Vibrato escrita por Artemísia Jackson


Capítulo 4
You got me


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece, não é? Bom, devemos desculpas a todos por essa demora absurda em atualizar, mas bloqueio é uma coisa imensamente complicada, e escrever em conjunto significa passar por bloqueios em conjunto. Geralmente o fim de ano deixa o povo assim mesmo, meio estagnado. Então, não farei mais promessas de atualização, espero que compreendam. Sem mais delongas, vamos ao capítulo inspirado nessa musiquinha linda ♥


https://youtu.be/HbmTsO_y6R0

Ps: ao final do capítulo, vou deixar uma nota com todas as musicas e seus respectivos cantores, porque as vezes o link do youtube não vai.



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Harry estava sonhando acordado enquanto encarava o céu pela janela quadrada de seu novo quarto, sentado num banquinho que Duda tinha dispensado por não ter encosto — desde que fizera sua ameaça, os Dursley se mostravam muito mais amigáveis, concordando até mesmo que ele merecia mais do que um mísero quarto no porão. Não que o garoto tivesse pedido ou previsto essa mudança, mas também não ia reclamar, obviamente.

Sorrindo para as nuvens brancas que deslizavam pelo pano de fundo azul claro e brilhante, Harry se lembrou daquele último domingo, possivelmente o melhor que tivera na vida desde a morte dos pais, mesmo que tivesse sido atacado por um "rolo compressor na forma canina", como dissera Draco. O passeio tinha ocorrido há três dias, e desde então eles não se falaram mais, embora Harry ainda esperasse pela mensagem prometida. Andava agarrado ao celular — principalmente porque não precisava mais escondê-lo dos tios ou do primo —, suspirando pelos cantos. Era patético e ele sabia, mas não se importava.

Ainda refletindo sobre como paixonites deixam as pessoas idiotas, Harry se sobressaltou com o vibrar do celular, agarrando-o e puxando-o do bolso com violência, ávido por notícias de todo-mundo-sabe-quem. Os músculos de sua face doeram graças ao seu enorme sorriso ao visualizar o nome na barra de notificações, mas ele não podia se importar menos enquanto abria o aplicativo do Instagram. Então, de repente, ele parou e encarou o aparelho em sua mão com uma expressão de dúvida no rosto.

E se Draco percebesse que estivera esse tempo todo esperando a tal mensagem? Acharia que ele estava desesperado? Porque, tipo, era óbvio que ele não estava, certo? Céus, e se o músico achasse que ele sonhava com o casamento dos dois? Tudo bem, talvez ele estivesse sonhando com os dois juntos, mas casamento já era demais!

Preocupado demais com a impressão que ia passar, Harry se levantou, largou o celular no banco e se jogou na cama, disposto a se manter longe do aparelho por um tempo. Com a cabeça embaixo do travesseiro, ficou grunhindo e resmungando como um velho para se distrair, até desistir, jogar o travesseiro para longe e voltar até seu banco na janela, decidido.

— Isso é ridículo, não estamos num jogo e eu não preciso fazer esse tipo de coisa — declarou para si mesmo, subitamente confiante. Tinha certeza que a demora de Draco se devia a agenda ocupada, e não a jogos ridículos de conquista.

dracomalfoy_oficial: Ei, Pottah.

Finalmente consegui

uma folga na agenda.

Quinta depois das aulas

está bom pra você?

harry_pot: ei, Malfoy,

p mim tá bom.

dracomalfoy_oficial: Certo,

pode deixar que

te busco.

harry_pot: q cavaleiro!

mas sério, n precisa.

dracomalfoy_oficial: Mas

eu quero.

Ora, Pottah, você

viu o sinal do

universo que recebemos

domingo, não viu?

harry_pot: q sinal?

dracomalfoy_oficial: Cachorros

não podem ficar soltos

por aí.

harry_pot: você é um idiota.

vai me buscar aonde?

dracomalfoy_oficial: Em

casa?

Nesse momento, Harry travou por uns instantes e encarou mensagem enquanto mordia os lábios, indeciso. O que os Dursley pensariam? Ainda que estivesse com uma vantagem sobre eles, abusar nunca era uma boa ideia. Mas, por outro lado, seria legal ver a cara de tacho da família quando visse alguém chique como Malfoy lhe visitando. Sim, Harry assentiu para si mesmo, sorrindo. Valeria a pena só pela oportunidade de ver a expressão dos tios.

harry_pot: pd ser.

dracomalfoy_oficial:

Combinado.

harry_pot: certo então.

dracomafoy_oficial: Não

tá esquecendo nada,

não?

harry_pot: o q??

dracomalfoy_oficial: O

endereço, Potter!

harry_pot: oh, é mesmo!

Rua dos Alfeneiros,

N° 4.

dracomalfoy_oficial: Agora

sim. Vejo você amanhã,

Pottah Dog.

harry_pot: há há há,

você deveria ser comediante.

até amanhã, Malfoy Snake.

