Algo Sobre o Futuro escrita por Vanilla Sky


Capítulo 2
Capítulo Dois - Um Casal Ordinário


Notas iniciais do capítulo

Então aconteceu o milagre de a Anny postar duas vezes na mesma semana? SIM! ♥ o hype de WandaVision não quer sumir para mim, e eu fico super feliz de compartilhar essa história enquanto espero mais notícias dessa série incrível. Lembrando que essa Fic está quase pronta, acredito que consiga dividi-la em uns cinco capítulos. É uma leitura mais lentinha. Quem me conhece através de A Disturbance in the Galaxy sabe que eu tenho um sério problema de descrever demais certas cenas, e essa short fic (que já fora uma oneshot, vale lembrar) está com o mesmo problema. Há vários e vários meses tenho desenvolvido uma oneshot Reylo (sei que não é o ponto, mas só comentando, hahaha) que também possui parágrafos gigantescos descrevendo sentimentos.
Sobre a oneshot Reylo, caso alguém se interesse, irei postar juntamente com o próximo capítulo de A Disturbance in the Galaxy, que sairá bastante em breve. Eu e o meu co-piloto, o Areiko, temos várias ideias para essa fic e sua segunda temporada ♥
Enfim, aproveitem o capítulo! E obrigada pela atenção ;)



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Wanda respirava profundamente ao sentir-se fortemente enjoada. A náusea era repetitiva, e incomodava frequentemente. Ela praticamente não se alimentava pela manhã, correndo o risco de sentir ânsia logo após a refeição, então, tomava apenas uma xícara de café puro ao acordar, e durante o dia buscava se alimentar adequadamente, quando a sensação de queimação em seu estômago lhe permitia. 

 

Olhando de relance para a beirada da pia onde estava apoiada, viu o teste de gravidez positivo sobre esta, as duas linhas fortes e vermelhas marcando o resultado. Um suspiro escapou de seus lábios, pensando em qual seria a reação de Visão. Não existia qualquer motivo para ele desconfiar que a criança em seu ventre era fruto de outro relacionamento que não o deles, especialmente após as palavras românticas trocadas durante a primeira noite de amor. Ficaria ele em êxtase? Ou apenas agiria friamente, como o androide que fora programado para ser? Todos aqueles pensamentos deixavam-na com tonturas, e ela tentava se manter no controle da situação. 

 

A voz de Natasha foi a primeira a tirar-lhe daquele transe:

 

— Ele recebeu a mensagem. Só espero que seja cuidadoso o suficiente para não deixar vestígios da nossa localização.

 

Wanda deixou o banheiro, parando na soleira da porta e olhando novamente para o teste sobre a superfície da pia. Pensou em jogá-lo fora, contudo, cogitou guardá-lo para ter uma doce lembrança do susto que tivera ao ver aquelas duas linhas, e o aconchego de Natasha que sucedera, tornando o momento mais leve. Optou, portanto, por apenas fechar a porta e esconder aquele resultado de Visão enquanto não contasse a ele, com as suas palavras, a respeito da novidade. 

 

Uma figura materializou-se após atravessar a parede, trocando a aparência de sintozóide por uma forma humana bastante conhecida de Wanda: o corpo alto e bastante magro, seus cabelos louros como um fio de ouro, a joia da mente escondida sob uma camada de pele clara. Vestia uma roupa adequada para o rigoroso inverno, assim como Wanda e Natasha, com um cachecol branco ao redor do pescoço.

 

A Viúva Negra quebrou o silêncio, dizendo:

 

— Obrigada por ter vindo. A Wanda não passou bem, e me pediu ajuda.

 

— Natasha. – Visão passou ao seu lado e apenas cumprimentou-a com um aceno de cabeça, caminhando em linha reta até chegar em Wanda, parada em frente à porta fechada do banheiro.

