Ao chegar no terceiro ano, a equipe de basquete finalmente tinha orçamento escolar suficiente para fazer um acampamento de treino na praia, como Chiaki havia sonhado dois anos antes. Nao se sentiria muito nostálgica com essas lembranças, agora que os mais velhos já haviam se formado, mas de alguma forma… Eles estavam lá também.

Geralmente, é quando se formam que as amizades se distanciam, com a faculdade e o trabalho no meio do caminho não sobra tempo para encontrarem os mais novos. Mas o time de basquete original da Kuzuryuu sempre tinha tempo para se ver. Ou como naquele caso, tempo para invadir o treinamento (o que era bom, pois impressionava os calouros).

Muitas coisas mudaram durante aqueles três anos, Nao refletia enquanto observava o céu noturno da praia. Agora eles possuíam uma técnica de verdade, Nemoto Mika ex-jogadora da liga japonesa e amiga da mãe do Kurumatani, e muito membros novos apareceram após a vitória deles no intercolegial passado. Nao sentia como se tivesse feito história no colégio e que poderia sair de lá com a sensação de trabalho bem feito - muito diferente do sentimento que deve durante o primeiro ano.

— Oe, espero que você não esteja planejando deixar a Yabuchi cuidando da comida novamente! — Nao olhou para trás, assustada com a voz repentina que soou atrás de si.

Tobi ergueu uma das sobrancelhas, escorado no batente da porta do quarto das garotas. Sem notar, as mãos pequenas de Nao seguraram a toalha que cobria seus ombros e ela lutou contra o rubor que tingia suas bochechas. Uma das coisas que havia mudado era a relação deles.

Durante muito tempo, Nao acreditou que estava apaixonada por Kurumatani, e provavelmente esteve logo no começo. Contudo, agora havia essa coisa estranha e indefinida acontecendo entre ela e Kenji, que ela ainda não sabia se gostava do que sentia ou não. Ele nunca disse nada sobre como se sentia, mas ela simplesmente sabia.

— Sinceramente, você já vai se formar. — Tobi começou enquanto coçava a nuca, em seguida se aproximou de onde ela estava, próxima à janela e pegou a toalha que a cobria.

Sem falar mais uma palavra, Tobi secou os cabelos loiros da garota, que se encolheu com o toque abrupto. Nao ergueu a cabeça para olhá-lo nos olhos, enquanto o rapaz usava os próprios para pentear o cabelo dela.

— Está grande. — Ele constatou, seus dedos longos mexendo nas mechas de cada lado da cabeça dela, que apenas concordou com um assentir.

— É uma tradição, só vou cortar se ganharmos o intercolegial novamente — explicou. — Não sabia que você fazia tranças. — Ela pontuou desta vez, olhando o próprio reflexo no vidro da janela.

— Juri sempre gostou. — Ele disse como explicação.

Nao voltou a encarar os olhos escuros do rapaz, que não desviou o olhar e nem demonstrou constrangimento, ao contrário dela que já deveria estar com a face completamente vermelha. Repentinamente ela sentiu como se os lábios estivessem seco e o coração disparou ao reparar que ele se aproximava cada vez mais de seu rosto.

— Quando. — Tobi disse, centímetros de distância os separando.

— O quê? 

— Não se ganharmos, quando. — Ele repetiu e então se afastou, seguindo em direção a porta e emendou antes de sair: — É melhor irmos logo, antes que Yabuchi mate a todos dessa vez. 

Tobi era claro feito a água e isso a assustava, pois já sabia o que o rapaz estava dizendo sem uso de palavras. Ele gostava dela e era ela quem deveria fazer a próxima jogada.