Sorrindo para o emoji de dedo do meio junto de uma cobra que Draco havia lhe mandado, Harry bloqueou o celular e pulou até a mala onde guardava suas coisas, procurando a roupa menos feia que pudesse encontrar. Afinal, só porque ele estava indo fazer compras com Draco, não significava que precisava ir como uma espécie de mulambo ou algo parecido. E foi assim que Harry Potter gastou o resto da tarde: procurando uma roupa legal para ir às compras com Draco Malfoy, ladrão dos seus melhores sorrisos e talvez — só talvez —, do seu coração.

Espreguiçando-se como um gato, Hermione inclinou-se para trás com cadeira da escrivaninha, equilibrando-a perigosamente em suas "pernas" traseiras a fim de esticar-se devidamente e relaxar seus músculos. Estava exausta, porém satisfeita. Afinal, que tarde poderia ser mais perfeita do que uma tarde repleta de estudos, novos conhecimentos e visões de mundo, além de mais chances de entrar numa faculdade? Para ela, ao menos, nada poderia ser mais revigorante.

Seus devaneios foram interrompidos por um suave som de Mozart que ecoou no quarto, fazendo-a franzir as sobrancelhas em uma expressão intrigada. Ela levantou até e andou até a cama, onde seu celular havia sido largado, e encarou a tela. Indecisa, Hermione agarrou o aparelho cuja tela indicava uma ligação de um número não identificado, que lhe incomodava pela terceira vez naquele dia. Normalmente, a jovem declinava tais ligações, pois estava familiarizada demais com os berros que sucediam seu curioso "alô" — alguns colegas da Academia realmente se dedicavam a prática de bullying — , mas por algum motivo, não sentia que era aquele o caso, principalmente porque trocara de número e sempre fora muito cuidadosa em compartilhá-lo.

Como o toque insistiu e Hermione não poderia resistir por mais tempo, vencida pela curiosidade ela deslizou o dedo pela tela e atendeu a ligação, deixando o aparelho bem longe de si enquanto aguardava. Foi só quando ouviu uma saudação baixa e suave chiando que ela se aproximou do celular, realmente intrigada agora.

— Senhorita Granger, está me ouvindo?

Boquiaberta ao reconhecer a voz do outro lado da linha, a garota sentou-se na beirada da cama, cheia de perguntas que ela não mesma não poderia responder.

— Pansy Parkinson, é você? — indagou, incrédula.

— Ah, sim, eu mesma! Fico feliz que reconheça minha voz, embora não esteje realmente surpresa. Sabe como é, já me acostumei a ser inesquecível.

— Claro que não está surpresa, senhorita inesquecível. — zombou Hermione, de forma muito sarcástica. — E posso saber como você conseguiu meu número?

— Tenho minhas fontes. — gabou-se a voz em seu típico tom convencido.

— Claro que tem... E ainda tem a cara de pau de acusar Harry de ser um psicopata stalker, quando essa é a descrição que tem muito mais a ver com você! Mas enfim, a que devo a honra de ser stalkeada por tão ilustre senhora? Deseja comunicar-me que conseguiu prender meu amigo por um crime hediondo como respirar perto de Draco? — era inevitável alfinetar, Pansy parecia despertar seu lado mais afiado e sarcástico.

— Oh, não, ainda não tive esse prazer! Quem sabe amanhã, já que os dois vão sair juntos para o shopping ou sei lá o que... Eu liguei para tratar com a você, mesmo, Granger.

— Eles vão sair? E como assim, comigo? — estranhou a jovem, finalmente se rendendo ao cansaço e deitando na cama, encarando o teto enquanto se atentava a voz do outro lado.

— É, eles vão sim. E não sei como poderia ser mais clara ao dizer que meu assunto é contigo.

— Mas eu sei: você pode ser mais clara esclarecendo qual é assunto.

— Ah, bom ponto! Eu liguei para pedir desculpas.

— Ora, isso sim é uma surpresa! — Hermione não pôde evitar a exclamação, tampouco o pulo que a fez voltar a se sentar na beirada da cama. — Pensei que você não se arrependesse de enforcar pessoas, achei que fosse um hobbie.

— E é, e minhas desculpas não são pelos enforcamentos, eles fazem parte do meu trabalho.

— Ué, se não é por isso que quer desculpar-se, pelo que diabos seria? — Hermione estava decididamente confusa agora.

— Por ter gritado. Principalmente na segunda vez, mesmo sabendo que isso te incomoda. Desculpe, Granger.

Um silêncio se estendeu por alguns minutos, devido à surpresa que impediu Hermione de responder. Sequer tinha palavras para se expressar. A jovem estava muito tocada por aquela consideração toda que Pansy estava demonstrando ter por sua pessoa.

— GrangerAinda está aí.

— Estou sim... é só que você me pegou desprevenida. Mas enfim, eu agradeço muito a gentileza de se preocupar, mas não fiquei realmente chateada, as pessoas esquecem, é normal.

— Não sei com que pessoas você convive, Hermione, mas não é normal esquecer de um comportamento que machuca as pessoas de quem se gosta. Aposto que o tal do Harry nunca esquece disso, não é?

