Filho ilegítimo escrita por Pharah


Capítulo 5
Quarto


Notas iniciais do capítulo

PELO AMOR DE DEUS LEIAM O CAP ATÉ O FINAL. bjs



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O caminho até a capital do País da Primavera é torturante. Os dois perseguidores conseguem acertar uma flecha e, de alguma forma, uma adaga na minha coxa. Não há tempo nem ao menos para retirá-las, mas sei que dói muito. Como se tudo estivesse pegando fogo. Sakura não para de sangrar e seus machucados não melhoram, como se sua cura não estivesse mais funcionando. Lembro-me de quando a vi doente, mas ela já havia recuperado os seus poderes, e sei que mesmo inconsciente ela tenta se recuperar pois a sua marca na testa brilha, mas não é o suficiente. Meus olhos ardem, e foco no caminho até a cidade, sentindo a minha cabeça ficar cada vez mais pesada e tudo girar. Não, não posso desmaiar agora. Assim que o meu cavalo, já exausto pela corrida, chega na capital do País da Primavera, grito por ajuda. Coloco as mãos no peito de Sakura e percebo que o batimento cardíaco fica cada vez mais fraco.

— O que está acontecendo?! — o porteiro da cidade indaga, assustado, e eu mostro Sakura a ele.

— P-princesa! — ele gagueja desesperado.

Claro, não havia como deixar de reconhecê-la. O cabelo rosa, a tatuagem brilhante. Ele me guia até um prédio e quando coloco os pés no chão, com Sakura no colo, na frente do prédio finalmente desabo.

 

❇✳❇

 

Acordo no quarto, desnorteado, e me lembro de tudo o que havia acontecido. Sakura fora seriamente machucada e eu a levei o mais rápido possível para uma curandeira da capital de seu país. Ela estava cheia de sangue, sua respiração estava descompassada, e os batimentos cardíacos cada vez mais fracos. Não sei o que aconteceu após isso, pois assim que a entreguei também desmaiei. Mesmo que não fosse sério como o de Sakura, eu havia também me machucado. Machucados que agora latejam, mas não me fazem ficar prostrado.

— Você acordou. — fico de cara com uma garota loira.

Seus olhos são azuis, mas o que mais me marca é o quão inchado o seu rosto está, possivelmente de tanto chorar. Olho para ela, intrigado, pois não a conheço. Por que estaria chorando?

— Sakura? — eu indago.

A menina não olha para mim ou me responde. Em vez disso, seus olhos azuis fixam-se ao chão, enquanto ela chora copiosamente. Sem se importar com o que eu penso, veja, ou sequer fale. A loira chora descontrolada, e não para mesmo quando eu coloco minhas mãos sobre o seu ombro, tentando entender.

— Ela não estava se curando quando estávamos a caminho. — eu explico com o coração a mil, tentando ignorar a reação da menina. — Onde ela está?!

— Com Tsunade. — ela finalmente responde. 

— Certo. — de alguma forma, não fico aliviado. — Quem é você?

Olho para a loira um pouco incomodado. Era muito estranho ver uma garota chorando tanto na sua frente, principalmente quando não se fazia ideia de quem se trata. Ela pisca os olhos, confusa.

— Sou Ino, uma amiga.

Eu conhecia esse nome. Sakura já havia mencionado o nome dela diversas vezes por suas cartas, e eu acredito que ela fosse sua melhor amiga. O meu coração palpita ainda mais forte, porque o seu rosto está banhado por tristeza, e mesmo que Sakura estivesse com Tsunade, não consigo me acalmar.

— Os ferimentos estavam em brasas negras, Sasuke. Sabe o que isso significa?! — ela me indaga.

Sim, eu certamente sabia. Brasas negras era um tipo de poder que o Sharingan poderia fazer na sua forma mais forte. Sempre disseram que era uma lenda, todavia. A lenda de que um olho destruía tudo que via pela sua frente, as chamas negras que não se apagavam por nada. E no outro olho o poder da ilusão capaz de enganar até mesmo a realidade. Isso era ridiculamente poderoso e nunca pensei que essa parte da lenda fosse real.

— Eles não eram Uchihas. — eu afirmo, cético.

— Tem certeza?

— Absoluta. Mas algum Uchiha poderia ter queimado as flechas e entregado a eles, no entanto. Como Sakura está? Tsunade já conseguiu tirar o fogo?

— Sasuke. Sakura está morta.

