reparos - Valdangelo escrita por Phieso


Capítulo 1
Capítulo 1 - Leo


Notas iniciais do capítulo

senti vontade de fazer uma fic levinha desse casal



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Leo POV

Mesmo após dois meses da batalha contra Gaia a calma ainda não havia se instalado por completo entre os acampamentos, pelo menos dessa vez por um bom motivo, estavam sendo realizadas diversas missões para firmar alianças entre si.

Frank mal conseguia sair de seu escritório em Nova Roma por conta se suas responsabilidades como pretor, e é claro, Hazel estava sempre com ele em todos os momentos. Annabeth se tornou praticamente a representante do Acampamento Meio-sangue e cuidava das transações pelo lado grego com auxílio de Piper. Quanto a Percy e Jason... bom, eles são Percy e Jason, sendo os semideuses mais poderosos dos sete todos os holofotes estavam sobre eles e também agiam como partes neutras nas negociações entre acampamentos, pois tem a confiança de ambos os lados.

E Leo? Bem... ele sempre se sentiu o menos importante entre os semideuses da profecia e para o filho de Hefesto a atual situação apenas comprovava suas suspeitas, enquanto todos estavam sobrecarregados de tarefas ele estava completamente desocupado. Na verdade, não tão desocupado assim, como todos seus meios irmãos Leo parece ser incapaz de se manter desocupado.

A princípio quis se dedicar a construir uma forma de resgatar Calipso, dedicou dias e noites para reformar o Argo II, porem após sua primeira noite de sono desde começar os trabalhos seus planos foram interrompidos. Afrodite lhe fez uma visita em sonho e, ignorando todo o extenso monologo sobre o amor, a deusa cortou qualquer esperança que Leo poderia ter em voltar para sua amada:

“-...Mas infelizmente, querido, não é seu destino resgatar aquela jovem muito menos viver uma história de amor de qualquer tipo com ela. Eu sou a deusa do amor então falo com propriedade no assunto. – Afrodite fez uma pausa para alterar o penteado. – Enfim, não se culpe por ela estar presa lá, isso não será por muito tempo, o verdadeiro herói de Calipso já está no mundo... Embora ainda faltem alguns anos para ele realizar essa missão...”

— Como se não bastasse ser inútil, ainda descubro que perdi minha namorada para uma criança que mal nasceu... – Leo murmurou enquanto se lembrava do sonho com a deusa.

Seus pensamentos de ódio à deusa do amor foram interrompidos quando uma de suas criações mais recentes começou a apitar. Esse é o que ele nomeou de “focinho” algo parecido com um detector de metal, mas somado com um pouco de magia o que o tornava capaz de detectar coisas que precisassem de conserto. Enfim, uma invenção de um filho de Hefesto desocupado, que foi um completo sucesso em seu chalé e agora as únicas coisas quebradas no acampamento eram as ocasionais unhas das meninas de Afrodite.

Leo agradeceu mentalmente por encontrar algo que o fizesse parar de pensar na maldita visita da deusa.

O focinho havia encontrado um abajur espatifado no chão, como se tivesse sido arremessado ali.

Okay, isso é novidade, normalmente encontrava esse tipo de coisa perto dos chales de Hermes ou Ares, consequência da alta atividade que rolava por aqueles lados, mas Leo estava na área dos fundos entre os chalés de Hades e Iris.

—Bem... duvido muito que alguém no chalé da deusa do arco íris vai ter um abajur preto com uma caveira, então... – conversava com o focinho, e não, ele não havia instalado nenhuma função de resposta na máquina então era o equivalente a estar conversando sozinho.

O garoto cogitou seriamente apenas consertar e deixar por lá mesmo, afinal, se fosse realmente do chalé de Hades isso significava que teria que falar com Nico, que não era dos semideuses mais sociáveis. Que a verdade seja dita, a última vez que os dois interagiram foi no Argo II desde então eles mal se viam. As poucas vezes que ouvia falar do menino foram em breves conversas com Jason quando o amigo tirava um tempinho para descansar.

