Witch Bitch escrita por Line


Capítulo 4
04- As coisas tendem a piorar antes de piorar


Notas iniciais do capítulo

Vamos só fingir que eu não sumi por meses e seguir como se esse capítulo tivesse saído uma semana após o anterior, estive ocupada, mentalmente cansada e extremamente preguiçosa nos últimos meses, mas estou voltando a ativa e aviso desde já que na próxima semana tem outro capítulo de WB e aos leitores de Seventh Daughter: O capítulo também está à caminho.

É isso, ah, e só pra avisar: Katherine Langford é Mary-Anne Astrobours.

É isso, aproveitem o capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/795153/chapter/4

Astra Astrobours:

Há quem diga que as coisas tendem a piorar antes de melhorar, no meu caso, as coisas tendem a piorar antes de piorar ainda mais.

Na manhã do dia seguinte eu acordei e me arrumei para a aula em movimentos lentos, eu havia ido dormir muito tarde na noite anterior, passei boa parte da madrugada do lado de fora da casa, levantando barreiras de proteção no terreno, além da privação do sono, o fato de ter ficado exposta ao relento da noite congelante também me fez sentir meio gripada, e foi por isso que eu escolhi vestir um sobretudo longo e quente preto, meia calça grossa e botas de saltinhos e cadarços.

Quando desci para o café, Vivi me esperava sentada na ilha, seu Kit de médica sobre o balcão.

— Consulta com a doutora outra vez? — Eu questiono, fingindo surpresa, mas na verdade eu já esperava por isso, Viviane Badwin é apaixonada pelo seu Kit de médica de brinquedo e banca a doutora sempre que tem a chance.

— Você tem atendimento Vip, nem precisa sair de casa. — James comenta, quando me sento ao lado de Vivi, ele gira para colocar ovos mexidos em um prato e quase me acerta com frigideira, tenho que me abaixar para tirar minha cabeça da rota de colisão. Tê-lo na cozinha é um perigo, e eu me faço uma nota pra começar a me levantar antes de ele chegar na cozinha.

Apesar do corte em meu rosto já estar fechando, eu deixo Vivi colocar outro curativo nele, o bandei-d dessa vez é da Barbie e destoa completamente do visual todo preto que escolhi usar, apesar disso não reclamo, e estou prestes a atacar os ovos que James me oferece quando Vivi enfia um termômetro de brinquedo em minha boca.

— Tenho que ver se está com febre. — Vivi explica, quando eu arqueio a sobrancelha pra ela, eu suspiro, decidindo não contrariar a criança.

Alguns segundos depois ela tira o termômetro da minha boca, concluindo após observar atentamente o pedaço de plástico cor de rosa sem utilidade, que eu não estava com febre; O que provavelmente não é verdade, eu tinha certeza que uma febre leve era um dos sintomas do meu quase-resfriado.

Finalmente sou liberada para comer meus ovos enquanto Vivi ouve meus batimentos com seu estetoscópio falso, tenho que fazer contorcionismo para conseguir levar o garfo até a boca sem esbarrar nela.

Quando termino de comer e sou liberada pela minha pseudo-médica, eu coloco o prato na lava louças e me viro na direção da chaleira, onde há água quente pronta para uso, encontro meus sachês dos mais variados chás no armário e escolho gengibre, afim de aliviar os sintomas do resfriado e prevenir uma dor de garganta.

— Você parece meio doente. — James finalmente nota, quando coloco o sachê na caneca e despejo água quente.

— É o clima. — Eu digo a meia verdade, me esticando para alcançar o mel em um dos armários e despejo uma pequena quantidade para adoçar meu chá. — Vou passar boa parte dos meus dias resfriada antes de finalmente me adaptar, sou uma criatura do sol.

— Me diga se achar que precisa de um médico de verdade. — Ele me diz, ligeiramente preocupado, eu dou de ombros sem expressar reação, mas Vivi o olha de olhos estreitos e o obriga a se corrigir: — Quis dizer se precisar receber uma segunda opinião, já que Vivi é talentosa demais para tratar de um simples resfriado.

