então eu o beijo escrita por gaby


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey! Caso você não se lembre, há uma cena em Carry on na qual a Penny diz que os meninos têm medo que ela os transforme em sapos e o Simon pergunta se dá pra fazer isso, ela diz que sim, mas que teria que beijá-los para quebrar o feitiço. Como boa fanfiqueira que sou, transformei isso em plot e aqui está o resultado. Espero que goste!



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 – Na justiça. Na coragem. Na defesa dos fracos. Diante dos poderosos. Por meio da magia, da sabedoria e do bem ­— eu murmuro o encantamento assim que alcanço a porta do meu dormitório (nosso dormitório); a Espada dos Magos aparece.

Eu faço um corte no meu polegar e uso meu sangue como chave.

Baz não está lá, e, mesmo se estivesse, eu tenho minha cruz no pescoço, não acho que o cheiro do sangue seria um problema. E se ele tentasse me atacar no quarto, talvez fosse bom. O Anátema o expulsaria de Watford, aí eu não teria que lidar com ele – uma preocupação a menos para mim.

Ando até a janela e o vejo lá embaixo, no campo de futebol. Rosno mais uma vez.

É sábado à tarde e eu estava feliz por não ter nenhuma missão ou estar envolvido em algum plano do Mago, para variar. Penny queria me arrastar para a biblioteca e me obrigar a estudar, mas eu consegui convence-la de que acordaria cedo para isso amanhã.

— Aí você já está querendo demais de mim, Simon — foi o que ela respondeu quando eu a chamei para ir assistir à partida de futebol que combinei com os meninos. — Convida a Agatha, ela gosta de esportes – eu fiz uma careta para ela.

Agatha terminou comigo e tem nos evitado. Achei que à essa altura ela já estaria com o Baz – porque aparentemente ela gosta dele –, mas não. Ao menos essa eu ainda não tive que encarar. Quem sabe ainda tenhamos alguma chance, eu e ela...

Enfim, o ponto não é esse. O ponto é Baz Pitch.

Eu desci para o campo acompanhado de Rhys e Gareth e entrei no “modo alerta” assim que o vi em seu uniforme púrpura, o número 61 estampado nas costas junto de seu sobrenome. Eu sempre fico com um pé atrás quando se trata de Baz, não dá para confiar numa pessoa que tenta te matar desde os onze anos.

Leva um tempo até nos organizarmos e formarmos os times, no que outros alunos apareceram para assistir, se juntando nos bancos das arquibancadas. E aí enfim começamos, o meu time contra o dele.

Os primeiros minutos correram bem, tudo dentro da normalidade de um jogo de futebol, então eu vi claramente o cretino cometer uma falta.

— Ei! Falta! Rhys, você viu? Falta no Baz! – eu berrei do gol, todos pararam. – Foi falta.

— O cacete que foi, Snow! – Baz xingou de volta.

— Foi sim, eu tava te acompanhando!

 Talvez você devesse parar de olhar só pra mim e prestar atenção no resto jogo – Dev soltou uma risadinha, eu rosnei.

— E você devia levar um cartão! Rhys-

— Por Crowley! Se está tão incomodado com as regras, por que não ficou de juiz no lugar dele?

— Olha, Simon, é só uma pelada, não precisa ser muito regrado – Gareth falou do meu lado.

— Rhys? Foi ou não? – prossegui, sem tirar os olhos de Baz, que me encarava com aquela expressão irritante de sempre.

— Desculpa, Simon, eu não vi nada.

— Beleza, vamos seguir, galera – Marcus gritou de longe.

Irritado, voltei ao meu posto e retomamos a partida.

Não demorou para que Baz fizesse um gol; ele ainda aproveitou para me provocar com um sorriso típico de desprezo. Eu já estava fervendo. Na sua segunda tentativa de marcar, eu defendi. Estava me preparando para zombar que ele não era tão bom assim, mas houveram gritinhos acalorados da arquibancada e a atenção de todos, incluindo a minha, foi parar no outro lado do campo.

De alguma forma, minha magia interferiu, vazou através dos meus dedos – é o que ela faz de melhor; isso e explodir. Eu espalmei a bola e ela pegou impulso demais, disparou para o lado errado e acertou Niall com mais força do que normalmente aconteceria. Ele voou alguns metros e, apesar de afirmar que estava tudo bem quando o ajudaram a levantar, dois garotos de fora do jogo o levaram para a enfermaria.

Nem precisaram me expulsar. Saí de campo pisando duro até chegar onde estou agora.

Me afasto da janela e, ao invés de colocar a espada no quadril e deixa-la desaparecer novamente, eu me dirijo à metade do quarto que pertence a Baz e começo a treinar ali. Só porque ele odeia que eu o faça.