— Não, ele realmente não esquece. — Hermione sorriu para a parede, lembrando com ternura do cuidado que Harry tinha com essas coisas. — Mas quem diria, você tendo boas opiniões do psicopata stalker.

— Dray é muito seletivo, seu amigo deve ter seus méritos para conquistar a atenção dele dessa forma. Mas ainda estarei de olho. Enfim, voltando ao assunto: vou provar que não cometo o mesmo erro mais de duas vezes e me desculpar decentemente te enviando um ingresso VIP para a abertura da turnê do Draco. Você não irá me ver gritando lá, Granger.

— Abertura da turnê? — Hermione pulou de verdade da cama nesse momento, ficando em pé. — Isso é incrível, Pansy, mas não precisa, eu já sei que se arrependeu e...

— Não é questão de precisar, eu quero dar esse presente e vou, já está com seu amigo e ele te entregará amanhã, eu acho. Não aceito devoluções.

— Uau... bem, nesse caso, só me resta agradecer imensamente e dizer que suas desculpas estão mais do que aceitas.

 Perfeito. Te vejo no evento então, Senhorita Granger. Boa noite.

— Boa noite, Senhorita Parkinson.

O telefone foi desligado sem enrolações, o que acabou até mesmo decepcionando Hermione. Porém a jovem logo afastou tais sentimentos, decidindo que deveria ser grata pela grande honra de ser convidada VIP para uma abertura de turnê tão importante. Aquilo sim era um presente e tanto! Com certeza, compensava os dois berros de Pansy que fora obrigada a ouvir que fizera seus ouvidos zunirem por toda uma noite.

Sorrindo e praticamente dançando pela casa, a garota se arrumou para dormir, e quando enfim se deitou, sonhou acordada até de fato conseguir dormir. Mas antes de pregar os olhos, uma pergunta ecoara incessantemente em sua cabeça: por que ela estava mais feliz com a perspectiva de rever Pansy do que com o evento em si?

Haviam alguns dias em que Harry secretamente desejava ter poderes mágicos.

Ele gostava de se imaginar em um outro mundo no qual ele era um grande bruxo e vivia uma vida de aventuras. Desde a morte dos pais, aquele mundo havia sido o seu refúgio, o lugar para onde corria quando as lembranças o mantinham acordado e os Dursley se mostravam mais cruéis. Afinal, quando se passa muito tempo sozinho, a única coisa com que se pode contar é a sua imaginação.

Aquele era um dos momentos em que ele sentia falta do seu eu mágico. O que não daria para ter a capacidade de fazer os ponteiros do relógio avançarem mais rápidos até o instante em que o sinal da Academia tocaria, libertando-o para o seu encontro com Draco. Mas, infelizmente, no mundo em que vivia, não havia nada que ele pudesse fazer além de apoiar a cabeça nos braços e encarar de mau-humor o lado de fora do prédio e o Sol extremamente convidativo que brincava com os narcisos do jardim que floresciam em comemoração a chegada da Primavera. Seus pés se agitaram e olhos relancearam novamente para o relógio: mais duas horas até a doce liberdade. Um pigarrear nada discreto o despertou de seus devaneios e ele ergueu o rosto apenas o suficiente para encontrar a expressão reprovadora de Hermione.

— Você está fazendo de novo — ela ralhou.

— Desculpe, vou parar. — O garoto forçou os pés a ficarem quietos, e sentiu toda aquela energia nervosa se acumular em seu corpo. Talvez ele acabasse explodindo por culpa dela e por isso faltaria ao encontro, não por estar nervoso, isso nunca!

Harry voltou a contar os segundos, acompanhando o ponteiro que os marcava movendo-se vagarosamente em seu caminho. Cinco, dez, quinze minutos e o seu cérebro se encontrava agradavelmente sonolento. Aulas de história tinham esse poder sob a turma e a voz do Professor Bins recaia sobre eles como um sonífero natural. Hermione, como sempre, parecia ser a única capaz de resistir ao estado quase unânime de torpor. Do seu lado esquerdo, Rony cochilava abertamente, um fio de baba escorrendo pelo queixo. Duas cadeiras a frente, Luna parecia concentrada em uma revista, usando um par de óculos 3D cujas cores se destacavam de forma berrante em meio ao tom amadeirado dos uniformes. Ele piscou novamente para o relógio e acompanhou a mão de Hermione se mover e mover pela folha em sua caprichosa letra, preenchendo-a com apontamentos precisos os quais seriam sua salvação quando o período de avaliações finais enfim começasse. Parecia um sonho pensar que dali a apenas três meses ele estaria formado.

As pálpebras pesaram e a bochecha afundou contra a espiral do caderno ainda vazio. Bom, talvez se ele também tirasse um cochilo o tempo enfim passasse mais rápido. Convencido, Harry se acomodou melhor na cadeira. Porém, claro que não seria tão fácil. Os olhos mal haviam se fechado quando um cutucão insistente o trouxe de volta dos planos recém-formados.

— Só dessa vez, Mione, eu prometo — ele resmungou.

