Too Late escrita por ro_dollores


Capítulo 15
Capitulo 15




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Ela abriu os olhos e a primeira pessoa que viu foi Calebe.

“Oi!”

“Oi … o que aconteceu?”

“Eles disseram que você desmaiou! Um médico virá para explicar, eles mediram seus sinais, fizeram alguns testes, parece bem. Greg … me ligou!”

“Cadê os meninos,  a Cath …”

“Todos esperando para poder entrar!”

Ela cerrou os olhos, seu peito ainda estava apertado, mas respirava bem melhor.

“Espere … e Grissom? Quanto tempo estive aqui … como ele está?”

“Ainda em cirurgia, há menos de duas horas … se acalme … querida!”

Em um gesto automático, ela retirou sua mão sob a dele e olhou para o outro lado. Ela queria dizer a ele que Grissom tinha se jogado no lugar dela, mas achou que ele não deveria saber, ia parecer tão íntimo! No momento havia um assunto muito complexo também!

“Eu vi você … ela está com seu calendário … deu a ela? Foi um simbolismo para parar o tempo e eternizar a data?”

“Não é o que está pensando ...  não dei nada a ela.”

“Era você naquele foto, Calebe, sua casa, seu quarto, não minta para mim!”

Ele abaixou a cabeça, uma lágrima correndo em sua face.

“Me perdoa Sara, eu tinha bebido …”

“Foi na noite da festa, não é?”

“Sim …” - Ele ainda não conseguia para as lágrimas.

“Você estava diferente … o que houve com ser honesto?”

“Eu me perdi em minhas ações … eu … estava inseguro … eu sei … isso não …”

“Inseguro … você? A culpa foi minha, então?”

“Não … por favor, podemos conversar com mais calma … você não está em condições …”

“De entender uma traição? Eu disse à você ...eu não compartilho…”

“Eu sei … eu também concordei … me perdoa de verdade. Eu estava fora de mim … bêbado …”

“Pode chamar os meus amigos? Ou o médico? Preciso sair daqui … preciso …”

Ela quase entregou que queria ver Grissom, mas conseguiu frear seus impulsos.

“Tudo bem … conversamos depois, mas … por favor, não me impeça de voltar …”

Mais uma vez ela olhou para a janela, a copa de algumas árvores balançavam com o vento e lançavam sombras sobre o piso branco. Ela o ouviu sair, não queria mais falar com ele, precisava de seus amigos, precisava de Grissom. Saber o que estava acontecendo.

“Ei … que bom que está acordada.”

Um jovem médico segurou sua mão e analisou suas pupilas, ajustou algo sobre sua cabeça e puxou a cadeira a olhando com simpatia.

“Você teve uma crise de ansiedade, seu cérebro teve um … colapso e entrou em pânico. Sua pressão foi alterada de repente e como estava há muito tempo sem se alimentar, suas reações foram potencializadas. Todos os seus níveis estão normais agora.”

Ela sabia o que sentiu. Foi o medo apavorante de perder Grissom!

“Seus amigos querem vê-la, depois precisa de um pouco mais de descanso.”

“Você saberia me dizer sobre o CSI que sofreu um acidente?”

“Sim … este hospital está em polvorosa com a quantidade de pessoas preocupadas com ele. Não arredam o pé daqui. Ainda em cirurgia.”

“Ele é um bom homem …” - Sara olhou além dele. - “Ele salvou a minha vida.”

“É um caso delicado, mas tenho certeza que vai poder agradecer a ele!”

“É o que esperamos!”

“Bem …  vou chamar seus amigos, depois, por favor, precisa pelo menos de um pouco mais de repouso. Posso liberá-la em duas horas após a  visita deles, ok?”

Todos os seus amigos e colegas quiseram falar com ela, mesmo depois que o doutor havia explicado com detalhes sobre o surto que a levou a ficar sem ar e desmaiar.

Como estava em uma unidade de atendimento não prioritário, e se sentindo muito melhor, a sala pode receber quase todos de uma vez. Eles tentaram acalmá-la, falando ordenadamente um de cada vez. Greg parecia mais preocupado e roía as unhas como uma garotinha.

