Algo Sobre o Futuro escrita por Vanilla Sky


Capítulo 3
Capítulo Três - Conversa Franca


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos e queridas! Um feliz ano novo um pouco atrasado para todos vocês ♥
Como vocês estão? Todos bem? Estou em uma correria meio grande por aqui, mas hoje foi muito bom abrir essa história e trabalhar nela depois de alguns meses sem conseguir inspiração o suficiente para escrevê-la.
Espero de verdade que gostem desse capítulo; na versão inicial dessa fic, ele iria começar a partir dele! Olha que loucura, haha. Estava escrevendo em inglês a primeira versão, então aproveitei a ideia para transformar nessa história sobre sentimentos e incertezas.
Vi que tenho leitores novos/as, sejam bem-vindos/as! Torço para que essa história aqueça o coração de vocês.
Recadinhos paroquiais que: 1) essa história estará finalizada em dois capítulos; caso haja vontade, posso pensar em uma continuação posterior - e 2) o próximo capítulo (in casu, o penúltimo) sai na sexta-feira junto com os primeiros episódios de WandaVision!
Caso não dê, aviso por aqui.

Muito obrigada e aproveitem!



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O dia frio estava perfeito para um passeio ao redor de Edimburgo. O sol marcava o início daquela tarde, e o clima gelado não dava muitas opções de passeio externos; os casais e famílias que não ficaram em suas casas assistindo seriados e filmes com certeza lotaram os cinemas, cafés e livrarias da cidade. No bairro central, onde Wanda e Visão já foram algumas vezes, havia uma pequena livraria que ela sempre quisera entrar, mas não havia tempo o suficiente para isto. Nunca havia, exceto naquele dia. Eles eram apenas um casal ordinário caminhando pelas ruas daquela cidade. E Wanda nunca pudera estar mais feliz.

 

Quando perguntada sobre o motivo de estar passando mal nos últimos dias, desconversou. Não que Wanda buscasse esconder sobre a gravidez, apenas gostaria de se dar ao luxo de aproveitar uma tarde na companhia do sintozóide. Uma tarde longe das obrigações e do fardo de serem super-heróis. Pairava no ar uma sensação de pertencimento; pela primeira vez, ela sentia-se pertencente a algum lugar no mundo, de mãos dadas com seu amado e andando silenciosamente. As pessoas passavam por eles e admiravam um casal normal nos primeiros encontros, indo a um cinema qualquer, por exemplo. Era o sentimento ideal, o qual Wanda buscava em suas interações desde os primeiros dias na nova Base dos Vingadores.

 

Um barulho de sino ecoou pelo ambiente lotado quando a Feiticeira abriu a porta. Como imaginavam, diversas pessoas escolheram aquele pequeno lugar aconchegante para irem com suas famílias, ou mesmo sozinhos, passar a tarde de folga. Wanda aproximou-se de alguns livros expostos em uma bancada ao centro, com uma ficção chamando sua atenção. Pegou-o em suas mãos e analisou a capa, a lombada, pequenos detalhes os quais gostava de admirar desde a tenra idade, quando visitava bibliotecas com Pietro enquanto ambos quietamente aguardavam seus pais irem buscá-los. Leu a sinopse com paciência, sabendo da necessidade de ter um bom livro para acompanhá-la nas noites pela Europa.

 

Foi quando deu falta de Visão.

 

Com o mesmo livro nas mãos, Wanda balançou a cabeça de um lado para o outro, olhando nos rostos de cada um dos presentes procurando pelo sintozóide. Seu coração batia dentro do peito pesadamente como a percussão de uma orquestra. A respiração da jovem falhava à medida que nenhuma daquelas faces era a de Visão. Onde ele teria ido? Por que sumira de novo? Seria Stark necessitando dele? O mundo necessitava de um super-herói mais do que ela naquele momento?

 

Subitamente, ela parou ao reconhecer o cachecol branco na figura alta parada do outro lado da livraria. Um suspiro de alívio deixou seus lábios ao passo que Wanda enlaçava a cintura de seu amado com os braços finos, abraçando-o carinhosamente com o livro pendurado em uma das mãos, e sentindo os dedos de Visão apertarem seu braço em resposta.

 

— Por um momento, achei que você tinha ido embora.

