My Work Here is Done escrita por Labi, MrsNobody


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

E mais uma vez aqui estamos nós com ideias idiotas.
Eu (Labi) como amante do género de Kaitou (eu amava Kamikaze Kaitou Jeanne e Saint Tail em criança) e a Mrs.Nobody como amante de Sailor Moon, decidimos juntar as nossas paixões e escrever esta idiotice.

Metade em Ptpt e metade em ptbr porque é assim que somos.

É suposto ser uma comédia leve, idiota e vagamente fantasiosa então é isso que será.



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Apenas as luzes dos carros da polícia iluminavam a entrada do museu numa panóplia de vermelho e azul. Os agentes conversavam em grupo ali e outros, já dentro do edifício, procuravam o suspeito de ter acionado o alarme.

O barulho era alto e irritante, parecia ecoar na cabeça de toda a gente e piorava a concentração que era necessária para tentar encontrar a origem de toda a confusão.

Um novo assalto. 

Era já o segundo naquele mês e o Inspetor Katou Haru sabia que seria diferente de todos os outros. Sempre era. Não havia um modus operandi no geral, nem um alvo. Na realidade, em grande maioria das vezes havia apenas danos de propriedade, mas não havia exatamente um roubo por assim dizer.

Essa era só parte do problema: não havia um roubo, ou pelo menos nunca se encontrava nada em falta, mas isso depois de propriedade privada ou grandes instituições públicas serem invadidas e a polícia acionada.

Os agentes ali continuavam a resmungar e a correr de um lado para o outro, tentando vasculhar todas as salas e alas do Museu de Arte Moderna pela milésima vez, sem sucesso. Os ficheiros das câmaras de segurança tinham sido misteriosamente deletados, como sempre. Não havia rasto além do testemunho dos seguranças, vidros partidos, o alarme e a porta do escritório do diretor arrombada.

Um dos polícias veio avisar Katou do que ele esperava: mais uma vez, não tinham apanhado o culpado.

Katou agradeceu o rapaz, mas assim que ele virou costas tirou do bolso uma carta muito amarrotada e só de olhar para aquela caligrafia já sua conhecida – cuja identificação continuava um mistério – a sua raiva aumentava exponencialmente e o sangue fervilhava. Continuava sem conseguir chegar ao Idiota (porque na sua cabeça, era assim que lhe chamava) mesmo com todos os avisos que recebia.

Desta vez tinha encontrado a carta no parapeito da sua janela (no 13º andar, sem varanda. Como? Nem ele sabia.) mal abriu as persianas ao acordar.

Escusado será dizer que estragou o seu dia e que o seu mau humor parecia fazer uma nuvem negra à sua volta. 

Voltou a reler, procurando inutilmente mais alguma informação que possa ter escapado entre aquelas linhas escritas num papel rosado cheio de flores delicadas estampadas à volta.

 

“Bom dia Inspetor Katou.

Gostava imenso de poder ver o seu belo rosto nesta manhã primaveril, mas creio não ter tempo para ficar à espera que acorde. Esta noite vou visitar o Museu de Arte Moderna. Conto consigo para que me venha ver e finalmente tentar prender-me com essas suas algemas como sei que tanto deseja. Assim, quem sabe, talvez amanhã de manhã o seu rosto seja a primeira coisa que eu veja ao acordar  ; )

 

Beijos do eternamente seu,

Mascarado.”

 

O inspetor amassou o bilhete, bufando como em um desenho animado. Maldito mascarado com aquele maldito flerte naquele maldito bilhete. 

Maldito!

Guardou o bilhete no bolso da calça e ajeitou a jaqueta larga, aproximando-se do dono do museu, que reclamava com os guardas locais: “Como puderam deixar que isso acontecesse? Tive que cancelar um jantar com o prefeito por causa da incompetência de vocês!”.

“Hey!”, Katou chamou, e assim que o dono (um homem franzido e de nariz empinado) olhou para si, o inspetor abriu seu caderninho de anotações, “Inspetor Katou Haru, responsável pelo caso. O senhor confirma que não houve roubo?”.