“Você nos deu um susto!”

“Eu estou bem … onde está Jim?”

“Aguardando para receber informações …. sobre Grissom …”

“A cirurgia ainda não terminou?”

“Não …”

“Meu Deus, Nick … quanto tempo mais?”

“Ele sofreu uma fratura aberta e perdeu bastante sangue, luxou o braço e o joelho foi lesionado também, por conta de algumas pedras quando tocou o chão.”

Suas pálpebras estavam pesadas e ela precisou de um esforço extra para ouvir que ficasse bem e vários beijos em sua testa.

Eles se entreolharam quando ela sussurrou o nome de Grissom, muito baixo mas audível.

Sara abriu a porta com todo cuidado, ela tinha implorado para não ir para casa e quase foi às lágrimas para poder pelo menos, vê-lo mesmo que à distância. A cirurgia tinha demorado horas, fios ligados a aparelhos e por todo ele a deixaram ainda mais impressionada, uma faixa cobrindo sua testa, os olhos inchados, um braço imobilizado e boa parte do ombro, assim como sua perna direita. 

Pelo menos era o que conseguia ver através do vidro.

Medo! Muito medo! Um pouco de revolta pelos garotos inconsequentes!

Angústia e esperança se mesclavam em meio à tormenta de seus sentimentos.

Raiva de si mesma, inconformismo por ele ser como era, e em nenhum momento ela se lembrou de Calebe e ele estava a observando bem atrás dela. Ele viu tudo, as mãos espalmadas na porta, o choro convulsivo, triste, dolorido, ele caiu ainda mais em si quando a ouviu balbuciar. Era o que ele mais temia!

“Por favor, por favor não morra  …  você precisa saber que tem que reagir, por favor, fique conosco, por que fez aquilo? Entrou na frente daquele carro … por que me salvou? Oh Deus … sobreviva, Grissom ... eu te amo!”

E foi assim que seu mundo desabou, a confissão que minou todas as suas esperanças de perdão, destruiu qualquer possibilidade de fazê-la se apaixonar por ele de verdade. Eles se amavam … ele teve a certeza, se é que ainda havia alguma dúvida! Ele fez aquilo, foi atingido para que ela não fosse. Era uma prova incontestável.

No fundo, ele sabia que ela estava tentando, mas por mais que se esforçasse, jamais teria o mesmo sentimento por ele. A traição tinha sido horrível, e chegou até a ter esperanças que o tempo passaria e quem sabe ele a convenceria que não estava em condições de raciocinar quando dormiu com Sasha. Agora admitia que não seria o motivo, que contra aquela certeza óbvia nunca haveria argumento.

Sem forças, ele a viu se sentar em uma cadeira próxima à parede lateral e esconder o rosto nas mãos, muito mais lágrimas e soluços sacramentaram sua sina. Paralisado no lugar, não notou que a porta anterior às salas foi aberta, Jim havia prometido à enfermeira que a buscaria e, há poucos metros daquela cena, o capitão também desabou, mas precisou conter seus soluços, era desolador vê-la tão frágil e quebrada. Sentiu pena de seu namorado, ele sabia que Calebe havia a perdido, ou talvez que nunca a tivesse de verdade. Ele não queria sequer cogitar se Grissom partisse, nunca esqueceria aquela cena, nem que vivesse mil anos!

...

“Vamos, eu levo você para casa, Sara!”

“Não, Jim!”

“Todos foram descansar, não fará diferença se ficar, e além do mais, você precisa se cuidar, querida. Olhe para você … sei que todos nós estamos quebrados, mas sei que você também está … tanto que nem consigo imaginar.”

Ela não fez questão de refutar, nem sequer negar. Não importava mais esconder, não importava o que pensariam dela, ela só queria que ele sobrevivesse, o amanhã, fosse como fosse, aceitaria qualquer coisa, desde que a vida dele fosse poupada. 

“Eu não posso Jim, se … se … meu telefone tocar … eu tenho tanto medo!”