“-Nico deve estar na enfermaria ou pelo chalé de Apolo...” – costumava ouvir o amigo dizer, acreditava que o garoto se ferisse ou ficasse doente constantemente já que o físico de Nico era bem frágil pelo que se lembrava.

Olhou para o abajur já consertado em suas mãos se perguntando como foi parar ali no chão, em seguida olhou para o chalé preto logo em sua frente decidido a aproveitar a oportunidade e tentar formar uma amizade com o filho de Hades, afinal, amigo de meu amigo também é meu amigo.

Em vez de educadamente bater na porta, o latino resolveu apenas enfiar sua cabeça pela janela que provavelmente o objeto havia sido arremessado.

—oii, alguém em casa? Achei isso aqui caído lá fo... –  Interrompeu-se ao encontrar um Nico ofegante em meio a um quarto caótico.

O que fez com que se atrapalhasse com os pensamentos não foi o estado de destruição do quarto e sim o fato de que na verdade o filho de Hades era bem bonito.

Espera, o que??

O garoto vestia apenas uma regata preta e bermuda de mesma cor e os cabelos escuros, mesmo completamente despenteados, eram tão belos e realçavam suas feições que já haviam perdido todo o efeito “fiquei-meses-preso-num-vaso”. Ele ofegava, provavelmente pois destruir a mobília do chalé foi cansativo, mas aos olhos de Leo isso era... sexy?

—uh... Leo, o que faz aqui? – Nico perguntou desconfortável pois o outro já o encarava por quase um minuto com uma cara de idiota.

— Tão lind... D-digo, tão quebrado! O guarda roupa! Deixa que eu conserto – completamente atrapalhado entrou pela janela tropeçando nos próprios pés e palavras. – ah, olha achei isso lá fora, é seu né? Já dei um jeito vou deixar aqui tá?

E como sempre fazia quando ficava nervoso, começou a falar sem parar. Sentia o olhar de Nico sobre suas costas enquanto mexia no guarda-roupas. Parte de sua consciência já sabia que não era para ele estar fazendo isso nem estar ali, mas agora já não sabia mais como sair da situação constrangedora que se enfiou então só seguiu o fluxo que ele mesmo criou soltando cada vez mais comentários desnecessários.

“Ugh... certamente ele acha que surtei, por que estou tão nervoso? O que é esse sentimento estranho dentro de mim? É isso que chamam de borboletas no estômago? E por que estou sentindo isso depois de achar o Nico sexy? Alias, por que achei o Nico sexy?”

Seus pensamentos estavam mais confusos do que as bobagens que falava no nervosismo o impedindo de processar o que exatamente estava acontecendo no mundo a sua volta, o que no caso era um filho de Hades tentando se comunicar com ele.

—Leo? Leo! – segurou uma das mãos do latino, que se arrepiou com o toque frio do mais novo e finalmente calou a boca. – Você tá bem? Digo, sei que sempre fala muito, mas... isso já passou do limite de normal pra mim, sabe?

— Ah, perdão. – Sentiu vontade de se enfiar em um buraco. – Acho que fiquei meio nervoso, sabe.

—Entendo... eu te deixo desconfortável também. – disse em um tom deprimido e focou o olhar nos próprios pés. – Tudo bem, eu já me acostumei.

Ouvir isso partiu o coração de Leo, a imagem de Nico que ele tinha em mente virou de cabeça para baixo, deixando de ser aquele semideus extremamente intimidador para o menino de quatorze anos que ele realmente era.

— N-Não foi isso que eu quis dizer! É só que... eu estou com uns sentimentos confusos. – Resolveu ser sincero, embora não revelando toda a verdade.

Nico ficou em silencio por alguns segundos antes de suspirar e se jogar em um dos beliches.

