De arrepiar! escrita por annaoneannatwo, OchabowlProject


Capítulo 4
O vampiro




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É 31 de outubro de novo.

Sem nenhuma surpresa, seu uniforme escolar não está no armário, apenas a roupa de bruxa que ela veste mais uma vez. 

Porém, antes de sair, Ochako confere sua escrivaninha em busca das tais fotos dos eventos, ela não tem certeza se as conseguiu pois não sabe se realmente fez a coisa certa, não ajudou o fantasma Deku a descobrir como morreu, nem livrou o Kirishima lobisomem de sua maldição. Então não é surpresa que ela não encontra nada em seu mural de anotações e fotos. Bom, o Bakugou disse que o que acontece nesse evento não afeta o jogo principal e não há um bad ending propriamente dito, mas ainda assim… ela fica um pouco triste por perceber que não fez as escolhas certas.

Mas então… por que os personagens aparentavam estar felizes? O Deku realmente parecia em paz antes de desaparecer, o Kirishima também disse que ele a livrou da maldição, talvez não no sentido literal, mas pelo menos o ajudou a não se sentir mais um monstro.

Será que são finais neutros? O Bakugou disse que não é em todo jogo que existem esses finais nem bons nem ruins, e que pensava que esse aqui em específico não teria um por ser meio “fulêro”, nas palavras dele. E mesmo sem essa informação, Ochako não sente que obteve um final neutro, é só… a intuição dela lhe dizendo que alcançou o melhor final para e com o Deku, mesmo que não tenha cedido às regras do jogo. Ao mesmo tempo, no momento ela não está indo tão bem na rota do Kirishima, e é justamente por causa dessa dificuldade de se dobrar ao que se espera da protagonista.

Bom… não adianta muito se estressar com o que não dá pra resolver agora, Ochako só pode se estressar com esse evento de Halloween, mesmo que não queira. Então lá vai ela colocando seu chapéu e correndo em direção à escola para não ser pega pela chuva.

Assim que chega, ela encontra o Bakugou novamente. Engraçado que, para alguém que disse não fazer parte desse evento “filler”, o que quer que isso signifique, ele segue esperando na porta da escola antes do jogo começar. O loiro não precisa ficar aqui, ele podia ter ficado em onde quer que seja a casa dele nesse mundo, ou dar uma volta na cidade, será que está tudo parado por causa desse evento de Halloween? Ochako acredita que não, se ela olhar bem, dá para ver que o céu nublado e tempestuoso não cobre toda a área, e é possível ver umas pontas azuladas bem ao longe, então apenas as imediações de sua casa e da escola estão assim, ele poderia estar fazendo qualquer outra coisa.

Poderia, se não tivesse tanta necessidade de checar que ela não andou fazendo nenhuma besteira, mesmo que em teoria nem tenha como Ochako estragar alguma coisa. Será que ele não confia nela?

—  Bom dia, Bakugou-kun.

—  Não sei pra quem. —  ele resmunga —  Essa porra de novo, não acaba nunca!

—  B-bom, são cinco personagens, né? Eu não controlo isso. —  acaba saindo mais irritado do que ela pretendia.

—  E quem falou que você controla, Cara de Lua? —  e ele retruca, provavelmente sentindo uma oportunidade para discutir com ela, como parece gostar tanto —  Tsk, é só um saco ter que parar por causa dessa merda que nem serve pra nada, só pra ganhar a porra de uma foto com esses otários.

—  Ah… é… —  Ochako concorda fracamente, não querendo que o garoto pergunte como são as fotos, já que ela não as ganhou pois não fez as escolhas certas, justificando o porquê de ele sentir que ela só faz besteira —  Bom, é só eu continuar indo por novos caminhos, aí não repito rotas e, só mais em alguns dias, vai acabar.

—  Tsk, mesmo assim, mais tempo com a gente preso nessa porra. —  ele cruza os braços.

—  Sim. —  ela observa o céu —  Você acha que… foi de propósito? Tipo, quem… se tiver uma pessoa que cuida desse mundo, será que ela criou esse evento de Halloween de propósito pra…

—  Enrolar a gente aqui. —  ele diz com toda sua honestidade —  Pode ter certeza, porra.