Satisfeita com a resposta, a criança volta a mexer em seu Kit e murmurar consigo mesma, ignorando nossa existência.

— Kim está atrasada. — James franze ligeiramente asasobrancelhas, após conferir o horário em seu relógio.

Eu continuo quieta, meu rosto escondido atrás da caneca que beberico com cuidado, não quero dizer à James que provavelmente sua babá não aparecerá hoje e nem nunca mais, tenho certeza que o namorado transmorfo dela não a deixará pisar seus pézinhos na casa de uma bruxa outra vez.

— Temos que sair daqui meia hora. — Meu padrinho parece ligeiramente preocupado, já que Vivi não pode ficar sozinha e nós temos que ir pra escola.

— Se ela não aparecer eu fico em casa. — Eu anuncio, bastante satisfeita com a ideia ficar enrolada em cobertas, e o mais importante, longe da reserva. — Vou subir pra pegar minhas coisas enquanto esperamos.

Apenas para manter as aparências, porque sei que Kimberly não vai aparecer, eu subo até meu quarto e apanho minha mochila, enrolo um pouco mais enquanto folheio as páginas do diário de Mary-Anne, eu só havia lido 5 delas até o momento, estava escrito em latim arcaico e eu levava mais tempo do que gosto de admitir para conseguir traduzir por completo, eu estava bastante frustrada por isso, Mary-Anne começou a escrever ainda jovem e haviam ainda muitíssimas páginas para ler até que chegasse ao fim, por fim eu enfio o celular na mochila e decido que já enrolei demais, desço com minha mochila e celular em mãos, pronta pra fingir surpresa quando concluir que Kim não virá trabalhar e que terei que ficar em casa.

Chego no andar debaixo, mas a surpresa estampada em meu rosto não é falsa, porquê ali na minha frente, sentada sob o tapete da sala com Vivi está Kim, a babá.

— O que está fazendo aqui? — Eu questiono sem me conter, Kim salta em seu lugar quando ouve minha voz e se vira na minha direção, suas sobrancelhas estão franzidas e seus olhos determinados, mas amedrontados também, isso me diz que ela sabe exatamente o que sou. Pela visão dos lobos, ainda por cima, para ela eu devia ser apenas uma versão mais bonita das bruxas vilãs que comem criancinhas em suas casas de doces. Quem dera eu tivesse uma casa de doces.

— Trabalhando. — Ela me responde, como se fosse simples, Vivi olha entre nós confusa.

— Vivi cadê o seu pai? — Eu questiono à ela, notando a falta de James.

— Escritório. — Ela responde numa única palavra, mais interessada na troca de olhares entre a babá e eu.

— Eu preciso falar com a Kim por um momento. — Eu digo, uma instrução clara para que ela vá dar uma volta, mas a criança não parece entender de primeira. — Por que não vai buscar seu Kit de médica para mostrar à ela?

Vivi é obediente, então se ergue num salto do tapete onde estava sentada e volta na direção da cozinha, onde provavelmente largou os brinquedos.

Eu abro a boca pra falar, mas Kim é mais rápida que eu: — O que você quer com eles?

— Quê? — Eu articulo, confusa.

— Está óbvio que não são parentes e que eles não sabem sobre você, então o que quer com os Badwin? São seu disfarce? — Ela pergunta, corajosa.

— Que ideia idiota. — Eu franzo ligeiramente as sobrancelhas, tentando entender de onde diabos ela tirou isso. — Eu tenho 17 anos, James é meu padrinho e guardião legal, não meu disfarce.

Na verdade, se não fosse por esse detalhe eu já teria ido pra longe há muito tempo, mas não digo isso à ela.

— 17? — Ela repete meio tonta. — Me disseram que bruxas geralmente são velhas e imortais.

— Sim, mas antes disso tem 17 em algum momento. — Não sei porque tenho que explicar isso, é algo óbvio. — Por que voltou aqui?

— Eu trabalho aqui. — Kim não era lá muito esperta, ou fingia-se de idiota muito bem.

— Seu namorado transmorfo e os amigos tentaram me matar na floresta. — Eu lembro à ela. — Achei que você não voltaria mais aqui, é o que teria feito se fosse mais esperta.

