Podemos ser mais que amigos? escrita por Lady M


Capítulo 1
Se o motivo por trás desse sorriso for eu?


Notas iniciais do capítulo

Essa história vai ser curtinha.
É a primeira vez que me arrisco nesse universo que eu gosto tanto, então sejam gentis ^.^ Amantes de Lukanette me perdoem os erros, sempre gostei de shippar o Adrien e a Marinette juntos, mas sinceramente esses dois aqui tem muito em comum.
Divirtam-se!!



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A aula tinha acabado de terminar, Marinette estava andando até a saída da Universidade Françoise Dupont, quando foi interceptada por Alya.

— Amiga você vai na festa de aniversário da Juleka? Vai ser no porto, o barco vai ficar atracado no cais. Então nem adianta dizer que não vai por causa do seu enjoo ocasionado pelo balançar do barco no mar.

Marinette tentou não demonstrar, mas as bochechas dela ficaram rosadas.

Alya virou-a colocando-a contra a parede do corredor.

— Você vai, né? Todas as meninas vão, inclusive a Chloé, ela deixou de desfilar essa semana para poder ir, faz quase um ano que a gente não se reúne Mari.

Marinette segurou o seu croqui contra o peito para aplacar a voracidade de Alya. A morena estava cursando jornalismo e sempre queria persuadir os outros.

— Eu sei Alya, nós escolhemos trilhar rumos diferentes e seguir carreiras um pouco distantes umas das outras, mas mesmo assim ainda somos amigas. Estou morrendo de saudades das meninas, a propósito, Rose já escolheu a trilha sonora da festa?

Alya voltou a andar tranquilamente ao lado da amiga pelo corredor.

— As duas vão colocar muitas músicas lentas, agora que elas assumiram para o mundo o tanto que são apaixonadas uma pela outra, ninguém segura mais.

Marinette riu, mas parou assim que viu Adrien Agreste de mãos dadas com a esgrimista mais famosa da universidade. Alya colocou as mãos nos ombros da Marinette empurrando para a porta de saída mais distante do casal.

Alya disse ácida:

— Depois que você se confessou para ele, Adrien disse que queria que a amizade de vocês não acabasse, se ele te preza tanto assim, deveria ser menos insensível em relação aos seus sentimentos Marinette.

A aspirante a estilista soltou um suspiro frustrado que logo deu lugar a um sorriso gentil.

Alya seguiu os olhos azuis e brilhantes até encontrar outro par de olhos azuis igualmente brilhantes.

Sorrindo de lado e colocando as mãos nos bolsos de trás da calça jeans, Alya disse:

— Acho que eu não preciso me preocupar tanto.

Marinette deu de ombros e acenou para o músico que ainda parecia imerso nas partituras que estava segurando.

Luka acenou de volta, perdendo duas folhas para uma brisa suave que o pegou de surpresa, Marinette correu até ele segurando as duas folhas antes delas atingirem o chão.

Ela sorriu e disse:

— Aqui!

A mestiça estendeu as folhas para o dono da melodia que ela tinha em mãos naquele momento.

Ele pegou-as, jogando-as dentro de um caderno.

— Oi, Mari.

Junto com o cumprimento ele passou a mão no cabelo dela bagunçando-o carinhosamente. Ele sempre fazia isso e ela ficava irritada com os fios que ele deixava desgovernados, mas de uns tempos para cá, ela ansiava por isso, mesmo que fosse algo fraternal ela esperava por essa atenção vinda dele.

Luka andou até o suporte das bicicletas, pegou a dele e retirou o cadeado da roda traseira, perguntando:

— Você vai precisar de ajuda com as entregas de hoje?

Ela assentiu, os pais dela gostavam da mão de obra extra que o guitarrista oferecia sempre que Marinette estava atolada entre os estudos e as entregas da padaria. Essas ajudas sempre vinham nos feriados onde a padaria ficava mais movimentada, mas desde o início daquele ano as ajudas dele passaram a ser cada vez mais frequentes, Luka passava mais tempo na padaria dos Dupain-Cheng do que no barco da mãe dele.

Marinette subiu na garupa da bicicleta com o violão do músico nas suas costas, os dois descobriram que era muito mais fácil, quando ela estava com o instrumento nas costas do que ele. Ela colocou as mãos na cintura dele, apertando-o a medida que ele aumentava a velocidade das suas pedaladas. Marinette estava abraçada a ele. 