—  Ah, então… você acha que tem mesmo uma pessoa, né? Sabe, eu… eu não sei explicar, mas eu sinto que essa pessoa tá aqui, em algum lugar. Mas sei lá, ela… ela não deve ter muito controle do que acontece, porque… —  porque ela consegue jogar sem ser fiel ao que a protagonista faria, mas Ochako sabe que falar isso vai deixá-lo irritado —  ...porque a gente pode conversar assim sem nada acontecer e AAAAARGH! —  um trovão irrompe pelo céu, assustando-a. 

Seu coração acelera e ela chega a abaixar a aba de seu chapéu para se proteger, como se isso pudesse defendê-la de uma descarga elétrica.

—  Que… que porra é essa? Vai falar que você tem medo de trovão, Bochecha? —  ela levanta a aba e o encontra rindo da cara dela, Ochako o fuzila com o olhar —  Tsk, não precisa ficar com essa cara de cu, você entra nessa porra de escola sozinha como se não fosse nada e fica assustada com um trovãozinho? Que besteira!

—  Eu só fiquei surpresa! —  ela se defende —  Eu não tenho medo de trovão, eu não…  —  a cara dele exala deboche, deixando-a ainda mais irritada —  Ughhh, eu vou jogar! Adeus!

Ela passa pelo portão, batendo o pé. Ochako não consegue entendê-lo às vezes, o Bakugou parece não se importar com nada do que ela faz desde que não estrague o jogo, tratando-a com certa distância na maior parte das vezes, mas aí ele tira sarro da cara dela como se eles fossem ótimos amigos de longa data. 

Não que seja um problema, ela apreciaria se ele pudesse agir com mais companheirismo, como fez logo depois que a garota terminou a rota do Deku e se sentiu extremamente sobrecarregada com o peso emocional daquela situação, mas a inconstância dele lhe deixa meio perdida, mais perdida do que precisava estar na situação em que se encontra.

A morena respira fundo e entra na escola. O topo das escadas leva até o Deku, já o Kirishima pode ser encontrado lá fora se ela seguir pelo corredor que dá para o ginásio. Bom, então… ela decide ir na mesma direção, mas ao invés de sair pela porta, Ochako decide abrir uma das portas e…

...um bicho vem voando em sua direção, quase esbarrando em seu rosto, mas ela abaixa antes, ouvindo o baque de algo contra a parede atrás dela. Ainda agachada, ela se vira e vê o vulto voador, antes representando uma ameaça, agora completamente estirado no chão, imóvel.

Um morcego.

—  Ah não… —  ela se levanta e vai até o bichinho, as perninhas dele espasmam, e apesar de ser uma cena um tanto enervante, enche-lhe de esperança, pois indica que ele está vivo. 

Ochako nunca pegou um morcego, não se lembra nem de já ter visto um tão de perto, então toma o máximo de cuidado possível quando ergue uma das asinhas para puxá-lo para sua mão e segurá-lo contra seu colo. Olhando para o animal, ela consegue ver a barriguinha subindo e descendo.

Ele está respirando, ótimo! Mas a garota fica com dó ao ver que tem algo na carinha dele, uma grande mancha vermelha em cima do olho esquerdo, será que ele se machucou quando bateu contra a parede? Hum… não, não parece isso, tá mais pra uma… queimadura?

Ai que dó! Ela o segura firme e pensa se dá pra chegar à enfermaria sem passar pelas escadarias e encontrar com o Deku novamente, a garota não conhece as dependências do prédio tão bem para pensar em trajetórias alternativas. E mesmo se soubesse, ela não pode levá-lo à enfermaria, mesmo se o enfermeiro Hawks estiver lá, vai rir da cara dela e lembrá-la que aquilo não é um consultório veterinário.

Segurando-o como um bebê, Ochako o acalenta, relembrando-se de suas breves lições em cuidados médicos. A garota estava começando a aprender mais sobre antes de vir pra esse mundo, não chegou à lição de primeiros socorros em animais.

Mas talvez dê para tentar ajudar pela intuição. A garota entra na sala do qual o morcego saiu, torcendo para que tenha uma mesa onde possa colocá-lo esticadinho a fim de examiná-lo. O espaço parece ser a sala dos professores, então há algumas escrivaninhas, o que vai servir.

