Indômita escrita por CM Winchester


Capítulo 4
Capitulo 3




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Eles ficaram em silencio.

— Prendam ela ate decidirmos o que vamos fazer. - Glenn mandou.

Daryl agarrou meu braço. Me deixou em uma cela. Sentei no beliche e olhei a parede escura.

Beth me trouxe comida na hora do almoço.

— Já decidiram? - Perguntei.

— Não sei. Eles não sabem no que acreditar. Acho que não querem te matar, mas não podem te deixar ir embora. O Governador esta solto por ai. Você pode ser uma espiã.

— O Governador esta vivo? Mas achei que vocês tinham acabado com ele.

— Não. Ele fugiu. Matou vários dele, colocou fogo na comunidade. Sumiu do mapa. Daryl e Michonne estão caçando ele. Em vão.

— Beth, chame o Rick por favor?

— Sim. - Ela saiu praticamente correndo.

Terminei de comer e Rick apareceu sendo seguido por Daryl, Michonne e Glenn.

— Beth avisou...

— Sim, ela falou que o Governador esta vivo.

— Sim. Ele fugiu.

— Podemos negociar? Minha liberdade e eu te ajudo a mata-lo.

— Vai ter que entrar para a fila. - Michonne murmurou.

— É de quem chegar primeiro.

— Justo.

— Vocês são amigas agora? - Daryl resmungou.

— Não. - Michonne respondeu. - Longe disso. Mas se ela quer mata-lo então será uma boa aquisição ao grupo.

— Acredita nela?

— Podem perguntar as pessoas de lá. Eles não me odeiam. Sabe que no fundo era um fantoche do Governador.

Senti meu rosto ficar vermelho quando admiti isso em voz alta ainda mais na frente deles.

— Chame Sasha. - Rick pediu e Michonne saiu.

Uma mulher negra apareceu junto de Michonne.

— Conhece ela?

— Não. Mas a maioria das pessoas a conhece. Ajudou muitas pessoas. Abrigo, comida. Eles querem saber o que vocês vão fazer com ela.

— O que você acha?

— Sobre ela eu não sei, mas se fizerem algo, eles podem não gostar. Ty e eu não poderemos controla-los.

— Obrigado. - Rick falou depois me encarou. - Você pode nos ajudar a encontra-lo?

— Posso rastrea-lo. Conheço alguns esconderijos que eles podem ter ido. Sei como trabalha a mente dele. E dos seus homens. A maioria das estratégias deles, são minhas. Ensinei a eles.

Rick puxou as chaves do bolso da calça e abriu a cela.

— Do que você precisa?

— De um mapa. - Respondi. - Preciso que reúna o grupo, temos muito que conversar.

Quando reuniram o grupo, todos me olharam. Era obvio que Daryl não estava contente comigo. Mas eu não ligava.

— Existem três esconderijos espalhados pela redondeza. - Expliquei. - Sei como chegar em todos eles. Mas não é uma boa ideia sairmos. Ele é um homem esperto. Vai esperar a melhor hora para atacar. Quando estiverem fracos. Quando não estiverem esperando. Vão usar um refém é claro. Mantenha os mais fracos sempre dentro da prisão, proíbam todos de sair. Escolham os mais fortes para fazer isso. Não acho uma boa ideia ir procurar em cada esconderijo. Temos que pensar. Ele perdeu muitos homens. Primeiro vai tentar encontrar nesse meio tempo. Pessoas fortes não se acha facilmente. Então vai usar qualquer pessoa que achar. Ele não esta preocupado com as perdas do lado dele. Esta preocupado com o que vai conseguir conquistando a prisão.
"Se ele vier hoje ou amanhã, não pense que ele vem para conversar, para se render ou para tentar um acordo. Ele vem para matar. Não virá para tomar a prisão, ele vem para destruir. Se não for dele, não será de ninguém. Esse é o lema dele. Vai soterrar as pessoas aqui. E para isso ele precisa de armas. Muitas armas. E potentes. Por isso acho que sei qual lugar ele esta. Tínhamos um abrigo mantido por alguns homens, eu mesmo já tinha ficado lá por semanas. Tem armas. E um tanque.

— Ele tem um tanque? - Glenn perguntou.

— Tem. - Respondi. - Se o pegarmos antes ótimo, do contrario esse tanque vai destruir a prisão.

— E qual o lugar? - Maggie perguntou.

— Fica a leste daqui. Quilômetros. Um dia de viagem mais ou menos. Mas antes temos que planejar. E criar um plano bom. Do contrario estamos ferrados. Precisamos de armas boas, munição a vontade e pessoas que saibam atirar bem.

— Acho que podemos conseguir isso. - Glenn falou. - Só precisamos de um plano.

— Vamos voltar ao trabalho. - Hershel falou. - Amanhã vamos nos reunir e falar sobre isso de novo.

— Quero as minhas coisas. - Falei.

— Estão guardadas. - Daryl resmungou. - Todos podem estar convencidos, mas eu não confio em você.

— Grande coisa. Como se eu me importasse com a sua opinião. Quero as minhas coisas.

— Não vai tê-las.

— Quer que eu arrebente a sua cara? - Ameacei e ele riu.

— Quero ver tentar.