Chegaram na entrada da padaria e a garota desceu levando o violão consigo, ela realmente esqueceu de deixá-lo na sala e levou ele para o seu quarto. 

Luka entrou atrás dela, pegando o avental em cima da bancada. Marinette desceu e viu ele lavando as vasilhas sujas da pia, mas o avental dele ainda estava desamarrado. Ela parou atrás do corpo dele e prendeu o avental, finalizando com um laço. Ele virou-se de frente para ela, a distância entre os seus corpos era mínima, ele apoiado na pia e ela entre ele e o balcão.

Marinette prendeu o ar quando Luka inclinou-se para frente, ela estava tentando silenciar as batidas irregulares do seu coração para que ele não notasse o impacto que o os olhos dele tinham sobre ela.

Ele deslizou o dedo com espuma em cima do nariz dela e sorriu maroto.

— Obrigado.

Ela empurrou ele de leve e respondeu:

— Seu mal agradecido, eu amarro o seu avental e é isso que eu ganho?

Ele deu de ombros e mostrou os macarons que ela precisaria colocar no mostruário.

— Se me der alguns desses eu posso pensar em outra forma de te agradecer.

Colocando um avental também, ela caminhou para parte de fora da padaria encontrando com os seus pais.

A mãe dela perguntou:

— O Luka está lá dentro também?

Marinette assentiu, a amizade deles era de longa data. Marinette o conheceu depois de envolver-se em uma briga no jardim de infância. Ela nunca gostou de injustiças, e as crianças estavam sendo desagradáveis com Juleka por causa da apresentação do dia dos pais, dizendo que ela estava ensaiando à toa, Marinette defendeu a amiga com unhas e dentes, literalmente. Luka por ser o irmão mais velho de Juleka e mãe dele estar trabalhando, foi buscá-la naquele dia e após o relato da irmã, levou a emburrada Marinette para tomar um sorvete. Ele recompensou-a pelo mal comportamento dela e isso fez com que ela o admirasse em silêncio.

Depois disso eles continuaram se vendo, mas sempre de longe, os dois anos de diferença entre eles impôs uma boa distância entre ambos. Mas Luka viu o momento mais vergonhoso da sua existência, no último ano do ensino médio ela declarou-se para Adrien Agreste e ele fez ela acabar-se em lágrimas na frente de todos os seus colegas e amigos, dizendo sem nenhum remorso: "Ela é só uma amiga!". Luka pegou-a pelo braço e levou-a embora causando um grande burburinho que sobrepujou o vexame da sua declaração. Como prova da sua gratidão, Marinette começou a cuidar dos designers da banda de garagem dele.

A partir daquele momento eles tornaram-se inseparáveis, as férias de ambos resumiu-se em: comer juntos, passar os finais de semana jogando no fliperama mais vazio de Paris, para não enfrentar filas. Ele a ajudava na padaria e ela o ajudava no que ela conseguia no barco, mas a mestiça sofria seriamente no mar, ela colocava tudo para fora e só conseguia voltar ao normal quando o estômago dela encontrava a terra firme. Ele apresentou o campus para ela quando Marinette recebeu a carta de admissão para o curso de designer, Luka formaria-se em dois anos, ela ainda teria mais quatro longos anos pela frente.

O músico tinha uma predileção pelo rock'n roll, mas também era bom quando se tratava de música clássica. Marinette gostava de ouvi-lo tocar nas horas vagas, ele costumava chamá-la de fã número um e a si mesmo de músico de uma platéia composta por uma ouvinte só. Mas isso mudou na festa de boas vindas daquele ano, ele tocou para uma platéia repleta e  sua fã virou uma vasta gama de fãs. Contudo, ele ainda insistia que ela era a número um e isso sim importava.

Depois de colocar os macarons no expositor ela selecionou um de cada cor e colocou na caixa rosa com bolinhas brancas, aquele embrulho foi desenhado por ela especialmente para o Valentim Days, mas algumas caixas sobraram, ela guardou uma especialmente para o Luka, mas decidiu não entregá-la na data. O incidente com Adrien, ensinou Marinette a não interpretar os atos do Luka errado. Ele era amigo dela, não namorado!