— Como se fosse a primeira vez que eu ouço isso. — A garota rolou os olhos.

— Você não tem anotações para fazer?

— E você não tem encontros para marcar?

Aquela frase foi o que bastou para despertá-lo. Endireitando a postura, ele olhou em volta para se assegurar que ninguém estava prestando atenção à conversa dos dois e então se voltou para a amiga que sorria com superioridade, como se houvesse acabado de gabaritar outro teste.

— Como você sabe disso?

Ela deu de ombros, ainda sorrindo.

— Tenho minhas fontes.

— Sei. — Seus olhos se estreitaram, desconfiados. — E elas por acaso se escrevem com dois P's?

— Essa não é a questão aqui — ela rebateu, o rosto ficando vermelho. Harry sorriu, satisfeito por ter acertado. — De todo modo, tem algo que você queira me dar?

Ele a olhou por vários segundos, confuso com a pergunta aparentemente sem sentido. Seus neurônios estavam ocupados demais repassando as últimas conversas com Draco para notar que até o presente momento ele ainda não havia entregado a ela o ingresso.

— Oh, sim! — ele exclamou ao perceber o erro. Rapidamente enfiou a mão na mochila e puxou a pasta, pescando dela as entradas. — Eu sinto muito, Mione, eu estive tão ocupado com as mudanças dos Dursley que acabei esquecendo de te entregar.

— Sem problemas, Harry. Fico muito satisfeita em saber que você teve coragem para enfrentá-los daquele modo. Espero mesmo que com isso as coisas melhorem a partir de agora.

— E tudo graças a todo o material legal que você teve o trabalho de pesquisar. Obrigada de verdade, Mione. Acho que não posso te agradecer o suficiente.

A garota agitou a mão, afastando a fala dele.

— Sabe que não foi nada.

— Para mim, significou tudo.

— Seja como for, consegue imaginar como essa experiência vai ser incrível? — ela perguntou animada ao tomar o que era seu em mãos, desviando o assunto para outro que sabia ser de maior interesse do amigo. — Normalmente, nós só veríamos pela televisão, mas nada se compara a presenciar o espetáculo todo ao vivo! Me falaram que a lista de convidados é super exclusiva.

— Aham, te falaram, não é? — ele alfinetou, incapaz de se segurar. — Por que não admite logo que a raivosa senhorita mata-leão entrou em contato?

— Porque foi apenas isso que aconteceu — ela retrucou com muita dignidade, guardando o ingresso e retomando a caneta. — Ela apenas quis me avisar gentilmente sobre as entradas e nada mais.

Harry inclinou a cabeça e piscou de forma inocente.

— Mesmo?

— Você quase me faz querer desligar o meu aparelho. Precisa ser tão persistente? — Os lábios de Hermione se pressionaram em uma linha fina. Para disfarçar o constrangimento, ela correu os dedos pelos cabelos fofos e desviou do olhar penetrante do garoto. — Nós podemos ter conversado um pouco — revelou. — Mas não estamos saindo como você e um certo Malfoy. Já foi o quê, a terceira vez em apenas algumas semanas?

— O que posso dizer? Apenas aconteceu. Nós nos divertimos juntos, enfrentamos um cachorro, sabe, apenas um passeio normal. — Ele não conseguiu impedir a risada boba que saiu de seus lábios ao relembrar a expressão rabugenta de Draco ao ser derrubado por Canino.

— Ainda assim, você sabe que não posso evitar de me preocupar. — As sobrancelhas castanhas se franziram, causando ondinhas de tensão em sua testa. — Não acha que isso está indo rápido demais? Vocês mal se conhecem.

Foi a vez de Harry ficar constrangido e usar a desculpa do cabelo — ainda que ele soubesse ser impossível domar os fios rebeldes, nada o impedia de tentar. Pensou que talvez seus pensamentos acerca desse assunto fossem demasiado bregas para serem compartilhados, mas Hermione sempre fora muito compreensiva, além de ser sua melhor amiga. Respirando fundo, ele ergueu o olhar para as orbes sérias e avaliativas dela, tomando sua decisão.

— É estranho, sabe, Hermione. Mas sinto como se o conhecesse a vida inteira. — revelou por fim, mantendo a voz baixa. — Eu sei que é louco, talvez tenha zero chances de dar certo e eu nem sei bem o que estou fazendo, mas não quero parar. Estar do lado dele me passa uma sensação que eu não sentia há muito tempo.

Hermione deu um pequeno sorriso, compreendendo mais da questão. Racionalmente, sabia que era loucura, que Harry corria grandes riscos de sair daquilo machucado e que ela deveria alertá-lo sobre isso. Porém, seu lado racional também tinha plena consciência que apelar para a razão não ia fazer nenhuma diferença, e apenas afastaria o amigo de si — contra aquele oponente que não deve ser nomeado, estatística nenhuma teria vez. Então Hermione apenas suspirou resignada, tomando ela mesma sua decisão: se certificaria de estar por perto enquanto aquele grande show se desenrolava, mantendo os joelhos preparados para amassar os órgãos genitais de Draco Malfoy caso ele magoasse Harry. Finalmente, ela voltou a encará-lo, retomando a expressão de seriedade.

