Puro igual Branco e Corrompido que nem Preto escrita por blacksnow


Capítulo 3
Capitulo 3




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E depois disso, Silhouette e Licorice passaram muito tempo conversando e brincado, a cabana era preenchida por risadas infantis, Silhouette nem percebeu quando ficou de noite, só quando olhou para a janela percebeu como tinha passado do toque de recolher, ela imediatamente para de brincar com Lico(carinhosamente apelidado), e diz tchau a seu mais recente amigo:

— Lico, tenho que ir para casa, amanhã eu te vejo ok?

Lico apenas acena com a cabeça, mas uma questão volta e perturba o menino, ele olhou para Silhouette que estava já na porta, pronta para sair:

— Sil, eu posso dormir aqui? Depois de amanhã eu vou embora, não posso ficar tanto tempo fora de casa.

Silhouette fica desanimada com a ideia de Licorice ir embora, mas aceita isso como inevitável, ela já tinha feito algo por ele, ela tinha feito ele sorrir com ela, a diversão que ele passou aqui, talvez isso pudesse ajudar seu coração a se curar mais tarde, ele definitivamente estava melhor e se sentia melhor do que antes, se ele queria ir embora ela não podia impedi-lo, ela suspira, um pouco triste por saber que sua partida ser depois de amanhã, mas se tinha algo que sua mãe tinha lhe ensinado, era que se o momento fosse passageiro, ela devia aproveita-lo ao máximo, o festival das maçãs seria amanhã, talvez ela pudesse levá-lo, era com certeza a melhor escolha, para ele aproveitar seus últimos momentos aqui ele devia conhecer pelo menos um pouco do lugar, ela sorri com a ideia de poder passar o festival com alguém:

— Claro, Lico amanhã eu vou te mostrar o festival de maçãs, muito divertido, aposto que você vai adorar, nós comemos muitas tortas de maçã e bolos, sem dizer das brincadeiras! É meu festival favorito!

Licorice sorri, ele iria adorar ir ao festival com uma amiga, principalmente se pudesse comer e se divertir com ela:

— Mal posso esperar, eu nunca fui em um festival de maçãs.

— Está combinado, eu te busco amanhã de manhã ok?

— Sim.

Depois de uma breve conversa Silhouette sai da cabana, caminhado pela floresta, ela olhou para a lua cheia, brilhando e iluminando seu caminho até o castelo que chamava de casa, ela suspira não querendo voltar, se pudesse iria brincar com Licorice por mais tempo, ela estava ansiosa pela chance de poder comer uma torta de maçã com ele, ela imagina como ele irá reagir aos bolos, tortas e a caça a maçã dourada, ela ri baixinho, fazia um tempo que não se sentia assim, tão animada e cheia de vida, da última vez que se sentiu assim... não, ela não queria lembrar, era uma lembrança horrível que não devia ser lembrada, mas não importava, não agora, ela pensa triste, a chance que ela teve ela jogou ela fora, não valia a pena não depois de tudo que aconteceu, ela devia apenas aceitar seu destino, devia ter feito isso a muito tempo, ela não seria salva, nunca seria salva, mesmo depois de todos aqueles anos implorando por alguém que nunca viria, ela sabia que não iria vir um príncipe e salvaria ela, ainda assim, ela não conseguiu impedir o aperto em seu coração, tudo acabaria daqui a três dias, ela fala para si mesma, e uma parte dela não conseguia deixar de pensar no que seus pais estavam fazendo agora, o que tinha acontecido com todos? Essa era a pergunta que fazia ela virar na cama toda noite, desesperada por uma resposta que nunca viria, mas tinha algo a mais nisso também, tinha algo que ela sempre quis saber, que sempre pensou e que a consumia nos últimos anos.

Quanto tempo tinha passado?

Ela ouve um passo, um galho quebrado e olha para cima, cabelos dourados como ouro, olhos verdes como uma esmeralda observam ela, sua mão está estendida, fazendo com que a capa azul tremulasse e a marca de cruz fosse visível, o anjo de vestido azul olha para a menina com calma e sem nenhum sinal de raiva, Silhouette apenas olha para o chão, mesmo que não parecesse necessário, ela se desculpa:

— Desculpa, tia Ciel.