Pegou a caixa fechada e levou para dentro, Luka estava ocupado com o pai dela, Tom estava passando os endereços de entrega, então Marinette conseguiu levar a caixa para o seu quarto, colocou-a junto com o violão do amigo e desceu com os dois sem levantar suspeitas. Os olhos atentos de Luka acompanharam-na até o balcão onde Marinette sentou-se.

Ele disse:

— Tem três pedidos para o mesmo endereço, as entregas são pequenas mas estão fora da rota convencional, então a sugestão do seu pai, foi para você realizar essa entrega enquanto eu faço as outras seis. O que me diz de...

Ele estava de braços abertos e em um ímpeto, Marinette jogou-se sobre ele, impedindo-o de falar. Percebendo como aquele gesto era desproporcional, ela disfarçou o abraço que quis dar nele desamarrando o avental que ele vestia.

Afastando-se sem olhá-lo ela não viu que ele piscou um pouco e demorou para terminar de tirar o avental, jogou-o sobre a bancada e apontou para a parte que ela deveria entregar.

— Você vai ir no sentido contrário ao meu, então faça isso rápido e volte antes de começar a escurecer Mari.

Ela livrou-se do próprio avental e pegou as duas caixas pequenas e a média, subiu na bicicleta dela e despediu-se dele com um sorriso.

Luka saiu sorrindo para o horizonte, os olhos dele estavam brilhantes e as bochechas tinham um tom avermelhado que ela nunca tinha vislumbrado antes.

Marinette admirou a silhueta dele afastando-se dela. Ela fez o percurso sem notar que as entregas estavam programadas para casa da sua amiga, ela estava mais concentrada no sorriso dele. Será que o motivo por trás daquele sorriso era ela? Foi por educação? Ele sorria sempre quando a via? Ele sentia falta dela, assim como ela sentia falta dele? Dúvidas que ela sempre tinha vontade de soterrar, os dois estavam bem como estavam, pelo menos era o que ela queria acreditar.

Parou na porta da casa, notando que aquele edifício era o de Rose, tocou a campainha e aguardou a amiga.

Rose atendeu vestida em um vestido rodado e cor de rosa que parecia um cupcake gigante.

A loira de olhos azuis, perguntou:

— Mari você pode me ajudar com esse desastre da moda?

Marinette entregou a caixa média de croissant's para a amiga assentindo.

— Posso, mas antes preciso passar em casa estou sem a minha...

Chloé e Alya saíram de dentro da casa.

— Não precisa de nada sua insuportável. Nós trouxemos linhas, agulhas e tesouras para acabar com esse fiasco antes da festa que vai acontecer no final de semana.

Mari sorriu e abraçou as amigas que estavam atrás da porta, Chloé sorriu de maneira convencida, fazia algum tempo que não se viam pessoalmente. A loira continuava deslumbrante.

As quatro começaram a conversar sobre o vestido horrível e entraram porta a dentro. Estavam todas ali, Rose, Juleka, Alya, Chloé, Alix e Mylène, Sabrina estava em um intercâmbio, então não se juntaria a elas, nem naquela tarde e nem no aniversário da Juleka.  Sorrindo e jogando-se no sofá Marinette deixou-se levar pelas novidades das amigas. 

Rose e Juleka estavam cursando publicidade, namorando uma com a outra. Chloé era a rainha do mundo da moda, mas disse que sentia-se irritada por ter que continuar posando com Adrien, ela guardava rancor dele pelo que aconteceu entre ele e Marinette, até a loira concordou que ele deveria ter um pouco mais de coração, porque noção claramente ele não tinha. Alya estava com Nino e os dois estavam cogitando morar juntos, mas como ainda estavam no primeiro ano de faculdade estavam adiando um pouco. Mylène estava feliz em abrir seu próprio restaurante com o noivo. Alix estava treinando patinação em alta velocidade, talvez conseguisse uma medalha olímpica antes do Kim, seu quase namorado.

Chloé indagou virando-se para Marinette com genuíno interesse:

— Quando você vai começar a namorar com o Luka?

Marinette engasgou com a água que estava bebendo.

— Eu?!? Nós não somos nada além de amigos. E como vai o Nate, Chloé?

A loira deu de ombros.

