II

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{you build a house of cards, but it's gonna fall}

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Narcisa Black era muitas coisas, várias delas nenhum pouco agradáveis ou lisonjeiras, ainda assim, a garota não era estúpida. Conseguia perceber uma serpente, quando se deparava com ela. A moça era Narciso, afinal. E Narciso estava destinado a conhecer o próprio reflexo como ninguém. Então, não, ela não confiava em Rita Skeeter. Seria uma tola se confiasse.

A fofoqueira-mor de Hogwarts, no entanto, não dissera mentiras a seu respeito. Narcisa possuía, de fato, um interesse em meninas que não se estendia aos meninos. Mas aquilo não era algo que pudesse ser dito em voz alta ou sequer discutido. Era algo que a jovem precisava manter para si mesma. Algo que deveria esconder nas profundezas do seu coração, uma vez que os últimos anos já haviam lhe provado que era inútil tentar assassinar essa parte de si mesma. De uma forma ou de outra, não era algo a ser dividido com uma mexeriqueira baixa e traiçoeira. Mesmo que a mexeriqueira em questão houvesse dividido voluntariamente algo com ela primeiro.

Narcisa, contudo, não sabia se acreditava no que Rita havia lhe dito e por algum tempo tentara apenas se esquecer de tudo aquilo. Era difícil, entretanto, não se manter particularmente atenta na colega de casa após aquela interação bizarra em um corredor deserto. Era difícil não se perguntar o que a garota faria em seguida. Era difícil não se questionar se, por uma vez em sua vida, a Skeeter dizia uma verdade completa.

Se fosse verdade, a Black não estaria tão sozinha. Não estaria tão errada. Narcisa tentava evitar aqueles pensamentos e os sentimentos confusos que eles lhe despertavam. Porém, bastava que deitasse a cabeça no travesseiro para que eles lhe atingissem como maldições imperdoáveis. E ela sabia, como a mulher inteligente que era, que não havia escapatória para o seu impasse.

— O que você quis dizer quando afirmou que era igual a mim? — Narcisa finalmente se deu por vencida e encurralou Rita, em um corredor deserto, um mês após o primeiro confronto entre elas. — Se mentir para mim, Skeeter, eu juro que te mato. 

Não era uma ameaça vã.