Descendentes escrita por Isa Caan


Capítulo 8
Steve, trocamos as crianças!


Notas iniciais do capítulo

Agora, o capítulo de sexta!! Espero que gostem e boa leitura!



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— Você ficou maluco? Você tem problemas? Eu tenho certeza que você bateu a cabeça no jardim de infância! Foi como? Descendo pelo escorregador? — Falei após ajudar Charlie a se levantar 

— O que? O seu pai fazia isso o tempo todo! E eu estou bem, muito obrigado

— Exatamente por isso que, quando ele saia pela porta para fazer isso, eu ficava morrendo de preocupação!

— Eu achei que você gostava! Lembro muito bem de você se vestindo como o tio Steve e fazendo parkour pelo sofá e por qualquer coisa que podia pendurar ou subir

— Quando eu era uma criança, só que depois eu vi que era muito perigoso o que ele fazia!

— Mas mesmo assim você escolheu ser policial! Sem contar que tudo tem seus perigos!

— Sim, Charles! Mas saltar de um caminhão em movimento para outro é totalmente mais perigoso! E eu não quero ser quem vai avisar ao Danno que você não vai voltar pra casa! 

— Charles? Desde quando você me chama de Charles? E o que é isso? Você não tem que avisar ao meu pai que eu não vou voltar pra casa porque eu vou

— Charles é o seu nome, não é? 

— O que? Mas ninguém me chama de Charles! 

— Então agora eu te chamo, ok, Charles! Charles, Charles, esse é o seu nome, ok? 

— Isso tudo é porque eu pulei um caminhão?

— É claro que é! Você se arriscou como um idiota, Chaz! Não precisava daquilo! Iria dar tudo certo! – Então Charlie sorriu pra mim — O que é isso? Porque você está sorrindo?

— Você estava preocupado comigo — Ele me disse com um sorriso no rosto

— É claro que eu estava preocupado com você! Você pulou de um caminhão em movimento! Você quase morreu! O que eu iria falar pro Danno? E pra Grace? Me diz, Charlie! Você foi muito idiota!

— Não iria dizer nada, porque não aconteceu absolutamente nada de ruim!

— Mas poderia! Meu Deus, isso foi idiota!

— Terminou tudo bem, não terminou? Prendemos os bandidos e os mocinhos venceram, não foi? Pois é, então, não tem porque você pirar!— Ele me respondeu

— Certo, só não faça mais isso, por favor — Respirei fundo — Você vem hoje?

—Claro, Danno vai fazer lasanha pro jantar. — Após voltarmos para a sede, fizemos nossos relatórios e os entregamos antes do fim do expediente, como combinado, Charlie e eu fomos para minha casa.

— Chegamos — Anunciei enquanto eu e Charlie entrávamos em casa

— Estamos na cozinha — Meu pai disse e seguimos até lá.

— Vocês estão bem? — Danno perguntou 

— Sim, claro — Respondi

— Danno resolveu fazer a lasanha da vovó Williams — Meu pai falou — Logo estará pronta 

— É, o Charlie me disse. Eu vou tomar um banho, volto logo — Falei e sai da cozinha.

Five-0

— O que tá acontecendo, Charlie? — Meu pai perguntou depois que Freddie saiu e o tio Steve me olhou

— Não foi nada, pai — Respondi e ele levantou as sobrancelhas 

— Charlie, o que aconteceu?

— A gente só estava trabalhando, eu precisei fazer uma coisa a mais e ele ficou louco! Eu sabia o que estava fazendo, mas ele ficou dizendo que eu poderia ter morrido e blá blá blá 

— Espera. Você que é o parceiro louco? — Meu pai disse me olhando — Steve, acho que em algum momento trocamos as crianças 

— Não acho que isso seja possível, Danny — O tio Steve nos olhou 

— Sim, pai, não é possível. E não, eu não sou louco. Era apenas uma oportunidade e eu tinha que fazer isso, então ele ficou chateado

— O que você fez? — Meu pai me encarou

— Nada que o tio Steve não faria — Dei os ombros e olhei pro meu tio

— Tipo o que? Entrou em algum lugar sem reforço? — Tio Steve me perguntou sorrindo e meu pai revirou os olhos

— Tinha um caminhão e ele tinha uma bomba, se não parássemos ele, a bomba ia explodir no centro da cidade, e não, não podíamos esperar ele chegar no destino porque ele iria explodir manualmente na pista, que estava cheia de gente indo e voltando por causa da ação de graças, então tinha outro caminhão na pista, eu estava em cima dele e pulei pro outro, desconectei a caçamba da cabine, assim o motorista não poderia ativar a bomba. Foi só isso, e então ele pirou. Os caminhões nem estavam tão rápidos assim!

