Algo Sobre o Futuro escrita por Vanilla Sky


Capítulo 1
Capítulo Um - Surpresa


Notas iniciais do capítulo

OI MEU POVOOO, adivinha quem voltou das sombras depois desse trailer incrível de domingo? :D
Espero que mais gente queira ler mais desse casal amorzinho, pois estou com muita vontade de escrever mais sobre eles, continuar as fics já existentes e adaptar novas ideias até o lançamento de WandaVision!
Essa história é BEM antiga e era para ser uma oneshot (para vocês terem noção, comecei a escrevê-la em inglês antes do lançamento de Vingadores: Ultimato), mas acabei dividindo em capítulos para não ficar tão longa.
Como está praticamente pronta, as postagens serão semanais em um primeiro momento!
Muito obrigada e ótima leitura ♥ agradecimentos ao final!



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Duas linhas. 

 

Dois aviões planando sobre o mesmo céu deixam atrás de si rastros alongados de fumaça. Dois pingos de chuva caem rentes ao chão durante uma longa tempestade, correndo pelo asfalto úmido até encontrarem um vão qualquer para se esgueirarem e buscarem seu caminho de volta para o céu. Duas retas paralelas foram desenhadas de forma a jamais se encontrarem, em tempo algum, partindo sozinhas rumo ao infinito. Assim deveria ser o futuro de Wanda Maximoff e Visão; eles eram meramente duas retas que nunca deveriam se cruzar. 

 

Duas linhas vermelhas escuras em uma pequena superfície branca indicavam um teste de gravidez positivo pairando sobre a pia barata de um hotel mequetrefe. A reta paralela de Wanda impiedosamente fez uma curva, encontrando-se com a de Visão, tornando-os retas concorrentes – aquelas que, uma vez conectadas, para sempre permanecerão unidas, mesmo seguindo por caminhos distintos. Natasha Romanoff aproximou-se devagar da porta do banheiro e suspirou pesadamente, comprovando o que já sabia com um olhar para Wanda, sentada sobre o vaso sanitário fechado, completamente desolada. 

 

— Wanda, me responde um negócio. – A Viúva Negra levou o canudo do suco em suas mãos até a boca, o barulho alto ao sugar indicando que o líquido estava próximo do final. – Como você engravidou de uma máquina? 

 

Era uma pergunta para qual ela não possuía resposta. Havia quase um ano desde que Wanda deixara a prisão de segurança máxima a qual fora submetida e se tornara uma foragida procurada incessantemente pelo governo dos Estados Unidos. Por um período quase igual ao da fuga, ela e Visão roubaram alguns instantes, fugindo da mira do Agente Ross e de Tony Stark, passeando pelos jardins de Wakanda e trocando suaves beijos escondidos, temendo que alguém os descobrisse e aqueles doces momentos terminassem. Há pouco mais de três meses, contudo, em um hotel tão ruim quanto aquele em algum lugar da Europa, Wanda e Visão finalmente se renderam ao sentimento o qual fazia o coração dela bater fortemente em seu peito, e causava alterações importantes nos sistemas internos dele. A moça fez questão de memorizar cada suspiro, cada promessa, cada abraço e beijo apaixonado, cada movimento amoroso naquela troca de corpos. O baque ao caírem na cama, exaustos, porém sorrindo felizes ao adormecerem juntos.

 

Ele errou ao não ser rápido o suficiente em retirar o membro de dentro dela. Contudo, jamais pensaram que o fluído expelido pelo sintozóide seria capaz de trazer vida ao seu ventre.

 

Afastou os pensamentos de sua mente, respondendo de forma vaga:

 

— Bom, o Vizh foi feito para reproduzir funções humanas...

 

— Funções humanas, sim. Não filhos. – Natasha sentou-se em frente a ela, encostando no vidro do chuveiro. – Dadas as atuais circunstâncias, isso foi um erro e você sabe.

