rosalie. – Que droga...

— Bella teve um imprinting. Pelo Edward. – explicou Jasper, se dirigindo a ela. – Por isso Sam estava bravo. E quando eu digo bravo, eu quero dizer realmente bravo. Não lembro a última vez que vi uma ira tão forte...

— Ah meu Deus! – Alice falou – Eu estava certa! Eu sabia que tinha de haver um motivo para eu ter tido uma visão da Bella chegando na cidade! – Ela veio até mim e me abraçou, dando pulinhos de alegria. – Isso é demais! Nem preciso dos meus poderes para saber que vamos ser melhores amigas!

Assim que ela me soltou, foi a vez de Esme de me abraçar de novo.

— Ah, estou tão feliz! – Ela disse. E eu não sabia como reagir com tanta demonstração de carinho. Definitivamente não era o que eu estava esperando.

— Eu também. – falou Emmet. – Eu não aguentava mais o Edward amargurado e solitário.

— Nem me fala. – Concordou Rosalie.

— Rose! Emmet! – Repreendeu Esme. – Não falem assim do seu irmão.

— Tá legal. Sam falou para a Bella não demorar, então eu vou acompanhá-la até a reserva... – Edward falou. – Vocês podem terminar de assustar ela depois...

— Até mais, Bella! Vou marcar um almoço para você vir aqui. – Disse Esme.

— Almoço? Isso vai ser interessante... – Rosalie falou.

— Bem vinda a família, Bella. – Emmet disse sorrindo. – Sabe eu tenho muitas perguntas sobre os lobos...

— Emmet! – Esme o repreendeu de novo.

— Até mais, Bella! – Jasper e Alice disseram juntos.

E Carlisle também me abraçou, antes de Edward me conduzir até a porta.

Eu não poderia estar mais surpresa, e feliz com a reação de todos. Parecia quase bom demais para ser verdade, mas todos pareceram genuinamente felizes quando Jasper contou sobre o imprinting. Aliás, como ele havia descoberto? Eu me lembrava vagamente de Sam ter dito alguma coisa sobre ele ter alguma habilidade especial também, mas ninguém da matilha parecia entender muito bem o que era.

— Como... como Jasper entendeu o que tinha acontecido? Por favor não me diga que ele consegue fazer truques mentais também... – Eu perguntei, quando já estávamos do lado de fora e um pouco longe da casa.

Edward riu. – Os truques dele são... diferentes. – Ele explicou. – Jasper consegue ler as emoções das pessoas. Sentir o que elas sentem. E as vezes manipular isso. Mas não num nível profundo, funciona apenas quando ele está por perto.

— Uau - Foi o que consegui dizer.

— Pois é. – É uma habilidade muito útil, e muito sútil também. – Edward concordou. –  Eu já havia explicado para ele, a partir do que eu vi na mente de alguns de vocês da matilha, o que era um imprinting. Mas só agora que ele conseguiu realmente... sentir. – Ele fez uma pausa. – Tenho que admitir que foi muito interessante poder ver isso, da forma como Jasper vê.

Saber que Edward podia ter um pequeno acesso para saber exatamente o que eu sentia, me deixava constrangida. Felizmente ele ainda não podia ler minha mente.

Já estávamos de volta a floresta agora, mas eu nem estava prestando a atenção para onde estava andando.

— Edward... – parei de andar para falar. E eu precisava falar. – Sabe, não era assim que eu tinha planejado que você soubesse... sobre o imprinting. Na verdade, eu não cheguei a conseguir planejar alguma coisa, porque estava preocupada demais em falar com o Sam primeiro, mas de qualquer forma, não era assim que eu queria que você soubesse... – Meu coração batia tão forte que meu peito doía. – Eu deveria ter ficado surpresa, né? Por ter acontecido com você, por ter acontecido com um vampiro..., Mas, eu não fiquei. Porque era você. – Fiz mais uma pausa para conseguir organizar meus pensamentos. Era difícil pensar quando os olhos dele estavam tão fixos em mim. – Desde que eu cheguei em Forks, desde que eu te conheci, eu não sei explicar, mas parecia que havia esse imã que me atraía para você, e no começo eu achava que não fazia sentido... E depois do acidente, parte de mim dizia que eu devia ter medo de você, mas eu simplesmente não conseguia, e o imã parecia me atrair ainda mais... E aí eu me transformei, e, de novo, eu não estava fazendo o que deveria fazer, porque eu deveria querer ficar longe de você, mas eu não queria... – Eu não sabia se ele estava entendendo o que eu estava falando, mas precisava continuar. – Eu acho que o que eu estou tentando dizer é que... esses sentimentos... eles não são só de agora, não são só por causa do Imprinting. É quase como se o Imprinting tivesse tirado todas as barreiras que eu tinha colocado para eles, e colocado um amplificador. Isso faz sentido? – Não esperei ele responder para continuar. – Eu queria dizer que te amo, mas essas palavras não parecem abranger tudo que eu sinto. Mas além de dizer que te amo, eu quero que você saiba que não precisa dizer de volta. – Meu coração apertava enquanto eu falava. – Porque eu quero que você saiba como eu me sinto, mas não quero que você se sinta obrigado a fazer nada por causa disso. Você não precisa... não precisa retribuir. Não precisa pedir para sua família ser legal comigo, ou nem nada disso... De qualquer forma eu ainda vou estar aqui. Para ser sua amiga, para ser uma protetora, para ser o que quer que você precise ou queira que eu seja. E se... se você não quiser... não quiser nada disso, eu posso fazer isso também... – As últimas palavras doeram muito mais do que eu achei que fosse possível, mas eu precisava que ele soubesse. Precisava que ele soubesse que ele tinha uma escolha, e que eu iria respeitá-la, mesmo que partisse meu coração.