 

O sintozóide pegou as mãos da moça entre as suas e levou-as em direção ao seu rosto, como se quisesse esquentar os dedos desprovidos de luvas naqueles dias tão frios em solo europeu. Os olhos azuis ficaram apertados, analisando-a em cada pequeno detalhe; apesar de não passar por nenhuma mudança drástica, ela parecia ainda mais linda desde que a vira pela última vez, tanto que o remorso, aquele sentimento novo o qual aprendera ao ver a mensagem de Natasha, aumentou absurdamente por não tê-la procurado em tanto tempo. 

 

— O que você teve? – Ele perguntou devagar, observando-a com carinho.

 

Wanda não conseguia responder. Ela ficou parada, com a boca entreaberta em surpresa, sentindo a carícia em sua mão pelo sintozóide que tanto amava. Queria perguntar como ele estava, como estava seu antigo lar, e, principalmente, por que ele havia ido embora sem se despedir. A expressão dele já trazia certo aspecto de arrependimento, a boca contraída em uma fina linha enquanto a fitava intensamente. Percebendo a falta de palavras de sua amiga, Natasha interveio:

 

— Ela estava bem enjoada, andou vomitando algumas vezes. Achei que você gostaria de saber, Vis. 

 

— Com certeza. – Visão soltou as pequenas mãos de Wanda, a qual deixou os braços penderem ao lado do corpo. – Irei cuidar dela nesse momento. Obrigado.

 

— Você foi cuidadoso? – Natasha arqueou as sobrancelhas, e o sintozóide virou-se para ela. 

 

— Totalmente. Apaguei a mensagem do computador do laboratório da Base, o Senhor Stark não terá acesso ao paradeiro de Wanda. Ele nem percebeu que havia uma missiva em primeiro lugar. E ninguém me viu ao entrar no hotel. Todos pensarão que sou um mero hóspede.

 

Natasha balançava a cabeça afirmativamente a cada frase dita. 

 

— Certo. Vou deixar vocês sozinhos, então. 

 

Ela aproximou-se de Wanda, tendo um espaço cedido por Visão, e beijou levemente sua testa, em seguida sussurrando:

 

— Pode contar comigo. 

 

Wanda passou os braços ao redor de sua cintura, abraçando-a com carinho, como forma de agradecimento pelo cuidado e prontidão em ajudá-la quando os sintomas ficaram tão fortes a ponto de ela desconfiar estar doente, junto com o atraso de sua menstruação. Não que fosse algo surpreendente, visto que possuía atrasos menstruais frequentes dado o estresse sofrido com os ataques em Sokovia quando mais nova, contudo, apenas Natasha tinha tato suficiente para descobrir essa relação entre aquelas manifestações de seu corpo.

 

A Feiticeira Escarlate sussurrou um “obrigada” antes de soltá-la devagar e deixá-la ir embora. Natasha deu um abraço rápido em Visão, já que ambos não se viam há alguns meses, e pediu que cuidasse bem de sua amiga.

 

— Sempre.

 

Uma última olhada de Natasha parada sobre a soleira da porta precedeu uma batida leve, e um silêncio mortal foi preponderante entre o casal apaixonado. Parados no meio do quarto, fitaram os móveis, o chão, a vista da janela, os carros passando rapidamente na rua do lado de fora; tudo que evitasse uma troca de olhares entre eles. Era uma sensação estranha, pois nenhum dos dois sabia como começar o assunto. Visão pigarreou antes de se arriscar:

 

— Wanda, eu...

 

— Desculpa, Vizh. – Disse ela, praticamente ao mesmo tempo.

 

Sabia que deveria se desculpar por não ter falado até aquele momento a respeito de sua gravidez. Do bebê que pertencia aos dois. Visão, contudo, não conseguia imaginar o porquê de aquele anjo precisar pedir desculpas por um erro que ele havia cometido. Pegou sua delicada mão novamente entre as suas e beijou-a com todo o carinho, prosseguindo:

 

— Você não precisa dizer nada. Está tudo bem.