Eu queria bater em Ino. Eu queria gritar, acusá-la de mentirosa, de impostora. Mas o choro exacerbado, o olhar sem vida, o cabelo bagunçado e os olhos que teimam em olhar para o chão… É tudo um indício que é verdade. Olho para ela, sem o que dizer, sem o que pensar. A única coisa que sinto é um vazio. Um vazio que vai comendo todo o meu ser rapidamente, como um buraco negro. De repente sinto uma dor inacreditável nos meus olhos. Eles queimam e minha visão embaça, mas nem isso é o suficiente para que eu consiga esboçar alguma reação. Eu fico em choque, olhando para Ino.

— Se-seus olhos… — ela me fala. — Estão vermelhos.

Eu sempre sonhei em despertar o Sharingan. Itachi disse que para acontecer eu precisava de lidar com uma experiência muito marcante, geralmente algo que me traria uma dor insana. Eu nunca importei com isso, sempre desejando e desejando que acontecesse comigo o mais rápido possível, para que meu pai finalmente percebesse que eu era uma pessoa, o filho dele. Agora que acontece vejo que isso não é nada. Tudo é nada diante da dor que sinto em meu peito, diante do vazio que toma conta de todo o meu ser.

— Onde ela está? — minha voz sai embargada.

— Com Tsunade. — ela torna a responder. — Eu… Queria que você lesse isso.

Ino retira da cômoda do quarto um caderno e me entrega, com as mãos trêmulas. Ela ainda não consegue olhar nos meus olhos, e sei que está tentando não chorar, assim como eu. Porque eu sei que se eu começar não pararia tão cedo. E a dor se tornaria real. Retiro o caderno de sua mão e o abro para ler. As letras eram de Sakura…

 

30/05/2429

Querido Sasuke,

Eu nunca irei deixar de ser grata por ter me visitado quando estava doente. Minha avó Tsunade diz que eu só não morri porque a sua visita me deu forças. Um dia gostaria de retribuir.

Com amor, Sakura.

 

13/11/2430

Querido Sasuke,

Eu cresci ouvindo histórias de contos de fada e de romances épicos. Acreditava piamente que quando eu me apaixonasse seria da mesma forma e a primeira vista. Mas não foi. Quando eu te vi da primeira vez, você não estava no seu melhor estado. Sua cara estava fechada, vi algumas remelas em seu olho e te achei um mal educado. E só algumas horas depois ficamos realmente amigos. Mas é isso o que torna tudo especial, nada é perfeito. E isso não é ruim. Porque é real.

Com amor, Sakura.

 

02/01/2431

Querido Sasuke,

Eu sinto a sua falta. O verão que passamos juntos foi a melhor época da minha vida. Todos os dias eu faço a contagem de quando iremos nos casar. E ao mesmo tempo me repreendo, porque não sei se é o que você quer. Essa é a dificuldade de ser da realeza. Não temos liberdade. Mas eu juro: no nosso casamento você não irá se preocupar com essas coisas.

Com amor, Sakura.

 

12/08/2431

Querido Sasuke,

No aniversário da vó Tsunade o Naruto veio visitá-la. Fiquei sabendo que são bons amigos. Ele levou consigo sua prima Karin e ela me contou várias histórias de vocês dois. Fico feliz por ter amigos tão bons, mas ao mesmo tempo penso que posso ser um empecilho na vida de vocês dois. Karin tinha um brilho no olhar quando falava de você; dava para sentir o afeto. Você se sente da mesma forma? Eu não me perdoaria se atrapalhasse a sua felicidade.

Com amor, Sakura.

 

05/08/2434

Querido Sasuke,

Eu te amo tanto que dói. Todos os dias que consigo ter um sonho bom, você está nele. Ino diz que é ridículo pois não te vejo há anos, mas isso não é empecilho algum para um sentimento. Nunca me esquecerei das três vezes que você me abraçou. Senti o seu cheiro e a temperatura da sua pele. Era como se eu tivesse no paraíso.

Com amor, Sakura.

 

07/10/2436

Querido Sasuke,

Em breve nos veremos. Estou tão ansiosa! Gostaria de sentir o seu cheiro novamente e ouvir sua voz. Nada me fará tão feliz. Semana passada fui experimentar mais um vestido de noiva e finalmente achei o perfeito. Gostaria de detalhar como ele é, mas dá azar. Eu espero que esse casamento não seja um incômodo para você, jamais me perdoaria por te dar problemas. Eu nunca quis te dar. As vezes eu me arrependo de ter batido o pé e ter escolhido você como meu noivo. E se não fosse o que você queria para a sua vida? Eu fui invasiva. Era criança e não sabia o que estava fazendo, mas não significa que é um motivo para te incomodar dessa forma. Se eu souber que não é o que você quer... Eu faço qualquer coisa pra mudar isso.

Com amor, Sakura.

