A maldição da Sucessão escrita por Pms


Capítulo 40
Capítulo 40: O dia do salvador.


Notas iniciais do capítulo

- Olá!! Aparecendo depois de semanas desaparecida surgi eu com um novo capítulo.

— Me desculpem pelo atraso, final de ano aparecem muitos compromissos e eu entrei em um bloqueio criativo. Agora que a fanfic está entrando numa nova fase eu tenho que prestar mais atenção.

— Comentem!



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— Eu não vou ser chefe só por causa da imprensa. – admitiu Harry.

O dia havia começado comum como todos os outros, o sol nasceu, os comércios abriram e os trouxas saíram para trabalhar, mas Harry sabia que o dia não é habitual como os outros. O dia é especial, hoje é seu aniversário.

Ele raspa com uma força desnecessária o garfo em seu prato. A reunião com o ministro e Debby Carter não havia saído como o esperado.

Como ele já imaginava o ministro já tinha suspeitas sobre Gladstone pelo seu passado simpatizante com os comensais da morte e famílias de sangue puro, porém, suas suspeitas só foram confirmadas por Harry que nada vão ser úteis já que são só palavras de uma viúva trouxa e não provas concretas. E Carter como sempre mesmo estando numa posição subordinada a Harry já estava ciente sobre coisas que ele não sabia.

Em resumo, Harry exigiu como uma criança irritada sobre ser tratado como o chefe que foi promovido a ser, não somente o chefe para imprensa. E orgulhoso como é, ocultou as informações adicionais sobre o assassino da marca negra, deixando somente Carter informá-lo o que sabia.

Eu vou descobrir.  

Não são só palavras jogadas sendo ditas, é uma promessa. Uma promessa que Harry fez a si mesmo.

Ele irá encontrar uma forma de conseguir expor a corrupção de Gladstone, ele irá revelar a identidade do assassino da marca negra, ele irá fazer sua posição de chefe ser respeitada.

— Harry, mais um pouco irá começar a trovejar em cima da sua cabeça. – Rony comenta ao seu lado comendo um pedaço de bolo de aniversário. – Nem parece que hoje é seu aniversário.

Pode ser somente o aniversário dele, mas a comemoração está sendo feita além da Toca. Quando a guerra chegou ao fim, o dia do salvador foi criado sem ele notar. Primeiramente, eram só os jornais parabenizando ele por seu aniversário e logo depois a data começou a se chamar “O Dia do salvador” e todos os bruxos começaram a comemorar. Talvez, ele seja a única pessoa no mundo que nunca tenha tido um único aniversário de maneira convencional, em sua infância nem era lembrado, na adolescência era ofuscado pelas experiências de quase mortes e guerra e na vida adulta é um feriado festivo.

Ele não está com humor para um jantar de aniversário na Toca e nem em outro lugar. Todos bruxos querem parabeniza-lo, dão presentes, querem tocá-lo, estar ao lado dele. É sufocante ser o centro das atenções quando ele quer na verdade passar despercebido sem chamar atenção para conseguir fazer o seu trabalho. Seu desejo em descobrir o assassino da marca negra supera toda a festividade do dia.

— Já vejo uma tempestade se formando na cabeça dele. – Gina brinca acenando acima da cabeça dele.

Sua alta do hospital e férias para se curar na Toca deveria fazer Harry ficar mais animado, já que estaria perto de seu filho com mais frequência e dela consequentemente. No entanto, a presença de Gina o faz ficar mais desconfortável do que antes, ter a visão dela o deixa triste.

— Eu só estou pensando no trabalho. – diz ele capturando com o garfo os últimos resquícios de bolo de seu prato.

— Você deveria descansar um pouco, Harry. – sugere ela. – Isso já não é só seu trabalho, é sua obsessão.

— Você já me disse isso, lembra? – rebate Harry azedo.