 

Wanda sabia que merecia uma bronca por não ser cuidadosa o suficiente. Ela estava tão nervosa que não possuía forças para se opor a Natasha; inclusive, não havia qualquer motivo para tal. Ela fora uma amiga excelente, que atendera ao primeiro chamado por ajuda da Feiticeira Escarlate e, desconfiada do enjoo excessivo relatado, trouxe um teste de gravidez daqueles vendidos em farmácia junto com comidas e remédios.

 

— Desculpe... – Wanda sibilou com os lábios antes de soluçar mais uma vez, pondo os braços ao redor da barriga ainda não despontada. Natasha suavizou o olhar, observando a moça com carinho e acariciando seus ombros. 

 

— Olha, você não precisa pedir desculpas. Não podemos mudar o que já está feito. Nós vamos cuidar de você e dessa criança. – Natasha deu um meio sorriso e aproximou o rosto do ventre de Wanda, encostando a bochecha em seu joelho enquanto pousava a mão sobre sua coxa coberta com calças compridas de veludo. – Com a condição de ela se chamar Natasha. 

 

Wanda sorriu, esquecendo por um momento da situação ruim envolvendo a gravidez, e focando apenas na maravilha que era carregar um pequeno milagre. Nem ao menos Tony Stark sabia que sua criação havia evoluído tanto a ponto de gerar uma vida. Natasha, por sua vez, estava legitimamente feliz por acompanhar de perto um momento tão importante da vida de sua amiga e companheira de equipe mais próxima. Contudo, subitamente mudou a expressão, externando preocupação.

 

— O Visão já procurou você desde que... Vocês fizeram? – Perguntou, arqueando uma sobrancelha.

 

Ela meneou com a cabeça, deixando Natasha visivelmente contrariada. Wanda tentava esquecer a manhã que sucedera a primeira noite de amor, ao acordar completamente sozinha, com um bilhete demonstrando poucas emoções e indicando que Visão voltara antes para a Base dos Vingadores na Costa Leste.

 

— Homens são todos iguais. Não me surpreende ele ter sido criação do Stark. –– A moça de cabelos atualmente curtos e loiros levantou-se e caminhou até o quarto. Antes que fosse possível defendê-lo, Natasha impediu Wanda de falar, aproximando-se de uma mochila que trouxera. – É bom que o Vis comece a se ajeitar com essa criança, ou a pequena Natasha terá duas mães. 

 

Sua colega de equipe, que tingira os longos fios de cabelo no tom de ruivo acobreado para esquivar-se das buscas por ela, sorriu. Não era uma péssima ideia, afinal. 

 

— O que está fazendo? – Perguntou Wanda, olhando por cima do ombro dela. 

 

Uma parafernália de metal, parecendo um rádio com configurações bastantes estranhas, restava sobre a superfície de madeira da modesta escrivaninha, e Natasha procurava um sinal. 

 

— Contactando seu namorado. Não é óbvio?

 

Bastante longe dali, um par de olhos azuis examinava atentamente o tabuleiro em sua frente, buscando a melhor estratégia para aquela jogada. As peças de xadrez dispostas sobre o padrão em dois tons distintos de marrom, mais e menos escuro, apontavam uma clara vantagem para o inimigo. O Coronel Rhodes apoiou o queixo na mão esquerda, com o cotovelo sobre sua coxa, escondendo um leve sorriso ao ver Visão tão atordoado por conta de um simples jogo. Valeu a pena ter algumas aulas com Stark, para deixar o robô encurralado daquela maneira.

 

Subitamente, Visão moveu a mão após um longo minuto, o tique taque ensurdecedor do relógio marcando o final do tempo possível para pensar. Arrastou pela superfície lisa um bispo, deixando sem saída o rei de Rhodes, este trocando o sorriso por uma expressão de desespero. 

 

— Cheque mate, Coronel. 

