Less Lonely Life. escrita por Jupiter vas Normandy


Capítulo 1
Everett e Katrina.


Notas iniciais do capítulo

Um pouquinho de vergonha porque sabe quando você escreve algo sem pretensão de postar e deixa o texto bobinho mesmo? Pois é, só revisei pelos erros, mas vamos que vamos.



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— Everett… – murmurou ao celular.

Silêncio.

Eurus podia sentir seu hirto temperamento desfazer-se, aliviado.

Você está bem… Eu pensei…

— Não sou como você, mas também não gosto de morrer.

Como você brinca com isso, Kat?

Provavelmente era o nervosismo com atraso da experiência de quase morte. Ela sempre reagia assim quando estava desconfortável. Humor era uma ótima forma de evitar pensar no que quer que a incomodasse.

— Não sei. De qualquer forma, só queria dizer que estou viva. Então pare com essa perseguição ao “meu assassino”, porque nem existiu um assassinato para início de conversa, como se você fosse, sei lá, um gangster obsessivo.

Não dá, eu sou um. Não sei perseguir de outra forma.

— É só não perseguir ninguém! Parou, eu estou v-i-v-a, Everett.

Ela o ouviu suspirar com decepção, junto de alguns ruídos estranhos que não conseguiu discernir.

Mas você tem certeza? Tipo, eu acabei de encontrar o cara…

— Ah, meu Deus, foi ele quem eu acabei de ouvir? Ele ainda está inteiro? Everett, não se atreva…

Tá bom, tá bom! Nossa, como você é chata… Mas é pra deixar ele ir, ou você vem pegar?

Eurus cobriu os olhos, imaginando porque as conversas com Hades sempre tomavam rumos tão estranhos. O que era aquilo, um delivery de restaurante?

— Não posso agora por razões médicas, mas se tiver como fazer ele chegar até a polícia seria muito gentil da sua parte. Principalmente se, você sabe, você não se envolver muito nessa parte.

Hm, entendi. Você tem vergonha de mim, maninha? – sugeriu, provocador. Eurus respondeu com um suspiro pouco paciente. – Relaxe, estou brincando também! Eu sei que seria estranho se a “Eurus” tiver alguma relação comigo. Não vou prejudicar você, prometo. – Ele esperou, mas nenhum dos dois disse nada. Eurus fez que ia falar, mas as palavras morreram antes de alcançarem seu irmão. Hades, porém, ouviu sua hesitação e, igualmente relutante, perguntou: – Você quer dizer algo? Você não costuma ligar… Aliás, como conseguiu meu número?

A última pergunta foi ignorada, mas a voz de Eurus vacilou um pouco quando respondeu a primeira.

— Nada… É estupidez…

Você sabe que eu adoro ouvir você falar estupidez — incentivou, conseguindo arrancar um riso fraco.

— É… É muito mais difícil do que eu pensava. Eu só… preciso ouvir de alguém que estou fazendo um bom trabalho. – Ela conseguiu se forçar a dizer, pois se sentia como uma criança buscando aprovação.

Eurus tinha os olhos marejados, enquanto tentava entender a confusão de sentimentos pela qual passava. Em parte mágoa, mas principalmente saudade. Porque antes de serem “Eurus” e “Hades”, Kat e Everett eram inseparáveis, apesar da diferença de idade de quatro anos. Ainda que tivessem uma boa relação com os outros dois irmãos, Kat e Everett compartilhavam um laço de confiança genuína. Não havia nada que não pudessem contar um para o outro, e nada era ruim o suficiente que não podia ser remediado quando estavam juntos. Kat fazia suas brincadeiras bobas e infantis para que Everett se distraísse quando ouviam todas aquelas reprimendas sobre como deveriam agir no futuro, quando fossem protetores da população, porque ele sempre parecia tão afetado pelas palavras duras de seus educadores. Ela não se importava em ouvir o dobro das reclamações por distrai-lo. Diferente dele, Kat encarava a responsabilidade com muito mais naturalidade. Ela queria ser uma heroína. Ele achava que queria ser um herói. Por sua vez, Everett sempre estava ao seu lado nos treinos e testes, e sua presença era muito reconfortante. Não que ele a ajudasse, pois interferir no rendimento um do outro era proibido, mas, enquanto todos a comparavam com os mais velhos, os gêmeos Vulcano e Chione, Everett nunca duvidou de até onde Kat poderia chegar. Kat não precisava de ajuda para vencer. Ela precisava de ajuda para perder. Precisava de alguém esperando fora da arena para dizer que não era nada demais errar um golpe ou dois se tinha acertado dezenas.