 

Visão puxou-a com carinho e apertou seu corpo frágil, porém que carregava uma força absurda em seu interior, encostando o rosto adorável dela em seu peito e acariciando seus longos cabelos. Wanda hesitou antes de passar os braços ao redor de seus ombros largos e devolver o carinho, sentindo pequenas lágrimas brotarem no canto dos olhos. Céus, como era maravilhosa a sensação de estar em seus braços novamente! E como ela se sentira sozinha nessas semanas que passaram! Foi uma solidão extremamente doída, de perceber algo diferente acontecendo e não conseguir pedir ajuda. Deixou que a mistura de sentimentos molhasse a blusa do sintozóide no meio de soluços pausados e baixos, drenando todas as sensações de alegria e tristeza tomando conta de seu peito extravasados naquele gesto carinhoso.

 

Ele não fazia ideia de como deveria agir naquele momento. Queria ficar abraçado com ela até tarde, deixá-la chorar até dormir, e aproveitar para ficar ao seu lado, alisando sua face macia enquanto a observava descansar pacificamente. Um sentimento que não era novidade emergiu em seu peito: a vontade de protegê-la a todo e qualquer custo, cortar pela raiz o mal que poderia vir a atingi-la. Tal ímpeto estava presente em seu sistema desde quando salvara Wanda na batalha contra o super robô Ultron, tornando-se cada vez mais presente, especialmente quando as discussões sobre o Tratado de Sokovia vieram à tona. 

 

A verdade era que Visão nunca a vira como um monstro que necessitasse estar contido; ela era um lindo pássaro que deveria ser livre para voar, e era uma injustiça deixá-la presa como a criminosa que não era. Tantos absurdos aconteceram com Wanda, amarrando-a ao ponto de machucá-la – o vergão em seu pescoço demorou alguns meses para sumir –, e obrigando a moça a se esconder por conta de pessoas que jamais a entenderiam. 

 

Visão não era uma pessoa. Talvez por isso fosse tão fácil compreendê-la. 

 

Ele fora criado para trazer a paz. Fora um sonho o qual se tornara realidade para reprimir um mal iminente. E, por algum tempo, ele achou que sua vida seria resumida a isto, até conhecer melhor aquela mulher com poderes provindos da mesma natureza que os seus, e perceber que sua criação significava muito mais do que achava em princípio. Visão era uma evolução em todos os sentidos; a maneira pela qual ele estabelecia suas ligações, como demonstrava empatia, e, principalmente, o jeito que passara a observar Wanda. Os olhos tão parados e sem expressão tornaram-se vivos e brilhantes todas as vezes que a moça entrava em um cômodo, sorrindo e preenchendo o ambiente com felicidade. Neste momento, contudo, ela chorava em seu colo, tão machucada por culpa dele, deixando-o em total atordoamento.

 

Como uma maneira de amenizar a situação, afastou-a um pouco de si, dizendo:

 

— Deixe-me pegar uma toalha para você secar seu rosto. 

 

Wanda entrou em pânico e postou-se na frente da porta, mesmo sabendo que tal ímpeto tornava-se inútil a partir do momento em que ele poderia tornar-se intangível e atravessar a parede logo ao seu lado. Contudo, não poderia deixá-lo ver aquele teste positivo sobre a pia, pois não havia lhe dito nada ainda sobre o assunto. A expressão no rosto de Visão dava a entender que o sintozóide não aguardaria muito mais para passar através daquela parede e poria em risco todo o ensaio mental de Wanda para contá-lo da boa notícia. Lembrou-se, então, que havia algumas roupas de cama limpas sobre o colchão branco, as quais uma camareira a havia trazido mais cedo. Ela evitava olhar diretamente para as pessoas, temendo ser reconhecida, especialmente após seu rosto ser estampado em vários jornais algum tempo antes. Ela apontou a outra para frente, fazendo-o olhar sobre o ombro para trás. 

 

— Pode pegar uma toalha daquela pilha. – Disse, controlando a respiração para deixar de chorar.