O homem ajeitou a gravata e pigarreou, sua voz ainda irritante, mas menos azeda: “Pelo que pude constar, nenhuma obra de arte foi roubada. Mas só terei certeza depois de uma longa e minuciosa inspeção”, explicou, logo questionando: “Você acha que foi o Mascarado?”. Katou piscou, estranhando o sorrisinho do homem, “Não podemos afirmar nada--”, “Ah, que pena”, ele disse, interrompendo Katou, “Imagine a publicidade que ganharemos se for confirmado que o Mascarado esteve aqui! Ele é muito famoso, sabia?”.

Katou deixou o queixo cair, e depois franziu o cenho, “Famoso? Ele é um criminoso! Não importa se ele nunca foi pego ou nunca se descobriu o que foi roubado, ele invade propriedades privadas e causa danos. Não é alguém que deva ser adorado!”.

O homem deu de ombros, “Se deve ou não, não sei. Mas atrai visitas, que pagam bilhetes. É o que importa.”

Em sua defesa, Haru estava a ter uma noite difícil, pois em qualquer outra situação teria mordido a língua e evitado uma dor de cabeça. Mas não, teve de discutir de volta.

“E dinheiro é tudo o que importa?!” , reclamou com o homem e este franziu o sobrolho, “Acha que consegue pagar as contas do museu com boa vontade, Inspetor?”

“Não, mas-”

“Então não seja ingénuo!”, disse num tom condescendente, “Se ser assaltado pelo Mascarado me trouxer visitas, eu vou lucrar com isso!”, apontou-lhe o dedo, “E você, faça o seu trabalho!”

“Eu estou a fazer o meu trabalho! Estamos todos!”, respondeu num tom de voz mais alto, “Toda a gente aqui tem casa e família para estar e era muito melhor que andar aqui a perder tempo à procura de um lunático problemático!”.

O homem bateu os pés, e sua baixa estatura não parecia mais tão pequena, “Então se querem tanto voltar para casa, parem de me aborrecer e concluam o caso logo!”, ele voltou a lhe apontar o dedo no peito, e Katou rosnou, pronto para responder.

Mas algo o calou: com o canto do olho, ele viu algo brilhar no fundo do corredor, e suspirou, “Entendido”, disse e se afastou do homem, que ajeitou os cabelos e empinou o nariz.

O inspetor seguiu até o brilho, certificando-se de que ninguém o seguia. Como imaginava, era mais um bilhete do Idiota Mascarado, e ao redor dele estava uma máscara branca cheia de brilhantes:

“Boa noite, Inspetor Katou.

Esperei-o o máximo que pude, e foi com grande tristeza que percebi que você se atrasaria para o nosso encontro. Espero que esteja livre nesta sexta-feira às 20 horas, pois a Família Kambe oferecerá um baile de máscaras pelo aniversário de um dos familiares.

Convido-o para uma dança comigo, a máscara é um presente.

Daquele que mais o adora,

Mascarado.”.

Haru queria gritar, bater na parede, explodir uma bomba, alguma coisa. Aquele maldito Mascarado fazia a sua paciência esgotar-se. Mas quem é que ele pensava que era?! A família Kambe era uma das mais influentes do Japão e ele tencionava, de todos os lugares, invadir a propriedade deles? Que loucura!

Ainda no mesmo envelope tinha uma outra carta, esta ainda mais elegante e com o símbolo da família Kambe impresso num dos cantos. O convite para o baile, com o seu nome escrito em letras douradas e as recomendações de dress code, horário e lugar.

O inspetor sentia-se manipulado a fazer o que ele queria e isso, acima de tudo, deixava-o completamente fora de si.

Amarrotou o papel em irritação (mesmo que de seguida o voltasse a endireitar para dobrar e guardar) e guardou a máscara no bolso interior do seu casaco, longe da vista de olhares que podiam devanear.

 

Ninguém na sua divisão sabia sobre as cartas.