— Eu e Rony já dissemos que vamos ajudar. – Hermione recorda tentando aliviar a rigidez das palavras de Harry. – Então, tente aproveitar o seu aniversário.

Aceitar o apoio de seus amigos nunca foi um problema, até agora. Solicitar a ajuda dos amigos no momento que todos estão duvidando de sua capacidade de chefe tornou a oferta de ajuda um problema para Harry.

A senhora Weasley parando em frente a ele com um presente nas mãos o impede de dizer qualquer coisa grosseira que passou pela sua cabeça. Harry tenta simular um entusiasmo que não sente ao abrir o presente, um cachecol.

— O tempo passa tão depressa. – A senhora Weasley está chorosa olhando para ele. – Parece que foi ontem que um menino com roupas largas e óculos redondos me parou para perguntar sobre a plataforma.

Harry sorri afetuosamente para mulher.

— Você agora é um homem. – a mulher acaricia a bochecha de Harry.

Ela está olhando com tanto carinho que Harry não pode evitar de sentir o efeito em seu humor. Ele sente por um minuto inveja de Rony que é recebedor desse olhar amoroso. Deve ser assim que é ser amado por sua mãe, ter alguém te admirando não pelos feitos como salvador, mas ter alguém te admirando por ser unicamente o menino com roupas largas que ele foi um dia.

O arregalar dos olhos da senhora Weasley leva Harry a se posicionar defensivamente. Seu filho, Tiago, montado na vassoura passa por eles numa velocidade alta e sem supervisão. Todos na sala gritam em preocupação e Harry não sabe como chegou tão rápido até o menino, só sabe que o garoto está salvo em seus braços.

— Eu disse que era má ideia deixá-lo voar com a vassoura. – reclama a senhora Weasley.

Tiago choraminga tentando se desvencilhar dos braços do pai.

— Quando ele aprendeu a voar na vassoura? – questiona Harry com a  vassoura em uma das mãos.

— Acho que há um mês. – Gina acena com a mão pedindo que Harry leve o menino até ela no sofá. – Um dia quando cheguei do treinamento o vi voando sozinho na casa.

Isso era o trabalho dele. Ele deveria ter feito isso, ensinado seu filho a voar na vassoura que ele mesmo comprou.

— Você sabia que eu queria ter ensinado ele a voar. – acusa Harry.

Gina retorna a atenção para ele inacreditada com uma fagulha de indignação. Ela já conhecia suas tendências de aborrecimento e irritação, apesar disso, dessa vez é desconhecido para ela todas as razões para tanto descontentamento.

— Ensinar e querer são coisas totalmente diferentes.

O barulho de saudações na porta e cumprimentos tira o foco da pequena discussão que iria se iniciar.

— Olá, senhor Potter. – uma voz atrás de si o cumprimenta.

Harry fica estático sem se virar e mexer algum músculo. A apreensão no rosto de Gina reflete a expressão dele.

Ele não queria se virar, mas o faz. Um bruxo de rosto corado, com uma barba castanha e curta com rugas embaixo dos olhos sorri. Havia passado tanto tempo desde da última vez que viu Amos Diggory, foi no primeiro aniversário do fim da guerra, embora fosse uma confraternização e cerimônia Amos Diggory parecia apático tudo ao seu redor. Não é algo que Harry encontra em seu rosto agora.

— Senhor Diggory. – cumprimenta Harry sem jeito e pálido.

— Trouxemos presentes. – fala Amos Diggory acenando para a esposa que conversa alegremente com a senhora Weasley. – Feliz aniversário.

— Obrigado. – agradece ele monotonamente.

A comemoração toma uma outra atmosfera para Harry. O assassino da marca negra, ministro e a reunião são completamente esquecidas e o centro dele se torna o casal, pais de Cedrico Diggory. Ele não entende e nem pergunta o motivo da aparição do casal que não via há muito tempo, porém, nos pequenos fragmentos de conversa que consegue ouvir, descobre que o casal esteve viajando o mundo após o final da guerra e retornaram há pouco tempo. Eles estavam realizando um desejo do filho que perderam.