— Você ficou maluco? — Meu pai me olhou — Isso é sua culpa — Ele se virou e apontou pro meu tio 

— Minha culpa? Ele quem estava brincando de parkour — Meu tio se defendeu 

— Filho, isso foi arriscado — Meu pai voltou a me olhar — Freddie está certo, você poderia ter morrido

— Pai, qual é, estava tudo sobre controle. 

— Vocês tinham outras opções? 

— Sim, mas não acho que valeria esperar. Não vão me deixar que vocês nunca precisaram fazer essas coisas? E além do mais, no fim tudo deu certo! 

Five-0

Depois que terminei de tomar banho, me sentei na escrivaninha que havia em meu quarto e respirei fundo. Eu não estava bravo com o Charlie, não o odiava, mas eu precisava de um tempo, precisava respirar por um minuto. Se a Alice estivesse aqui, eu poderia ligar pra ela para conversar, mas como eu não posso fazer isso, eu iria voltar ao meu caderno. Desde criança eu tinha uma espécie de diário para dias difíceis, foi uma sugestão de meu psicológico, que mesmo com sessões quinzenais, sugeriu que eu escrevesse sobre o que estivesse sentindo, pois segundo ele, escrever poderia aliviar a carga emocional que eu estiver carregando, assim como eu poderia levar para a próxima sessão. E foi isso que eu fiz, escrevi tudo que eu estava sentindo e tudo o que eu queria dizer, esse era o lugar que eu mais me sentia seguro para compartilhar as coisas. Não que eu não confie em meu pai ou meus amigos, eu sei que eles jamais me julgariam, mas escrever era diferente de falar, na maioria das vezes é como se eu soltasse tudo que eu precisasse e aquilo ficasse apenas entre eu e meu caderno. 

Na maioria das vezes apenas escrever resolve a situação, eram raras as vezes que eu precisava tentar conversar com alguém sobre o assunto, não que a escrita tenha sido atoa, mas ouvir alguém poderia melhorar ainda mais. E dessa vez foi assim, eu escrevi tudo que eu precisava, mas ainda faltava algo, e era a conversa. Eu precisava conversar com alguém, mas não sabia quem era a pessoa ideal. Charlie era sem chances agora, meu pai e Danno eram 50/50, não sei se nesse caso eles me ajudariam sem virar uma questão pessoal, e o pessoal do trabalho definitivamente não precisam disso pra essa noite. Fui tirado de meus pensamentos com uma batida na porta.

— Pode entrar — Falei após guardar meu caderno. Não que isso seja algo que eu me envergonhe ou mantenho escondido, mas não quero olhar preocupado de ninguém.

— A lasanha está pronta e o cheiro é ótimo! Você vem agora? — Charlie falou

— Claro, estou morto de fome — Falei me levantando. Eu apaguei a luz do quarto e segui Charlie escada abaixo. O jantar  foi tranquilo e por incrível que pareça, não foi nem um pouco silencioso, conversamos sobre diversas coisas, e foi um tempo leve e em família. Falamos sobre um filme que Danno e papai viram pela tarde e como seria amanhã, o dia de ação de graças. Quando acabamos o jantar, a louça era minha, é assim que terminei eu fui para minha parte favorita da casa: A praia

— Ei, amigo — Ouvi Danno me chamar enquanto se aproximava das cadeiras da praia, onde eu estava sentado 

— Oi, Danno — Dei um sorriso fraco 

— Posso? — Ele apontou pra cadeira 

— Claro — Respondi e olhei pro horizonte, onde só se via a lua e as estrelas e a claridade delas na água. Sinceramente era uma das melhores coisas do Havaí, a noite sempre era bonita.

— Charlie me contou o que aconteceu — Danno começou — Antes de tudo, você tem o direito de estar chateado com o que aconteceu 

— Eu estava com medo, Danno — Falei brincando com a cordinha do moletom, apesar de quente durante o dia, a maioria das noites sempre eram frias — Ele... Eu só pensei que podia dar tudo errado e... Desculpa, eu não devia estar falando essas coisas

— Não tem problema — Ele assegurou — Seu pai e eu pensamos nessas coisas constantemente, todas as vezes que vocês saem pra trabalhar, nós pensamos nisso, porque nós já  fizemos e sabemos como é. Uma das melhores coisas que eu fiz foi me mudar pra cá, porque se eu ficasse sozinho em uma casa eu iria pensar em muitas coisas, e eu não quero ter esse tipo de pensamento, sabe? Seu pai também não, então, nos distraímos, vemos um jogo, filme, série, bebemos e conversamos. Enfim, você sabe qual é a regra 6, não é?

Se algo esta te incomodando, diga

— Isso mesmo, e então, o que está passando em sua cabeça? 

— Eu acho que não posso fazer isso, Danno

— Ei, claro que você pode. Você é um excelente policial, Freddie.

— Não deveria ter tido medo, e se ele precisasse de mim? Se eu não conseguisse ajudar por medo?