 

— O que– Isso não é justo! – Exclamou Rhodes, sem acreditar naquele absurdo. Havia preparado suas jogadas da melhor maneira possível, querendo fervorosamente ganhar por uma vez do sintozóide.  

 

— Vocês deveriam jogar Mario Kart da próxima vez. Ouvi dizer que destrói mais inícios de amizade que xadrez. – A voz de Tony ecoou pelo salão, trazendo em suas mãos uma caixa aberta com ferramentas para consertar alguma máquina. 

 

Visão considerou melhor ajudar Tony com os reparos, sendo impedido apenas pela mão estendida de Rhodes em sua frente. 

 

— Jogo justo. Mesmo sendo sua centésima-vigésima-oitava vitória ou algo do gênero. 

 

Antes de esticar o braço avermelhado coberto por um suéter –– apesar de não sentir frio, o sintozóide gostava de se vestir como os humanos, imitando suas vestimentas de acordo com o clima –– e envolver a mão humana do General, Visão ponderou por um longo minuto se deveria fazê-lo. A relação entre eles não poderia ser considerada de inimizade, porém, após machucá-lo acidentalmente no aeroporto da Alemanha, o robô não se sentia digno de apertar sua mão tão casualmente, como se nada tivesse acontecido há quase um ano naquela guerra. Uma guerra civil que apenas lhe trouxe tristeza. Que tirou Wanda de seu convívio. 

 

Wanda...

 

Ele cedeu e segurou a palma da mão de Rhodes, apertando-a fortemente e sorrindo com o canto da boca. 

 

— Jogo justo. 

 

O General Rhodes não guardava qualquer rancor. Naqueles dez meses que sucederam o fatídico incidente, Stark havia investido muito dinheiro em sua recuperação, e o resultado começava a aparecer, apesar de ainda sentir dificuldades ao levantar-se de uma poltrona, por exemplo. Sabia que Visão cometera um erro, mesmo sendo programado para não o cometer, e, contrariamente a Tony, acreditava que o sintozóide estava, sim, evoluindo, ao sorrir com mais frequência e agir com empatia ímpar. O vácuo de tempo entre Visão observar e apertar sua mão, agradecendo o jogo, mostrava todo o arrependimento por trás daqueles olhos azuis, tão claros e verdadeiros quanto o céu sobre suas cabeças. 

 

Rhodes afastou-se devagar, as pernas mecânicas levando-o para o outro lado da Base, enquanto Visão pegava sem qualquer esforço uma caixa cheia de peças e prontamente a levava para o laboratório. Qualquer outra pessoa, inclusive Tony, veria aquilo como uma verdadeira penitência, contudo, ele fazia alegremente, feliz em ajudar aquele homem.

 

Ao posicionar a caixa sobre a superfície da mesa, Visão percebeu algo errado. Talvez não “errado” em sentido estrito, e, sim, diferente. Com certeza era a palavra correta naquele caso. Uma mensagem piscava no canto inferior da tela principal do grande computador ao centro do laboratório. Não era uma simples notificação aguardando ser aberta; era um código escondido. Ele piscou os olhos, buscando entender a mensagem, provavelmente codificada por alguém conhecido. 

 

— Senhor Stark. 

 

Visão não precisou virar de costas para perceber Tony entrando no cômodo. Contudo, enquanto não decodificasse a missiva, não poderia deixá-lo ter conhecimento desta. Acostumado a mentir para visitar Wanda, disse-lhe, virando apenas o tronco para o lado. 

 

— Rhodes gostaria de um minuto com o senhor. 

 

O Homem de Ferro arqueou as sobrancelhas, confuso.

 

— Ele estava aqui agora, jogando com você. Por qual motivo quer falar comigo? 

 

Por sua vez, o sintozóide voltou a encarar a tela, buscando esconder a notificação de seu criador. 

 

— Ele não foi específico, apenas solicitou que o avisasse. 

