Too Late escrita por ro_dollores


Capítulo 14
Capitulo 14




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Ao lado da foto um calendário decorativo que ela conhecia muito bem. Era composto de um apoio com base e laterais na cor preto, dentro do quadro, dois quadrados com números em fundo branco sobre pequenos retângulos de um azul escuro, com os meses do ano, cada pequeno retângulo comportava quatro meses, um em cada face da madeira. Era assinado por um famoso designer de Vegas e ela tinha adorado. O objeto ficava ao lado da cama dele, na mesa de cabeceira. Estava disposto de maneira a informar uma data bem recente. Dias atrás. 

Segurando a vontade de sair correndo, ela continuou olhando para os pertences de Sasha na gaveta misteriosa e encontrou várias fotos de anos atrás quando ainda eram bem mais novos, algumas até na adolescência!

“Grissom, Sara … temos que ir. Conseguiram encontrar uma cabana, há alguns quilômetros ao norte, na Floresta Kinsley. Há uma ponte nas imediações!”

“Você está bem?” - Grissom queria segurar em sua mão, dizer que estava ali para ela, embora Ross estivesse no banco de trás, coordenando por telefone o helicóptero e os veículos dos outros CSIs, dizendo que chegariam ao local quase simultaneamente.

Sara fez apenas uma leve indicação com a cabeça que sim, os lábios apertados, as mãos tremendo, mas ele sabia que não!

Deus, ele queria socar Calebe até não poder mais, embora as demais fotos fossem de tempos remotos, ele sabia que a mais impactante delas era muito recente.  

Como um homem tem uma mulher feito ela nas mãos e a traía? 

De certa forma ele também a traiu, desde sempre. Desde que pousou seus olhos nos dela, em uma conferência forense há tanto tempo que achou que fosse uma vida inteira! Negação de sentimentos, dissimulação, medo, covardia também eram traição!

...

“O quê?”

“É isso, Calebe … eles acreditam que Sasha esteja na Floresta Kinsley, foram todos para lá. Vamos aguardar uma ligação de um CSI chamado doutor Grissom!”

“Deus … que ela esteja bem …”

“Cara … eu tenho que te contar sobre algo … e espero sinceramente que não a odeie por isso!”

“Odiar Sasha?”

“Ela tem uma foto de vocês na gaveta dos segredos …”

“Que diabos é a gaveta dos segredos?” - Ele ouviu um suspiro nervoso do outro lado da linha, uma sensação de morte, de derrota, o coração apertado. Ainda tinha algo mais nas palavras dela. - “Por favor, Eloise, fale logo!”

“A mesa do escritório … ela tem uma gaveta com tranca … ela foi aberta pelo doutor Grissom e …. Sara viu.

“Espere … por que ela teria uma foto de nós dois … eu não me lembro de ter tirado, eu não permitiria!”

“Não a odeie, por favor … ela ama você! Na noite em que ficaram juntos … - Ele quase teve um infarto fulminante. - “Você estava dormindo … então …”

“Isso não é verdade … não pode estar acontecendo, não pode  … a Sara não pode ter visto isso!” - Como ele achou que esconderia algo dela, os fatos pareciam sempre cair no colo desses profissionais, como se aprendessem a matéria em faculdades. O que ele estava pensando, sua mente estava em uma confusão dos infernos.

“Sinto muito!”

Ele desligou o telefone e o jogou sobre a cama, seu corpo escorregou pela parede até alcançar o chão. Sua vida tinha acabado!

Que Deus o perdoasse, com uma iminente tragédia acontecendo e ele estava pensando apenas nele.

“Espero que esteja bem, mas o que você foi fazer, Sasha?”

Sara estava sentada de lado no banco de passageiros, olhando a movimentação. 

Harry Simmons estava sendo levado pelos policiais, as sobrancelhas finas, bem feitas, peruca longa, castanha, unhas postiças. Um corpo masculino em uma alma feminina. Ele era alto e bem composto, ombros largos, mas andar quase delicado, braços lisos.