Ochako o posiciona e foca a atenção na cabeça dele, que foi o que bateu contra a parede. Não há sangramento, mas há uma pequena escoriação no lado direito, ela olha ao redor da sala em busca de algo para enfaixar a cabecinha do morcego, e, ao não encontrar nada, ergue a barra de sua saia a fim de puxar um pedaço do forro de tule que dá volume à roupa. Rasgando o tecido até onde considera ser uma quantidade razoável para enrolar na cabeça do bichinho, ela ergue a cabeça e se prepara-

O morcego sumiu.

Confusa, ela olha ao redor para verificar se ele levantou voo, mas mesmo se tivesse conseguido, daria pra ouvir o barulho de asas, e isso não aconteceu. Esquisito, mas não tanto quanto uma sensação bem próxima de sua orelha: a respiração suave de alguém, que vai esquentando e esquentando até que Ochako sente duas pontadas contra seu pescoço. Não perdendo tempo, ela puxa a mão —  que, mesmo coberta pelo que deve ser uma luva, está gelada —  de seu algoz e o puxa por cima de seu ombro, projetando-o para frente. E quando as costas dele batem no chão, a garota consegue ver quem é.

—  Todoroki-kun? —  ela pergunta, surpresa em vê-lo.

—  Tenho certeza que não nos conhecemos para você me tratar com tanta familiaridade, bruxa. —  ah sim… esse Todoroki está mais para o senpai do jogo do que seu amigo no mundo original, ela se esqueceu disso. Ochako aproveita que está segurando a mão dele para ajudá-lo a se reerguer.

—  E isso ainda não te impediu de me assustar, né? Por que você… —  abaixada a adrenalina, a garota nota como ele está vestido em um elegante traje composto por uma camisa branca com babados na gola e um colete bordô e preto com detalhes dourados, tudo coberto com uma enorme capa negra, a roupa é chamativa, mas o que mais lhe atrai a atenção é o cabelo dele: os fios brancos estão penteados para trás, o que muda completamente o visual dele, está… muito, muito bonito —  ...digo, hã… o que você estava fazendo, senpai?

—  Não é óbvio? Eu ia chupar seu sangue, bruxa.

Ah… Não, peraí, o quê?

—  V-você… o quê? —  ela o encara, esperando qualquer sinal de que seja uma piada, mas ele segue sério.

—  Não me lembro de já ter experimentado sangue de bruxa… Bom, eu com certeza me lembraria. Se o cheiro é assim tão doce, posso imaginar o gosto… ou melhor, não preciso ficar só na imaginação. —  e então ela vê as presas pontiagudas e enormes dele.

—  Hã… bom, até onde eu sei, sangue tem gosto de ferro, é como… como lamber um garfo, hahaha. —  ela dá uma risadinha sem graça, recuando um passo —  Então, hã… foi legal te ver! Hã… eu… eu preciso achar um morcego machucado e ajudá-lo, então… tchauzinho. —  ela dá meia volta, mas antes que possa se retirar, sua saída é bloqueada pelo morcego de antes, voando e batendo as asas normalmente —  A-ah, então está tudo bem! Eu… bom, que bom, mesmo assim, acho que eu- —  ela se vira pra trás, e o vampiro Todoroki não está mais ali. Oh oh…

Ao voltar-se para a porta novamente, ela testemunha o morcego se transformar em vampiro e, sentindo-se mal consigo mesma por ter demorado tanto para entender que eles são a mesma criatura, ela o encara com determinação, não querendo deixar transparecer nenhum medo.

O Bakugou disse que os pretendentes já estariam apaixonados por ela nesse evento, mas Ochako duvida muito que isso seja verdade no caso desse vampiro. Mesmo o Todoroki do jogo principal não parece ir muito com a cara dela, sempre lhe dando ordens e tratando-a com certa distância. Com o Deku e o Kirishima é diferente pois os dois garotos são simpáticos e receptivos, agora esse garoto é outra história.

—  Acho melhor você não tentar nenhum feitiço contra mim, não quero lutar e correr o risco de machucá-la, seria um desperdício de sangue fresco. —  ele dá um meio-sorriso e… realmente, não é hora pra isso, mas Ochako não consegue não achá-lo muito bonito no momento.

