O Segredo de Pendragon escrita por Dandy Brandão


Capítulo 2
Capítulo 01 - A coroação


Notas iniciais do capítulo

Fiz uma pequena colagem com os principais personagens do capítulo :D
Não se importem com a minha montagem do Valky com a coroa, plsss kkkkkk
Mas ele fica lindo coroado né?



Salve o Rei Valkynho de Pendragon ♥♥



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Capítulo 01: A coroação

“A chama do dragão de Pendragon continuará acesa em nossos corações, pela honra de nosso reino, dias melhores virão.”

 

“Viva ao rei de Pendragon!”

“Salve ao novo Rei!”

“Vida longa ao nosso Rei!”

 

Após as suas últimas palavras de seu discurso de coroação, o efeito sobre o povo não poderia ser diferente. Valkyon sentia o peso da coroa sobre a sua cabeça, brilhante em dourado como os seus olhos, e não conseguia sorrir para todos aqueles que clamavam o seu nome no pátio do castelo.

Sorrisos e mais sorrisos se espalharam, bandeiras tremulando sobre os ventos, e seus olhos percorriam o aquela multidão, quase apáticos. Acenava, mexendo os braços de forma um tanto mecânica. Agradeceu a todos pelas saudações.

Ao seu lado, estavam seus amigos e escolhidos como conselheiros pessoais do rei, desde os tempos de Valarian: Aisha Mazda e Ezarel Lund. A primeira, uma princesa, também uma grande feiticeira, refugiada e protegida pelos pais dos irmãos Pendragon, Song e Tia. O segundo, um elfo, criatura em extinção pelos grandes reinos, sábio, alquimista e grande amigo do desaparecido irmão de Valkyon. Ambos eram figuras extremamente respeitadas pelo novo rei e o apoiaram em todos os momentos desde aquele acontecimento terrível que abalou todo o reino de Pendragon e regiões circunvizinhas. 

Todos sofreram com a perda de Valarian, mas agora todas as expectativas estavam nas mãos de Valkyon, o filho mais novo; também forte e corajoso como o irmão, porém mais reservado e calado. As comparações eram inevitáveis, bem como todos os tipos de comentários sobre o caçula da família Pendragon. Alguns diziam que, por seu jeito mais reservado, as alianças conquistadas pelo antecessor seriam arruinadas. Outras vozes diziam que talvez fossem se surpreender com as habilidades de campanha de Valkyon… Ele era um guerreiro eminente, sempre se sobressaindo nos torneios do reino, isso ninguém poderia discordar.

Já outros, talvez a maioria, acreditavam que ele seria um bom rei… Mas não tanto quanto o seu irmão. 

Apesar de saber de tudo o que comentavam, Valkyon não se deixava abalar pelos comentários para que sua dor não se tornasse mais extenuante. Já foi difícil se levantar e decidir assumir o trono - o que devia em especial aos seus conselheiros - tinha que manter a mente equilibrada para conseguir tomar as rédeas do seu reino. 

*✧.・。☆゚.・。☆゚.・。✧*

Após alguns cumprimentos, o rei seguiu para a sala do trono, seguido de seus conselheiros, onde receberia os cumprimentos da realeza dos reinos parceiros que compareceram à sua coroação. Todos aqueles protocolos eram cansativos, mas era preciso ser cortês com todos. 

Valkyon seguiu pelos corredores, a capa vermelha sob os ombros estendia-se até o chão de pedra do castelo; a coroa dourada, ornada de rubis brilhantes em escarlate, brilhava sob a luz do sol vinda das janelas. Seu traje era predominante em branco com detalhes bordados em ouro nas mangas e no busto. Em seu peito, junto aos colares de ouro pedidos à cerimônia, carregava um colar cujo pingente era uma obsidiana vermelha, dado de presente por seu irmão. A pedra não possuía o mesmo valor comercial que os rubis exibidos em sua coroa, mas o valor sentimental  daquela pedra era inestimavelmente maior.

O rei permanecia calado, como era de seu costume, mas sua face preservava uma sombra diferente de qualquer outra expressão sua. Como Valkyon era sempre tão reservado, apenas aqueles que o conheciam bem podiam notar a diferença. Aisha, que seguia a dois passos do rei, junto a Ezarel, contemplou o rosto dele e resolveu dizer-lhe alguma palavra. 

— Você foi brilhante em seu discurso, majestade. — ela se aproximou dele, mantendo uma respeitosa distância. 

Os olhos dourados de Valkyon a alcançaram e eles pareciam mais amenos naquele momento.

