A maldição da Sucessão escrita por Pms


Capítulo 35
Capítulo 35: Azkaban


Notas iniciais do capítulo

- Mais um capítulo para vocês! Esse é um pouco mais longo do que os outros.

— Quero agradecer a Princesa do deserto por favoritar essa história! Obrigada!

— LINK VÍDEO Astória e Draco: https://youtube.com/shorts/V6eRQVN2ECw

— Comentem!



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— Já o terceiro irmão, a morte o procurou por muitos anos mas jamais conseguiu encontra-lo, somente quando atingiu uma idade avançada, foi que o irmão mais novo despiu a capa da invisibilidade e deu-a para seu filho. Acolheu, então, a morte como uma velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram desta vida. – terminou a leitura de sua mãe.

 — Por que a morte fez tudo isso? – perguntou a pequena Daphne deitada ao lado de sua irmã. – Se ela é morte podia ter matado eles facilmente, não é?

— A morte tem seus próprios métodos, querida.

 

Seus próprios métodos.

É algo que Astória está aprendendo a criar.

Ela observa do alto da escada seu pai apertar a mão do bruxo da Suprema Corte. O bruxo que é um intermédio para que ela consiga o que deseja.

Seu pai, Apolo, espera a porta se fechar para olhar para cima em sua direção e erguer na sua mão direita o pergaminho enrolado.

Astória solta uma longa respiração que não percebeu que estava segurando antes de se virar caminhar para seu quarto.

Foram dias deitada na cama em completo estado de estupor, perdição e doença para Astória digerir o que havia acontecido. Em um momento, ela era uma noiva grávida e feliz com seu marido, e no outro ela se tornou uma assassina com um marido preso em Azkaban. Ela não sabia como tudo tinha chegado naquele estado, e também não tinha nenhuma noção como sair da situação.

Ela podia estar com o corpo imóvel na cama com os olhos vidrados em pontos específicos do teto cheio de nuvens rosas, que se assemelha ao entardecer rosado, ou até mesmo enquanto estava dormindo sua mente não parava. Ela ficava repensando cada detalhe daquela noite, do início ao fim. Foi somente na visita da curandeira que Astória encontrou forças para se erguer da cama, não foram só as poções fortalecedoras e as horas dormidas que a fizeram sair daquele estado, mas foi o filho que cresce dentro dela.

Astória naquele dia tomou a decisão de agir.

Ela adentrou a mansão Malfoy bruscamente.

— O que aconteceu? – perguntou Draco espantado ao vê-la com as roupas arruinadas.

— Jogaram poção em mim! – exclamou Astória com raiva jogando as sacolas de compras no chão. – E eu fui até o Ministério e eles só fizeram uma anotação! Em que isso ajuda?!

— Quem jogou poção fedida em você? – Draco se aproximou dela tentando entender o que havia acontecido.

Astória arrancou o casaco com raiva ofegante.

— E aqueles pessoas, quem elas pensam que são?! Pensei que a guerra havia acabado?! – ela sentiu algo quente escorrer pelo nariz. – Eles acham que são melhores que a gente?! Só porque estavam do lado certo da guerra?! São bando de rancorosos! Eu nem estava na guerra! Eu só era uma aluna!

— Se acalma! – Draco a agarrou pelos ombros fazendo encontrar o seu olhar frio. – Você vai acabar desmaiando.

Astória não percebeu que tremia e estava pálida e com a respiração escassa. Ela encarou os olhos frios de Draco que a fixaram com preocupação e cautela. Ela não sabe se foi seu lábio que começou a tremer ou se foi seus olhos raivosos que se tornaram triste que fez Draco dizer:

 – Vou fazê-los pagar.

— Eu odeio tudo mundo. – soluçou ela deixando lágrimas escorrerem pelos olhos.

— Eu também. - abraçou Draco ela.

Astória sabia que parecia uma menininha mimada chorando pela maldade dos colegas da escola, mas ela estava segurando há tanto tempo. Ela havia segurado desde de que sua irmã foi deserdada, desde de que descobriu a verdade sobre sua doença, desde que a realidade que ela vivia deixou de existir.