 

Aquela frase acertou Visão como um soco, poderoso o suficiente para fazer aquele robô perder o equilíbrio. Lembrou-se que ainda não dera uma explicação para Wanda sobre o porquê de ter ido embora e a deixado sozinha há quase dois meses. Não sabia como dizer sem seu sistema quase entrar em curto circuito. Principalmente, por que não a havia mais procurado? O mínimo que deveria fazer era deixar seu trabalho, mesmo que fosse de suma importância, e correr para encontrá-la. Ficar mais um pouco ao seu lado, ainda sendo um tempo consideravelmente curto.

 

Wanda amorosamente encarou Visão, levantando os olhos apenas para perceber que ele olhava para frente. Típico. Soltando-se devagar do abraço, ela virou o corpo para ver o que ele tão incessantemente fitava.

 

A seção infantil.

 

O chão de tatame colorido, o som adorável de risadas e a quantidade de brinquedos pelo chão respondiam sua pergunta antes mesmo de ela ler a inscrição na cerca de madeira, as letras brancas enfatizando sobre aquela área ser exclusiva para crianças. Algumas brincavam, outras assistiam a um desenho animado na televisão, contudo, Visão apenas tinha olhos para uma delas; um menininho loiro, os grandes olhos verdes completamente absortos por um livro pouco maior que suas pequenas mãos. Quando percebeu que aquele casal o observava de maneira amorosa, ele sorriu em resposta, abanando na direção deles. Os pais do menino logo chegaram, sendo que o pai o pegou no colo, rindo animadamente, e a mãe pacientemente guardou o livro de volta na estante.

 

Wanda imediatamente pôs a mão que segurava o livro sobre sua barriga, pensando na criança que carregava, no susto, nos enjoos repetitivos e no pequeno milagre presente em seu ventre. Respirou fundo e exalou devagar, evitando chamar a atenção do sintozóide.

 

Estando lado a lado, Visão buscou a mão de Wanda e apertou-a firmemente.

 

— Vizh? Tem algo incomodando você?

 

— Não, está tudo bem. – Ele puxou o braço de Wanda com delicadeza e beijou as costas de sua mão. – Achou algo interessante? Posso dar uma olhada nas críticas para você.

 

— Gostei desse livro. – Ela balançou a obra, os dedos delicados sobre a capa. – Mas acho melhor você não olhar as críticas. Da última vez, o livro era horrível, lembra?

 

Visão riu baixinho em resposta, todavia, Wanda percebia que algo estava errado com ele. Ela temia ser alguma reação negativa, mas não parecia nada que seu corpo sintético em tese desconhecesse. A Feiticeira percebia que Visão muitas vezes demorava a responder certas coisas, observando algumas pessoas quando estavam na rua, talvez por mais tempo que pretendesse em primeiro lugar. Colocando em termos simples, parecia que ele estava procurando a resposta para uma pergunta em sua cabeça, a qual ele terminantemente se recusava tocar no assunto com ela.

 

Permaneceram um longo minuto em silêncio no meio do ruído estridente da livraria, o sintozóide fitando a capa do livro fixamente até que ela resolveu perguntar:

 

— Você não está procurando por críticas novamente, não é mesmo, Vizh?

 

O mais doce dos sorrisos cruzou os lábios de Visão, aquecendo o coração da moça.

 

— Só posso afirmar que você vai gostar muito.

 

Os sons de vozes, risadas e o barulho robótico dos caixas da livraria pareciam sumir na distância quando seus olhos se encontraram. No meio de tantas pessoas, escolheram um ao outro; ele se aproximou dela e suavemente segurou as bochechas frias de Wanda em suas mãos, esquentando-as com a temperatura neutra das pontas dos dedos, e inclinou o rosto para frente suavemente beijando-a, a delicadeza de uma pétala de rosa tocando seus lábios sintéticos. Ela devolveu o carinho, um pouco encabulada, mas com todo seu afeto. Depois, ele deu um ligeiro beijo em sua testa e abraçou-a com cuidado, da mesma forma que alguém protege um bem precioso, buscando tirar o livro do domínio da moça. Girou-o entre os dedos, como ela fizera mais cedo e, se afastando um pouco, disse:

 

— Que tal se nós pagarmos isso e formos buscar um café? Imagino que esteja faminta a esta hora.