— O Marc, o Nate e eu temos um relacionamento aberto.

Juleka, que estava com a cabeça descansando no colo da namorada, disse monótona:

— Vocês formam um ótimo casal! Até a minha mãe acha isso, Mari.

Marinette disse curvando os ombros:

— Eu não sei não. Tenho medo dele não sentir o mesmo.

As garotas sentaram-se em volta da mestiça, Chloé ao lado direito, segurando uma almofada no seu colo, Alya no braço esquerdo do sofá colocando a mão no ombro da amiga, Mylène, Alix, Rose e Juleka aproximaram-se também.

Rose disse:

— Mari ele não é o Adrien.

Mylène sussurrou:

— Está escrito na cara dele que ele tem uma quedinha por você.

Alix assentiu concordando com a amiga.

Alya apertou o ombro da Marinette sorrindo.

— Ele não liga para a legião de fãs dele, Mari, ele canta só para você.

Chloé soltou o ar que estava segurando e falou enfática:

— Não faça rodeios, olhe dentro dos olhos dele e diga: Podemos ser mais do que amigos?

Juleka assentiu e completou:

— O meu irmão não disse nada porque ele deve ter medo de perder a sua amizade, Mari.

A azulada levantou do sofá e disse corajosamente:

— Eu vou ir lá, olhar nos olhos dele e dizer: Nós vamos ser mais do que amigos!

Alya assentiu e as meninas jogaram as almofadas nela derrubando-a sobre o tapete. O resto da tarde passou voando e ela voltou para casa quando o sol já estava se pondo no horizonte. Para a surpresa e deleite dela, Luka estava esperando-a na frente da padaria.

Ele perguntou:

— Custava atender o celular? Você demorou, eu... Quero dizer, os seus pais devem estar preocupados.

No fim ele estava olhando para além dela. 

Marinette jogou-se ao lado dele escorando-se na parede atrás de si, observou o Homem ao seu lado. Luka Couffaine cresceu bem, ele era alto, em torno de 1,81; ombros largos, estatura proporcional, tudo nele era assustadoramente tentador. Como ela nunca tinha desenhado ele? Ela precisava disso, mesmo não sabendo que era possível desejar algo tão estranho assim. Ele seria o modelo perfeito!

Ela disse olhando para frente:

— Quer subir para o jantar?

Ele assentiu e respondeu cauteloso:

— Quero, mas posso saber o porquê da gentileza?

Ela olhou para ele e sorriu travessa e reunindo toda a coragem que conseguiu Marinette colocou-se nas pontas dos pés e deixou os braços em volta dele, deixando-o sem saída, preso entre ela e a parede. Por estar relaxado naquela posição, Marinette conseguiu fitar os olhos dele com os seus 1,60 de altura.

Divertindo-se com a tática de intimidação falha e fofa dela, ele questionou:

— O que vai querer em troca do jantar?

Ela murmurou tentando manter a coerência, enquanto olhava dentro dos olhos dele:

— Você.

Ele desviou os olhos dos dela e cruzou os braços sobre o peito, tentando manter a mente dele em um fluxo lógico ele indagou:

— Como?

Ela tirou as mãos da parede e deu um passo para trás, cruzando as mãos atrás do próprio corpo de maneira tímida, ela esclareceu meio exitante:

— Eu preciso de um modelo de corpo masculino para uma jaqueta. Então você pode me pagar assim, eu te alimento e você me deixa usá-lo como manequim?

Luka relaxou um pouco ao ouvi-lá e respondeu:

— Para cada alfinete que você me espetar eu exijo um "macarrones".

Ela avançou sobre ele novamente, mas dessa vez Luka foi mais ágil. Virou-a contra a parede e dessa vez a sombra do corpo dele pairou sobre ela, vista dali Marinette aprecia menor, indefesa, gentil, mas algo perigoso nos olhos dela fez ele ficar imóvel encarando-a.

Ela levantou as duas mãos em sinal de rendição e disse:

— Eu não ia te atacar, eu só queria abrir o bolso da capa do seu violão. Deixei algo escondido aí para você.

Ainda desconfiado das intenções dela, ele retirou o violão das costas e entregou para a mesma, Marinette abraçou o instrumento e correu para dentro da padaria.