Everett era egoísta. Logo que se tornou “Hades” e percebeu o quão injusta era a projeção de todos esses deveres sobre ele, Everett fugiu. Sem outra expectativa, já que sua vida inteira havia sido moldada para um papel que não queria desempenhar, seguiu um rumo que a moral de Kat jamais se submeteria a seguir. Eles não haviam apenas se separado. Everett a abandonara num lugar onde todos avaliavam apenas em que grau Kat podia ser útil. Os gêmeos, quase dez anos mais velhos do que ela, já não viviam mais ali. Estavam sendo “heroicos”. Ela estava sozinha naquele lugar.

Deveria ter sacrificado sua própria vontade e permanecido ao lado de Eurus, ou convencido Eurus a sacrificar sua própria moral ao lado dele. Mas abandoná-la tinha sido um grande erro. Eurus nascera para ser uma heroína, qualquer um podia ver isso. Ainda assim, aquelas pessoas conseguiram arruinar esse futuro, tornando sua vocação em um fardo exaustivo, que demandava tanto dela que seu próprio nome passou a soar estranho. Ela havia se tornado Eurus. Não era uma máscara. Kat era a criança que ficara no passado.

“Eu preciso ouvir de alguém que estou fazendo um bom trabalho.” Ou talvez Kat nunca tivesse deixado de existir. Ouvir isso partia seu coração. E também o revoltava.

Kat, você não deve nada a eles e está fazendo muito mais do que eles têm o direito de exigir.— E talvez Everett ainda fosse o irmão mais velho esperando por ela do lado de fora, para dizer que ela não deveria ouvir os adultos e que não precisava ser perfeita. Seu tom mudou para outra tentativa de piada. – Acredite em mim, eu acho até que você deveria fazer um pouco “menos”, se é que me entende. Você realmente me atrapalha às vezes, maninha.

Ela conseguiu rir.

— Pare de contrabandear armas que eu paro de atrapalhar você.

Eu sou empreendedor!

— Eu acho que vou desligar agora…

Ok, ok, desculpe – riu. Seu tom tornou-se mais sério, ainda que bastante emotivo. – Mas eu gostaria que você me ligasse mais vezes, Kat. Apenas… fique bem. E se precisar de alguma coisa…

— Eu vou lembrar de você.

Antes que eu esqueça, quanto tempo você acha que leva para voltar às ruas?

— Eu não acredito… Você estava todo preocupado quando eu “estava morta”, mas já quer aproveitar minha ausência para adiantar seus compromissos? É sério? Eu não sou a única heroína na cidade, você sabe, né?

Sei, mas os outros eu posso matar. Uau, dá pra sentir daqui a sua cara de julgamento. Relaxa, Kat, eu só estou brincando. Mas sério, uns três dias? Dois dias, pelo menos?

— Tchau, Everett.

 

~*~

 

Hades era leal, embora não tão honesto. Eurus estava viva, isso era ótimo; também estava fora de atividade e isso era ótimo… Resolveria alguns negócios nesse tempo.

Quando Eurus retornou, soube logo o causador do pequeno caos inofensivo na cidade. Mais trabalho para ela, por culpa de seu irmão.

“Eu não acredito que você fez isso!” enviou uma mensagem, mais com uma revolta divertida do que irritada.

“Você salvou meu número!” comemorou, fazendo-se de donzel, enviando um gif de gatinho. “Como você está? Já deveria ter voltado às ruas? Não se esforce demais, maninha.”

“Vou matar você, idiota.”

“Como se pudesse. Mas venha tentar! ♥” Hades mandou um endereço. “Temos pizza. Não alerte a polícia, a casa não é minha.”

“Está brincando?”

“Você vem ou não?”

Hesitou. Eurus podia esperar mais um dia. Kat escolheu reencontrar o irmão.

“Certo, mas não acabamos. Vamos tirar isso a limpo amanhã.”

“Ok, compra refri no caminho. Diet.

Eurus mudou de ideia, os crimes de Hades não podiam ficar impunes.

Refrigerante diet era passar de todos os limites.


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Notas finais do capítulo

Sim, o nome verdadeiro da Eurus é Katrina, tipo o furacão, porque o pessoal que criou ela tinha zero noção.
O finalzinho seria o cap 7 da drabble (por isso tem a palavra donzel), mas eu odiei, porque achei que destoava demais do clima da drabble.
É isto, gente, obrigada pelo interesse kkkkkkk



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