Quando a porta se abre eu ainda estou girando a espada no ar. Primeiro penso que é Penny entrando clandestinamente, porque é muito cedo para a partida ter terminado, mas logo em seguida um Baz com fios de cabelo minimamente desalinhados – eu juro, não parece que ele estava correndo num jogo de futebol – se põe no meu campo de visão.

Meu primeiro pensamento é:

— Você me seguiu?

— Tenha dó, Snow. O quarto não é só seu – ele abre o armário e começa a escolher umas peças de roupa.

— Eu sei, mas o jogo não ia acabar tão rápido.

— Você fez alguma coisa com a área do gol. Ninguém consegue passar da linha nem desfazer o que quer que seja.

— Ah – minha espada decai.

— Já falei para não usar isso perto das minhas coisas.

— Se você não tivesse me irritado, eu não precisaria me distrair pra não explodir – eu finalmente deixo que a lâmina suma.

— A culpa de você não conseguir se concentrar no jogo agora é minha?

— Sim!

— Bem, eu fico lisonjeado, Snow – ele tenta passar por mim para entrar no banheiro, mas eu me coloco entre ele e a porta.

— Admita que foi falta.

— Porque isso vai tranquilizar seu coraçãozinho?

— Porque foi!

— Não.

— Jesus! – acho que ele consegue sentir as variações da minha respiração. – Você faz só pra me contrariar!

— Se você não fosse teimoso como uma mula, já teria superado.

— Se eu fosse uma mula eu te daria um coice pra longe daqui.

— Você quer ajuda? Tenho certeza que sei um feitiço de transformação – ele está muito perto e eu estou superaquecendo. Acho que tem fumaça saindo do meu cabelo, posso sentir o cheiro de queimado.

— Ou eu podia transformar você!

— É? No que, Snow?

— Num, num...

— Me chame quando tiver encontrado as palavras – ele debocha e tenta passar por mim. Eu coloco as mãos em seu peito para impedir.

— Num rato, talvez! O que você acha de virar sua própria presa, hein?! Não! Quem sabe eu poderia te mandar fazer companhia pros licarenos lá no fosso! Seria só te jogar da janela se você fosse um sapo!

E aí acontece toda a merda – mais uma.

Num instante eu estou cara a cara com Baz Pitch, cuspindo palavras idiotas contra ele, no outro, há um clarão. Eu fecho os olhos contra a luz ofuscante e quando torno a abrir, Baz simplesmente evaporou.

Minhas mãos, antes tocando sua camisa, agora só estão erguidas pateticamente. Eu olho ao redor, chamo seu nome, mas não adianta. Ele não está lá.

Primeiro penso que ele se teletransportou, mas a voz de Penny ecoa na minha cabeça: se fosse simples assim, nenhum bruxo usaria carro, Simon. Depois considero que ele pode ter sido teletransportado. Contudo não acho que isso seja possível, invocar outra pessoa, manda-la para outro lugar.

Talvez eu o tenha teletransportado. Eu costumo fazer coisas esquisitas. Ou o Insípidum. Ele poderia fazer isso, certo?

Quando me dou conta, estou procurando dentro do banheiro, conferindo os armários, checando embaixo das camas, olhando pela janela.

Eu pego minha varinha e tento lançar todos os feitiços de revelação que conheço: Scooby-Doo, cadê você? Quem se escondeu, não se esconde mais! Apareceu a margarida! Está na hora do show! Quem é vivo sempre aparece! Nada acontece. Não sei se é porque Baz realmente não está lá, ou se é minha magia que não funciona.

Largo a varinha em cima da minha cama e estou a ponto de deixar o quarto quando ouço um barulho e congelo. Eu me afasto da porta e dou mais uma olhada em volta.

— Baz?

Ouço outra vez. O som é baixo e abafado, mas não me é inteiramente estranho.

— Baz, você tá aí?

Algo se mexe no chão e imediatamente capta a atenção dos meus olhos – automaticamente coloco a mão sobre o quadril, onde minha espada aparece. São as roupas que Baz havia tirado do armário. Eu chego mais perto; elas continuam se mexendo.

— Mas que...

Eu dou uma cutucada com o pé e algo sai debaixo da camisa de botões num salto veloz. Eu só consigo localizar a coisa quando ouço o seu grunhido novamente. Meu cérebro leva bons segundos para processar o que vê, e mais um tempo considerável até ligar todos os pontos e entender que eu fiz aquilo.

Sem querer eu encharquei as palavras com magia.

Sem querer eu transformei Baz Pitch em um sapo.


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Notas finais do capítulo

Não seja um leitor fantasma, por favor, comente ♥



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