 

A jovem assentiu, vendo Visão virar-se de costas para ela e seguir em direção aos caixas disponíveis, aguardando na fila sua vez. Um pouco distante, Wanda voltou a colocar sua mão sobre a barriga, uma leve sensação de queimação na boca do estômago incomodando novamente. Teria ela perdido peso naquele período? Provável que sim. Não se alimentava corretamente, tampouco tinha dinheiro para fazer todas as refeições. Por mais que seus colegas de equipe ajudassem, ela sentia que não deveria pedir demais, sob pena de deixar de ser uma amiga e se tornar um estorvo. Steve, T’Challa e especialmente Natasha sempre ofereciam um pouco mais de dinheiro, mas ela apenas pegava o suficiente para o seu hotel e para não ficar com fome até vê-los novamente. Também para pagar os transportes entre cidades e para qualquer emergência. Contudo, desde que os enjoos haviam começado, as notas acabavam sobrando em sua carteira, e Wanda considerava devolvê-las, o medo de ser um incômodo cada vez mais presente em seu coração.

 

O que iria mudar quando seus colegas de equipe descobrissem que estava grávida? Será que Tony Stark um dia descobriria? Seu plano era não voltar jamais para aquele lugar o qual um dia considerou seu lar. Porém, também não possuía um lar... Aquelas questões a incomodavam fortemente, mais que o enjoo e a sensação de fome em seu estômago. Então ela olhou para Visão, buscando algum conforto em vê-lo. O sintozóide pagava o livro e conversava com a operadora de caixa sobre o tempo e algumas trivialidades, falas banais do dia a dia. Wanda ficava legitimamente impressionada ao ver o quanto ele evoluíra em períodos tão curtos de tempo. Aquela moça trabalhando no caixa e as demais pessoas atrás dele na fila não desconfiariam do homem elegante conversando tão feliz ser, em verdade, um robô sob disfarce.

 

Quando avistou Visão pegar a sacola com o livro em suas mãos e se despedir da mulher com quem conversava, desejando-lhe uma boa tarde, Wanda caminhou alguns passos à frente para encontrá-lo na saída da loja. O vento gelado de inverno acertou precisamente o rosto da jovem ao pisar na rua coberta de neve, cuidando para não desequilibrar. O sintozóide passou o braço ao redor de sua cintura, puxando-a para perto e guiando-a para longe da entrada. Naquela região havia muitos cafés abertos, alguns cheios, outros nem tanto. Com calma, eles olharam um a um, mesmo o estômago de Wanda roncando alto e necessitando ser alimentado em breve.

 

O que deixava Wanda mais contente no relacionamento que vinham construindo era o fato de ambos entenderem-se perfeitamente no silêncio. Podiam caminhar por horas, ou se deitar sob os cobertores pesados das camas de hotel, e lerem enquanto permaneciam abraçados, que apenas com olhares e toques eles já conseguiam compreender tudo o que o outro pensava. Ela se aconchegou nos braços de Visão ao entrarem em uma pequena e decorada confeitaria.

 

“Café da Estação” era uma linda cafeteria na esquina da estação de trem, como o próprio nome indicava. Do lado de fora havia uma grande amendoeira, as folhas, em sua maioria, soltas devido ao tempo gélido exterior, aguardando a primavera para preencherem novamente a copa esverdeada da árvore. Wanda entrou primeiro, quase correndo em direção ao balcão dos doces. Encostou a barriga, coberta pelo grosso sobretudo o qual vestia, sobre a superfície gelada; e, ao encostar as mãos sobre o vidro, sentiu as pontas dos dedos ficarem dormentes enquanto batucava ao som da música que tocava no rádio, correndo os olhos pelas tortas. Uma senhora com aparência simpática sorriu. Ela usava o uniforme da cafetaria e um crachá identificando seu nome.

 

— Bem-vindos ao Café da Estação. Gostariam de um cardápio?

 

A Feiticeira Escarlate necessitou apenas de uma fração de segundo para responder:

 

— Qual a torta mais doce que vocês têm?

