Levei menos de um segundo para conseguir encará-lo. De perto, a sua presença causou ainda mais euforia dentro de mim. No mesmo instante meu estômago começou a doer. Uma sensação diferente das outras vezes, pois, no fundo eu sabia que estava feliz. Uma sensação de alegria surgiu ao vê-lo e mesmo com todas as dúvidas eu sabia que ainda o amava. 

No entanto, Edward deveria estar magoado, além de ter causado o acidente, escondi a existência da nossa filha durante anos. 

Em silêncio ele estendeu a mão na minha direção e naquele momento notei as marcas de cirurgia no seu pulso. Muito diferente daquilo que imaginei que aconteceria, Edward tocou a minha pele.

— Oh! — disse ofegante e cobri os olhos com os punhos.

A sensação do seu toque causou arrepios.

Talvez eu estivesse delirando e isso era bem provável devido ao turbilhão de emoções nos últimos dias. Isso seria um sonho?

— Eu te assustei? — a sua voz soou rouca e baixa. 

Abri os olhos lentamente e balancei a cabeça negando. Apesar disso, Edward se afastou, parecendo pouco à vontade. 

— Eu… — ele respirou fundo — Eu devo-te desculpas. Essas palavras não são suficientes, eu sei… 

— Você está brincando? 

Eu o interrompi. 

— Eu não fazia ideia que aquele acidente causou tudo isso? — digo encarando a cadeira motorizada — Carlisle me disse apenas que você passou por uma cirurgia e na emoção do momento pensei que logo você ficaria bem. Pensei que ficaria mais seguro sem mim. 

— Bella — Edward suspirou — Você é tão tola. Em todos esses anos eu nunca a esqueci. Depois do acidente eu realmente fiquei muito debilitado e tive que passar por várias cirurgias. Carlisle estava muito zangado e não quis me ajudar a encontrar você. Emmett se alistou no exército e Alice foi para faculdade. Não tinha mais ninguém por perto. Preso numa cama só consegui me martirizar por tudo isso. Depois de alguns anos, quando estava recuperado, descobri por um conhecido que você teve uma filha e imaginei que tivesse se casado.

Edward hesitou.

— Não existem desculpas o suficiente. Deveria ter deixado o orgulho para trás e ido atrás de você e confessar tudo aquilo que estava sentindo, mesmo que você estivesse com outro homem.

— Pare com isso — eu o interrompi outra vez. 

Ele me olhou envergonhado e eu tentei encontrar as palavras certas, as palavras que tirariam todo peso e culpa dos ombros dele. 

— Edward — disse. O nome dele saiu abafado por entre os meus lábios ressecados — Isso precisa acabar agora. Ambos tivemos parte da culpa. Você sempre ficou com receio e o medo dominou o meu corpo. Em todos esses anos eu pensei em você e na vida que teríamos se eu não tivesse sido tão covarde. Éramos jovens demais…

— Éramos tolos demais — ele acrescentou.

Suspirei. 

— Apenas me diga agora se você ainda pode me amar ou não, depois de tudo que fiz você passar. Pode?

— Por que essa pergunta estúpida? 

— Só responda, por favor. 

Encarei os seus olhos verdes cheios de emoção e as lembranças vieram como uma tempestade no inverno. A forma como ele se aproximou de mim no colégio e a maneira como me olhava sempre que estávamos prestes a se beijar. 

— O que eu sinto por você nunca mudou. É claro que amo você… Nada do que aconteceu mudou isso — Edward hesitou — A menos que tenha conhecido algum garanhão. 

Uma risada tímida e incrédula encheu as nossas bocas.

Depois disso, a minha boca estava na sua e não havia nada que ele pudesse fazer contra isso. Não que houvesse alguma possibilidade disso ser verdade, pois Edward parecia tão sedento por aquele beijo quanto eu estava. O beijo não era tão delicado quanto os da nossa adolescência, o que me pareceu ótimo.

No fundo do meu coração eu apenas desejei viver aquele momento para sempre, sentir os seus lábios e amá-lo de todas as formas possíveis.

— Eu te amo — disse entre seus lábios.