—  Engraçado que você diz isso, mas foi bem fácil eu te derrubar quando você tentou me morder. —  ela comenta, e acaba soando como uma provocação que o Bakugou faria. Ochako se arrepende imediatamente, notando como o rosto do vampiro se contorce em uma expressão irritada e… constrangida? —  Ah… será que é por causa da pancada na cabeça de antes? Você tá fraco, não tá?

—  Como é?

—  Você bateu com tudo contra a parede quando eu abri a porta! Tem até uma feirinha na sua cabeça! E… ah! Eu te derrubei com força também, né? Suas costas estão doendo? —  ela se aproxima, e agora é ele quem recua, aparentemente desconfortável.

—  Bruxa, eu acho que você não está entendendo a situa-

—  Será que o enfermeiro tá aqui? A gente deveria… —  ela pensa novamente em como passar pela escada sem encontrar o Deku, mas… talvez não tenha mais como encontrá-lo, já que tecnicamente, Ochako já está jogando outra rota no momento —  Vem comigo, senpai.

O vampiro acaba seguindo-a pelas escadas. Ao se virar para garantir que o garoto está bem, ela nota o quanto ele parece confuso… os olhos meio arregalados lhe dão uma aparência inocente, e seu rosto tão alvo que aparenta ser feito de mármore é… simplesmente encantador. Não importa em qual mundo ou versão, o Todoroki é um garoto muito bonito mesmo.

Ao chegar à enfermaria, Ochako bate na porta, mas não obtém resposta. É, era de se imaginar que o Hawks não estaria aqui, ela não viu nenhum NPC desde que esse evento se iniciou e…

—  Uraraka-chan? —  a porta se abre e revela um Hawks… de pijama? O homem loiro está usando calças azuis folgadas e uma camiseta preta meio desbotada —  O-o que… o que está fazendo aqui, Uraraka-chan?

—  Sensei, será que você poderia examinar uma pessoa? Ele bateu a cabeça. —  ela puxa o Todoroki, que esbarra no ombro dela.

—  Hã… eu… é que… —  o enfermeiro coça a cabeça, como se não tivesse certeza do que dizer —  Entrem aí. —  e abre a porta para eles, fazendo com que Ochako possa vê-lo por inteiro e confirmar que ele está de pijama, de fato. Ele… ele dorme na enfermaria? —  Bom, então… o que temos aqui? 

Ele coloca suas luvas de borracha e sorri de maneira costumeiramente gentil, nem comentando sobre as roupas estranhas de seus pacientes, será que… por ser NPC, ele não percebe que tem algo de diferente? 

—  A bruxa está exagerando. Eu sou um vampiro de mais de trezentos anos, meu corpo já passou pelas mais diversas provas de sobrevivência, uma batida na parede não é nada demais.

—  T-trezentos anos? Então é pior ainda! Você já é um idoso, se se machucar sério, pode não melhorar nunca mais! Não é verdade, sensei?

—  Hã, bom… —  ele segue incerto —  ...vocês… podem me dar um momento? Eu já volto! —  e se dirige para sua salinha, deixando-os a sós.

—  Por que está fazendo isso? —  o vampiro pergunta, olhando-a de cima a baixo —  Preocupando-se comigo.

—  Sabe que… sabe que eu nem sei direito? —  ela assume, meio envergonhada —  É que você me lembra muito um amigo meu, quer dizer… eu o considero meu amigo, não sei se ele… se ele me vê assim também, ele é bem calado e distante, mas… é alguém que eu gosto bastante, mesmo que às vezes ele seja um pouco grosso e recuse ajuda, eu… eu sinto que ele precisa saber que… tem pessoas com quem pode contar, pessoas que se importam, que querem se aproximar… eu sinto que a gente se aproximou um pouco —  ela e o Todoroki se aproximaram bastante, na verdade. Até se beijaram em um jogo da garrafa… ok, não é hora de lembrar disso —  Enfim… eu fiquei preocupada e, como você parece ser teimoso como esse meu amigo, precisei te arrastar pra cá pra garantir que está tudo bem.

—  Mesmo comigo ameaçando chupar seu sangue? Não me parece muito inteligente da sua parte.

—  Bom… se você ainda quiser meu sangue, vai ter que brigar comigo por ele, e você já viu que eu não cedo fácil. Tem que ser uma luta justa, né? —  ela sorri, notando os cantos da boca dele se erguerem levemente.