 

Tony Stark permaneceu com a expressão contraída em dúvida, todavia, caminhou pela Base chamando Rhodes em voz alta. Isso daria a Visão uns dois minutos de vantagem. A luz de notificação decodificada dizia que o recado era para ele, e tão somente ele. Enfim abriu a mensagem, vendo uma localização distante, provável que em outro continente, e as palavras em sua frente montaram uma frase a qual ele não gostaria de ler:

 

“Venha ver Wanda. Ela não está bem.” 

 

— O Rhodes não gostaria de falar comigo antes, Visão. Você está com algum defeito nas suas funções?

 

Após apagar cuidadosamente a mensagem para que Tony não tivesse qualquer acesso ao paradeiro de Wanda, excluindo-a totalmente da existência, Visão não conseguia raciocinar corretamente. Seus neurônios sintéticos apenas direcionavam-no para aquela noite com a moça, o amor dividido entre eles em um quarto simples de hotel. Do momento em que precisava ir, por quase perder a hora marcada com Stark, e deixá-la dormindo tão tranquila, os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro e o calmo subir e descer de seu peito carregando sua respiração pacífica. Gostaria de admirá-la por horas, não ter que ir embora de maneira tão fugaz. Um beijo em sua testa jamais seria o suficiente para dizer-lhe adeus e, por mais que tentasse, as palavras escritas em um bilhete não traziam nem o mínimo da emoção que gostaria de transparecer. 

 

A cada dia, Visão aprendia um novo sentimento. A alegria de ver Wanda novamente, com o pescoço machucado por conta das amarras na prisão, contudo, sorrindo feliz em saber que seu amado estava bem. O anseio de encontrá-la em Wakanda, e o aperto estranho no peito ao entrar em seu quarto vazio na Base dos Vingadores, vendo o violão o qual ela aprendera a tocar algumas notas, a luminária apagada, e os lençóis brancos estritamente bem arrumados da cama. A sensação de bem-estar ao encostar seus lábios sintéticos em sua boca macia, muitas vezes escondidos no meio das flores dos jardins no reino do Pantera Negra. O amor florescendo em seu sistema quando tomou-a nos braços e suspirou com ela, acariciando os cabelos longos e sentindo-a por completo. Agora, descobria o remorso, após deixá-la descansando e não mais procurá-la desde então; e a preocupação, o tremor nas pontas dos dedos ao imaginar o que poderia ter acontecido. 

 

— Volto logo.

 

Em um movimento bastante impulsivo, Visão trocou mentalmente as roupas casuais pelo traje de batalha, a longa capa dourada descendo como uma cascata em suas costas, virando apenas um vulto aos olhos de Tony e Rhodes, estes parados na porta de entrada do laboratório, abismados. O sintozóide atravessou a parede rapidamente, voando em direção ao horizonte, para o qual o General e o cientista observaram através da grande janela do aposento. 

 

Tony suspirou e pôs as mãos na cabeça.

 

— Está tudo bem, Tony? – perguntou Rhodes.

 

— Não. Estou com uma dor de cabeça terrível. – Respondeu o Homem de Ferro, com sua tradicional voz rouca e irônica e uma mão na nuca. – Uma dor de cabeça chamada Agente Ross. A pior das dores de cabeça, posso assegurar. 

 

Respirou fundo e bateu as palmas duas vezes, prosseguindo:

 

— Ao trabalho. 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Gostei de trabalhar nesse universo em que o Visão evoluíra a ponto de gerar uma vida. É uma fic mais fluffyzinha, que traz o desenvolvimento de casal que eu mais gosto, haha.
Gostaria de agradecer aos meus amores de sempre: Elisa, Areiko e Shini, que sempre me impulsionam a escrever e me escutam falar 10 mil vezes a mesma teoria! Os coitados tiveram que me ouvir gritar e chorar umas duas horas no domingo por causa do trailer aushaushauhs. Muito obrigada por tudo, amados ♥
E ao pessoal que me acompanha, sejam bem-vindos e até semana que vem! Mil beijos ♥



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