“Oh … por Deus, Sara! - Ele a abraçou sentindo nos ossos a tristeza e o pavor dela, no fundo era o que também temia. O caso dele era demasiadamente grave! Malditos moleques! - “Vamos fazer o seguinte, você vai para minha casa, não vai ficar sozinha, daremos forças um ao outro. Vamos passar em seu apartamento, pegamos uma troca. Por favor, não negue a este pobre velho um pedido.”

“Tudo bem … eu aceito a proposta … tenho que avisar Ross.”

“Não se preocupe, ele disse que você pode levar o tempo que precisar … tudo será acertado, assim que isso passar.”

O que ele não contaria era que teve uma conversa com seu supervisor, depois dela ter passado mal. Tinha sido uma cena muito forte, impactante. Sem contar que foi a maneira de se olharem que não tinha deixado a menor dúvida. 

“Eles se amam, Brass, ele se jogou na frente daquele maldito carro, para protegê-la. Longe de mim parecer um dedo duro, mas sei que terá toda discrição.”

“Eu sei, amigo, essa coisa vem de muito tempo, em algum momento tentei ajudar, mas ele é teimoso feito uma porta!”

“Tome isso!”

Sara estava sentada com as pernas encolhidas na confortável sala de Brass.

“Obrigada.”

Ela havia tomado banho e mal tocado na refeição que ele havia pedido. 

O chá de especiarias e morango silvestre acalmou sua garganta afetada pelo choro quase ininterrupto. Havia desabado no chuveiro também e precisou de muita força de vontade para ficar bem. Jim estava sendo maravilhoso com ela.

No caminho para a casa dele, havia a confortado com palavras de esperança e força. Se ele acreditava no que estava dizendo ou não, deixou suas emoções bem escondidas. 

“Eu sei que ele vai sair dessa, querida, daqui a pouco estaremos brigando com a teimosia dele, rindo das piadas sem graça, que ele nunca soube contar, admirando a mente extraordinária … temos que acreditar, é para isso que temos amigos, que temos quem nos ama.”

Jim estava confessando algumas histórias que fez um bem danado a ela.

Ele contou a ela que quando começaram a trabalhar juntos, estavam em um caso que envolvia uma senhora cleptomaníaca. Por compaixão ele pagou um tratamento a ela e disse que havia conseguido gratuitamente. Em uma outra ocasião, um garoto que sofria abusos constantes por uma mãe maluca, que o culpava pelo pai tê-los abandonado, fez questão de denunciar e ainda levar o garoto ele mesmo para a casa da tia em Denver. Se muniu de uma autorização e viajou com o garoto para ter certeza que ficaria bem e seria amado.

No final eles estavam rindo de algumas histórias desastrosas de Jim, algumas até amorosas.

Foi uma cumplicidade deliciosa, até que o telefone dele tocou.

Ele atendeu imediatamente para não criar expectativas que fariam toda a leveza que havia conseguido ir água abaixo.

“Oi Cath, Sara está comigo.”

Ela ouviu atentamente cada palavra dele, e suspirou aliviada quando ele também sorriu de algo que ela disse, logo ele desligou e a abraçou.

“Temos uma notícia boa para acalmar nossa noite. Warrick conseguiu alguns detalhes com Tina, ela está de olho em Grissom e ele tem reagido bem a alguns estímulos. Quando mais cedo começarem, melhor.

“Oh Deus que ele continue lutando … por nós.”

“Todos nós  …”

Sara não disse nada, apenas olhou profundamente nos olhos escuros e bondosos e aquietou seu coração.

“Vamos dormir? Temos um longo dia amanhã …”

Ele viu quando as mãos dela se apertaram, o medo ainda estava ali, apenas mascarado pelos bons momentos que passaram.

“Vou ficar no sofá, Jim. Está ótimo para mim!”

“Mas não para mim, sou um cavalheiro … querida … vou para o escritório, tenho um sofá retrátil muito confortável.”

Ao notar que ela se levantou do sofá olhando com apreensão para ele, foi que percebeu que seria uma noite difícil se não fizesse algo.

“Tenho um segredinho que uso sempre que preciso. Você vai para cama e eu preparo uma nova xícara de chá , mas desta vez carrego na melissa, fará bem.”