—  Muito bem! —  o Hawks retorna à enfermaria, observando o Todoroki —  Então, hã… pelo que vocês me disseram, o rapaz aí bateu a cabeça, é isso? Como aconteceu?

—  Eu fiquei surpreso com o facho de luz que invadiu a sala e saí voando, então bati contra a parede.

—  Saiu voando, hein?

—  Sim, na minha forma de morcego… pois sou um vampiro, como pode ver.

—  Ora, e não é que é mesmo? —  o enfermeiro sorri. Ué, então… ele percebeu que tem algo de diferente? Ou… não?  —  Pois então, vejam só, eu sou um enfermeiro de humanos, nunca aprendi sobre tratamentos em vampiros, então… está fora da minha alçada, infelizmente.

—  M-mas… o corpo de um vampiro é tão diferente assim?

—  Um vampiro que se transforma em morcego? Ah, com certeza! —  ele cruza os braços confiantemente —  Então… sinto muito, não há nada que eu possa fazer, mas… se me permitem oferecer um conselho de quem já leu muitos romances sobre vampiros, —  o loiro dá um sorriso torto —  eles ficam mais fortes se beberem sangue, não? 

—  Você… tá sugerindo que… que eu deixe ele me morder?

—  De maneira nenhuma! Mas sabe… sangue de bruxa deve ser ainda mais poderoso, nem seria necessário beber muito pra curar o machucadinho na cabeça do rapaz. —  ele diz de maneira muito tranquila —  Então… é isso aí, se vocês tiverem mais alguma dúvida, eu estarei ali na minha salinha! —  Provavelmente dormindo. Ochako revira os olhos, o Hawks do jogo principal é tão debochado quanto esse, mas é mais disposto e gentil, pelo menos.

—  Eu, hã… —  ela não sabe o que dizer, e os olhos heterocromáticos a fazem se sentir sobre um palco, debaixo de holofotes reluzentes.

—  Bom… —  ele se levanta da maca —  Você ouviu o médico.

—  Não, mas ele não é médico! Ele- —  o garoto se aproxima, e Ochako enrijece o corpo, um tanto frustrada. Ela achou que tinha conseguido comovê-lo um pouco ao falar do Todoroki original, mas parece que não, o vampiro ainda quer chupar o sangue dela —  E-eu não… —  e então ela pensa um pouco melhor, deve ser esse o objetivo dessa rota, não? Que ela dê seu sangue pra ele… a escolha certa muito provavelmente é fazê-lo de bom grado… bom, não que ela faça questão de ganhar foto nenhuma, mas… seria bom saber que jogou direitinho pelo menos uma vez…

Suspirando, ela estende seu punho na direção dele.

—  O que...

—  Aqui, foi uma pancadinha leve na cabeça, não precisa ser muito… —  ela desvia o olhar, sentindo-se constrangida —  ...mas pode beber. —  ele olha para o braço dela estendido, depois para seu rosto —  O quê? Assim não tá bom? Precisa ser no pescoço? —  é constrangedor do mesmo jeito, mas… ele mordê-la no pescoço evocaria muito as memórias de seu primeiro beijo com o Todoroki original, um garoto bonito assim tão perto de seu rosto… é vergonhoso… e meio empolgante, e Ochako realmente não precisa lidar com sentimentos assim no momento.

—  Não, é o suficiente. —  ele segura o punho dela com uma delicadeza inesperada, observando-lhe a pele e provavelmente admirando as veias —  Você disse que eu te lembro um amigo, não é?

—  Hã? Ah… sim. —  ele segue olhando para seu braço, as luvas conferem uma sensação aveludada ao toque dele.

—  Você também me lembra alguém.

—  Lembro? Quem?

—  Não sei ao certo, alguém meio estúpida e gentil como você, alguém que eu amava muito… —  ele a olha, levando o braço dela até a altura de sua boca. Ochako vira a cabeça para não ver sua pele sendo perfurada pelas presas, apenas espera pela dor.

Mas ao invés disso, só sente o pressionar de algo macio e gelado nas costas de sua mão. Ao se voltar para ele, ela não consegue conter o rubor que sobe por suas bochechas. O vampiro está beijando sua mão como um verdadeiro cavalheiro.