— Você não vai me machucar. — Ela diz, parecendo apenas um pouco em dúvida. — Passei boa parte do dia de ontem aqui, você teve várias chances.

— Você não representava uma ameaça ontem. — Eu a lembro, mas na verdade ela está parcialmente certa, não tenho motivos pra machucá-la. Ainda. Se eu precisasse usá-la contra os lobos, caso eles viessem contra mim, eu o faria.

— Nem hoje. — Ela dá de ombros, tentando parecer casual, ainda assim posso sentir seu medo no ar. — A matilha não quer machucá-la, não pode.

— O que quer dizer com não pode? — Eu questiono.

— Nada. — Ela diz rapidamente, penso em retrucar, mas então Vivi surge da cozinha, sua maletinha de médica nas mãos e o estetoscópio rosa em volta do pescoço.

— Vem, Kim, vou te examinar. — Ela chama animada, a garora Quileute olha na minha direção brevemente antes de ir até Vivi e se sentar outra vez no tapete com ela.

Eu subo as escadas, indo chamar James para irmos, bato duas vezes na porta do escritório e a abro, o encontro com um livro sobre lendas Quileutes nas mãos, ele estava se aprofundando mais nessa área mística da tribo desde que fora contratado como professor.

— Estou pronta pra irmos. — Eu aviso, James fecha o livro, colocando sobre sua escrivaninha e apanha sua bolsa de couro estilo carteiro.

— Vamos indo, então. — Ele diz, eu vou na frente, ele vem logo atrás de mim. — Kim, já estamos indo.

A babá tira os olhos da brincadeira com Vivi e assente, a criança se ergue do chão para abraçar o pai e a mim em seguida, como se estivéssemos indo em uma viagem de seis meses para o outro lado do mundo.

— Pode soltar agora, carrapatinho. — Eu digo, em tom de riso e finalmente a criança me solta.

James já está indo na direção do carro, eu aproveito a chance para caminhar lentamente na direção de Kim.

— Avise aos seus amigos que se alguém com más intenções atravessar os perímetros que ergui em volta da casa terá uma morte dolorosa e épica envolvendo ser queimado vivo. — Eu digo à ela em tom baixo, as barreiras foram erguidas pensando em vampiros, era mais fácil matá -los com fogo, mas parecia justiça poética se fosse usada contra os lobos que queimaram minha ancestral. — Como bruxas na fogueira, vocês Quileutes entendem muito disso, não é?

— O que quer dizer? — Ela questiona.

Percebo que ela não sabe sobre Mary-Anne e sua suposta traição, é muito provável que apenas os anciãos saibam sobre as bruxas que eles queimaram vivas.

— Caso ainda não tenha descoberto, meu sobrenome é Astrobours. — Eu informo, sei que é um risco, mas com um lobo na escola é improvável que o sobrenome fique escondido deles por muito tempo, melhor controlar como a notícia se espalha e usar isso ao meu favor. — Pergunte à seus anciãos sobre meus ancestrais.

Dito isso, eu bagunço o cabelo de Vivi com uma das minhas mãos e ando apressadamente até o carro, onde James já me espera impacientemente.

***

Estou sentada com uma falante Candice Ateara na aula de Química, ela está tagarelando sobre ter vindo pra La Push há dois anos para conhecer o avô, que ela chamou de velho Quill, e cerca de uma centena de primos que ela nunca havia visto antes, aparentemente a mãe dela se escapuliu da reserva anos atrás e isso explica a falta de traços indígenas da garota –Ela puxara totalmente a aparência do pai, que a mãe conheceu quando morava fora, como ela me dissera. Eu não havia perguntando nenhuma dessas coisas, mas depois que percebi que ela simplesmente não pararia de jorrar palavras, acabei me limitando a assumir o papel de ouvinte passiva enquanto fazia nosso trabalho inteiro, já que ela não parece muito disposta à me ajudar a misturar os elementos químicos.