— Eu confio em você — ela disse, antes de retornar a atenção para o professor e mergulhar novamente em suas anotações — Só espero que saiba onde está se metendo, Harry.

— Eu também espero, Mione, também espero.

Como um pássaro que é libertado de sua gaiola, Harry voou para casa tão logo foi liberado da Academia, despedindo-se afobadamente dos amigos e ignorando suas risadinhas e comentários irônicos. Afinal, não tinha tempo nem disposição para nada que não fosse correr para casa a fim de comer e se arrumar para o encontro com Draco.

Igualmente disposto a ignorar as indagações dos tios, assim que chegou, Harry correu para os aposentos, parando no caminho apenas para roubar um pacote de torradas e suco na cozinha, silenciosa e sorrateiramente.

Quando enfim fechou a porta do quarto, se permitiu suspirar enquanto engolia algumas torradas com a sutileza de um monstro faminto. Enfiando o alimento goela abaixo, o garoto largou a mochila e começou a percorrer o quarto, pegando as roupas que já tinha deixado separadas e procurando artigos importantes como desodorante, toalha, cueca e meias limpas. Estava prestes a sair do quarto rumo ao banheiro quando decidiu dar uma espiada no celular a fim de consultar as horas, e quase teve um enfarto: Draco estaria ali em trinta minutos!

Amaldiçoando o correr das horas sádico que agora parecia zombar de si, ele caminhou com pressa até o banheiro, tentando se tranquilizar com o pensamento que tinha mais que o suficiente de tempo disponível, uma vez que se arrumava rápido. Mas mesmo enquanto pensava isso, a campainha tocou e o seu coração pulou. Harry voltou correndo para o quarto a fim de espiar pela sua pequena janela o jardim dos Dursley, avistando um carro preto elegante e discreto. Qual a chance de um carro com aquela discrição não ter relação com Draco? Provavelmente nenhuma.

Perguntando-se se tinha entendido errado o acerto dos horários em algum momento, Harry desceu as escadas correndo, na esperança de alcançar a porta antes de algum dos tios. Infelizmente, não teve essa sorte, pois Petúnia já estava parada na porta, parecendo muito surpresa com o que via.

— Pois não, em que posso ajudá-lo? — indagou ela, servilmente.

— Eu vim buscar o Harry, ele já chegou?

— Estou aqui, Draco. — Harry enfim se pronunciou, saindo do último degrau da escada e se encaminhando para o Hall. — Desculpe, tia, eu esqueci de avisar, nós temos um compromisso e ele ficou de me buscar.

— Imagina, não tem problema, entre, querido, entre. — Petúnia, encantada pela aparência elegante que Draco possuía, parecia deslumbrada e nem sequer olhou para o sobrinho enquanto a figura esguia e altiva deslizava para o interior da casa.

— Que é que está acontecendo, Petúnia, esse moleque está lhe aborrecendo? — tio Válter surgiu de repente no alto da escada, o tom ríspido indicando a irritação que sentia ao ser acordado da soneca pós almoço.

— Não, Válter, temos visita. — replicou a mulher, constrangida.

Draco, que observava a cena atentamente, mal conseguiu conter sua expressão de desagrado ante ao modo que o tal Válter — agora ao pé da escada e encarando a cena com interesse — dirigiu a Harry. Olhou de soslaio e decidiu que também não gostava da mulher, pois conhecia os modos de um bajulador de longe. Voltou o olhar para a única pessoa que lhe interessava naquele lugar, decidido a ignorar os adultos.

— Eu acho que entendi mal os horários, não estou pronto ainda. — Harry apressou-se a dizer.

— Ah, não, você não entendeu errado, eu que me adiantei. Passei por um lugar aqui perto e quis aproveitar para passar aqui. Não se preocupe, eu posso esperar. — Draco tranquilizou-o, torcendo para que ele não percebesse que na verdade o que o levara ali fora a ansiedade de encarar seus olhos verdes brilhantes.

— Hm, certo, não vou demorar muito. Você pode esperar no meu quarto...

— Não seja bobo, Harry. — interrompeu-o Petúnia, gentil e solícita. — Seu amigo pode esperar na sala de visitas, tem chá e biscoitos.

— Exato, se chama sala de visitas por um motivo, não é? — exclamou Válter, numa tentativa de ser cômico e agradável, pois decidira, ao avaliar o porte elegante do visitante, que seria interessante cair em suas boas graças.

O sobrinho volveu o olhar para os tios, parecendo surpreso, e então voltou-se para Draco, esperando que ele decidisse o que desejasse.

Embora tivesse antipatizado com Petúnia e Válter, o músico pensou que tentar confraternizar na sala seria uma boa oportunidade de conhecer um pouco mais de Harry e de como ele vivia, sem contar que poderia estar sendo preconceituoso, julgando assim os parentes de Harry sem conhecê-los — embora sua intuição sobre pessoas desagradáveis geralmente não falhasse.