Draco pareceu não se importar, pois ele a compreendia mais do que qualquer outra pessoa, eles se entendiam. Ele entendia o que é ser enganado, manipulado pelos próprios pais, sabia o que se sentir humilhado e completamente sozinho e as vezes o que verdadeiramente precisava era um abraço de alguém que não iria criticá-lo ou chamá-lo de fraco.   

Porém, não é a garotinha chorosa que Draco precisa no momento ou a bruxa inválida deitada na cama, ele precisa da esposa que esteja ao lado dele, uma esposa que faça algo. E é isso que Astória decidiu se tornar naquele dia, ela pode ter um corpo frágil e doente, mas sua mente não precisa seguir o mesmo caminho.

Astória adentra o seu grande quarto pintado todo de um azul bebê de infância. Ela se assenta em sua penteadeira rosa e sorri satisfeita consigo mesma pelo seu êxito. Ela está fazendo algo por esforços próprio e tomando uma decisão, sem sua mãe tentando protegê-la, sem Daphne para cuidar dela.

Ela deixou se esquecer que tinha coragem e forças suficiente para fazer isso. Contra a aprovação de todos, ela decidiu ficar com Draco. Ela mentiu, escondeu e fugiu.

Ela pode fazer de novo.

Ela começa a desfazer sua trança lateral quando a porta é aberta.

— Pelo seu sorriso... – começa Daphne fechando a porta atrás de si. - Ele deu a permissão.

Astória acena com a cabeça positivamente.

 Daphne relutou em voltar para a casa dos pais, assim como seus pais. No entanto, Astória insistiu muito que sua irmã ficasse na casa, com ameaça que se Daphne não ficasse ela também não ficaria. A noção que Astória carrega o herdeiro da família Greengrass no ventre pesou para ambos os lados que cederam as ordens de uma grávida. 

 - Não sei porque você está perdendo seu tempo visitando um prisioneiro em Azkaban. – comenta Daphne tocando no vestido em cima da cama.

— Ele é meu marido e pai do meu filho. – relembra Astória penteando o cabelo escuro. – E ele está em Azkaban por minha causa.

— Ele devia ter estado em Azkaban há muito tempo. – corta Daphne.

Astória compreende o estado rígido e grosseiro de sua irmã. Presenciar a morte de uma pessoa que ama é algo que ela nem imagina. Aquela noite, o dia do seu casamento, está vívido em sua mente, cada detalhe está.

— Daphne, eu sinto muito sobre Grace. – pede ela olhando para irmã através do reflexo do espelho.

— Não, dizer que sente muito não irá trazê-la de volta. – fala Daphne secamente.

Astória coloca a escova em cima da penteadeira pensando. Ela gostaria de poder fazer algo para tirar a dor da irmã, se ela tivesse um vira-tempo voltaria no tempo para poder impedir tudo o que aconteceu naquela noite.

— E o que você quer que eu faça? – pergunta ela.

— Queria que você tivesse ficado bem longe de Draco Malfoy. – diz Daphne direta. - Queria que você tivesse sido inteligente para evitar essa gravidez.

— Isso não é justo! – rebate Astória se virando para irmã. – Eu te apoiei quando você abandonou tudo para viver com trouxas. Por que não pode fazer o mesmo por mim?

— Os trouxas não são tão perigosos quanto um bruxo com uma varinha. – replica Daphne friamente. - Draco Malfoy se provou diversas vezes o quanto estar perto dele é perigoso e só traz morte.

— Sim, trouxas podem não ser perigosos quanto bruxos com uma varinha. Mas podem ser muitos perigosos quando arrancam as varinhas de bruxos. – Replica Astória. – Você já viu o que eles foram capazes de fazer.

Astória cresceu em uma família preconceituosa e supremacista, seu aprendizado sobre os trouxas eram baseados no temor, medo e ódio. Histórias assombrosas sobre a tal chamada Idade média e as duas guerras trouxas foram temas bem recorrentes em suas aulas. Ela aprendeu a ter medo dos trouxas e depois a odiá-los, com a vinda da guerra bruxa ela percebeu que ambos, bruxos e trouxas, podem ser perigosos e maldosos. 

