O Retorno dos Monstros da Rua Maple escrita por Maria Vicente Carvalho
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura =)
Chegando ao shopping, Sophie foi a bilheteria retirar o seu ingresso enquanto o seu mais novo “amigo” a aguardava. Como haviam chegado adiantados ela optou em comer algo em alguma lanchonete. Fez o pedido e comeu o seu lanche em silêncio, reparou que ele a observava com o olhar fixo, o homem ainda lhe era estranho, mas sem compreender ela foi aceitando toda aquela esquisitice. Deu o horário da sessão e Sophie achou que fosse adentrar a sala do cinema sozinha, pois o seu companheiro não havia retirado ou comprado nenhum ingresso, entretanto ele a acompanhou e a sentou do seu lado.
E se eu estiver pirando? E se ele é fruto da minha imaginação? Por que eu o imaginaria? O que minha mente quer com isso?
Ao final da sessão quando saia da sala recebeu uma ligação, era o seu chefe:
─ Assistiu?
─ Sim senhor.
─ E o que achou?
─ Interessante e complexo.
─ Filmes complexos são os melhores. Escute: amanhã eu quero uma resenha sobre este filme, mas sem spoiler. Daqui umas duas semanas faça uma contendo spoiler.
─ Duas semanas? Não é um intervalo pequeno?
─ O filme está sendo muito falado, em duas semanas milhares de pessoas o terão assistido e você fazendo uma excelente resenha amanhã sem spoiler vai fazer com que os nossos assinantes fiquem curiosos para assisti-lo.
─ Está bem senhor. Boa noite. – Sophie encerrou a ligação.
─ Para casa? – indagou o homem.
─ Sim, mas antes eu preciso ir ao banheiro. – Sophie o deixou esperando.
Ao entrar no toalete foi logo lavar as mãos e os rosto, acreditava que tendo contato com água fria iria despertar daquele “sonho”.
Ele não é real. Eu estou imaginando coisas. Tudo por causa daquela matéria sobre os monstros e aqueles vizinhos esquisitos. Sophie procurava se convencer de que nada daquilo era real referente ao homem que se dizia ser uma pessoa em que se pode confiar. Achava que o criou em sua mente por causa da história dos monstros, porém ela não poderia se esquecer que assim que se mudou o homem surgiu tocando sua campainha e ele foi o primeiro a mencionar sobre os monstros da rua Maple.
Quando secava as mãos e o rosto avistou pelo espelho alguém sair de um dos banheiros e era ela: Haley.
─ Haley? O que faz aqui?
─ Usando o banheiro. – ela aproximou-se da pia para lavar as mãos.
─ Eu digo no shopping. Veio passear?
─ Às vezes gosto de dar voltas pelo shopping, distrair-me um pouco.
─ Entendi. – Sophie tentou sair o mais rápido possível.
─ Espere. – Haley a impediu a segurando pelo braço – Este domingo irei fazer um churrasco, sabe uma simples confraternização entre os vizinhos e adoraria que fosse.
─ Infelizmente não poderei, pois irei visitar meus pais e... – Sophie parou alguns instantes – Espera... Como você quer festejar entre vizinhos depois de hoje?
─ Como assim?
─ A vizinha que morreu assassinada. A policia não foi a sua casa esta madrugada?
─ Ah sim, eles foram. Trágico, não acha?
─ Eu acho e por isso acredito que nenhum morador da nossa rua irá se animar para uma confraternização.
─ Eu já convidei alguns e os mesmos confirmaram presença. – Haley exibiu um sorriso terrífico.
─ Eu preciso ir. – Sophie fez com que ela lhe soltasse.
Sophie apressou os passos e sentiu um alivio em ver que o homem ainda lhe aguardava.
─ Vamos embora daqui, por favor! – implorou ela.
O homem a pegou pela mão a guiando novamente até o seu veículo e dando partida eles foram embora.
Ao retornar à rua Maple, Sophie sentiu um arrepio por todo o corpo e cogitou a hipótese em procurar outro lugar para moradia ou se dar por vencida e voltar a morar com seus pais.
O homem a seguiu até a porta e quando iam se despedir, Sophie pediu que ele ficasse:
─ Por favor, não vá.
─ Confia em mim?
─ Sim. – ela destrancou a porta e deu espaço para que ele adentrasse.
Preparou um chá de ervas para eles dois e assim Sophie aproveitou para fazer seus inúmeros questionamentos:
─ Os monstros então existem?