O anjo apenas acena com a cabeça, a menina pega sua mão e as duas andam até o castelo Blanc, enormes torres brancas eram visíveis para todos, o portão se abre e Ciel guia Silhouette até o quarto dela, quando Silhouette entra, ela se troca e coloca um pijama, sai do quarto para dizer seu último boa noite, depois de andar pelos corredores do castelo, ela encontra sua tia Grogra, de vigia em uma porta, quando olha para Silhouette seus dois olhos ficaram mais gentis e ela dá um sorriso para a garota, Silhouette retribui, depois ela respira fundo e abre a porta branca, ela entra em um quarto branco cheio de papéis e mapas, encima de uma escrivaninha, pilhas de papéis estavam sendo assinadas, ela olha para a pessoa que escrevia, sua mãe e Deus do mundo gray garden, Etihw olha para ela, acena a cabeça e depois volta aos papéis, Silhouette fica quieta, observando sua mãe uma última vez, seus olhos cabelos pretos e vestido branco com detalhes cinzas, seus olhos que ela herdou, seus cristais ao redor da cabeça, ela fica ali por um tempo, até que sua mãe fale:

— Você veio mais tarde que o normal para dizer boa noite, algo aconteceu?

A menina balança a cabeça, negando a pergunta que tinha ouvido já incontáveis vezes, pelo visto essa vez não vai ser diferente, ela pensa amarga, mas ainda assim força um sorriso e responde com alegria fingida:

— Não aconteceu nada, apenas fiquei brincando por muito tempo.

— Entendo, mudando de assunto, eu tenho algo a te dizer.

Eu já sei, ela pensa indiferente, mas ainda com dor no coração, nada vai mudar nessa vez, ela olha para os papéis que sua mãe escreve, depois desvia para o mapa no chão, com linhas brancas traçadas e destinos escritos, ela se prepara para ouvir o inevitável:

— Amanhã eu vou para outro território, só voltarei daqui a três dias, irei perder o festival de maçã com você, mas não se preocupe, eu vou deixar alguns anjos para te acompanharem.

Ela recusa o acompanhamento, não queria ninguém estragando seu passeio com Licorice, muitos anjos iriam achar estranho o fato de ter um demônio com ela, mas iriam ignorar, agora ela não podia dizer o mesmo dos guardas eles eram muito desconfiados, muitos não queriam participar da briga de facções dos anjos e demônios, então procuravam refúgio na cidade, sua mãe os recebia e não discrimina ninguém, porém alguns anjos ainda não confiavam em demônios, então a cidade era dividida entre demônios e anjos, Silhouette não tinha amigos em nenhuma dos lados, não conseguia interagir com todos por causa do fato dela ser a filha do Deus (e Diabo, mas isso é escondido dos outros), todos sempre tratavam ela muito bem, mas ela não conseguia ver isso como qualquer outra além de fingimento, era mais fácil ver eles como súditos do que como amigos, ela dizia a si mesma várias vezes, era mais fácil pensar nas coisas desse jeito do que achar que eles não queriam se envolver com ela:

— Não precisa, eu já tenho alguém para me acompanhar mãe.

A sobrancelha de Etihw levanta, um pequeno sinal de curiosidade aparece em seus olhos, sua filha não passava tempo com outros de sua idade pelos relatórios que ela recebia, então quem iria acompanhar ela? Se fosse uma pessoa ruim, era uma obrigação dela eliminar qualquer ameaça:

— Quem?

Silhouette respondo com uma meia verdade, não queria mentir para sua mãe, mas não achava que acreditaria que ela fez um amigo hoje no meio da floresta:
— Com um amigo, nos conhecemos recentemente, eu e ele comemos torta de maçã e gostamos muito delas, por isso convidei ele para o festival.

Etihw não suspeita, embora não tivesse recebido um relatório sobre isso, ela acreditava em sua filha, se ela estivesse com alguém com que gostasse de conversar e brincar, ela não via problema:

— Mãe, você não acha que deveríamos parar?