Quando o trabalho do Mascarado começou a ficar público, o dito cujo nem sequer denominação tinha. Foi Saeki a responsável pela denominação. Amante de romances shoujo, doramas e de clássicos de literatura, ela dizia que havia algo de misterioso, trágico e sedutor num homem que escondia a sua identidade. Ela suspirava pelos cantos, imaginando que tipo de passado atormentado ele teria, se era alguma reencarnação de um príncipe do Espaço ou se tinha poderes mágicos. 

Ela era a única mulher na divisão de Crimes Modernos e portanto nenhum dos rapazes realmente entendia o que ela queria dizer. Muito menos Haru. Um criminoso nunca deveria ser glorificado. Mas a verdade é que o caso começou a ser mais frequente e eles precisavam de dar um nome ao ladrão e portanto a ideia de Saeki acabou aprovada: Mascarado.

O nome era usado apenas internamente, como referência. O problema foi quando o idiota, de alguma forma, descobriu isso e começou a usar esse nome.

Como?  Haru.

Numa das primeiras tentativas de perseguição, Haru quase que o apanhou.

Viu a sua capa flutuante ao virar da esquina e correu até ele. Como lutador de judo e com todo o treino que tinha, o inspetor conseguiu saltar para o derrubar e ele, desprevenido, tropeçou e caiu no chão com tudo junto do começo das escadas.

Haru prendeu-lhe os pulsos com uma mão e usou a outra para lhe mostrar o distintivo.

Primeiro erro:

“Inspetor Haru Katou. Polícia Metropolitana de Tóquio.  Está preso por invasão de propriedade e roubo recorrente. Tudo o que disser pode e vai ser usado contra si em tribunal.”

O ladrão sorriu. A máscara tapava os seus olhos, mas era claro a sua expressão implicante. Haru tentava tirar o maior número de pormenores possíveis: pele clara, olhos num tom roxos, cabelos negros, jugular bem definida e um rosto quadrado tipicamente masculino.

“Não acha que é uma posição um tanto atrevida a que está agora, Inspetor?”

Ah tinha a voz mais grave e aveludada do que Haru esperava.

“Calado, Mascarado!”

O sorriso parou por um breve segundo em confusão, até voltar em dobro e Haru sabia que tinha feito merda nesse exacto momento.

“Mascarado? É esse o meu nome?”

“Calado!”, reclamou de novo, “Não por muito tempo!”

Segundo erro:

Guardou o distintivo e ia usar a mão livre para lhe tirar a máscara e descobrir a verdadeira identidade. O plano seria perfeito.

Mas o Mascarado era engenhoso.

Num movimento rápido, abraçou-o com as pernas e com uma força que Haru não contava, inverteu as posições. Sem lhe dar tempo, roubou as algemas que o polícia tinha penduradas no bolso do casaco e prendeu-lhe os pulsos, usando os ferros do corrimão das escadas como ponto de ancoragem.

Depois da expressão confusa de Haru veio a fúria desmedida ao se perceber em tal situação embaraçosa.

“HEY! SEU GRANDE IDIOTA! QUE MERDA PENSAS QUE ESTÁS A FAZER?!”

O Mascarado acocorou-se ao lado dele, sacudindo o pó da sua roupa e sorriu, “Que parece, Inspetor? Estou a fugir. Mas com muita pena minha. O Inspetor é adorável quando está irritado.”

Haru continuou aos berros, exigindo respeito e que o soltasse, sendo naturalmente ignorado. Sabia que os reforços estavam a chegar, mas temia que não o fizessem a tempo. O criminoso foi até um vaso ali perto e arrancou uma das flores, voltando para junto do Inspetor e pousando o cravo vermelho, um tanto seco, no colo do policia esperneante, “Tenho de ir Inspetor, tenho muito trabalho para fazer ainda. Mas foi com todo o gosto que conversei consigo hoje. Deixo-lhe uma lembrança minha. “ , piscou o olho, “Quem sabe se não nos cruzamos por aí? Até à próxima, o meu trabalho aqui está feito.”

“VOLTA AQUI!”

Ele riu e atirou a capa dramaticamente pelo ombro antes de saltar o vão das escadas.

Segundos depois, os reforços de Haru chegaram.