Harry assiste toda interação do casal ansioso que nem percebe que batia os dedos incessantemente na mesa.  É um incômodo tê-los comemorando o seu aniversário, o feriado, principalmente para Harry que tem uma relação com a morte do filho deles. Ele não é o assassino, entretanto, se sente como um.

A saída do senhor Diggory para o lado de fora parece ser oportunidade necessária para fazer o mesmo e segui-lo depois de alguns minutos.

— O seu filho é muito parecido com você. – Amos Diggory está no jardim dos fundos, sentado no banco logo abaixo da janela fumando.

Harry pego de surpresa disfarça o susto e coloca as mãos no bolso.

— Sim. – É a única coisa que ele consegue pronunciar.

— Você está incomodado com a nossa presença aqui. – Amos Diggory admiti limpando os óculos. – E posso imaginar o porquê. Nossa presença o faz se lembrar dele, não é?

Harry fixa seu olhar para além da área verde da Toca.

— Posso dizer o mesmo de você. – Amos Diggory retorna os óculos para o rosto. – Eu passei esses anos que se passaram com raiva de tudo e de todos, principalmente de você. O lorde das trevas queria você, não o meu filho. – suspira ele batendo no cigarro. - Mas o tempo passa e encontramos bruxos que compartilham a mesma perda, e tentamos nos prender as memórias dele vivo. Precisou de muito esforço da minha parte para que eu entendesse que não haveria qualquer lugar que meu filho estivesse vivo enquanto o lorde das trevas e seus seguidores dominassem.

Harry toma coragem para encarar Amos Diggory. As gotas de água se juntam em seus cílios e ele parece ter se transferido para outro lugar.

— Cedrico iria ter lutado contra o lorde das trevas e poderia ter acabado morrendo da mesma forma. – continua ele com uma voz emotiva. – Então, compreendi que não havia sido sua culpa, somente do Voldemort.

Amos Diggory suspira e sua voz está embargada de choro quando volta a falar.

— Mas não tem um só dia que não me sinta culpado por ter deixado ele ir para o torneio. – funga ele. – Eu deveria tê-lo protegido, esse é meu trabalho como um pai.

Não passa despercebido por Harry que Amos Diggory apesar de não ter mais o seu filho ainda se nomeia como pai.

Estar ali se tornou asfixiante e é difícil respirar de repente. Ele tem que ir embora! 

Cedrico Diggory nunca irá chegar a ter a idade dele, o garoto não teve a oportunidade de saber como é se formar em Hogwarts, ele nunca pôde levantar a taça como um vencedor do Torneio Tribuxo pela infeliz sorte de ter estado no caminho de Voldemort e de Harry.

Quais seriam as perspectivas de futuro que Cedrico Diggory se estivesse vivo? Teria ele trabalho no Ministério igual ao seu pai? Teria ele se casado com Cho Chang? Teria ele tido filhos? Ninguém nunca poderá saber.

Ao contrário de Harry, Cedrico Diggory não tinha um destino já traçado para morte. Ele tinha uma vida longa para viver e pela infelicidade das circunstâncias Cedrico continua preso na idade que morreu e Harry ainda vive para comemorar sua data de nascimento.

Tudo se tornou silencioso e cinzento e não há o jantar de aniversário de Harry e nem “O Dia do salvador”, o dia do nascimento do garoto que salvou o mundo bruxo das trevas. O salvador que não conseguiu impedir a metade de morrer no seu processo de salvar.

Ele não quer mais estar ali. Por isso, se vira e caminha para longe da comemoração feita para ele, sentindo que não tem direito de estar nesse lugar. Uma voz chama por seu nome, mas ele está iniciando a aparatação.

 

 

 

A queimação da bebida por sua garganta não é maior do que a queimação de seu peito. Ele tenta engolir seus sentimentos junto com líquido, o fracasso, a raiva, a tristeza, o que quer que esteja sentindo, ainda assim, tudo está preso nele. 