— Agradeço a você e Ezarel que me auxiliaram na escolha das palavras. 

— Palavras bonitas de nada adiantam se uma voz confiante não as proferir. Esse mérito é único e exclusivo seu. — ela sorriu, fazendo com que os olhos do rei se estreitassem.

Ele não respondeu em palavras, apenas assentiu com a cabeça, e um breve sorriso de canto surgiu em seu rosto. Aisha não precisou ouvir mais nada, aquele gesto era o suficiente. 

Apesar de tudo, Valkyon estava feliz por poder contar com eles naquele momento. Vinte e dois anos de idade e um reino inteiro para cuidar. Ter pessoas como os seus dois conselheiros e a guarda real liderada pelas guerreiras Valquírias era muito importantes para levar aquela “tarefa” adiante. 

Quando chegou à sala do trono e viu aquele assento e encosto acolchoado vermelho, a estrutura banhada em ouro, vislumbrou a imagem do seu irmão sentado sobre o trono, no mesmo dia em que foi coroado, há cinco anos. Era quase como uma miragem… Que precisou abandonar quando os seus convidados, enfileirados, encurvaram-se lentamente para sua figura. 

Ainda era estranho aceitar, mas agora era o rei oficial de Pendragon.

Sentado sobre o trono, Valkyon recebeu as honrarias, cumprimentos e presentes de príncipes, princesas, reis e rainhas. Ezarel permaneceu ao seu lado, solene, enquanto Aisha seguiu para verificar os preparativos para a grande festa de coroação. Quase todas as festas do castelo, ela gostava de estar à frente dos detalhes.

Estavam perto dos últimos cumprimentos, até que uma figura adentrou no salão do reino, despertando a atenção de Ezarel, que permanecia ao lado do rei, sempre com seus olhos verdes bem atentos a tudo o que acontecia ao redor.  Após a saída do príncipe de Hasiel, Ezarel aproveitou para cochichar ao ouvido do rei.

— Olha ali se não é o seu primo cabeça de fogo. — disse, direcionando o olhar para um homem de pele bronze e cabelos vermelhos que adentrava no salão do trono. Sempre que podia, Ezarel não deixava de fazer seus comentários, mas aquele momento não poderia ser pior. 

Valkyon suprimiu o riso apertando os lábios. Seguiu o olhar de Ezarel e viu o seu primo Ahriman, atual regente do reino vizinho, Mainyu. O rapaz era filho da irmã mais nova da mãe de Valkyon, Sara, que casou-se com o rei Carlo de Mainyu, uma família famosa por seus cabelos vibrantes em escarlate e o temperamento explosivo. 

Ahriman herdou os cabelos vermelhos e o temperamento da família de seu pai, bem como os olhos dourados de um Pendragon. O apelido de cabeça de fogo era inevitável entre os outros reinos. Só não poderia ser proferido à sua frente.

Valkyon nunca teve muita intimidade com Ahriman. Eram primos, mas só se encontravam em festividades. Então sempre manteve cautela perto dele.

Ahriman se aproximou do trono, exibindo jóias em suas orelhas, pescoço e braços,  e um sorriso satisfatório no rosto. Ele e sua corte se curvaram ao novo rei de Pendragon, prestando as honras.

— Meu querido primo Valkyon... Agora, rei de Pendragon. Receba nossas felicitações pela sua coroação, sei que este reino estará em boas mãos. — ele sorriu, dando um passo à frente, em destaque aos seus companheiros. Os olhos dourados do primo examinavam desde o trono dourado, à coroa e às roupas de Valkyon. Suas íris brilhavam de um jeito inexplicável.

Valkyon não poderia deixar de sentir um gosto amargo por aquele comentário. Havia prazer nas palavras daquele homem. Ahriman desde o início de sua regência não se dava bem em assuntos políticos com Valarian. Mainyu e Pendragon eram reinos parceiros há anos, algo que Ahriman só não estragou por completo por depender de Pendragon para obter alguns alimentos. 

— O reino de Mainyu é sempre bem-vindo aqui. — ele respirou fundo antes de continuar. — Como vai a minha tia, a rainha Sara? 

— Enferma, como da última vez que vim aqui. — ele encolheu os ombros, em nítida indiferença. — Creio que não durará muito tempo...

Ezarel sentiu a língua estalar para fazer um comentário, trocou um olhar discreto com Valkyon, decidindo responder pelo rei.

— A despeito de todos os mal dizeres, a rainha sempre foi uma mulher forte e de pulso firme, assim como sua irmã, a rainha Tia.— Ezarel sorriu, tendo como resposta apenas o franzir dos olhos de Ahriman.