—  T-Todoroki-

—  Você deve ser uma bruxa poderosa mesmo, já me sinto curado sem nem mesmo beber seu sangue. 

—  Eu não… 

—  Obrigado por me lembrar de que ainda sou capaz de amar.

Um trovão retumba pela sala e, assim como aconteceu com o Kirishima no ginásio, Ochako se encontra sozinha na enfermaria depois que tudo volta a ficar escuro.

***

—  A barra tá limpa, Otoge-sama! —  o enfermeiro abre a porta e se certifica de que a garota não está mais lá.

—  Idiota, não escancara a porta assim, vai estragar a foto! —  a garota de marias-chiquinhas o repreende —  Já me deu um trabalhão de criar essa imagem, só me falta estragá-la por conta de um imbecil que nem consegue expulsar uma garotinha daqui!

—  Eu não posso expulsá-la da enfermaria, Otoge-sama, e você sabe, minha programação é sempre ajudar a protagonista. Se ela quer conseguir a foto na enfermaria ao invés de na sala dos professores, não posso impedi-la.

—  Ela não quer conseguir foto nenhuma! Ela… —  a garota suspira —  não tem a menor ideia do que está fazendo! 

— Olha, a esse ponto não sei se ela é extremamente brilhante ou só muito idiota...

—  É claro que é uma idiota! —  ela esbraveja.

—  Uma idiota que consegue good endings… —  ele olha para seu celular, observando como as barrinhas do fantasma, do lobisomem e do vampiro estão em 100% —  E você não está jogando limpo também, Otoge-sama, dá as fotos pra menina, ela fez por merecer!

—  Não, ela não fez! Não vou dar as fotos enquanto ela não jogar de acordo com a história!

—  Mas… isso importa mesmo? O que importa é que o final é bom, e os personagens estão felizes, não? Por que é tão importante que ela siga a história?

—  PORQUE É A MINHA HISTÓRIA! —  ela esbraveja, fazendo a sala tremer. Os olhos dela irradiam um brilho magenta intenso enquanto seu peito sobe e desce em irritação. Depois de alguns minutos, o tremor vai parando, tanto o da sala quanto o das mãos dela —  Você anda muito atrevido, senhor enfermeiro, será que preciso te resetar de novo?

—  Hum… não acho que será necessário… —  ele ergue as mãos como se estivesse se rendendo —  A madame sabe o que é melhor para seu jogo.

—  Sim… pode ter certeza que eu sei… e é bom que essa garotinha saiba logo também.


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Notas finais do capítulo

Não sei se já comentei, mas todochako é um dos meus dois ochaships favoritos, sinto que não fiz tanta justiça ao meu carinho pelo ship nesse capítulo, mas pelo menos consegui colocar algo que eu amo que é BEIJO NA MÃO. Não sou dessas que acha que temos que voltar aos "velhos tempos" de nada, mas beijo na mão é um gesto romântico poderosíssimo que poderia ser mais explorado em fanfics e praticado na vida real, só acho jjjsdklslk
O Todoroki é perfeito pra ser um vampiro, e o visual dele é inspirado anquelas artes promocionais canon que mencionei antes: https://www.crunchyroll.com/pt-br/anime-news/2017/09/14-1/anime-shop-adds-pumpkin-spice-to-my-hero-academia-with-halloween-themed-goods
Pois bem, chegamos ao capítulo 4, faltam só mais três pra acabar, o que significa que vou diminuir o fluxo de atualizações dessa fic, eu tava postando dia sim dia não, agora vou postar o restante semanalmente como costumo fazer com minhas fanfics. Ou seja, próximo capítulo sai no sábado que vem, eu deveria ter feito assim desde o começo se tivesse começado a escrever a fanfic mês passado, mas nããão, gosto mesmo é de me enrolar e ficar com cronograma apertado sajsjjsdjsd
Enfim... lembrando novamente que essa fanfic faz parte do Ochabowl Project, que está com inscrições abertas até dia 24/10, caso tenha interesse em se juntar a nós como capista, beta ou escritore, só entrar em contato comigo para saber mais.

Obrigada por ler! Espero que esteja curtindo! Fica combinado, então, próximo capítulo sábado que vem! Faltam só dois pretendentes, quem será o próximo? u.u



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