Ela gritou quando chegou na escada que levava para o quarto dela:

— Agora que eu tenho um refém, você precisa vir independente dos alfinetes!

Ele entrou na casa atrás dela e esperou encontrar Tom e Sabine sentados no sofá da sala, mas em vez disso deparou-se com um bilhete pregado na geladeira.

"Mari,
Seu avô precisou ir fazer um exame de rotina, levamos ele e não sabemos que hora vamos voltar. O jantar está dentro do forno e o prato do Luka é o sem passas, você me disse que ele prefere arroz grego assim, caso leve ele para jantar, não deixe ele voltar para casa tarde. O quarto de hóspedes está limpo e com as roupas de cama trocadas.
Obs.: Nós te amamos e JUÍZO!"

 

Ele esperou ela descer as escadas, mas isso não aconteceu, ele decidiu que seria melhor avisar para ela que os pais dela não estavam, então depois de muitos anos sem pisar naquele cômodo ele subiu.
Marinette estava esperando ele sentada na escada que dava para o sótão que era o quarto dela.

Ela disse carrancuda:

— Por que demorou? Está com medo de virar minha boneca de vodù cheia de agulhas ou acha que eu vou te morder?

Ele deu de ombros colocando as mãos no bolso frontal da calça jeans dele. Ela não o morderia, mas ele com toda certeza, queria mordê-la e com os pais dela fora de casa esse desejo só tornava-se mais evidente.

Ela subiu até o quarto dela e perguntou lá de cima:

— Não vai subir?

Ele respirou fundo pedindo aos deuses do Rock para que ele conseguisse manter as mãos dele longe dela. Subiu cada degrau com uma lentidão torturante, mas ao deparar-se com as paredes rosadas ele deixou o nervosismo de lado, a cama dela, os ursos de pelúcia, tudo estava como era antes. Teve uma festa do pijama em que ele levou a irmã dele, acabou jogando vídeo-game com Marinette, em cima da cama dela. A única mudança brusca foi o sumiço dos pôsteres do Agreste. As revistas estavam recortadas, mas agora eram roupas e desenhos de roupas, medidas e cortes por todos os lados, nada do loiro.

Aliviado e atordoado ele viu que a porta que levava para a parte de cima do quarto estava aberta, quando eram mais novos aquele lugar era terminantemente proibido, por causa da altura e pouca segurança em relação às grades. Ele subiu mais degraus e parou no terraço, aquele pequeno jardim com as duas cadeiras brancas de armação metálica, dando vista para Paris toda iluminada, a verdadeira Cidade Luz. Aquela era a segunda vista mais linda que ele já tinha tido o prazer de apreciar. A primeira era o sorriso da mulher sentada ali. Marinette havia deixado de ser uma menina diante dos seus olhos, a garota tornou-se uma bela mulher, não só pelas suas curvas, mas pelas atitudes dela, a maneira genuína como Mari gostava de ajudar os outros. Tudo nela era belo e intrigante, ele queria conhecê-la cada vez mais.

Marinette estava com o violão dele em cima do colo, com o corpo inclinado para frente sobre o mesmo, os olhos ansiosos.

Ele sentou na cadeira livre e disse tentando soar descontraído:

— Os seus pais levaram o seu avô para uma consulta de rotina, o jantar está no forno e se ficar muito tarde, não é para me mandar embora.

Marinette assentiu esclarecendo:

— Minha mãe me ligou e perguntou se você ainda estava aqui. Você demorou uma eternidade para subir por que os meus pais não estão em casa?

Ele soltou um suspiro e olhou para o horizonte.

— Digamos que sim.

Ela colocou o violão dele em cima da mesa entre eles.

Marinette levantou da cadeira e andou até a grade escorando-se nela, ficando de frente para a paisagem e de costas para ele.

Ela disse mais para si mesma do que para ele:

— Mas isso só faria sentido se você estivesse afim de mim, o que não faria sentido algum.

Ele levantou da cadeira e parou atrás dela, colocou as mãos apoiadas na grade, aproximou o corpo do dela notando os pelos da nuca da garota arrepiarem-se e sorriu deliciado com a hipótese dela estar pensando nas mesmas coisas que ele.

Ele sussurrou perto da orelha dela:

— O que você disse?