— Ela ainda também participa das decisões relativas ao reino, certo? — Valkyon continuou as palavras de seu conselheiro.  

— Quando sua sanidade permite, sim. Mas está pior a cada dia. Minha mãe já foi uma mulher tão forte que ninguém a ousava questionar. Hoje, ela mesma tem dúvidas do que fala…  — ele suspirou, fechando os olhos por um instante. 

— É seu papel agora estar ao lado dela, apoiando-a em sua recuperação. Assim que a situação ficar mais tranquila por aqui, eu irei visitá-la. Talvez o Ezarel possa lhe preparar algumas poções fortalecedoras. — Valkyon tentou ao máximo ser polido e político com o primo. Ezarel assentiu, confirmando as palavras dele, já que tinha bastante respeito pela tia do rei.

Ambos receberam em troca uma expressão enfadonha, talvez de desprezo e desagrado, ambos os sentimentos misturados. 

— Mesmo sendo mais novo que eu, você fala e age como um homem mais velho. Exatamente como o seu pai e seu irmão. — ele encarou Valkyon, fixo, ditando aquelas palavras de forma lenta. — O ramo principal da família Pendragon realmente cria suas crianças para o reinado.

Ao quente e urgente subiu à cabeça de Valkyon, de tal forma que o rei enrugou a testa para se controlar. Os motivos pelos quais seu primo adorava fazer aqueles comentários eram desconhecidos para o rei, mas os seus sentimentos sempre reagiram de imediato. Antes mesmo que Valkyon pudesse responder, Ahriman mudou de assunto, como se nada tivesse acontecido.

Ele olhou ao redor, procurando a presença de alguém. Sorriu para si mesmo, sabendo que havia passe livre para dizer o que queria. 

— Onde está aquela princesa que está refugiada em seu reino? Aisha? — ele soltou um sorriso ao dizer o nome dela. 

Valkyon não conseguiu evitar levantar as sobrancelhas, e permaneceu em silêncio por alguns instantes. Incontáveis foram as vezes que Ahriman tentou se aproximar de Aisha e ela o rejeitou em todas. Ele era um homem bastante persistente. 

— A princesa está nos preparativos da festa. Há algum assunto que queira tratar com ela?  — o rei de Pendragon acalmou-se, falando de modo claro e distinto. 

— Eu sempre tenho assuntos a tratar com uma mulher como ela. — respondeu o regente de Mainyu, os olhos dourados brilhando. 

Valkyon não expressou comentário, mas seu rosto se fechou, um pouco mais sombrio. Não gostava da forma como ele se referia à conselheira. Se ela o escutasse, provavelmente algum feitiço deixaria seu primo mudo durante alguns dias.

Mesmo diante daquela mudança de expressão, Ahriman uniu as mãos, sorrindo.

— Diga-me, Aisha já está comprometida? 

— Por que vossa Alteza não pergunta diretamente a ela? Mais uma vez? — disse Ezarel, as bochechas corando por conta do riso contido na garganta. 

— Bem — notou a tentativa de Ezarel de constrangê-lo e fez menção aos seus companheiros para se retirar — Espero até o meu primo diga que o caminho está livre.

Ele se curvou à frente do rei, que cumprimentou-o com a cabeça, sem dizer mais nada. Ambos observaram a retirada de Ahriman com sua corte em direção à sala onde o grande baile aconteceria. A sala do trono ficou calma, então Ezarel pode soltar a gargalhada presa em sua garganta.

Valkyon permaneceu quieto, em silêncio, algumas rugas surgindo em sua testa. 

— O caminho livre… Como...? — ele divagou um pouco, franzindo as sobrancelhas.

— Incrível como esse fogo dele não apaga fácil. — Ezarel limpou as lágrimas, voltando a segunda parte da conversa… Que era um pouco mais séria. — Valkyon… Ele sugeriu que Aisha poderá ocupar o trono ao seu lado.

Aquela pequena explicação deixou Valkyon ainda mais pensativo, seu amigo continuou ao lado e contemplou o seu rosto. 

— Ei… Você já tinha pensado nessa ideia? — os olhos verdes do elfo brilhavam de curiosidade. Suas orelhas pontudas pareceram se espichar por um instante. 

— Não. Nada mais passou a minha cabeça nesses últimos tempos, exceto… — ele colocou a mão sobre a testa, tentando evitar o assunto vir à tona. 

— Tudo bem. — O elfo compreendeu de imediato. — Mas acho que não seria uma má ideia, tirando o fato de que Aisha rejeita todos os homens que a cortejam. 