 

17/10/2436

Querido Sasuke,

Como eu faço para conter esse sentimento dentro de mim? Eu te amo com todo o meu coração, mas não sei se isso é o que você sente por mim. Eu fiquei sabendo de tudo o que o seu pai fez e confesso que vomitei. Você já passou por muitos problemas e não quero ser motivo de mais um deles. Preciso te contar a verdade sobre o comportamento dele, ainda que seja doloroso. Mas não posso fazer isso por carta. E se ela for interceptada? Também quero estar aí para te dar um apoio. Em breve nos veremos.

Com amor, Sakura.”

 

Ler todas as cartas de Sakura fora muito doloroso. Embora fossem pequenas, eu conseguia sentir todo o amor que ela gostaria de demonstrar a mim. E isso dói como se não houvesse o amanhã. Por que não há amanhã para ela e tampouco poderei responder suas dúvidas. Eu a amava? Durante todos os anos nunca realmente pensei sobre isso. Desde cedo sabia que iria me casar com uma pessoa que meu pai escolhesse, assim é o destino de todos da realeza, como ela mesmo havia dito. Sabia que apreciava a sua companhia e a achava muito bonita, embora ela não percebesse. É muito triste pensar que só descobri que sempre a amei quando ela está morta, por cartas nunca entregues. Uma parte de mim se quebra assim que leio tudo, mas não choro ainda. Ino está na minha frente, esperando que eu entregue as cartas de volta. Não quero devolver, mas sei que não são minhas e Sakura nunca quis realmente me entregar. São desabafos. Mas é uma parte dela que eu nunca havia visto, e gostaria de manter, ainda que não pudesse.

— Pela sua cara eu acho que você já leu tudo. — ela diz, após fungar.

— Sim.

Embora não tenha lágrimas em meu rosto, sei que a minha expressão diz muita coisa. Ainda mais para alguém como eu, que na maioria das vezes estou com um semblante neutro, ou apenas frio. Eu sei que Ino entendeu minha dor. Estendo as cartas para a loira, que pega sem hesitar.

— A Sakura… — ela inicia, mas pausa por um pequeno instante para pegar confiança no que quer que ela vai falar. — Ela sempre te amou muito. Não havia um dia sequer que ela não citasse o seu nome, e confesso que às vezes era irritante.

Novamente Ino começa a chorar, como quando fez antes de me entregar as cartas. Eu abro a boca para falar, mas ela nega com a cabeça, como se quisesse terminar o que começou.

— Eu peguei ela chorando algumas vezes, temerosa de que você pensasse no casamento como um problema. O noivado de vocês… Foi mesmo um problema?

Isso era bem verbalizado nas cartas. O medo de Sakura que houvesse aversão por minha parte do nosso forçado relacionamento. Ela nunca comentou nada comigo e eu nunca achei que ela tivesse esse medo todo, já que todas as vezes em que a vi estava sorridente, além de me mandar cartas animadas. Odeio falar dos meus sentimentos forçado, mas sinto que devo a Ino depois de me permitir ler essas cartas.

— Nunca foi um problema, Ino. Era recíproco.

— Então por que você nunca disse isso a ela, seu idiota?!

Ino chora ainda mais, mas não me dá tempo de responder. Ela sai correndo com as cartas na mão e me deixa sozinho no quarto em que me colocaram depois de cuidar dos meus ferimentos, após chegar no País da Primavera. Agora que não há mais ninguém a espreita finalmente desmancho em lágrimas. Mais do que isso, eu perco as forças e caio no chão, ajoelhado, enquanto choro. Depois de tudo que eu descobri sobre Sakura, sei que nunca mais irei amar mais ninguém. Meu amor é ela e sempre será. Mesmo que ela não estivesse mais aqui.

 

❇✳❇

 

— Preciso falar com Tsunade. — é o que falo quando chego na porta do castelo dos Haruno.

O guarda me deixa passar sem falar nada. Acho que o meu rosto ainda marcado pelo choro unido aos meus olhos que ainda não desativaram o Sharingan por tamanha dor havia feito com que ele reconhecesse quem sou. Ou talvez já estivesse a par de tudo. O fato é que ele aponta para a porta, e eu entro no castelo. Não demoro a entrar no hall e o reconheço vagamente da última vez que vim aqui. Mas não tenho tempo para reparar em nada. Com o Sharingan ativado, sinto que não irei errar o caminho, por algum motivo. Demoro alguns minutos até escutar o grito furioso de Tsunade, e entro no quarto sem cerimônias.

— Tsunade. — eu a chamo, com a voz sem vida.  — Precisamos conversar.