Daphne dá uma risada dolorida.

— Está falando igual a mamãe e o papai.

— E você não? – devolve Astória erguendo uma sobrancelha.

Daphne fica sem argumentos. O que ela disse do Malfoy foram palavras copiadas do discurso que a mãe delas fez ao saber que Astória estava apaixonada pelo Draco.

 Astória se vira novamente para penteadeira. Ela não quer ter a mesma discussão de sempre com a irmã. Ela vê Daphne se aproximando pelo espelho e a sente tocando em seu cabelo.

— Então, em um estado de ira a bruxa ergueu a varinha e amaldiçoou toda a geração de mulheres Greengrass. – recita Daphne passando os dedos pelo cabelo de Astória. – E para sempre toda a família fez como dever pagar dívidas e favores. Você lembra disso?

Astória assenti com a cabeça observando a irmã pelo espelho.

— Toda a noite mamãe contava para nós sobre como fomos amaldiçoados, por causa que algum bruxo da nossa família não pagou o que devia.

Astória se lembra cada palavra dessa história, uma história inventada para consolá-la e enganá-la.

— Seu sangue tão divino e adorado tornará a se amaldiçoar e engasgada com seu próprio sangue morrerá e o azul familiar será a última coisa que verá. – continua Daphne prendendo grampos em seu cabelo. – Essa é a verdadeira história.

Astória vira a cabeça interrogativamente.

— Hulda era a bruxa que fez a profecia sobre você. – revela Daphne olhando para os grampos em sua mão. – Depois que ela fez a profecia sobre você, ela começou a ser perseguida pelos nossos pais. Ela foi se refugiar na pousada de seu filho numa tentativa de se proteger já que outros bruxos também não ficaram felizes com suas premonições e profecias. Eu sempre quis saber quem havia feito a profecia sobre você e foi com a ajuda da Professora Trelawney que consegui localizar ela. Por isso, eu fui para aquela pousada. Fui atrás de respostas, porém profecias só abrem mais perguntas do que respostas.

Daphne funga um pouco fechando os olhos.

— A parte mais engraçada de tudo é que Hulda não previu a morte de Grace. – diz ela. – Tanto elas como eu, estávamos tentando fugir do mundo bruxo e o mundo bruxo nos encontrou.  Mamãe tentou fugiu dessa profecia e a fez acontecer. Aprendi que tem coisas que não conseguimos fugir não importa o quanto queremos.

Daphne coloca as mãos sobre os ombros da irmã.

— Mas você pode fugir disso, Tori. – afirma ela. – Pode fugir de um destino pior do que já está destinado a você. Malfoy não pode te salvar das consequências que vêm com ele.

— Eu não preciso ser salva. – acrescenta Astória alto.

— Mas ele precisa. – termina Daphne. – E isso é o que mais me preocupa.

Daphne coloca uma mecha solta de cabelo atrás da orelha de Astória dando um sorriso simples, um sorriso igual ao que ela dava para Astória quando eram crianças. Ela se retira do quarto em silêncio logo depois.

Astória se volta para o espelho. Ela sabe que Daphne sempre a enxergará como a irmãzinha doente, isso nunca irá mudar.

 Ela não mudou de aparência o suficiente para tirar a imagem doente de si, ela pode ter mudado a cor do cabelo de um loiro dourado para o castanho claro, mas assim mesmo ela ainda aparenta ser uma garotinha doente e fraca de Hogwarts com sua pele pálida e bochechas rosadas. Contudo, ela não se sente mais essa garotinha, e de alguma forma isso a faz achar que sua aparência está diferente.

Astória aparenta ser mais fria, mais corajosa, mais determinada. Ela aparenta ser a bruxa que matou Blásio Zabini.

Ela não percebe que uma lágrima está deslizando por sua bochecha até que pinga em sua mão.

Ela é uma assassina.

— Não. – sussurra ela. – Você só estava tentando defender as pessoas...

Um mantra que ela vem repetindo para não se sentir um monstro. Mesmo com isso, a lembrança do corpo de Blásio no chão consegue tirar mais lágrimas dela.

Ela pode chorar, ninguém saberá.