Valkyon o observou, recuperando um pouco de sua atenção. 

— Você já tentou? — o rei conseguiu até mesmo puxar um sorriso de canto. Levantou-se e desceu um degrau, afastando-se do trono. 

— Eu?! — o elfo teve de rir novamente, seguindo os passos do rei. — Claro que não! Somos orgulhosos demais um para o outro. 

Ele colocou uma mecha de seus cabelos azuis para trás e seguiu à frente, enquanto Valkyon o agradecia mentalmente por fazê-lo sorrir mais uma vez naquele dia. 

*✧.・。☆゚.・。☆゚.・。✧*

Para uma grande festa de coroação era necessário um grande baile. Valkyon já estava cansado de todas aquelas cerimônias durante o dia, mas trocou-se, paciente, e chegou ao salão, sem a longa capa vermelha, usando uma coroa menor, vestido em vermelho e preto. Recebeu aplausos e novos cumprimentos até conseguir sentar e aproveitar um pouco de companhia. A nobreza de diversos reinos, incluindo o primo Ahriman, sentou-se ao seu lado na ceia para conversar sobre os reinos das vizinhanças, torneios e parcerias.

Valkyon mantinha-se a maior parte do tempo escutando, complacente, dando sua posição quando julgava necessário. Mesmo sendo nobre, nunca se acostumou a ser o centro das atenções. Não se preocupou muito em falar demais, não era do seu feitio e tinha os conselheiros ao seu lado, que também respondiam com autoridade e sabedoria, em especial Aisha que tinha bastante conhecimento sobre os reinos da região, o que deixava Valkyon aliviado… Entretanto, não era apenas os seus vastos conhecimentos que chamavam atenção. 

Os cabelos cacheados pretos da moça estavam presos em uma coque elegante, deixando apenas dois cachinhos nas laterais do rosto. Ela usava jóias douradas no pescoço, braços e orelhas, que combinavam ao tom escuro cobre de sua pele. No vestido vermelho bem ajustado ao corpo, também apareciam bordados e pedrarias sobre o busto, como era de seu gosto. Aisha era uma mulher bela e vaidosa, fazia parte de sua fama. 

Diversos casais dançavam no meio do salão ao som da animada banda. Alguns convidados ainda permaneciam à mesa conversando, enquanto bebiam e comiam. Os temas das conversas foram diversos, até que tropeçaram em ‘casamentos’. Os matrimônios recentes dos reinos sempre eram assuntos que poderiam render por horas naquelas ocasiões.

Até que rapidamente Valkyon se tornou o alvo central da conversa. 

Era o anfitrião da festa e um novo rei ainda solteiro, aquela atenção era inevitável. 

— Valkyon, com tantas belas e interessantes mulheres por aqui creio que será difícil você escolher alguém para casar! — um rei barbudo de meia-idade soltou o comentário, alto demais para que todos nas redondezas pudessem escutar. 

O rei de Pendragon sorriu, meneando a cabeça para os lados.

— Com o tempo essa questão será resolvida, para mim amor não é assunto de escolhas. — ele pensou por um momento que pudesse soar arrogante, mas essa era sua verdade, não deveria mascará-la. Tomou um copo de vinho para limpar a garganta, tentando dar um ponto final àquele assunto. Sabia que, depois de assumir o trono, o assunto de casamento seria constante, então já tinha algumas respostas para aquelas perguntas. 

— Será um lobo solitário no trono em seus primeiros anos de reinado, meu primo? — Ahriman se adiantou a fazer um comentário, encarando o rei com seus olhos faiscantes.

— Bem, eu não estou sozinho. — ele encarou seus conselheiros, que assentiram em resposta. 

— Essa é uma ótima resposta. — Ahriman respondeu e fixou seu olhar em Aisha, que estava do lado oposto ao dele. Valkyon não deixou de perceber aquela movimentação do seu primo. Ela não percebeu que o olhar do regente de Mainyu estavam fixos em sua figura, contemplando-a. 

Ahriman se levantou, dando uma volta à mesa, seguindo, cauteloso, para o lado onde Aisha estava. 

Valkyon, gentil, tocou a mão da moça e ela se virou para ele, de imediato.

— Sim, majestade? 

— Gostaria de dançar comigo? — ele falou perto o suficiente para que apenas ela o escutasse. 

Aisha não pode deixar de se assustar um pouco com o convite repentino, mas o aceitou. Ele a segurou pela mão, auxiliando-a para que levantasse sem correr o risco de tropeçar na barra de seu longo vestido vermelho. 