— Tá tudo bem, Potter, eu posso esperar aqui. — Draco enfim se pronunciou, tranquilizando-o. — Não tenha pressa, eu posso esperar.

— Certo. — Harry sorriu tímido e subiu correndo para o banheiro, trancando a porta e despindo seu uniforme o mais rápido que podia.

Afinal, ainda que Draco estivesse tão disposto, não tinha pretensão alguma de obrigá-lo a aguentar a presença dos tios além do necessário.

Infelizmente, sua intuição se mostrara tão assertiva como sempre fora: os tais Dursley eram totalmente desagradáveis, bajuladores e falsos. E pelo pouco tempo que passou com eles, soube que eram negligentes com Harry. Draco tinha um instinto especial para detectar negligência parental, pois anos sofrendo desse mal aguçaram sua sensibilidade para reconhecê-lo. Era algo nem tão sutil, perceptível na falta de consciência deles sobre as ambições de Harry, sobre as amizades que cultivava, seu desempenho na Academia e até mesmo na ignorância acerca daquele simples compromisso que teriam.

E, como se isso não fosse desagradável o suficiente, ainda tinha o tal primo de Harry. Que criatura deprimente! Draco teve certeza que uma planta morta possuía mais QI que o garoto, que apesar de sua estupidez e aparência de Peppa Pig, ainda se sentia no direito de insultar o primo. E os pais nada faziam além de olhar orgulhosos para aquele monstrinho perverso que estavam criando.

Mas pelo bem de seu adorável e novo hobbie de "levar o cachorro para passear", ele aguentou estoicamente, exceto por dois ou três comentários sarcásticos lançados ao tal Duda, que sequer pareceu compreender a ironia. Depois de tão penosa hospitalidade, ver Harry — com aqueles seus belos olhos brilhantes, sua roupa simples e desgastada e os cabelos rebeldes — foi mil vezes melhor do que já teria sido normalmente.

— Estou pronto, podemos ir. — anunciou, parecendo tão ansioso por deixar a casa quanto ele estava.

— Então vamos. — Draco levantou-se do sofá e lançou um breve olhar a família Dursley, forçando-se a falar, não sem uma boa dose de ironia. — Foi um prazer conhecê-los.

— O prazer foi nosso, volte sempre! — exclamou Petúnia, que estava decididamente ainda mais encantada com ele depois de descobrir que era um músico famoso, embora não aparentasse entender bulhufas de música clássica.

Ele deu um sorriso pequeno e virou-se, dando as costas a sala e caminhando elegantemente até o Hall, onde Harry o esperava com a porta já aberta. Eles não falaram nada até que estivessem dentro do carro, se dirigindo ao seu destino — cujo motorista já parecia estar ciente desde que chegara ali.

— Preciso admitir que não gosto muito da sua família — falou Draco, sem poder conter sua língua por mais tempo.

— Por quê? — perguntou Harry, parecendo mais curioso do que surpreso.

— Eles são bajuladores, parecem o que Jane Austen definiria como "afetados demais para o bom senso" e não sabem absolutamente nada sobre você, e eu esperava no mínimo descobrir toda sua ficha criminosa e seus grandes feitos nerds, como normalmente as famílias expõem, mas eles só ficaram falando daquele leitão com cérebro provavelmente já assado e cujos neurônios a essa altura devem estar queimados! — Draco não pôde evitar sua explosão, porque Harry o deixava confortável demais para que conseguisse se controlar em sua presença. Procurou nos olhos verdes algum sinal de reprovação por ter sido tão crítico, mas seu acompanhante apenas gargalhava.

— Ai, meu Deus, eu preciso usar isso com Duda! E, aliás, você está certo sobre tudo e eu também não gosto dos Dursley, mas é tudo que me resta da família. Era isso, ou um orfanato. — Harry revelou, cessando suas gargalhadas nas últimas frases.

— Entendo... Mas eu quero que você saiba que eu não menosprezo seus parentes por aparência nem por nada que não seja o modo como percebi que te tratam, ok? É só que é divertido zombar de todos os aspectos de uma pessoa má ou desagradável, mas eu jamais zombaria de alguém em circunstâncias normais. — Draco sentiu que precisava se explicar, porque não queria ser mal interpretado por Harry.

— Ei, relaxa, Dray. — gracejou Harry, se aproximando e deitando a cabeça em seu ombro. — Na verdade, eu gosto disso, de você ser sincero comigo, não importa o quão venenosos... não, peçonhentos, já que cobras são peçonhentas... enfim, não importam quão peçonhentos ou venenosos sejam seus pensamentos. Além do mais, você só disse verdades, e eu sei que você não julgaria pessoas só pela aparência ou bens.

Draco suspirou, aliviado, e deixou-se inspirar o perfume do shampoo de Harry, pensando se contava ou não. Decidiu que podia deixar aquela confissão para outro momento, pois já tinha dito demais em tão pouco tempo. Por ora, bastava aproveitar do calor de Harry contra si e o perfume que seus fios rebeldes exalavam.