Astória se debruça sobre a penteadeira apoiando sua cabeça nas mãos balançando a cabeça negativamente para o pensamento que se repete em sua mente.

Assassina. Assassina. Assassina. Assassina.

Quem é você para falar de seus pais agora?

Uma pequena pressão em seu estômago a tira de seu círculo de auto culpa. A pressão em sua barriga é uns dos motivos que levou ela fazer o que fez.

Seu filho.

Seus lábios se erguem em um sorriso em meio as lágrimas.    

 

 

— Ele já deve estar chegando. – comunica o auror olhando para o grande relógio da sala de estar. O auror que é encarregado de vigiar a mansão Greengrass.

Astória se arruma no sofá para parecer uma figura séria quando ouve o ruído da porta se fechando e passos.

— Senhor Potter. – cumprimenta o auror se levantando quando Potter entra na sala de estar.

Astória agora entende a raiva que Draco tem de Potter. A maneira que as pessoas o olham de forma especial, como se ele fosse um milagre em pessoa é algo irritante depois de um tempo.

— Pode se retirar, Smith. – permite Potter caminhando até eles. – Obrigado por me avisar.

O auror se retira da sala orgulhoso de si mesmo.

— A resposta é não, senhorita Greengrass. – fala Harry sem delongas.

— Senhora Malfoy. – corrige ela. – Eu sou uma Malfoy agora. O documento do meu casamento com Draco foi aceito pelo Ministério.

Harry abre a boca perdido.

— Eu não sabia. – confessa ele. – A resposta ainda é não. Além de você estar em prisão domiciliar e sob investigação, você está grávida. É perigoso ir até Azkaban para uma visitação.

— Eu tenho esse documento com assinatura de alguns bruxos da Suprema Corte que permitem a minha visita como esposa, já que isso foi tirado de mim no dia da prisão dele. – entrega ela o pergaminho enrolado. – Você pode ser o chefe auror ou salvador do mundo bruxo, mas não pode passar por cima dos bruxos da Suprema Corte.

Harry fica segundos olhando para o pergaminho desacreditado antes de pegar e abrir. Astória consegue ver ele prender a mandíbula enquanto lê o conteúdo.

— Eu vou acompanhar você. – informa ele após soltar uma respiração profunda que mexeu seus ombros. – Sua visita vai ser amanhã, depois que eu conversar com o ministro.

Ele se vira para sair da sala.

— Como ela está? – pergunta ela fazendo- o parar. - Pansy?

— Ela está bem. – ele responde e se retira em pisadas fortes.

Pansy foi uma das bruxas que deixou Astória enciumada. A presença de Pansy a deixava insegura e com inveja, ela sempre esteve presente na vida de Draco desde da infância e os dois pareciam estar destinados a ficarem juntos.

Aos olhos de Astória, Pansy exalava confiança, astúcia e determinação e beleza, tudo o que ela não pensava de si mesmo. Vê-la no Ministério no dia que estava coberta com poção fedida só a deixou mais com raiva e insegura e descontar em Pansy foi inevitável como método de defesa.

Após algumas semanas morando no mesmo local, Astória pôde perceber que Pansy, assim como ela é movida pelo medo e muitas vezes pela raiva. Já em relação a Pansy e Draco, ela conseguiu ver o que eles tem não tem nada de romântico, mas sim algo fraternal.  

Astória se levanta do sofá e se direciona para mandar orgulhosamente uma carta para seus sogros, Lúcio e Narcissa Malfoy. Informando-os sobre sua visita a Draco.

A sensação é inexplicável, eles podem tê-la chamado de fraca, infértil e ser considerada não digna de ser uma Malfoy.  Está ela agora provando para eles que ela pode fazer muito mais por Draco do que eles fizeram.

 É como um presente de aniversário antecipado.

 

 

 

A carruagem balança violentamente por causa dos ventos fortes da tempestade. O estômago dela queima e ela leva constantemente a mão para massagear a pequena barriga arredondada.

— Eu disse que não era um boa ideia. – murmura Potter sentando em sua frente na carruagem ao lado do Weasley. – Você está passando mal, não está?

Astória retorna sua mão enluvada para sua bolsa em seu colo.