Ahriman desviou o caminho, sumindo em meio a multidão de dançarinos. 

Os dois seguiram de mão dadas para a dança, a banda parou por um segundo e todos deram passagem para que o rei e a princesa se posicionassem no meio do salão. Valkyon posicionou a mão sobre as costas dela e Aisha, firme, deitou seu braço por sobre o dele, pousando a mão em seu ombro. A banda recomeçou, em um ritmo mais lento e eles iniciaram a dança, os outros casais seguiram os seus passos.

— O que deu em você para esse convite repentino, Valkyon? Nunca foi um grande dançarino. — Aisha resolveu chamá-lo por seu nome, para ficar mais confortável.

Naquela movimentação, seria impossível alguém prestar atenção na conversa dos dois. 

— Queria falar com você, a sós. 

Valkyon olhou de soslaio e viu o primo parado ao lado de uma janela. Bebericando vinho em seus lábios, observava-os de longe. Ela seguiu o olhar do rei, também notou a presença de Ahriman. 

— O que seu primo quer nos olhando daquele jeito? 

O rei de Pendragon pensou por um instante antes de responder. Queria alertá-la, mas a julgar pela personalidade de Aisha, ela não ficaria quieta.

— Ele falou de você hoje comigo e me pareceu que ele queria te importunar de novo. 

Aisha permaneceu em sua postura, mas apertou um pouco mais a mão de Valkyon, semicerrando os olhos.

— Não precisa me proteger de seu primo, Valkyon. Pode deixar que eu mesma espanto ele.

— Você não é alguém que precisa ser protegida, eu sei disso… — ele sorriu de canto, meneando a cabeça. — Eu só não queria que te ver irritada, abandonando a festa antes da hora.

Ela sorriu e afrouxou a mão, permitindo que ele a trouxesse um pouco mais para frente.

— Vossa majestade poderia ter me falado antes, eu teria a chance de colocar um ingrediente especial na bebida do seu primo querido. Ele abandonaria a festa antes de mim. 

Valkyon riu daquele comentário com tal prazer não experimentado a meses.

A princesa rodopiou ainda segurando em suas mãos. Ele a observou girar em suas mãos, as joias e pedras brilhando a luz da lua que iluminava o salão, os olhos castanhos da moça reluziam, satisfeitos. 

*✧.・。☆゚.・。☆゚.・。✧*

Do outro lado do salão, Ahriman permanecia parado, tomando mais vinho do que o necessário, ora de olho na dança dos casais, ora pensando na coroação de seu primo com mais raiva do que júbilo ou orgulho.

Até que alguém parou ao seu lado. 

Quando Ahriman virou o rosto, visualizou a figura de um homem de cabelos pretos, quase azulados, bem amarrados ao alto, vestido com um elegante sobretudo azul-marinho. Os olhos de um verde árido estavam fixos, a observar o rei e a princesa dançando em meio ao salão. 

A aura mágica daquela criatura era intensa. Apesar do seu reino não ser proeminente, Ahriman tinha alguns poucos dotes mágicos herdados do seu sangue Mainyu, então uma estranha opressão invadiu o seu corpo com aquela aproximação. Não conseguia se mexer. 

— Acho que a rainha de Pendragon já foi escolhida. — ele desviou o olhar para Ahriman. Arrepios dominaram o corpo do rapaz. — Uma princesa feiticeira e um dragão silencioso… É um belo par, não acha?

Ele demorou a encontrar uma resposta, pois o efeito daquela criatura era forte demais.

— Sim, ela seria uma excelente rainha — disse, sem esconder sua mágoa na voz. Ele pensou por um instante sobre a pergunta, ainda com um pouco de raiva pelo acontecido. Porém, um detalhe lhe chamou atenção. — Dragão silencioso? Como você…?

O homem curvou os lábios, um sorriso discreto surgiu em seu rosto e saiu, fazendo menção para que Ahriman o seguisse. Por algum motivo que não sabia explicar, Ahriman compreendeu que deveria segui-lo, para onde quer que ele fosse.

 

 


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Notas finais do capítulo

Valkyon agora é rei!
Porém, ele não parece tão feliz... Tem uma peste de um primo lhe atazanando, além disso todos questionam... Quem será a rainha? Esse é o tipo de coisas que nobres se preocupam para um rei solteiro rs
Mas, por enquanto, nosso Valky n parece pensar muito sobre isso.
O que acharam?
Por enquanto está tranquilo, já nos próximos capítulos as coisas começam a esquentar com uma notícia que vai movimentar o reino.

Bjoos, até a próxima!



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