As cartas tinham começado a aparecer na semana seguinte. Eram ridículas. Escritas à mão (o sistema não reconheceu a caligrafia), assinadas (com uma assinatura igualmente desconhecida) e tudo isto num papel rosado de veludo com rosas por todo o lado que devia ser estupidamente caro.

Haru tinha pensado em mostrar aos seus superiores as cartas: elas avisavam onde seria o próximo roubo porque o Idiota (Haru ainda o chamava assim na sua cabeça) era convencido o suficiente para achar que não seria apanhado.

Mas…

E havia sempre um mas…

O conteúdo das cartas era embaraçoso. O Idiota ficava no flirt consigo, fazia sugestões um tanto indecentes, apenas disfarçadas pelo tom aristocrático e implicativo com que ele escrevia.

Haru não era a pessoa mais púdica, ainda assim isso não era impedimento para por vezes corar. De raiva, naturalmente.

As cartas começaram por aparecer na sua caixa de correio, eventualmente dentro do seu carro, na sua janela no 13º andar, uma vez veio por baixo do guardanapo no Starbucks, chegou a ser um email também, outra vez caiu por cima da porta de um provador numa loja de roupa enquanto ele lutava por entrar numas calças pequenas demais. Tinha inclusivé uma vez sido entregue por uma criança que num tom simpático lhe disse “O senhor ali pediu para entregar isto.” e quando Haru olhou já não estava ninguém.

Haru decidiu aproveitar os pequenos créditos de “adivinhar” onde o próximo ataque seria, mas a frustração de nunca apanhar o criminoso só aumentava.

Se o Mascarado achava que ia sempre safar-se, estava enganado. 

 

 

Na manhã após o assalto no Museu, Haru entrou no escritório com um café preto gigante, umas olheiras a condizer  e um bom-humor de afugentar toda a gente num raio de kilometros.

Resmungou os bons dias e sentou-se no seu computador. Kamei ficou em silêncio por uns segundos até comentar, “Não conseguiste fazer nada?”

“Não, nem o vi.” , resmungou.

O loiro suspirou, apoiando a cabeça no queixo, “Ah, isso é tão chato, Katou-senpai”, reclamou, “Os roubos, ou tentativas de, do Mascarado são sempre tão interessantes, mas saber que você não o consegue apanhar já está ficando entediante”. Haru piscou, olhando para o mais jovem, “Como assim?”, Kamei deu de ombros, “Qual é, Katou-senpai! É a primeira vez que você não consegue pegar um ‘bandido’”, ele fez sinal de aspas com os dedos, “E esse jogo de gato e rato já enjoou.”, sorriu, “Quando avançamos para o próximo nível?”

O inspetor deixou o queixo cair, franzindo, em seguida, o cenho, “Kamei, isso não é uma série de televisão ou um jogo de video-game! É a vida real, e não sabermos a identidade desse idiota só piora a situação!”, se levantou e pegou sua jaqueta, “Precisamos descobrir logo quem ele é e o que pretende com esses assaltos e destruição de patrimônio”, resmungou, e Kamei piscou, “Hey, aonde vai?”, “Pegar um café”, “Mas temos café ali”, “Outro café”, reclamou e deixou a sala.

Ugh, maldito Kamei com suas malditas comparações nerds! Pior que ele, só mesmo Saeki, que andava a desenhar o Mascarado pela agenda nos últimos dias. Aparentemente o fã-clube faria uma festa a fantasia, e ela queria que a sua fosse a melhor de todas.

Haru suspirou, esfregando os dedos pelas pálpebras, e pediu um café bem forte ao rapaz atrás do balcão. Ao sentar-se confortavelmente, ele retirou de seu bolso o último bilhete do Mascarado, onde ele o convidava para o baile da família Kambe.

Haru sabia que o aniversariante, o jovem Kambe Daisuke, já era importante nos negócios da família, e o Inspetor não podia, simplesmente, deixar a oportunidade de capturar o Mascarado passar batido. Olhou a bela caligrafia uma última vez antes de voltar a guardar o bilhete.

Ele iria ao baile.

Só não sabia bem o que vestir.

Saeki seria a sua salvação. Só tinha de lhe pedir sigilo.


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