— Você deve sim ter medo, cara. O medo não é ruim, o que seu pai diz sobre medo?

— O medo nos faz sobreviver

— Isso, e é uma verdade. Sem medo, você não tem prudência, você age irracionalmente e pode trazer sérios danos. Mas não tô dizendo que o medo pode te dominar, porque não pode. Você tem que saber controlar esse sentimento, porque se ele te dominar, você pode comprometer a sua segurança e a de outras pessoas.

— Nunca vou esquecer o dia que eu estava na casa de um amigo e estávamos vendo desenho, e ele foi interrompido para passar uma situação que vocês precisaram parar um homem bomba no meio da Hanauma Bay, lembro que haviam muitas crianças, e meu pai foi conversando algo com o cara, acho que negociando... e ele tirou o colete e as armas, ele foi para perto do cara sem qualquer tipo de proteção. Eu não vi como acabou, o pai do meu amigo desligou a televisão e disse que não era para assistirmos aquilo, e fomos fazer outra coisa, mas a preocupação e o medo só passou quando papai chegou para me buscar depois do trabalho. Naquele dia eu vi o que meu pai fazia, como ele se arriscava todos os dias em que saia por aquela porta. E é engraçado eu ter escolhido fazer a mesma coisa, né? Mas sinceramente, jamais me veria fazendo algo que não seja isso.

— Sabe, vou pegar esse acontecimento para te dizer que, se seu pai não tivesse feito isso, coisas ruins poderiam ter acontecendo, e o que eu quero dizer é, as vezes, às vezes nós precisamos tomar medidas extremas, em alguns casos, essa medida extrema é o que vai controlar a situação. 

— Eu sei, Danno. Só que estar do lado que assiste é péssimo. Ver sem poder fazer nada é a pior coisa que existe no mundo, e parte de meu trabalho é exatamente isso, dar cobertura. — Dei os ombros — Talvez eu esteja exagerando, mas eu não posso, não consigo não pensar no que poderia acontecer

— Eu te entendo, garoto. E você vai passar por isso muitas vezes, assim como o Charlie também, vai ter uma hora que você é quem vai fazer a loucura — Ele sorriu — Mas as coisas vão ficar bem, vocês são ótimos policiais e estão em uma equipe excelente.

— Obrigado, Danno

— Não tem porque agradecer, amigo! Se você precisar conversar eu estarei aqui, às vezes é difícil ser a parte racional da dupla — Ele falou e eu sorri. Conversamos por mais algum tempo, então entramos. Charlie estava vendo qualquer coisa na televisão e meu pai estava no telefone com alguém.

— Charlie, vamos jogar PES?

—Você quer dizer, venha perder no PES pro Charlie? Claro que eu vou — Ele disse se levantando

— Quem ganhou a última? — Perguntei

— Eu estava com um olho inchado por causa de um pequeno acidente de trabalho, não pude enxergar a televisão, então não valeu!

— Conta outra, rapaz! — Eu falei enquanto subíamos as escadas. Jogamos por um tempo, até que eu decidi que precisávamos conversar, eu precisava falar com ele — Nós precisamos conversar, Charlie — Eu pausei o videogame e ele me olhou — Eu não estou com raiva de você, eu confio em você e se você diz que estava tudo sobre controle, pra mim está bom, e desculpa por ter discutido com você mais cedo, mas aquilo me assustou, você poderia ter morrido, e eu juro, se acontecesse algo ali eu ia te xingar eternamente, eu iria te ressuscitar só pra te xingar. Mas a questão é, nós somos parceiros, isso significa que precisamos estar na mesma sintonia, porque temos que cobrir um ao outro, e uma coisa errada pode comprometer tudo! Olha, tudo bem que vão ter momentos que não vão dar para esperar ou para até mesmo conversar, mas quando puder, por favor, não esqueça dessa parte importante.

— Se isso te ajuda a superar a situação, eu te aviso com antecedência. Mas é o que você disse, Freddie, se não tem tempo para conversar, devemos agir! 

— O ponto é que hoje podíamos ter conversado, tinham outras escolhas! Você ficou bem, e isso pra mim já basta, mas na próxima vez pode não dar certo, e aí? O que eu vou fazer?

— Tudo bem, eu te entendi cara. Mas eu não vou prometer que eu vou conseguir te falar sempre, você verá, terá momentos que seu extinto vai te levar, e você só vai perceber quando acabar. 

— Pra mim está bom, só por favor, tente se comunicar mais!

— Eu tô achando que o meu pai está certo, fomos trocados em algum momento — Charlie falou e soltou o jogo novamente — Você se desespera igual ao meu pai!


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Notas finais do capítulo

Sim, Charlie é o parceiro louco que não se importa nem por um segundo com a conduta adequada!! Se ele continuar a fazer isso, Freddie terá cabelos brancos bem cedo! E eu espero que tenham gostado, até sexta!



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