Alguns de seus amigos do laboratório estavam em torno de um Buick preto, e outros em um pequeno galpão agregado à cabana, onde estava o carro fúnebre sem placas. Ela se lembrou que eles haviam processado dezena de carros como aquele, o cheiro de flores era enjoativo e mórbido, mesmo não se comparando a cheiro de cadáveres, ainda assim era horrível. Naquele instante, sentiu um orgulho danado de terem conseguido salvar uma vítima. Ela era linda, perfeita, ainda não havia sofrido qualquer dano, não havia anoitecido e eles conseguiram chegar a tempo. 

Linda, perfeita, que havia ganhado uma segunda chance, e jogado para a vida dela, uma bomba avassaladora. 

Grissom estava indo em sua direção, sem que ela percebesse, e ao ouvir suas palavras, captou imediatamente  a dor explícita que ela estava sentindo!

“O que você aprontou, John Wayne?”

Quando voltavam ao laboratório, eles ouviram um barulho estranho no motor e Grissom resolveu puxar a Yukon para o acostamento, para dar uma olhada no que poderia estar acontecendo. Um tufo de vegetação estava presa por baixo do veículo, com muitos galhos próximos ao motor. A cabana estava embrenhada floresta adentro, próximo ao curso de um riacho, deixando a região quase um pântano. Ross o ajudou a puxar os galhos com cuidado e quando voltava para a direção, dois carros que com certeza estavam tirando racha, surgiram de repente em alta velocidade. Um deles perdeu o controle e vinha em direção a ela, quando Grissom em  questão de segundos a empurrou e foi atingido fortemente. Os dois carros  se evadiram imediatamente. Ele foi jogado por alguns metros à frente.

“GRISSOM!”

Sara estava com a cabeça entre as mãos, desligando tudo que estava acontecendo na sala de espera e se conectando em outra sala enviando sua força e vibração além das paredes. Ela precisava de algo para se manter em pé, mas estava a cada instante mais difícil, ele a salvou de estar no lugar dele.

“Sara … querida … pegue seu café … ele está esfriando.”

Ela mal ouviu Nick, apenas sentiu o corpo forte a abraçar ao lado da cadeira.

“Ele não pode partir … Nick, ele não pode!” 

“Ele não vai!”

Só o que ela fazia era ver os olhos azuis se apagando, a vida se esvaindo deles, o coração sob a palma de sua mão, a outra segurando a cabeça dele em seu colo, implorando aos céus que ele ficasse com ela, em prantos, olhando para  o ferimento horrível aberto em sua testa, imaginando que poderia ter sido ela.

“Sara ….”

“Shiiii … não fale … por favor, por favor … fique comigo … o resgate está vindo …”

Ross estava tão consternado quanto Sara, viu ela  desabar ainda mais em um choro desesperador.

Era só o que ela via, com olhos abertos, fechados, de pé, sentada com a cabeça entre os braços. Os olhos azuis se apagando. Os olhos que eram seu céu. Apenas o seu céu! Ela estaria no inferno verdadeiro se ele partisse. Ele queria dizer algo a ela, mas não conseguiu! 

“Não fale … por favor ... “

“Não posso partir sem que ...”

“Você não vai partir, vai ficar bom … eu prometo … eu juro a você …”

“Sara … você precisa ouvir ...” - A voz fraca quase sem vida e ele apagou!

“Não!”

Ela foi afastada pela equipe de resgate ouvindo que ele estava perdendo muito sangue, e o pulso muito fraco.

“Fique conosco doutor Grissom!”

De repente ela parou de respirar, uma dor  rasgou seu coração e ela se viu correndo para o pátio do hospital para buscar o ar. Se ele partisse, o que ela faria de sua vida? Como poderia viver sem ele, como poderia se perdoar se era ela quem deveria ter recebido o impacto, se não fosse por ele. Ela era culpada! Não conseguia parar os flashes daquela cena. 

“Sara … volte para dentro … o que está fazendo?” - Todos correram para fora, preocupados com ela.

“Oh Jim … eu queria estar no lugar dele …”

“Não diga isso, querida!”

“Eu … eu não consigo respirar, Jim … eu estou ...com …”

Tudo ficou escuro e antes que batesse no chão, Jim a segurou gritando por ajuda.


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