— Eu estou bem. – afirma ela desviando o olhar para o céu completamente cinzento.

Potter a analisa um pouco desconfiado.

— O que tem na bolsa? – indica ele para a bolsa média.

— Livros. – ela continua olhando para o céu desejando imensamente ver uma torre preta entre todo o cinza. – Eu sei que você vai revistar a bolsa quando chegarmos lá.

Um nó se aperta em chamas em seu abdômen coberto pelas suas grandes vestes de bruxa e ela fecha os olhos numa tentativa de aliviar inutilmente a queimação.

— A gente pode... – inicia Potter.

— De quantos meses Pansy está? – interrompe ela.

Ela não quer dar nenhum sinal de fraqueza que possa fazer Potter decidir virar a carruagem para lado contrário a Azkaban.

— A curandeira me disse que ela vai entrar no terceiro mês. – informa ele.

— Espero que esteja feliz. – Astória fala acompanhando a gota de chuva que desce pelo vidro da carruagem. – Espero também que já tenha pensando no que vai fazer, pois será um grande escândalo quando a criança nascer, considerando o passado de Pansy e o seu. O mundo bruxo vai cair em cima. Não em você, é claro, mas nela.

— O mundo bruxo tem coisas mais importantes para se preocupar do que com quem estou tendo um filho. – rebate ele grosseiramente.

Draco havia dito uma vez que não precisava de muito para deixar Potter bravo, só precisa ter as palavras certas. Ela consegue  ver que só a citação de Pansy e o bebê já o deixa desestabilizado pela forma como seu semblante se escureceu e ele imediatamente ficou em silêncio depois.

Astória gostaria de saber se ele está com raiva de Pansy ou de si mesmo? Se for a primeira opção, ela não quer pensar no que ele pode fazer. Ele não parece um homem que tiraria um filho da mãe, mas Astória aprendeu a nunca subestimar as pessoas.

— Chegamos. – avisa Weasley apontando para a janela.

Astória vira a cabeça para olhar. Ela não sentiu a carruagem perdendo altitude. Ela vê a fachada de pedra de Azkaban e só consegue pensar na palavra sombrio para descrever o lugar.

 Com a ajuda da mão oferecida por Potter, os pés de Astória pousa na areia da ilha e sob o capuz de sua capa ela tem o vislumbre da fortaleza que sempre ouvira falar. Por um momento ela está agradecida por seu pai ter sido esperto o suficiente para não dar apoio explícito ao Lorde das trevas, porém essa gratidão logo se vai ao pensar que Draco está em uma cela preso nesse lugar.

— Vamos. – Potter toma a frente e o Weasley se mantêm atrás dela.

Astória treme sob seus ossos, há um gelo cobrindo seu corpo. Ela sabe que não é somente por causa dos ventos gelados da chuva. É um frio cruel e morto que rodeia o lugar e congela a sua alma. 

Eles esperam diante do grande portão feito de pedra que se perde na neblina.

— Potter, Weasley e Malfoy. – anuncia alto Harry sob o barulho da chuva para o bruxo que abriu um pequena janela no grande portão.

Astória estremece e aperta as mãos na alça da bolsa quando o portão se abre produzindo um grande ruído. Um bruxo em seu manto cinza os esperam do outro lado do portão. Ele a analisa de cima para baixo quando eles passam por ele.

A entrada de Azkaban se assemelha ao um túnel escuro e sem fim. Tochas penduradas nas paredes e no teto iluminam o local para ter um visão parcial do que está ao redor.

O outro bruxo sentado folheando o jornal indica com a cabeça a mesa de madeira em sua frente.

— A bolsa. – pede Potter com a mão enluvada estendida.

Os dedos enluvados de Astória tremem quando ela entrega a bolsa. O estrondo do portão se fechando a faz pular e segurar a barriga instintivamente.

— Se assustou, princesa? – zomba o auror que estava no portão.

O outro bruxo após revistar todos os livros de sua bolsa se aproxima dela com a varinha em punho.

— Erga os braços. – ordena ele para ela.

Astória em gole em seco abaixando o capuz molhado e erguendo os braços. O bruxo passa a varinha sobre ela.