 

Cada doce parecia extremamente apetitoso para o estômago faminto de Wanda, roncando mais alto a cada minuto. Algo em seu interior necessitava comer um doce. Quase como um monstro demandando comida, que Wanda prontamente obedecia, não resistindo ao ímpeto de comer mais açúcar que o corpo normalmente necessitaria. A voz macia daquela senhora respondeu:

 

— Bom, temos essa de chocolate com chantilly, e mais essas duas... – ela apontou para os doces, fazendo com que os olhos da moça brilhassem.

 

— Eu quero uma fatia de cada.

 

Visão possuía sérias dificuldades em estampar no rosto os sentimentos em seu coração, sobretudo o de surpresa. Todavia, ele conhecia Wanda tão bem quanto a palma de sua mão, e legitimamente estranhou aquela moça, a qual geralmente preferiria pratos salgados e o café amargo, solicitar três fatias das tortas mais açucaradas. Seus olhos se arregalaram um pouco e o sintozóide piscou algumas vezes, a testa levemente franzida em dúvida.

 

— Você tem certeza? Está há algumas horas sem comer nada, a alta de glicose pode ser prejudicial e... –– Visão tentava não soar robótico, abandonando por um minuto o tom de voz monótono e tentando expressar seu carinho e preocupação. – Você pode não se sentir bem, meine lieber. – Quando estavam fora do hotel, e em especial quando estavam na presença de outras pessoas, evitavam usar seus nomes verdadeiros, trocando-os por expressões amorosas em diferentes idiomas, uma maneira de se misturar e, assim, passarem despercebidos.

 

Wanda respondeu com um leve rubor nas bochechas:

 

— Está tudo bem. Eu preciso de doces. Ah! Um chocolate quente grande, por favor.

 

Atrás deles, aguardando ser atendido, um senhor idoso com óculos grandes redondos e os fios brancos de cabelo penteados para trás, usando um colete vermelho sobre uma blusa social branca, aproximou-se deles devagar e disse, olhando diretamente para a jovem, porém, referindo-se a ambos:

 

— Olhem, a última vez que eu vi uma moça tão bonita assim com esse apetite por doces, ela estava grávida de gêmeos!

 

O casal sorriu em resposta antes de Visão completar o pedido:

 

— Um café pequeno, por favor.

 

Caminharam devagar para longe do balcão e sentaram-se em uma mesa próxima à janela, podendo, desta forma, admirar o vai e vem corriqueiro das pessoas naquele dia frio. Com carinho, Visão pousou a mão sobre os dedos de Wanda descansando sobre a superfície de madeira, um sorriso desengonçado escapando de seus lábios. Ela julgou a tentativa de ser extremamente amável, e devolveu-lhe seu melhor sorriso.

 

— Wanda, o que você está sentindo?

 

— Fome. – Respondeu, em uma tentativa frustrada de mudar o assunto.

 

— Não, eu digo... Além da fome. Os enjoos que a Natasha relatou. Posso tentar rodar um diagnóstico mais ou menos preciso da sua saúde...

 

— Não.

 

Wanda interrompeu-o rapidamente, puxando a mão coberta pelos dedos cobertos de pele sintética e pousando-a sobre o peito, quase como se quisesse extrair o restante de coragem que possuía para trazer o assunto à tona com Visão. Ele, por sua vez, observou-a através da límpida piscina azul de seus olhos, aguardando uma continuação para aquele corte tão repentino.

 

— Quer dizer, – ela prosseguiu, sorrindo enquanto sua outra mão deslizava sorrateiramente pela mesa e agarrava um guardanapo, pressionando-o com toda a força que seus pequenos dedos lhe permitiam – não se incomode em realizar um diagnóstico. Eu sei o que está se passando comigo.

 

Não era ali. Não era naquela cafeteria repleta de desconhecidos, não era naquela livraria, não era em Edimburgo, simplesmente; nenhum lugar parecia perfeito o suficiente para a novidade ser dita em voz alta, principalmente por ela temer mais do que nunca a reação de seu namorado sintozóide. Pela primeira vez, desejou estar em casa, no lar da equipe de super-heróis ao Norte de Nova Iorque que a acolhera após a grandiosa (e desastrosa) Batalha de Sokovia. Pensou rapidamente em seu quarto, no violão que a acompanhava, a colcha macia sobre a cama. No quanto queria sentar-se ali com Visão, iluminados pelo sol no fim da tarde, e contar-lhe a notícia baixinho, pequenas lágrimas brotando no canto de seus olhos ao terminar de falar.