— É, acho que eu também, já deve ter notado pela bagunça. – Soltou uma risadinha. – Ah, e eu queria te falar antes, não precisa consertar isso, deixa que eu me viro depois, a culpa foi minha mesmo...

Leo estava surpreso, nunca havia interagido tanto com o garoto antes, mas também extremamente aliviado por ter saído da situação constrangedora que se enfiara antes.

— Não tem problemas, estava bem procurando algo para ocupar meu tempo. – Tirou seus olhos do móvel para olhar o outro e se perdeu nos lábios do rapaz. Pareciam tão... beijáveis... Tentou afastar os pensamentos puxando outros assuntos e focando no que fazia. – Então, o que aconteceu aqui? – sacudiu um pedaço do guarda roupas.

Nico hesitou por alguns instantes antes de começar a contar o ocorrido. Na melhor forma que o semideus mais calado do acampamento poderia fazer, mas felizmente estava na companhia do mais tagarela então em questão de minutos Leo tinha a história completa em suas mãos.

Di Angelo havia vivido um relacionamento com um filho de Apolo que terminou, segundo o mais novo, por causa de sua personalidade que ele descreveu como “repelente humano”.

 

Valdez estava sentindo um turbilhão de emoções diferentes. Desde a confusão inicial de descobrir que Nico era gay, definitivamente ele não parecia o tipo de cara que iria gostar de carregar a bandeira multicolorida por ai, mas também uma certa alegria, A sensação lembrava muito quando a menina que ele tinha uma queda no fundamental comentou que gostava de cabelos encaracolados o que só o deixou ainda mais confuso.

Também sentiu uma raiva indescritível ao ouvir como o relacionamento afetou a autoestima de Nico de forma tão negativa, sua vontade era de sair naquele instante do chalé e deixar um certo filho de Apolo completamente roxo.

E acima de tudo, sentia ansiedade, como quando estamos lendo um livro e queremos saber mais e mais. Talvez por causa disso pressionou tanto o outro por mais informações. Em certo ponto se preocupou de estar deixando o filho de Hades desconfortável com o interrogatório, mas aparentemente a conversa fez bem para ele, precisava por esses sentimentos para fora.

Leo nunca lidou muito bem com humanos, sempre fora melhor com maquinas, mas fez um ótimo serviço de psicólogo com o adolescente de coração partido, talvez ser esculachado por Afrodite foi bom para ele entender um pouco mais sobre os sentimentos.

No fim da conversa Valdez se virou para olhar o outro e percebeu que o mais novo, em algum ponto, começara a chorar. Essa cena lhe machucou mais do que esperava, ver aquele menino com lagrimas nos olhos era de partir o coração.

—N-Nico! – largou o que estava fazendo e se aproximou do outro sem saber muito bem o que fazia, afinal, nunca esperava que um dia ele iria consolar o filho de Hades com o coração partido. – Não precisa chorar, você definitivamente não é uma pessoa desagradável, não dê ouvidos àquele idiota.

Num movimento impulsivo que em outras situações ele provavelmente pensaria um pouco mais antes de fazer, ele envolveu o pequeno em um abraço carinhoso. Nico levou um leve susto e não retribuiu de imediato, o que fez o outro perceber que talvez não deveria ter partido para o contato físico daquela forma tão abrupta, mas depois de alguns segundos, timidamente o abraço foi retribuído.

Nesse pequeno instante, Leo foi tomado por uma felicidade que certamente superava todo o tempo que passou com Calypso.

“então é isso que significa sentir borboletas no estômago... realmente é uma boa descrição”

Pensou antes de se perder no perfume de Nico.

O abraço durou mais do que o considerado normal, mas incrivelmente nenhuma das partes parecia estar incomodada com este fato.

O som da trombeta anunciando o jantar os despertou do momento e se soltaram de forma abrupta.

Desajeitado como entrou, Leo balbuciou algo sobre ir para o refeitório e se despediu de Nico que o respondeu igualmente sem jeito.


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