─ Sim.
─ E onde eles se escondem?
─ Por toda a rua.
─ Foram eles que assassinaram a mulher da casa a frente?
─ Um deles.
─ Haley, uma moradora dessa rua. Ela me é esquisita, se esforça em querer demonstrar gentileza, mas me causa arrepios. Um vizinho chamado Tommy me disse que ela é um dos monstros, ele é o garoto que sobreviveu aquela matança que houve nesta rua na década de sessenta.
─ Tommy tem razão em alegar que foram monstros que cometeram aquele desfortúnio, todavia ele se engana sobre os mesmos.
─ Como assim? Eu li a matéria. Quando garoto ele disse que foram monstros do espaço sideral. Ele testemunhou tudo.
─ Realmente, Tommy testemunhou tudo, mas ainda se engana sobre os monstros.
─ Como assim se engana? Então quem são os monstros e como você surge do nada para me falar sobre eles?
O homem não respondeu e quando Sophie insistia na pergunta foi interrompida pelo toque da campainha. Olhou assustada para a porta e foi ver quem era através do olho mágico: era Tommy.
─ O senhor de novo? – indagou ela ao abrir a porta.
─ Os monstros voltaram a atacar.
─ Como sabe disso?
─ Não soube da vizinha daqui da frente?
─ Sim.
─ Foram eles.
─ Como tem certeza?
─ Eles estão por aqui e a próxima vítima sou eu.
─ O que?
─ Eles estão fazendo igual aquele dia... Cortaram a energia da minha casa.
─ Quem cortou a energia?
─ Os monstros.
─ Diabos! – Sophie perdeu a paciência – E quem são os monstros?
─ Não os enfrente, por favor, se os ver não os enfureça. – Tommy então saiu.
Sophie exigiu que ele retornasse, mas Tommy nem deu ligo as suas aclamações. Ela trancou a porta e quando retornou à cozinha viu que o homem não estava mais lá.
─ Droga! – impaciente ela pegou a xícara em que ele bebeu o chá e jogou contra o chão.
Os questionamentos que tinha não lhe eram respondidos. Uma hora achava que tudo não passava de um delírio e outra hora acreditava em tudo e sentiu a falta da companhia do homem.
Cansada de só se perguntar resolveu esclarecer toda a história e vestindo um casaco decidiu procurar Tommy. Ela não sabia qual era a sua casa exatamente, mas arriscou a procura-la pela rua e não foi difícil, pois ele havia mencionado que a energia da casa dele foi cortada e avistar uma casa sem iluminação deduziu que era o lar de Tommy.
Bateu a porta várias vezes e quando ia desistir percebeu que a mesma estava apenas encostada e notificando sobre sua presença adentrou a casa. Era uma casa simples, dos moveis e decorações antigas, a maioria dos quadros pendurados pela parede eram de retratos em preto e branco. Sophie clamava o vizinho pelo nome, porém não se ouvia respostas ao seu chamado, procurou pelos cômodos de baixo e não o encontrando subiu as escadas e ao entrar no banheiro se apavorou: Tommy estava caído sobre o piso com a cabeça ensanguentada.
O grito ficou preso na garganta, Sophie tentou levanta-lo e acorda-lo, mas ao reparar que ele estava morto o empurrou de volta e tentou sair dali o mais rápido que pudesse. Quando descia as escadas ouviu o ranger da porta da entrada e depois um barulho forte de batida.
─ Quem está aí? – ao ouvir passos se desesperou e retornou ao andar de cima.
Correu para um dos cômodos que era o quarto de Tommy e se trancou. Continuou a ouvir passos fazendo a se afligir mais. Sophie olhou para a janela do quarto e amedrontada não encontrou outra saída. Abriu a janela e pulou sem pensar duas vezes.
Pensou que tudo não tinha passado de um sonho ruim, mas quando abriu os olhos sentiu que estava sendo carregada e colocada sobre uma maca por paramédicos e assim foi levada a um hospital.
─ Quem são os monstros? – murmurou a si.
Sophie não iria desistir e só sossegaria quando descobrisse quem eram os monstros da rua Maple.
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Será que Tommy tinha razão? Pelo visto ele foi a próxima vítima e se Sophie não tivesse tentado escapar talvez tivesse sido mais uma...
Haley cada vez mais parece uma suspeita e Sophie a teme.
E o homem? Aparece e some como sempre...
Espero que tenham gostado, até o próximo. =)