— E então tem o Quill, não o meu avô, o meu primo que foi nomeado após ele. — Ela gesticula e quase acerta sua mão no conta gotas que eu uso com cuidado cirúrgico, tenho que morder a língua pra me impedir de xingá-la. É a personalidade dela, Astra, eu digo à mim mesma, você não pode culpá-la por ser quem é. — Ele se formou ano passado, agora trabalha na oficina com os outros garotos da gangue do Sam, nós não somos muito próximos, mas ele é legal e é amigo do Seth que também é meu amigo e…

— Desculpe, você disse gangue? — Eu questiono de repente, me pronunciando pela primeira vez desde que a cumprimentei com um oi rápido quando entrei na sala.

— Oh, não, não é uma gangue de verdade. — Ela se apressa em corrigir. — São só uns garotos que andam por aí juntos, sem camisa e pulando de penhascos. Eu só os chamo de gangue por que é um apelido.

Não preciso de muito pra adivinhar que o que ela chama de gangue é, na verdade, a matilha que tentou mastigar meu pescocinho.

— Sério? Quantos são e quem são? — Eu pergunto, Candice nem sequer percebe que eu quero extrair informações com um propósito, ela está feliz demais em continuar falando e sequer hesita.

— Sam Uley, Paul Lahote, Seth Clearwater, Leah Clearwater, Jacob Black, Jared Cameron, Embry Call, Collin Littlesea, Brady Fuller e meu primo Quill Ateara. — Ela lista contando nos dedos e parece surpresa quando termina. — Dez, uau, eu não tinha percebido que havia tantos deles.

Dez. Eu quase ri em desespero ali, eu mal havia conseguido lidar com 5 lobos, que diabos eu faria pra sobreviver à dez deles?

— Você ficou pálida. — Candice, que havia retornado seu monólogo interminável, franziu suas sobrancelhas em minha direção ao se frear no meio de uma frase. — Está se sentindo bem?

— Hm? — Eu resmungo meio lesada, pisco algumas vezes e forço meu cérebro à traduzir as palavras que ela disse. — Minha pressão deve ter baixado.

— Professor, Astra não está se sentindo bem. — Anuncia Candice em voz alta, fazendo o professor olhar na nossa direção assim como boa parte dos alunos. — Ela precisa sair da aula.

Qualquer que seja o charme que Candice joga sobre as pessoas para se fazer querida, funciona com o professor também, já que ele me dá uma dispensa da aula sem questionar.

— Obrigada. — Eu franzo as sobrancelhas quando murmuro o agradecimento pra ela, que dá de ombros e sorri agradável antes que eu me afaste.

Eu respiro fundo quando já estou do lado de fora, retomo o controle do meu corpo e decido que não vou me deixar intimidar, então aproveito minha dispensa da aula pra me sentar no chão, as costas encostadas no meu armário e as pernas cruzadas em posição de lótus enquanto o diário de Mary-Anne descansa em meu colo.

Estou cansada de ler as palavras de Mary-Anne sobre seu treinamento e sua relação com a tribo, quero obter informações relevantes, então pulo quase pro final e começo a leitura enquanto uso um lápis pra fazer pequenas anotações na margem conforme vou traduzindo e circulo as palavras que não tenho certeza do significado, pra que possa pesquisar quando chegar em casa.

"Malain está aprontando com Utlapa outra vez, os vi juntos na floresta quando fui colher flores silvestres, Utlapa estava deitado no chão imóvel –Eu suponho que seu espírito devia estar no mundo astral– e minha irmã de clã, Malain, estava sentada no chão ao lado dele, seu corpo debruçado sobre o do Quileute enquanto ela sussurrava um feitiço esquisito. Não consegui entender muita coisa, nem sequer sei em qual língua ela estava falando, mas não preciso saber exatamente o que o feitiço faz pra saber que é magia proibida. Malain está cada vez mais sedenta de poder e eu já notei também que Utlapa não é um exemplo de Quileute, não consigo imaginar uma versão em que algo bom saia da união desses dois, então deixo registrada aqui minha preocupação enquanto tento entender o que eles estão planejando e como poderei impedi-los caso isso venha a nos afetar; Sem mais delongas, encerro aqui meu relato."