Harry passa a mão pelo cabelo e esfrega os olhos com as palmas das mãos antes de colocar os óculos e caminhar sem rumo em sua casa. Tropeçando nas escadas, Harry sobe cada degrau com passos pesados. A pilha de presentes na sala de estar é ignorada, embora, possa ser extremamente gratificante pensar que a soma dos presentes que recebeu desde do fim da guerra é uma montanha enorme perante os presentes que Duda recebia em cada aniversário. Ele atravessa o corredor e passa para o terceiro andar. Uma iluminação forte no corredor escuro chama sua atenção, a luz vem de um quarto inutilizado por ele.

Uma música melodiosa e aguda é ouvida saindo da porta aberta do quarto. Os sentidos de Harry parecem perder a capacidade por segundos, a música se torna tudo o que consegue ouvir, as cores verde e branco são tudo o que pode ver, o cheiro doce é tudo o que sente. Harry demora a reagir por minutos. Ele fica perplexo estático no corredor olhando para dentro do quarto que deveria estar empoeirado e escuro, não com faixas pintadas em verde e branco, um berço amadeirado e bichos de pelúcia.

— Parkinson?

Ela está de costa para ele em suas veste de maternidade parada em frente a uma cômoda de madeira com uma pequena blusa azul em mãos.

— Como está sendo seu aniversário, salvador? Feliz e festivo como sempre? – Pansy não olha para ele. – Dessa vez, levantaram uma estátua de ouro em sua homenagem?

Harry adentra lentamente o quarto perdido e zonzo. Ele não havia visto Pansy nenhuma vez entrar nesse quarto. Como não viu o cômodo em sua própria casa de se tornar um quarto de bebê?

— Co- como? – gagueja ele.

— Monstro e eu. – responde ela ainda sem olhá-lo.

Faz quase um ano desde que Harry entrou num quarto de bebê. O quarto de seu primeiro filho, ele e Gina escolheram juntos cada coisa que se tornou o quarto de Tiago, previsivelmente a maior parte delas foram com temáticas sobre o quadribol e vermelhas.

— Eu deixei espaço para você colocar mais coisas de quadribol. – avisa Pansy fechando a gaveta da cômoda e com a ponta da varinha para a caixinha de música pousada em cima. – É claro que não vai exagerar, Potter. 

Harry descrente se aproxima do berço e passa os dedos pela madeira com a mão que não segura o copo.

— Se ele puxar a mim não vai gostar do quadribol. – continua ela.

Ele?

Harry volta atenção para as paredes pintadas de verde e branco, os bichinhos de pelúcia de animais mágicos.

— É um menino? – Ele se vira para ela com as sobrancelhas erguidas direcionando o olhar para a barriga. – Você está grávida de um menino?

Há um atraso de resposta, um aceno com a cabeça é o suficiente para compreensão. Harry solta um risada fraca olhando ao redor do quarto de seu filho.

— Um menino. – repete ele.

Harry consegue imaginar um garoto nesse quarto. Aliás, dois garotos brincando nesse quarto. Ele não sabe como é ter um irmão, mas está satisfeito que ambos seus filhos saberão por ele.

— Ficou muito boa a decoração, não é? – Pansy diz orgulhosa se acomodando na poltrona do quarto. – Na mansão ele terá um quarto maior, mas acho que esse aqui ficou muito bom.

A mão de Harry caí do berço.

— Como assim um quarto na mansão? – pergunta ele. – Ele não vai morar aqui?

Pansy franze as sobrancelhas em confusão.

— Sim, depois que a minha custódia acabar eu vou para a Mansão Parkinson. – Harry segura o olhar dela quando ela continua em tom de brincadeira. – Achou que eu iria ficar aqui morando com você para sempre? Acho que já fui castigada o suficiente.