— Sasuke. Sua família matou a minha neta. — sua voz é embargada pelo choro, mas há algo mais forte em seu tom: a fúria. — Esses olhos… Amaldiçoados… Nem a minha cura unida com a dela foi o suficiente para salvá-la! Minha neta está morta, e até agora sua ferida queima em chamas negras! — ela soca a parede.

Tsunade possui uma força inacreditável, pois parte da parede apenas se desfaz. Seus olhos estão lacrimejantes, e ela começa a praguejar enquanto continua a chorar, completamente fora de si. Eu a compreendo mais do que gostaria, pois sinto a dor da perda de Sakura em todo o meu âmago.

— Por quê?! — eu indago perdido.

— Sakura… Ela não contou a você?

— Ela ia contar algo, mas percebemos que estávamos sendo seguidos. — eu me lembro do momento.

Tão perto, e tão longe. Um momento bom, tranquilo e muito feliz que passei com ela. Algo que nunca mais irá voltar. Sinto um nó na minha garganta.

— Sasuke, ouça-me bem, porque eu não estou com paciência alguma para falar sobre isso, ou qualquer outra coisa. — ela me diz.

“Sua mãe não morreu no seu parto por complicações. Isso é uma mentira criada para acalmar os nervos de Itachi. Dizem as lendas que os Uchiha amam tanto quanto odeiam, mas que só conseguem ter apenas um filho. Um único filho. Seus pais eram um casal muito feliz e unido até que sua mãe, Mikoto, ficara grávida. Ela, radiante, contou ao seu pai, mas ele não parecia nem um pouco feliz. Acontece que o seu pai acredita nessas lendas, assim como acreditou no Mangekyou Sharingan, que é a lenda dos fogos negros e das ilusões. Como Mikoto poderia estar grávida? Não fazia sentido algum. Então ele deduziu que ela havia o traído. Ele a colocou na parede, mas quando estava quase a matando asfixiada Itachi entra no quarto, e ele larga sua mãe. Foi assim que seu irmão despertou o Sharingan tão novo. Ele era muito jovem e não se lembra ou sequer entendia a seriedade do acontecimento, e todos do castelo acobertaram o rei. Mikoto foi colocada em uma cela a condições horríveis. Ela mal comia e nunca era limpa. Um local minúsculo onde havia de conviver com o próprio mijo e dejeto. Uma grávida, nessa situação? Teve sorte em nascer. Itachi ficara despedaçado com a morte de sua própria mãe, meses depois, então seu pai não teve coragem de matar você. Por isso, ele o envenenava todos os dias, para que você fosse doente. Itachi, mais velho, conseguiria superar a sua perda. Mas Sakura e eu curamos você. O plano se foi. E eu comecei a desconfiar de tudo. Investiguei durante anos e descobri a verdade. Sasuke, você seria assassinado um dia antes do casamento em um acidente horrível. Então eu permiti que Sakura fosse alertá-lo, mas não imaginava que eles desconfiavam do meu conhecimento. A flecha pode ter parecido ser para ti, mas tenho certeza de que foi um aviso para não mexermos com os Uchiha.”

Fazia sentido tudo que ela tinha dito. O ódio que meu pai tinha em mim, Sakura pedindo para que eu não fosse para o meu país, porque não era seguro. O nome de Mikoto ser um tabu para meu pai, o fato de que ele tinha aversão e nojo de mim. Minha cabeça queima, meus olhos ainda mais. O meu coração dispara e sei que não vou conseguir mais segurar esse sentimento de ódio. Eu teria que fazer algo.

— Eles vão pagar. — falo. — Não importo quem ou como eles conseguiram transportar essas flechas com chamas do Sharingan, mas todos que se envolveram nisso irão pagar. Eu juro pela minha vida, eu não vou descansar até que todos estejam mortos. — prometo, sentindo o meu ser se encher de ódio, rancor e amargor.

Mas antes que ela responda, antes que qualquer pessoa diga algo, um barulho ensurdecedor nos interrompe. Uma passagem no ar, completamente distorcida está aberta, e quem passa por ela é ninguém menos que o meu irmão. Os seus olhos estão vermelhos, mas o formato de sua pupila não é como de um Sharingan normal. E, além disso, Itachi chora sangue.

— Eu posso concertar isso. — ele diz cambaleando. — Eu… vou enganar a morte.


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Notas finais do capítulo

Itachi vai enganar a morte com o mangekyou? ue, ele tem o mangekyou? mas se ele quer ajudar, pq fez as flechas ficarem com o fogo negro? ou o fugaku também tem o olho da lenda? eta

Chegamos na metade da fic, temos mais 4 caps até o final

Quero comentários, posso? eu mereço? pelo menos um xingamento? heheh



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