— O que aconteceu, filha? — Charlie perguntou assustado assim que notou minha expressão ao travessar a porta de entrada. 

Meu choro veio antes que uma palavra sequer saísse da minha boca e meu pai sem entender nada apenas abraçou o meu corpo em colapso. Quando eu fechava os olhos a imagem de Edward caído no chão vinha como um chicote e eu não sabia o que deveria fazer naquele momento. 

— Está tudo bem, querida — Charlie fala acariciando os meus cabelos compridos.

— Eu, eu o machuquei, pai… A culpa é toda minha — falei entre soluços. 

— Como assim? De quem você está falando? 

— Do Edward, tudo culpa minha — minhas mãos tremiam ao redor de Charlie e aos poucos minha visão foi ficando embaçada e depois disso não lembro de mais nada. 

***

Acordei na minha cama, coberta parcialmente pelo edredom, meu pai estava sentado em uma poltrona do outro lado do quarto, dormindo. O quarto escuro indicava que havia anoitecido e eu meu primeiro pensando foi em saber como Edward estava. Peguei o celular no móvel ao lado e sentei apoiando as costas no travesseiro. Um número desconhecido — que imaginei sendo de Carlisle, mandou tantas mensagens que meu celular travou ao carregar todas elas.

Queria não ter lido nada. No entanto, assim que comecei não tive como parar. Carlisle ameaçou e xingou jogando toda culpa do acidente no meu colo e dizendo que eu não deveria nunca mais vir atrás do Edward, pois eu destruí a vida dele e o seu futuro. 

As lágrimas vieram sem permissão mais uma vez e um soluço agudo fez com que meu pai acordasse. Charlie caminhou em direção a cama e pegou o celular das minhas mãos. 

— Quem é esse? Por que está falando com você assim? — Charlie perguntou nervoso.

— Eu atirei no filho dele — funguei tentando explicar — Pai, eu juro. Eu juro para você que foi um acidente. Eu jamais machucaria o Edward e eu não sabia o que fazer com aquela arma. Você precisa acreditar em mim. 

— É claro que eu acredito, querida. Nunca que você faria algo para machucá-lo. Eu vou até o hospital conversar com Carlisle. 

— Não! Ele disse que se eu for ao hospital vai chamar a polícia e mandar me prender. 

— Ele não pode fazer isso, Bella. Foi um acidente.

— Mas fui eu que atirei, pai. Minhas digitais estão na arma. Não quero ser presa!

Meu olhos ardiam devido tantas lágrimas. Recolhi os joelhos abraçando-os enquanto afundava meu rosto entre as pernas. 

— Posso resolver isso — Charlie insistiu.

— Não tem o que resolver! —  gritei encarando seus olhos castanhos — Acabei com a vida dele. Eu sou uma idiota!

— Você não é isso, querida. 

Seco as lágrimas que ainda escorriam pelo meu rosto e levantei da cama correndo.

— Eu vou embora — falei procurando a mesma mala que trouxe da viagem — Nunca deveria ter vindo para essa merda de cidade! Só quero ir embora daqui.