— O que isso, Potter?! – exclama ele. – Trouxe uma grávida para Azkaban?

  - Não tive escolha. – reclama Potter.

— Sigam até o final do corredor e subam uma pequena escada, lá terá as salas de visitação. - diz o bruxo devolvendo para ela a bolsa. - Podem ir.

Os ventos assopram como vozes cantando, os raios iluminam o caminho assombro e escuro que os três seguem. Astória está ofegante tentando acompanhar os passos rápidos de Potter e suando frio. Seu coração batendo forte em seu ouvido impossibilita ela de ouvir as ondas se quebrando contra as paredes escuras de pedra.

— Harry. – chama o ruivo atrás dela. – Ela vai desmaiar.

O menino que sobreviveu parece enfim perceber que estava caminhando rápido para uma grávida.

— Desculpe. – Potter se encosta na parede esperando Astória se recompor. – Eu não gosto desse lugar.

Alguém gosta?!

 Astória nunca pisaria em Azkaban se Draco não estivesse preso aqui. O lugar é horrível e cheira a sofrimento e dor, mesmo que não tenha mais dementadores rodeando o local.

Com a mão trêmula, Astória do bolso do casaco retira um pequena garrafa de prata e leva a boca tomando a poção fortalecedora. Ela fecha os olhos e presta atenção em sua respiração tentando controlá-la, mas seus ouvidos se atentam num som de ferro sendo retorcido, gemidos e gritos.

— Você está bem? – pergunta o Potter.

— Sim. – ela ergue a coluna se afastando da parede. Ao se desencostar nota uma mancha molhada na parede que parece ser um contorno de um corpo. - Vamos.

Eles caminham devagar até o corredor de salas de visitas. Embora, Astória não tenha gostado no início da ideia de Potter acompanhá-la, ela agradece enquanto caminha no corredor escuro, ter um herói de guerra como segurança vale por qualquer auror.

Potter abre o portão de ferro enferrujado para ela e gesticula para que ela entre.

A sala de visitação é maior do que uma cela, a sala é mal iluminado como toda Azkaban, o lugar está cheio de musgo e goteiras e cheira a mofo. Há duas janelas com grades e entre elas há uma lareira acesa e dois bancos de madeira. Na lateral perto de uma das janelas há uma abertura com uma escada que leva para cima.

— Eu vou ficar do lado de fora. – ela escuta o ruivo dizer.

Astória respira fundo curvando o seu lábio de nojo para o lugar.

Ao ouvir passos vindo da abertura que contém uma escada. Astória ajeita suas vestes e se aproxima da lareira para deixar que o calor do fogo lhe dê uma aparência saudável, ela não quer que Draco pense que ela está doente.

Quando Draco surgi ela engasga. Ele está pálido de uma forma com ela nunca viu, ele parece ter pedido peso pela roupa larga e rosto fino e há um roxo enorme abaixo de seu olho esquerdo e um corte em seu lábio. Ela está desacreditada como que semanas em Azkaban podem fazer mal a uma pessoa.

— Draco. – suspira Astória piscando para conter as lágrimas.

A feição de surpresa de Draco se transforma em uma raivosa.

— Não acredito que você trouxe uma mulher grávida para Azkaban, Potter. – direciona Draco azedo a Potter. – Porque não traz um bebê da próxima vez.

O auror guarda atrás de Draco dá um puxão proposital nele usando a varinha.

 - O que aconteceu com rosto dele? – pergunta Potter para o guarda.

— Não sabemos. – responde o auror dando os ombros.

 O bruxo acena mais uma vez libertando as mãos de Draco do feitiço das algemas.

— Posso falar com ele sozinha? – Astória pergunta sem tirar os olhos de Draco.

Potter e o auror se entreolham antes de saírem.

— Você tem cinco minutos. – avisa Potter fechando a porta.

Draco não faz nenhum movimento em direção a ela. Ele está olhando para ela indignado.

— O que está fazendo aqui? – repreende ele.

Astória lhe oferece sua mão enluvada quando diz:

— Eu vim te ver.

Draco aperta o nariz acenando com a cabeça negativamente e com olhos fechados.