Esperei ele responder alguma coisa, qualquer coisa. Mas ao invés disso ele me beijou.

E então nada mais no mundo importava. Havia apenas eu e ele. E o nosso beijo. E eu o beijei de volta como se toda minha vida dependesse disso. Ele colocou os braços em volta da minha cintura, e eu coloquei os meus em volta do seu pescoço. Entrelacei meus dados no seu cabelo e ele me puxou para ainda mais perto. Eu o queria, e podia sentir que ele me queria também, o que só me fazia o querer ainda mais. Não sei quanto tempo passou, mas nenhum tempo seria tempo demais enquanto eu o beijava. E eu só me afastei porque precisava de ar, mas mantive meus braços em volta dele. Era a melhor sensação do mundo.

— Bella... – Ele segurou meu rosto em suas mãos. – Ah, Bella... Como eu posso te fazer entender? Tudo que eu quero é você... Eu só quero você. Desde que você chegou, desde que eu te conheci... Em todos os meus longos anos de existência eu nunca achei que pudesse encontrar alguma coisa, que pudesse encontrar alguém, que me fizesse sentir realmente vivo de novo. Eu nunca achei que pudesse sentir o tipo de amor que meus pais sentem um pelo outro, o que Jasper e Alice sentem, ou o que Emmet e Rosalie sentem..., Mas aí você apareceu. E de repente pareceu possível. De repente nada mais importava tanto... E por mais que eu soubesse que Sam era seu irmão, e que ele tentaria me matar se eu fizesse alguma coisa, eu não podia deixar de fazer. Não podia deixar de tentar me aproximar, mesmo que eu não pudesse ter mais do que só um pouco da sua atenção. E antes que eu pudesse sequer tentar evitar, meu coração e meu ser já te pertenciam totalmente. – Ele acariciou meu rosto antes de continuar. – E então... você entrou para a matilha. Eu vi na mente do seu pai quando ele foi fazer a transferência na escola... E eu nunca me odiei tanto, porque eu sabia que era culpa minha, que era porque eu tinha me aproximado demais... E desde então... todos esses dias, foram os piores dias... – Ele fez uma pausa. – Sabe, Emmet não brincou quando disse que eu estava amargurado. – ele deu uma risada triste. – Eu achei que tinha te perdido, Bella. Então, por favor, não me pergunte se eu quero que você fique longe, porque isso é tudo que eu não quero. Eu quero você comigo. Sempre vou querer. Não há nada que eu queria mais... – Ele soltou meu rosto e colocou minhas mãos na dele. – Eu te amo. E eu sei que essas palavras não são suficientes, mas eu te amo... E eu sei que você merecia alguém melhor que eu, mas sou egoísta demais para não ficar descaradamente feliz por ser eu seu Imprinting. – Ele sorriu.

Eu sorri de volta. Mas nenhum sorriso seria grande o bastante para expressar o que eu estava sentindo. Era a mais pura e completa felicidade. Ele me amava. Ele me queria do mesmo jeito que eu o queria, para sempre. Então o beijei outra vez, com ainda mais intensidade e amor.

Daqui a pouco eu teria que voltar para a matilha, para Sam e para toda a confusão que isso significava. Mas agora, eu apenas o beijava, como se nada mais importasse. Porque realmente não importava. Enquanto estivéssemos juntos, não havia nada que eu não pudesse enfrentar ou fazer. Enquanto estivéssemos juntos tudo estaria perfeito.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado, foi o capítulo mais difícil de escrever até agora. Mas espero que pelo menos eu tenha feito a demora valer a pena. Quando postei o primeiro capítulo, eu realmente não esperava que ninguém lesse. Mas vocês não só leram, como comentaram também! E os comentários de vocês me fizeram continuar.
Não sei quando vou conseguir voltar, pois estarei me mudando, e não sei como vai ficar minha vida, mas agradeço com todo meu coração os que pararam para me ler e conferir essa versão de Crepúsculo que existia na minha cabeça. Vocês não sabem o quanto isso significou para mim. E eu sei que essa NOTA tá enorme, mas o espírito de final de ano me contagiou, e eu queria agradecer a todos, desejar um feliz e abençoado ano novo, e que 2021 traga tudo de bom que 2020 não trouxe, e um amor tão lindo quando o de Edward e Bella. :)



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