Harry volta-se para o berço e gira a armação redonda presa em cima do berço, a armação que contém várias corujas de pelúcia que batem asas quando mexidas.

Foi uma novidade interessante e triste para Harry na época que Gina estava grávida. Estar tendo um filho era extasiante enquanto organizava o quarto, porém, quando deixava seu pensamento se perder em seus pais a tristeza o abatia. Ele nunca ouviria conselhos paternais de seu pai ou dicas de decoração de sua mãe. Ele nunca veria seu pai brincar com Tiago como senhor Wesley e seus netos, ou veria sua mãe o enchendo de comida. Como agora, ele nunca irá ver seus filhos brincando entre si como irmãos.

— Você é inacreditável. – solta ele uma risada amarga.

— Isso foi um elogio, Potter? – pergunta ela.

— Não. – responde Harry firmemente tomando o restante do seu copo. – Você monta todo esse quarto sem eu saber, e agora diz que não vai morar aqui. Então, por que montou esse quarto?

—  Não sei, talvez para seu filho ter onde dormir quando você trazê-lo aqui. – há uma pontada de deboche na voz dela.

— Mas você está o levando embora, Parkinson! – Harry grita dessa vez.

Ele sente uma raiva quente subir pelo seu corpo.

A imagem dos dois garotos está distante agora, se perdendo nas paredes solitárias dessa casa sombria. Tudo está sumindo, a risada de Tiago, os cabelos ruivos de Gina, os comentários sarcásticos de Pansy. Agora só há a imagem de Cedrico morto, seus pais mortos, alunos mortos, Sirius morto...

Ele nunca está em um só lado, sua vida está localizada sempre ao meio, entre ganhar e perder, ser feliz e sofrer. Sobreviver ao Lorde das trevas e ficar órfão, ir para Hogwarts e quase ser morto todos os anos, vencer a guerra e levar consigo várias mortes. Ter Gina e não poder ficar com ela, ter filhos e não ser verdadeiramente um pai. Ser Harry Potter é uma espada afiada para ambos os lados.

— Isso é meu presente de aniversário, Parkinson?! – Harry abre os braços indicando o quarto. – Um quarto vazio. É o que eu precisava para completar o meu dia!

Pansy que descansava a cabeça em uma das mãos ergue cabeça e só o observa sentada da poltrona neutra.

— Eu deveria agradecer agora?! Deveria estar feliz em estar completando mais um ano de vida, não é? - ele bufa. - Depois de tantas experiências de quase morte.

Ele deveria comemorar e agradecer por estar vivo. Deveria ficar grato pelos os pais de Cedrico não culparem pela morte dele e ainda darem o prazer da presença no dia de seu aniversário. Deveria estar orgulhoso pelo o dia dedicado somente à ele.

— Deveria estar pulando de alegria e orgulhoso pelo feriado dedicado à mim. – sua voz está alta agora. - Sabendo que algumas pessoas nunca sairão da idade que morreram. Sabendo que a maior parte delas morreram para eu ter a oportunidade de comemorar mais um glorioso aniversário!

Ele é mais velho que seus pais, mais velho que Cedrico. Ele terá um segundo filho. Ele e Gina não se casaram, ele não ensinou o filho a voar na vassoura como o seu pai havia feito, ele não colocou todos os seguidores de Voldemort em Azkaban. O que algo tem relação com a outra? Por que pensar em seus pais agora? Por que a imagem de Tiago voando na vassoura aperta seu peito? Por que ele está com raiva?

Se ele nunca tivesse ido para Hogwarts talvez Voldemort nunca teria ressuscitado, a guerra não teria acontecido e várias pessoas não teriam morrido. O nascimento dele foi o pontapé inicial para tudo o que ocorreu depois. Por que ele não poderia ter uma vida normal iguais aos outros?

Harry não percebe que está andando de um lado para o outro no quarto. Ele aperta o copo em sua mão.