“Jim … eu estou te dando muito trabalho, eu vou ficar bem …”

“Não posso mimar minha garota favorita?”

Ela sorriu e beijou sua bochecha, se encaminhando para o quarto deixando nele uma gostosa sensação paternal.

E assim ele se sentou ao lado dela na cama, esperou que bebesse todo o chá, ligou a Tv em um volume agradável e em um programa de viagens, com cenários lindíssimos e boa música, dizendo a ela que o acalmava e esperava o mesmo efeito nela A cobriu e beijou sua testa.

“Durma com os anjos.”

“Jim …”

“Sim …”

“Obrigada por tudo o que está fazendo …”

“Não precisa agradecer, você está no meu coração.”

“Você também está no meu!”

“Eu sei …”

“Ei … como foi sua noite?”

“Acho que dormi imediatamente.”

Ele mal havia fechado a porta e ela não se lembrava de mais nada. Não se lembrava de sonhos, bons ou ruins, de nem sequer se mexer, acordou como se deitou, e achou que havia dormido apenas alguns minutos. A diferença foi que estava renovada, o corpo agradecido e descansado. Ela foi até o banheiro e tomou uma ducha animadora, secou os cabelos e perseguiu aquele aroma delicioso de café que havia invadido a casa toda.

Ela se sentou em frente ao balcão, e teve uma enorme vontade de abraçar Jim, com seu roupão azul marinho, camisa branca por baixo e calças de trabalho, mas de chinelos. Ele estava engraçado.

E ela o fez, o surpreendendo.

“Obrigada Jim, eu nem sei como posso te agradecer. Você renovou a minha alma.”

Sem que percebesse ela tinha dito as palavras tão profundas mas verdadeiras, com toda a sinceridade de seu coração.

“Minha recompensa é você ficar bem!”

“Olha, com todo esse cuidado, não vou mais embora.”

“Se quiser podemos morar em uma casa maior com um jardim maravilhoso onde você pode  andar em  sua bicicleta rosa e ter um cachorro lambão.”

Eles começaram a rir, mas não conseguiram parar as lágrimas emocionantes daquela revelação subliminar. Eles poderiam ser uma família. Pai e filha!”

Calebe olhou para a chuva fina e viu seu reflexo na janela. Os olhos vermelhos e tristes.

Ele precisava falar com ela, abrir seu coração e tirar aquela angústia que o fazia doente e, seja lá qual fosse o cenário que o destino lhe reservava, tinha uma família para dar satisfações. Eles amavam Sara, mas precisavam saber da verdade. 

Primeiro ele precisava se atualizar sobre Grissom e sinceramente torcia para que saísse daquela situação.

O telefone tocou e o nome que estava na tela, alterou sua pressão.

“Sasha?”

“Oi Calebe …”

“Como você está?”

“Bem … agora. Devo muito à equipe de … de sua namorada.” - Àquela altura seria ex namorada, mas ela não precisava daquela informação naquele momento. Não seria apropriado. - “Eu sei que lhe devo desculpas, Eloise me inteirou sobre os acontecimentos e … estou muito mal por isso. Jamais imaginei que tudo pudesse chegar onde chegou.”

“Você tem fotos minhas guardadas?”

“Sim … desde sempre. Eu roubei seu calendário. Me desculpe por isso também.”

“Eu não percebi … não voltei mais naquele lugar …”

Sasha teve vontade de chorar, o que para ela tinha sido o céu, para ele não passou de tristes lembranças. Se bem que ela já sabia no que estava se metendo, mas nem por isso doeu menos. 

“Estive na delegacia e fiquei sabendo que o doutor Grissom que também esteve nas buscas,  sofreu um acidente horrível.”

“Foi na volta do seu cativeiro, um irresponsável o atropelou.”

“Que triste, Calebe. Como ele está?”

“Até onde sei não muito bem!”

“Que ele saia dessa … eu preciso desligar, minha mãe está batendo na porta.”

“Ok.”

“Mais uma vez me perdoe, Calebe!”

Ele não teve tempo de responder e nem sentiu vontade, ela já havia desligado.


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