— Essa é a coisa mais estúpida que você já fez. – cospe ele.

Ele se aproxima rejeitando a mão dela para segurar seu rostos entre suas mãos frias.

— Você deveria estar na casa de seus pais. Protegendo a si e o nosso herdeiro. – perfura ele com cinzentos frios dele.

Ele não está sendo duro com ela para castigá-la. Ele está com medo, ela vê isso na forma como ele está olhando para ela com seus olhos intensos e pavorosos.

— Beije- me. – suplica ela sentindo falta da forma que seus lábios se encaixam perfeitamente nos dela.

Ele não tem nem tempo de processar o pedido antes de ela pressionar seus lábios contra os dele. Seus lábios estão gélidos, ela sente a aspereza do corte em seu lábio, mas o recusa deixá-lo se afastar mantendo o beijo com a mão presa na nuca dele. 

Ele a afasta encostando sua testa contra a dela quando o ar falta, ambos continua com os olhos fechados.

— Como você está? – pergunta ele suavemente. – Como vocês estão?

Astória agarra a mão dele e a pousa em seu estômago arredondado.

— Estamos bem. – A mão dele acaricia a barriga dela. – É um menino, Draco. A curandeira confirmou.

— Escórpio. – murmura ele apertando sua barriga levemente.

Astória sorri.

— Sim, Escórpio.

 - Não quero que você venha me visitar novamente. – expressa ele veemente afastando pelos ombros. – Isso não é lugar para você e nem para ele.

— Eu tinha que vir. – insiste ela. – Eu teria vindo no dia do seu aniversário, mas só consegui uma autorização agora.

Draco a olha severamente.

— Essa foi a primeira e última visita. – ordena ele.

— Draco ....- começa ela para protestar.

Ele a puxa em um abraço sem aviso.

— Me escuta. – sussurra ele em seu ouvido. – Quando você for inocentada eu quero que você saia do país. Seus pais não vão se opor a você estar bem longe da Inglaterra. Vá para América, vocês vão estar mais seguros lá.

Astória enrola os braços ao redor dele.

— Eu não vou te abandonar. – cochicha ela.

— Eu irei até vocês quando encontrar uma forma de sair daqui.

Astória o empurra dando uma expressão irritada que ela consegue. Ela segura seu pulso esquerdo e levanta a manga de sua roupa de prisão até o antebraço.

— Os meus votos de casamento foram que iria te seguir até a escuridão. – ela passa as pontas dos dedos na marca negra desbotada. – E é isso que vou fazer. Eu te tirei uma vez da escuridão e farei isso quantas vezes for possível.

Draco a encara como estivesse vendo-a pela primeira vez.

— Eu vou te tirar daqui. – promete ela confiante. – Confie em mim.

Draco leva a mão para acariciar seu cabelo que está preso em um penteado com cachos e com a palma de sua mão ele abaixa alguns fios revoltosos por causa do clima de Azkaban. Ele a acha tão parecida como uma boneca, ele irá guardar essa visão dela em sua mente para que ele consiga sobreviver em Azkaban.

— O tempo acabou. – Potter abre a porta. 

Draco fica ainda minutos olhando para ela como quisesse memorizar cada detalhe de seu rosto.

— Eu trouxe livros para você passar o tempo. – Astória vai até uns dos bancos de madeira, onde deixou a bolsa e tira os livros e os estende para ele.

Draco fica completamente imóvel e não ergue as mãos para pegar os livros, ele está com expressão invisível no rosto e com um olhar fixo.

 Somente com a entrada do auror guarda que o trouxe Draco reage. Tudo acontece tão rápido, num tempo de uma piscada de olho.

Num segundo o auror estava se aproximando de Draco para algemar suas mãos com a varinha, no outro o auror está tendo sua cabeça sendo batida com força contra a parede de pedra gosmenta.

— Na próxima vez, eu vou quebrar o seu pescoço. – Astória escuta Draco ameaçar entre os dentes.

— SE AFASTA DELE! – Potter aponta a varinha para Draco. – Eu disse para se afastar!

Draco ergue as mãos dando passos cuidadosos para longe do bruxo que geme de dor e segura o nariz sangrando.