Hoje não deveria ser chamado o dia do salvador. Ele não salvou seus pais, não salvou Cedrico, não salvou os aurores que estão morrendo...

Harry está arfando quando nota que o copo não está mais em sua mão e Pansy está imóvel na poltrona com uma mão na barriga e os olhos se transferindo entre ele e os cacos de vidro do copo. Ele jogou o copo contra a parede.

O quarto fica em absoluto silêncio, e só sua respiração é ouvida.

— Me desculpe. – sussurra Harry se apoiando nas grades do berço enterrando o rosto nas mãos quando nota o que fez.

Seu coração bate forte no peito, sua respiração queima suas narinas e ele treme.

— Reparo. – ele ouve ela dizer.

Pansy não se mexe e nem faz barulho após o feitiço. Ele acha que ela continua sentada na poltrona.

— Já acabou? – finalmente ela diz atrás dele após mais outros minutos de silêncio.

Harry envergonhado pelo ataque de raiva abre os olhos e fixa sua atenção numa pequena coruja branca de pelúcia deitada no berço. Uma coruja que o lembra de Edwiges, ele agarra a coruja e passa o maior tempo analisando-a. Ele não quer encarar Parkinson agora.

— Eu.... eu – ele gagueja, mas não finaliza nenhuma frase.

— Quer que eu saia? – pergunta ela.

O que ele quer?

— Eu não queria ter descontado em você. Eu só... – Ele passa os dedos pela pelugem da coruja. – Isso não tem a ver com você. Eu vi o pai de Cedrico e...- ele solta uma forte corrente de ar pela a boca. -Eu só estou cansado e estressado.

Harry para de falar, achando toda a situação patética e desastrosa. Ele gostaria que Parkinson se levantasse e fosse embora, ele gostaria de sair, mas não tem coragem de olhar para ela.

— O dia do salvador. – ironiza ele tentando tornar o momento menos constrangedor conhecendo o costume dela de zombar de sua posição de herói.

Um frio solitário e silencioso toma o quarto e é voz dela parece um sussurro distante.

— É um nome ridículo. O dia do vingador, faria mais sentindo. – ela fala e Harry ouve o movimento de suas roupas. - Você vingou as mortes quando matou o Lorde das trevas.

As palavras dela são inesperadamente um alívio para ele. Harry suspira sentindo a dura tensão em seus ombros quebrarem e um cansaço cair sobre seu corpo.

Então, há um som de passos e Pansy se aproxima para tirar a coruja de sua mão e pousar novamente no berço e entregar o copo restaurado no lugar. Harry age por instinto quando segura o pulso dela quando ela se afasta.

Há uma conversa silenciosa entre eles, um pedido silencioso de permanência. Não há mais espaço para compostura e orgulho. Os dois compartilham algo semelhante que não sabem, algo que os liga.

Ele a quer aqui com ele, ele a quer.

— Pansy... – o nome dela quase não saí de seus lábios.

Ela desliza uma de suas mãos entre eles, alisando o peito dele até o colarinho de sua camisa e brinca com o primeiro botão com os olhos queimando os dele. Harry por um momento acha que ela irá empurrá-lo, firma o aperto.

— Harry. – seu nome é um conforto saindo de seus lábios.

Ele fecha os olhos apreciando o contato frio dos dedos dela contra seu pescoço, e já cansado abaixa a cabeça e respira sobre o rosto dela antes de sentir uma pressão em seus lábios.

Harry só nota que suas mãos vagaram quando sente sob a palma de sua mão um pequeno movimento, como um chute. A pressão aumenta sob sua mão e as corujas presas no berço começam magicamente a voarem pelo quarto.

Ainda é o aniversário de Harry. Amanhã, ele poderá sentir novamente todos os sentimentos controversos sobre os acontecimentos de sua vida. Contudo, hoje, ele só irá aceitar o conforto que Pansy quer oferecer.

Pois, hoje, ele não se sente como um salvador.


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