Etihw olha para ela, seria dessa vez, sua voz é dura e firme:

— Parar com o que?

Silhouette não se deixa intimidar, ela queria tentar uma última vez, queria tentar mudar as coisas uma última vez:

— Com tudo isso mãe, não faz sentido todo esse conflito, vamos mudar isso, declarar trégua e criar um mundo mais seguro , onde anjos e demônios não tenham que se matar, onde possamos viver com o pai felizes, o gray garden iria virar um mundo melhor desse jeito.

A voz de Etihw se eleva, fria e dura, ela refuta sua filha, seus olhos são indiferentes:

— Isso não vai acontecer, você mais do que ninguém devia saber disso Silhouette, demônios e anjos se odeiam e são opostos, mesmo que não lutem entre si, não muda o fato de estarem em conflito um com os outro, para esse mundo que você quer seja alcançado, seria necessário apagar tudo e recomeçar do começo, mas essa é sua realidade, não um mundo de sonhos como esse, o Diabo escolheu o povo dele, escolheu lutar contra nós e cortar seus laços familiares, não o chame assim, ele não merece tal título.

Silhouette fica calada, tristeza e decepção trasbordando de seu coração, ela queria mudar algo dessa vez, queria tentar fazer com que esse ciclo fosse quebrado, mas não deu certo, sua mãe nunca aceitaria seu pai como anos antes, ela agora apenas o via como um inimigo, a memória do começo de tudo vem até ela, quando ela tinha dito a mesma ideia para sua mãe, de um jeito diferente, mas tinha o mesmo resultado:

Silhouette com pijama estava na frente de sua mãe, ela escrevia nos papéis e não teve a iniciativa de falar com a menina, Silhouette estava hesitante, ela abria sua boca e fechava segundos depois, continuou assim até sua mãe falar:

— O que você quer? Fale, não fique enrolando.

Silhouette aperta suas mãos, as unhas cravando na carne da mão que estava fechada em forma de punho, ela olha para sua mãe e fala, finalmente tendo ganhado coragem:

— Mãe, eu acho que... deveríamos parar com isso, não podemos voltar a ser uma família? Com o pai e todos juntos, como antes.

Etihw responde de maneira dura e indiferente para a filha, que estava nervosa com a resposta da mãe:

— Você sabe mais do que ninguém que é impossível, o Diabo cortou seus laços conosco, ele não merece nem esse título, não tem como parar com uma guerra que acaba de começar Silhouette, aceite isso.

Silhouette olhou para o chão, a tristeza inundando ela, seus olhos começam a lacrimejar, mas ela não deixa sua mãe ver isso, não querendo preocupa-la, ela tinha esperanças de sua mãe aceitar sua ideia, parar tudo aquilo e seu pai e elas voltassem a ser uma família, mas ela estava tão errada, ela sente as lágrimas caindo, ela fala rápido, querendo sair logo da sala e ir para a cama:

— Sim mãe, boa noite.

— Boa noite.

Ela sai da sala, correndo direto para seu quarto, sem saber que aquela seria a última vez que veria sua mãe.

Nada mudou, nunca mudaria, ela olha para sua mãe, que voltou sua atenção para os papéis, seus olhos indiferentes não mostrando nenhuma emoção, ela tenta uma última vez, tentando evocar alguma emoção por parte de sua mãe, para que essa última vez, ela não se arrependesse de não ter tentado:
— Mãe.

Ela volta seus olhos para ela, indiferentes e frios, Silhouette tenta enxergar, ver algo de diferente na fachada fria de sua mãe, mas ela não acha nada além de friso olhos cinzas, ela desvia o olhar, e se sente igual a anos atrás, quando deixava o seu medo de ser rejeitada por sua mãe dominar, ela não tinha mudado nada, ela pensa amarga, ela continuava a mesma, ela olha para o chão e diz suas últimas palavras antes de sair:

— Boa noite mãe.

Ela responde indiferente:

— Boa noite Silhouette.

Ela abre a porta e passa direto pelos anjos do castelo, quando chega no quarto, ela se deita em sua cama e começa a chorar, e igual a anos atrás, ela adormece com suas lágrimas molhando o travesseiro.


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