— Eu estou me sentindo ridículo.

Harry observava suas sobrancelhas franzidas no reflexo enquanto se perguntava por que havia estado tão animado para a chegada daquele dia. Estava claro que todo e qualquer pensamento meloso que houvesse tido havia passado bem longe da realidade: Draco Malfoy era implacável. E ele, pobre Harry, não tinha a mínima noção do que o esperava quando foi praticamente empurrado em direção ao provador e uma pilha nada modesta de vestes jogada em seus braços. Agora, duas horas e cinco lojas depois, ele sentia os pés doloridos como nunca tinha sentido e estava mais do que preparado para jogar a toalha e sentar em um dos bancos da praça de alimentação com um belo sorvete refrescante. Draco, é claro, ainda estava só começando.

— Vamos, Potter, eu posso ouvir você aí resmungando de frente ao espelho, mas como eu avisei mais cedo, não vamos comprar nada que eu não aprovar primeiro. Então faça um favor a si mesmo e saia para que eu possa ver.

— Você é um tirano — a voz abafada pela cortina veio acompanhada de um bufar exasperado.

— Vá se acostumando, quando se trata de roupas saiba que eu levo isso muito a sério. — Draco devolveu. — Agora saia logo daí se quiser voltar para casa ainda hoje. Temos muito trabalho pela frente e uma porção de lojas a serem visitadas.

Harry afastou a cortina e caminhou até o sofá onde Malfoy o esperava muito a contra gosto. Ele se sentia preso como uma sardinha em lata naquelas roupas chiques. O suor se acumulava na nuca e tinha quase certeza que fazia um longo tempo desde a última vez que tinha respirado. Tentando não tropeçar e cair, criando toda uma cena, ele parou diante os olhos claros e muito analíticos do violinista. Era óbvio em seu rosto que ele estava se divertindo com aquilo.

— E então, satisfeito? Podemos ir embora?

— Oh, pelo amor de Hilary Hahn, você está ridículo — foi a resposta que obteve, cortada por uma grande risada.

Harry gostava de ouvi-lo rir daquele modo, tornava a grande figura artística que ele era, com aquelas maçãs do rosto afiadas e a expressão distante, mais humana e próxima de si. No entanto, ele realmente não gostava daquela roupa e ser zombado por isso fez o sangue correr mais rápido para suas bochechas.

— Eu avisei a você — retrucou, tentando reunir o máximo de dignidade que ainda lhe restava dada a situação.

— Não seja tão ranzinza, Potter, vai ficar com a testa franzida permanentemente assim. Troque de roupa e nós vamos tentar em outro lugar.

A frágil esperança que Harry vinha cultivando se quebrou.

— Precisamos mesmo? — perguntou, arrasado. — Não podemos apenas aceitar a derrota de que não há nada que vá servir em mim neste lugar e ir embora?

— Desistindo tão cedo? Eu esperava mais — Draco zombou com meio sorriso. — Além disso, você pediu minha ajuda. Devia saber no que estava se metendo. — As sobrancelhas claras se ergueram, nem um pouco impressionadas com o beicinho que Harry estava fazendo no momento. — Agora vá se trocar. Não saíremos daqui até encontrar algo que fique bom em você.

Com um muxoxo desanimado, o rapaz obedeceu. Minutos depois, eles saíram da loja e Harry tentou não dar atenção para a expressão de desapontamento no rosto do dono de quem sentia uma dor profunda por perder um cliente com tanto potencial (e dinheiro). Estavam caminhando pela via, observando as lojas e suas fachadas elegantes e grandes anúncios de promoções especiais, quando, sem qualquer aviso, Draco agarrou o seu pulso e praticamente o arrastou em direção a uma loja mais afundada e modesta cuja pequena placa balançava acima de suas cabeça ilustrando uma varinha e com os dizeres: Trapobelo Moda.

— É aqui — o músico disse, quase sorrindo de animação.

Harry não conseguiu segurar a risada incrédula que lhe subia pela garganta.

— Que espécie de sexto-sentido bizarro você tem? Como pode saber?

Draco rolou os olhos teatralmente, os dedos ainda bem seguros em sua pele, e apenas o arrastou para entrada com mais confiança.

— Acredite em mim, eu sou um artista, tenho um dom para isso.

E foi assim que quinze minutos depois, Harry estava espiando a si mesmo em um espelho de corpo inteiro emoldurado em madeira vermelha antiga e tendo que admitir para si mesmo que o Malfoy estava certo: ele tinha mesmo um dom. Ainda incrédulo, alisou a seda macia da camisa verde-garrafa que usava sob o casaco acinzentado e as calças sociais combinando, surpreso com o quão bem aparentava estar. Harry nunca tivera roupas novas como aquelas, muito menos algo que lhe caísse tão bem como se houvesse sido feito especialmente para ele. Por isso, não conseguiu afastar o espanto dos seus olhos arregalados.