Franzo ligeiramente as sobrancelhas, sem saber quem diabos é Malain, Utlapa ou como diabos o espírito dele estaria no mundo astral. Bufo baixinho ao perceber que pular páginas não é uma opção, se eu quero entender tudo que Mary-Anne escreveu e descobrir algo que possa me ajudar à lidar com os Quileutes,terei que ler todo o diário do começo ao fim sem cortes.

— Você não facilita minha vida, Mary-Anne. — Eu resmungo baixinho, correndo as páginas rapidamente entre os dedos, mas paro quando noto que há uma página solta e dobrada no meio das outras.

Não há nada nela além de palavras em latim que pareciam ter sido escritas com sangue:

— Cum voco sanguis sanguinem meum, in quo erat sculptum patrios Spiritus mihi venit. — Eu leio em voz alta, então um arrepio medonho atravessa minha coluna e eu fico alerta imediatamente. Traduzo as palavras para minha língua materna em poucos segundos. — Com meu sangue chamo o sangue em que foi gravado, venha até mim espírito ancestral.

Que diabos eu acabei de fazer? Eu me questiono, alerta, quando percebo que ler um feitiço desconhecido em voz alta foi um erro muito amador.

— Oi. — A voz que soa no corredor me faz assustar tão fortemente que os armários de metal ao redor tremem e gemem suavemente com a reação da minha magia. Por um momento acho que é um maldito espírito maligno que invoquei acidentalmente, mas não, é apenas o garoto lobo, Seth, e sua figura me faz desejar que ele fosse um espírito maligno –Eu saberia lidar melhor com um desses.

Abro e fecho a boca, sem saber o que responder, então decido que não vou responder, só vou fugir pra longe como sempre faço.

— Por favor. — Ele pede e, por algum motivo, eu paro no meio do caminho e espero o que quer que ele tenha a dizer. — Só quero conversar.

— Não temos nada pra conversar, garoto lobo. — Eu finalmente me dirijo à ele, franzindo levemente o nariz em desgosto.

— É Seth. — Ele diz rapidamente, tentando sorrir amigável. — Meu nome é Seth.

— Eu sei.

Ele fica parado me olhando alguns instantes, sem saber o que dizer.

— Desculpe por tê-la atacado. — Ele finalmente me diz. — Eu não sabia… Eu não queria… Quer dizer, magia é proibida nas terras Quileutes, nós agimos por impulso e…

— Não me importo. — Eu o interrompo rapidamente. — Só fiquem longe, você e seu clube de cães.

— Não precisa me… nos afastar. — Ele continua insistindo, é fofo de sua parte, na verdade, mas é ingênuo e irritante também. — Não precisa ter medo, não vamos machucá-la…

— Não estou com medo. — Minto. — Eu poderia matar todos vocês, se quisesse.

A segunda parte não era uma mentira, eu provavelmente poderia sim, mas acabaria destruindo toda a reserva no processo –Não recebi todo meu treinamento, portanto sou facilmente uma bomba prestes à explodir.

— Não precisa disso. — Ele arregala os olhos suavemente. — Você está segura conosco.

— Seth. — Eu o chamo pelo nome com cansaço, assisto-o estremecer suavemente e aquele laço estranho entre nós repuxa com força. — Só me deixa em paz.

Não dou mais nenhuma chance à ele de dizer nada, só dou um último olhar em seu rosto ferido antes de virar as costas e me afastar, o diário de Mary-Annne apertado contra meu peito.

Entro no banheiro feminino e coloco o diário sobre o mármore da pia, jogo um punhado de água no rosto e suspiro pesadamente antes de ajeitar as costas e encarar meu reflexo no espelho, mas um grito fica preso em minha garganta quando eu percebo a figura atrás de mim.

Cabelos castanhos longos, um vestido medieval puído no tom de azul escuro, olhos azuis idênticos aos meus. De alguma forma, sei exatamente quem a mulher é.

— Mary-anne. — O nome me escapa num sussurro assustado, ao mesmo tempo que sua figura atrás de mim se embaça e ela some do reflexo no espelho.

Eu giro em meus calcanhares, meus olhos vasculhando todo o banheiro, mas não há nada. Nenhum sinal da bruxa traidora.

Estou sozinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!