 

Visão deu meia volta e caminhou alguns passos até pegar a toalha sobre o amontoado que estava em cima do colchão, voltando a encarar Wanda em seguida e aproximando aquele tecido áspero em sua bochecha e ao redor dos olhos inchados. Ela respirou fundo e sentiu o nervosismo deixar seu corpo a cada toque dele em seu rosto. Mentalmente, pensou em qual seria a melhor maneira de contar a novidade. Aguardou silenciosamente ele parar de enxugar as lágrimas, antes de iniciar a falar:

 

— Visão, eu preciso falar com você.

 

O momento que abriu a boca para contar sobre a sucessão de enjoos, o inchaço dos seios e os outros sintomas que se fizeram presentes nas últimas semanas, seu corpo apresentou sinais de fome. Mais precisamente, o estômago de Wanda roncou alto o suficiente para o Visão escutar com sua audição hipersensível. Ele sorriu de maneira dócil em resposta.

 

— Precisa falar que está com fome? Aliás, você tem se alimentado corretamente? O que comeu esta manhã?

 

A moça lembrou estar apenas com um café amargo no estômago e alguns remédios para enjoo trazidos por Natasha. Resolveu contornar a situação e mentir inocentemente:

 

— Natasha trouxe algumas frutas. Posso assegurar que estou bem.

 

O que sua amiga trouxera, contudo, continuava intocado dentro da sacola plástica sobre a mesa ao lado da cama. Visão estreitou os olhos, indeciso se deveria acreditar nela ou não. Depois, resolveu tomar o dito como verdade, plantando um beijo em sua testa.

 

— O que acha de darmos uma volta e você me contar mais sobre esses enjoos?

 

Um gosto amargo de fel preencheu a garganta de Wanda, e ela sentiu que estava prestes a vomitar novamente. Engoliu a própria saliva, contudo, e concordou com a cabeça.

 

— Claro. Tem um local que gostaria de ir com você antes de comermos.

 

Sentindo que não conseguiria segurar o vômito por muito tempo, virou-se em direção à porta do banheiro e disse:

 

— Se importa de aguardar ao lado de fora? Preciso me vestir.

 

— Sem problemas. Qualquer coisa, pode me chamar.

 

Ele pôs-se a aguardar no corredor enquanto ela corria e se ajoelhava em frente ao vaso sanitário, sentindo-se aliviada por finalmente conseguir vomitar. Ao pressionar o botão de descarga, começou a tirar a roupa casual, e puxou da gaveta do armário sua escova de dentes, realizando uma rápida higiene. Observando-se no espelho não muito grande, com apenas o sutiã de renda preto e a calça legging, percebeu uma mudança no seu corpo além dos seios; sua barriga começava a parecer um pouco mais oval, especialmente na parte de baixo. Era um detalhe muito pequeno e praticamente imperceptível, mas ela estava feliz de vê-lo em meio àquela confusão de sentimentos.

 

Procurou na mala bagunçada por uma roupa que pudesse vestir, optando por uma blusa lisa, coberta por um sobretudo cinza e um gorro branco sobre os fios cobre do cabelo. Deixou o quarto com um sorriso para Visão, que estava pacientemente aguardando e aproveitando para analisar alguns arquivos em seu sistema. Lembrou-se, também, de desligar por um tempo seu comunicador, evitando as ligações de Tony; gostaria de tirar aquele dia apenas para ficar com sua amada. Desceram as escadas de mãos dadas e saíram do hotel pela porta da frente, sem chamar atenção.

 

Naquele dia, eles eram apenas um casal ordinário.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse capítulo? Gostaram? Possuem críticas, sugestões?
Essa fanfic é mais fluffyzinha mesmo; ela foi escrita com esse propósito. Até termos mais conteúdo de WandaVision vai ter MUITO conteúdo desse casal ainda, dentro e fora do canon. Nos próximos dias, quero focar um pouco mais em For Those About to Love, na medida que a faculdade me permitir, haha.
Muito obrigada por lerem, espero que tenham gostado! ♥



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