— Essa cor combina com você, destaca os seus olhos — Draco disse, parecendo muito orgulho de si mesmo, enquanto avançava para ajeitar a gola torta que lhe incomodava. Havia um sorriso de canto em seus lábios o que fez as orelhas de Harry esquentarem com a proximidade. Eles já estiveram próximos assim antes, mas havia algo de mais íntimo nesse contato, no deslizar lento das mãos que escorregavam pelo tecido sedoso e paravam exatamente sobre o seu coração acelerado. Perto assim ele podia ver os cílios espessos de Draco e o brilho apreciativo em seus olhos claros. O calor aumentou, subindo por suas veias como uma chama acesa e fazendo suas mãos se erguerem sem seu consentimento, desejosas de tocá-lo e sentir novamente o contato da pele dele contra a sua. — Parece que você está pronto para a festa.

Harry enfiou as mãos delatoras no bolso e pigarreou para afastar o constrangimento.

— É, parece que sim. Tudo graças a você e ao seu bizarro sexto-sentido.

Draco bufou e se afastou, acenando para a única atendente e indicando que iriam levar as peças. 

— Todo aquele tempo gasto e é assim que ele me agradece — resmungou consigo mesmo, muito embora Harry notasse que não passava de uma brincadeira. — Onde estão os seus modos, Pottah?

Harry riu e entrou na onda. Inclinando-se para jogar seus braços ao redor dos ombros dele, sabendo muito bem que ele nunca esperaria por aquilo, ele o abraçou, aproveitando para sussurrar em seu ouvido:

— Perdoe-me por isso, ó vossa excelentíssima excelência. Saiba que eu estou verdadeiramente grato pela sua ajuda no dia de hoje, mesmo que me tenha feito passar todas aquelas horas em pé diante de cinco espelhos diferentes.

Ele sentiu os ombros de Draco tremerem em uma risada silenciosa e logo as mãos dele envolveram as suas com delicadeza.

— Mal posso esperar para te ver usando elas no evento.

Com os batimentos voltando a ecoar em seus ouvidos, Harry assentiu e então se enfiou novamente no provador para trocar as novas roupas pelas antigas, tentando sem sucesso acalmar sua pulsação. Vá com calma, disse para si mesmo inutilmente.

— Você já está pronto, Potter? — a voz de Draco veio do lado de fora, provavelmente estranhando a sua demora.

— Estou — respondeu meio engasgado e então abandonou o seu esconderijo, o seguindo de volta para a via, agora com várias sacolas penduradas nos braços. Harry tentou argumentar que aquilo era demais, mas o loiro logo o forçou a calar a boca e aceitar as peças como um presente sincero. Ele não tinha força o suficiente para argumentar contra, então apenas se jogou no banco do carro sentindo-se meio envergonhado, mas indescritivelmente feliz. Havia sido um dia bom.

Não demorou muito para que estivessem de volta à Rua dos Alfeneiros, n° 4. O sol há muito havia se posto e o mundo estava coberto pelo manto azul que a noite trazia. Harry desceu do veículo e olhou para a fachada da casa com uma sensação curiosa de que havia acabado de emergir de um outro mundo. Ele se virou para agradecer a Draco mais uma vez e o encontrou parado ao seu lado, a expressão fechada em um descontentamento evidente.

— O que aconteceu? — perguntou, confuso com aquela súbita mudança em seu humor.

— Não gosto muito da ideia de te deixar com eles — Draco admitiu, erguendo os olhos para os orbes verde-mar e os assistindo escurecer.

— Está tudo bem — Harry garantiu, baixando o olhar e mordendo o lábios sem saber como lidar com a súbita preocupação expressa. Algo lhe dizia que Draco entendia mais do que estava dizendo, mas sentia que este não era o melhor momento para questioná-lo sobre isso. — Eles não estão tão ruins agora.

As sobrancelhas dele ainda estavam franzidas e Harry sentiu sua respiração acelerar ao sentir os dedos dele tocarem sua bochecha, virando o seu rosto para encará-lo diretamente. Ele não poderia escapar mesmo que quisesse. E, bem, Harry não queria.

— Ainda assim — Draco insistiu, a intensidade banhando suas linhas e deixando-o ainda mais altivo. —, qualquer coisa que acontecer eu quero que venha falar comigo. Farei o que estiver ao meu alcance para ajudar.

Harry engoliu a emoção que engasgava em sua garganta e, com um fio de voz, conseguiu dizer:

— Pode deixar que será o primeiro a saber.

— Nos veremos novamente na abertura no domingo. — Malfoy assentiu, parecendo satisfeito com suas palavras e entrou novamente no carro, baixando a janela apenas para acrescentar. — Não se atrase.

— Vou tentar. — ele riu, assistindo o outro fazer um sinal para o motorista e o veículo começar a se afastar. — Até domingo então.

Era uma promessa e Harry estava disposto a fazer de tudo para cumpri-la.

 


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Notas finais do capítulo

Lista das músicas e seus respectivos artistas:
1. Lost song, Ólafur Arnalds;
2. Can't help falling in love, Haley Reinhart;
3. Step at the time, Jordin Sparks;
4. You got me, Colbie Caillat.

***

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