 

Porém, ela estava sem saída – tinha apenas a opção de falar, antes que ele descobrisse por conta própria. Suspirando e voltando o olhar para ele, iniciou sua fala devagar:

 

— Vizh.

 

— Wanda. – Ele sorriu, e ela sentiu as pernas amolecerem, agradecendo aos céus que não estava em pé.

 

— Nós... Nós estamos juntos há algum tempo. E têm sido os meses mais felizes que tenho desde a morte dos meus pais, em Sokovia.

 

Neste curto espaço de tempo entre as falas, a simpática atendente aproximou-se com o pedido deles, colocando sobre a mesa primeiramente o café de Visão e, em seguida, as três fatias de torta com o chocolate quente que a moça pedira. Seu estômago roncava tão alto que ela logo comeu um pedaço de uma das fatias, ignorando completamente o olhar penoso de Visão sobre o assunto que conversaram antes. Pigarreando após um curto gole de café, ele insistiu em voltar no assunto:

 

— Querida, você dizia?

 

— Hum? – A boca de Wanda estava cheia da deliciosa torta de chocolate com chantilly, e ela demorou uma fração de segundo para engolir a fatia e continuar: – Ah, sim, claro! O nosso relacionamento. Que me faz muito feliz.

 

Droga, estava chegando o momento. Ela não poderia enrolar muito mais do que aquilo.

 

— Eu não tenho me alimentado bem. – Disse enquanto tomava um gole de seu chocolate quente, limpando o canto dos lábios com um guardanapo em seguida. – Mas existe um motivo para isso.

 

Comendo mais uma fatia da torta, ela procurou finalizar o quanto antes:

 

— Vizh, eu estou...

 

Levantando a cabeça para observar sua reação, atentamente encarando seus olhos azuis, a moça percebeu uma animada risada ao seu redor; e uma criança feliz correndo pela cafeteria. Não era a mesma criança que viram na livraria, e sim um menino com o tom de pele oliva, acompanhado dos pais e uma irmãzinha no colo de um deles. Visão deixou de encarar sua amada para observar a pequena família, e ela fizera o mesmo, os sorrisos preenchendo o ambiente usualmente contido.

— Wanda, já pensou em ter filhos?

 

Um arrepio correu a espinha de Wanda ao passo que ela mordia mais uma fatia da torta de chocolate mais gostosa que comera em muito tempo. Ainda que aliviada por adiar a conversa por mais alguns minutos, sentia-se incomodada de responder essa pergunta sendo que a própria se encontrava com uma criança no ventre. Disfarçando, respondeu somente:

 

— É algo a se pensar. Inclusive...

 

— Já pensou na situação mágica de amar pequenas pessoas e vê-las crescendo?

 

A subsequente intermissão do sintozóide deixou Wanda realmente incomodada, a ponto de sentir uma forte sensação de enjoo, e ansiar vomitar a pouca comida em seu estômago. Era lógico que ela não deveria ter exagerado tanto na dose de doces, especialmente após tantas horas sem comer nada, mas não conseguiu resistir àqueles apetitosos doces.

 

Parando para pensar, aquilo era sentir desejo?

 

— Vizh, eu não...

 

— Deve ser maravilhoso pegar um humano tão pequeno no colo. Uma parte de você, do seu amor por outra pessoa, em carne e osso. Se apenas eu... Wanda?

 

Pondo as mãos na boca e correndo para longe da mesa, Wanda não conseguia pensar em mais nada. Sua mente girava; Visão tinha consciência de que não pode ter filhos. Como ele iria reagir ao saber que ela estava grávida, ainda que desejasse ser pai? A explicação lógica seria que ela o tivesse traído nesse período, o que ela sabia em seu coração não ser verdade. Algumas lágrimas brotaram no canto de seus olhos quando ela se aproximou do toalete, abrindo a porta com um alto estouro e se aproximando do sanitário para vomitar a pouca comida que seu estômago carregava.

 

O gosto de fel foi a última coisa que sentira antes de desmaiar no chão frio do banheiro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Esse é um projeto muito pessoal o qual eu gosto bastante, mas pode ser enfadonho para novos leitores. O que estão achando? Críticas, sugestões, elogios? Estou sempre aberta pra isso ♥
Beijos e até sexta!



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