— Já me afastei, Potter. – diz Draco contragosto.

Astória fica estática se recuperando do susto. Ela nunca viu Draco agir dessa forma com tanta violência, aliás, ela nunca viu Draco ser violento.

 Harry se coloca atrás de Draco algemando suas mãos com a varinha.  

— Seu desgraçado! – tenta o bruxo atacar Draco.

No entanto, Weasley na porta cria uma barreira invisível entre eles.

— Rony, tire ele daqui. – manda Potter.

Draco está com um sorriso satisfeito quando Astória volta a olhar para ele. O sorriso some por uns segundos se tornando uma feição ameaçadora quando o auror dá uma última olhada para ele antes de sair pela porta.

— Você está proibido de receber visitas a partir de agora, Malfoy. – informa Potter.

Draco recusa a encontrar o olhar de Astória quando saí da sala escoltado por Potter.

Por que Draco havia feito isso? Ela não entendia. Seria para impedi-la de visitá-lo novamente?

Então, ela se recorda do olho roxo e o corte no lábio.

— Deixe-me ver. – ouve ela Weasley dizendo para o auror no lado de fora da sala.

Ela saí da sala e marcha até o auror.

— Foi você que o machucou? – interroga ela apontando o dedo acusatoriamente para ele.

— O quê?! – exclama o auror segurando um lenço nariz. – Ele que me machucou!

— Responda a pergunta. – exige Astória rudemente. – Foi você que deu a ele um olho roxo e o corte no lábio, não foi?

 Ela e Weasley esperam a resposta. A resposta negativo e nem afirmativa eles obtêm.

— Acabou de perder o seu emprego. – comunica Astória. – Fique feliz que não foi sua vida.

Ela sente Weasley a fitando igualmente ao Potter que retornou.

Ela não os espera dessa vez, ela sabe o caminho que veio. Ela vai tirar Draco daqui, nem que ela precise pagar todos os guardas que puder, nem que ela faça uma explosão acontecer na cela de Draco.

Ela vai tirar ele daqui!

Astória caminha determinada pelo corredor escuro. Um frio congelante e afiado perfura seu corpo, uma inspiração forte sopra em seu ouvido e tudo é escuridão.

Ela sente algo quente escorrendo pelo seu nariz e a dor apertar em seu abdômen fazendo-a cerrar os punhos. A dor vem como as ondas que batem nas pedras, uma mais violentas que a outra. Um medo toma conta dela, nunca havia sentindo uma dor tão forte que faz as lágrimas escorrerem pelo seus olhos.

 Avada kedrava.

O feitiço passa rápido pelo seus lábios. O corpo caí pesado no chão, morto.

Ela matou Blásio Zabini. O terror de ver o corpo a faz gritar, ela quer fugir, ela quer correr e se esconder.

Assassina! Assassina! Você o matou!

A respiração fica entalada em seu peito e seus olhos giram nas órbitas.

— EXPECTO PATRONO!

A luz de um cervo afugenta o vulto preto.

— Pensei que não tinha mais dementadores aqui! – grita uma voz.

Ela está petrificada e treme compulsivamente.

— Você está bem?! – pergunta Potter distante, porém ela sente a mão dele em seu rosto.

Ela cerra os dentes sentindo uma dor forte em seu ventre.

— Preciso... ir – geme ela sentindo longe, como estivesse caindo no sono. - ... Ao St. Mungus.

Ela está tão arrependida. Ela não pode perder seu filho. Ela o ama.

Ela e Draco já escolheram o nome, eles pensaram nos nomes um dia antes de se casarem. Eles foram descartando cada nome até chegarem ao um único nome de menino e menina. Eles quiseram seguir o costume das antigas famílias bruxas por gostarem da ideia de homenagear e profetizar um futuro que seu filho terá, como ele será.

Seria o filho deles uma constelação de uma animal que derrotou um deus com uma simples picada e ao mesmo tempo seria um deus que observa do alto.

Ela está caindo em uma escuridão. Ela desmaia com o nome nos lábios.

Escórpio Hipério Malfoy


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Notas finais do capítulo

- Perdoem qualquer erro.



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