Fiquei frente a frente com ele, ergui minha cabeça e o encarei em desafio.

— Vamos nos acalmar. - Hershel pediu tinha uma expressão cansada no rosto.

Maggie nos separou.

— Vem. Me ajuda a acabar com alguns zumbis nas grades. Quanto menos melhor. Estão se juntando muitos por que temos mais gente.

— E como você quer que eu os mate? Usando os dedos? - Riu me entregando minha faca.

— Satisfeita?

— Não. Ficar sem o arco e as flechas é a mesma coisa que ficar sem roupa. - Gargalhou enquanto me acompanhava ate a rua.

— Você conquistou o ódio do Daryl. Ele é sempre assim, mas esta piorando.

— Ele me odeia. - Resmunguei acertando a cabeça de um zumbi. - Não importa o que eu diga ou faça, ele me odeia. E eu não facilito. Não é da minha natureza me abaixar para ninguém. Se tiver que morrer, morro em pé.

— Você é forte e destemida. Estávamos precisando de alguém assim.

— Você também é.

— Não. Você fala sobre as coisas que aconteceram com tanta naturalidade. Eu quase tive meu casamento arruinado por que o Governador se esfregou em mim. - Encarei ela. - Glenn e eu fomos pegos por Merle e seus homens. Glenn foi espancado e ele se esfregou em mim, me colocou medo. Queria saber onde era a prisão. Eu senti tanto nojo, raiva e medo misturados. Mas só contei quando ele ameaçou matar o Glenn. Eu já tinha ouvido ele ser espancado, não aguentaria se o matassem.

— Sinto muito.

— Mas você...

Suspirei me afastando das grades. Passei a mão na testa empurrando algumas mechas do meu cabelo para cima.

— Não falo isso por que quero compaixão ou qualquer coisa do tipo.

— Você não tem isso. Na verdade fiquei impressionada. Tudo o que aconteceu e sua força não diminuiu, só aumentou.

— Eu meio que me desliguei. Sentimentos sabe? Eu não sinto mais nada. Ok. Eu posso sentir carinho por alguém como a Judith. E essas coisas. Mas nada mais que isso. Não tenho medo de nada. Quando apontam uma arma para a minha cabeça, quando fico frente a frente com um zumbi, quando batem em mim. Eu não tenho medo. Se eu morrer, já vivi tudo  que tinha para viver. Não tenho nada. Não vou perder nada. Mas se eu viver, me curo, recomponho e sigo a minha vida. Quando me levaram para aquela sala eu sabia o que iria acontecer. Lutei. Mas apanhei. Apanhei muito. Eu senti nojo e raiva. Muito. Nojo deles, não de mim. Eu era uma vitima. Raiva deles, de todos. Do mundo.
"Acho que isso é normal. Você só quer achar um culpado. Extravasar a raiva. Sentir raiva ate de você mesmo por ter confiado. Foi o que aconteceu. Eu não vou contar o que passei. Só um deles conseguiu consumar o ato, os outros só ficaram me apalpando. E Merle chegou. Eu achei que ele faria o mesmo, mas ele ficou indignado. Gritou com os idiotas. Consegui me soltar e então peguei a arma. Meu coração ficou mais leve. Eu já tinha matado antes. Sem remorso. Só atirei e pronto.
— Por que não atirou no Merle?
— Eu não consegui. Não convivíamos bem, ele era um idiota. E muitas vezes eu quis mata-lo. Quebrei seu nariz uma vez. E o deixei com um olho roxo mais de uma vez, mas me senti em divida com ele. De um jeito torto, ele me salvou quando entrou naquela sala e gritou com os idiotas. Claro ele não fez isso por mim, mas no fundo tinha pena dele. Sempre precisava de atenção. Acho que ele nunca teve isso e quando cresceu arrumou um jeito de conseguir. Se tornando um idiota. Todos temos um passado. Eu tinha batido varias vezes, mas ele nunca tinha erguido a mão para mim ou tentado algo. No fundo ele me respeitava como pessoa. Já tínhamos lutado lado a lado e sobrevivido. Não sei explicar. Só não quis mata-lo.

— Você gostava dele?

— Claro que não. Como eu disse preferia beijar um zumbi. Ele era feio, nojento e patético. Homens assim não me atraem. Aqueles que procuram menosprezar os outros para se sentir melhor, ou chamar atenção para si. Não mesmo.

— Qual seu tipo?

— Mulheres não são, Maggie. - Ela riu.

— Só quero saber se o Glenn não esta na mira.

— O Glenn? Não, não mesmo. Ele é um boa pessoa aparentemente. Mas nem pensar. Não estou aqui para conquistar alguém ou algo do tipo. Só quero matar o Governador.

— Pode falar. Somos amigas. Preciso de uma amiga para conversar sobre essas coisas. - Sorri.

 

— Ok. Hum... Forte. Habilidoso. Corajoso. Bondoso. Estou descrevendo os cara dos livros que minha mãe lia para mim. Patético. - Maggie riu. - Assunto encerrado.

Mas logo trocamos de assunto e nosso trabalho ficou mais divertido. Eu tinha encontrado em Maggie uma amiga, era fácil conversar com ela. Rir, brincar.

Pela primeira vez eu vi algo bom em estar ali.


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