Ele tinha escutado bem, mas ele queria que ela repetisse para que ele desse um fim naquela tortura angustiante. Ele não aguentava mais ficar naquele lugar cinza, ele preferia preto ou mesmo branco. Como Marinette conseguiu torturar-se dessa maneira por tanto tempo? Como aguentou ser só uma amiga para a pessoa por quem ela era perdidamente apaixonada? Ele não entendia.

Marinette virou-se entre os braços dele, ficando no mesmo lugar mas agora de frente para ele.

— Eu disse que precisamos jantar, depois disso vou te torturar com a minha fita métrica.

Ele assentiu e tirou as mãos da grade dando passagem para ela. Marinette afastou-se dele, mas os ombros dela estavam tensionados.

Os dois comeram em silêncio, geralmente eles fariam piadas ou insinuações, mas não aconteceu nada, nenhum pio. Marinette lavou as vasilhas e perguntou se ele importaria-se de vestir as roupas que o seu primo deixou ali por precaução, talvez ficassem apertadas nele, caso isso acontecesse seria melhor vestir as roupas de Tom. Luka tomou banho no banheiro do quarto de hóspedes e Marinette no do quarto dela. 

Vestindo o pijama, um short rosa claro, a camiseta branca com duas flores rosadas, descalça e com o cabelo solto ela bateu na porta do quarto de hóspedes. Luka abriu a porta terminando de secar o cabelo com uma toalha, a blusa de Tom ficou larga como um balão para ele, parecia até o L do Death Note. Ela aproveitou que ele estava distraído e puxou-o pela toalha que estava sobre os seus ombros e em volta do pescoço dele. Não houve resistência alguma da parte do maior, fazendo-os colidir um contra o outro, prensada contra a parede pelo corpo dele, segurando-o pela toalha Marinette aproveitou para deixá-lo cada vez mais perto de si.

Sem pressa ela traçou o contorno do rosto dele com as pontas dos dedos, as mãos dele deixaram de apoiar-se na parede atrás dela, para fixarem-se em torno da sua cintura. Ela desceu as mãos parando na nuca dele que suspirou e fechou os olhos. Surpresa pela entrega dele, ela testou aproximar os seus lábios. Ele permaneceu de olhos fechados.

Lentamente ela ansiou por aquilo, por estar com ele. 

De olhos fechados ele suplicou:

— Por favor. Se não for terminar com isso, eu mesmo termino.

Marinette sentiu ele avançar sobre si  e fechou os olhos com expectativa.

O contato breve tornou-se inquisitivo, ansioso, curioso e enfim exigente.

O beijo começou incerto, mas ela agarrou-se a nuca dele, arranhando suavemente, concentrando-se nos ombros largos e quentes, o corpo dele rígido e ágil prensando-se contra o seu trêmulo e macio. Marinette só conseguia pedir por mais. Ele elevou-a do chão, ela cruzou as pernas em torno da cintura dele. As mãos vorazes livraram-se da camisa dele. Luka levou-a consigo para dentro do quarto de hóspedes, sentando na cama com ela sobre o seu colo.

Marinette parou abruptamente, sentindo a ereção dele abaixo de si. Continuou com as mãos sobre os ombros dele. Desviando os olhos  do corpo dele para a boca quando sentiu suas bochechas esquentarem. Luka permaneceu imóvel, a respiração irregular e o lábio inferior um pouco avermelhado.

Marinette disse em tom neutro, um contraste gritante  com o misto de sensações desconhecidas dentro dela:

— Eu acho melhor, sair de cima de você.

Ele assentiu, Marinette encaminhou-se para o corredor e jogou a camisa que ele estava vestindo de volta para ele. Enquanto ele tentava digerir o que tinha acabado de acontecer ela voltou. Jogando-se ao lado dele na cama e com uma caixa de macarons.

Estendeu um para ele e disse:

— Acho que acabei tendo você de uma maneira diferente.

Ele sorriu para ela sentindo-se culpado.

Ela voltou com o macaron azul para dentro da caixa e disse:

— Não te acertei com nenhum alfinete, mas mesmo assim, sinto que te devo alguns desses.

Ele pegou a caixa das mãos dela e viu Marinette sair do quarto tão rápido quanto havia entrado. O que ele podia fazer? O estrago já estava feito.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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