Honey escrita por noora


Capítulo 1
Only a girl can make me feel this way


Notas iniciais do capítulo

meu deus finalmente sou eu!!!
a primeira das minhas duas ones do pride, to nervosa.
primeiro queria agradecer minhas amigas lindas camila, luisa e karou por terem animado a ideia e me levado junto hahah eu não seria nada sem vocês!
segundo que gostaria de agradecer a todo mundo que está participando, tanto com escrita ou leitura, vocês são ótimos!
terceiro que descobri só no começo do mês que agosto é o mês da visibilidade lésbica, então espero que por meio dessa fanfic possa dar um pouco da representatividade que essas mulheres fortes e guerreiras precisam.
se tiver alguma lésbica lendo, saiba que comigo você não é solitária! posso não ser nem lgbt (exposed hahaha), mas apoio vocês nessa luta e saibam que vocês não são esses monstros que pintam vocês como.
e por fim, gostaria MUITO de agradecer minha amiga mafe. obrigada xuxu por ter me mandado todos os 8 áudios contando sobre como você se descobriu, saiba que a história da molly é a sua história! te amo muito e estou com saudades ♥
enfim, aproveitem!

ps: https://open.spotify.com/playlist/4lGaBayN1518KdZTUrRGUh?si=D5Fq256fQRu-fc-DWvgC9w a playlist hehe



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793983/chapter/1

They're so pretty it hurts
I'm not talking 'bout boys
I'm talking 'bout girls

 

Molly sempre se sentiu diferente das amigas.

Certo, gostava das mesmas músicas, mesmas roupas, mesmos livros e normalmente gostavam de fazer as mesmas coisas, mas assim que elas começavam a falar de meninos, Molly não conseguia entender o apelo.

Não que ela odiasse todos eles. Sim, existiam alguns que ela seria mais feliz se desaparecessem da face da terra, mas era também bem próxima de meninos de seu ano em Hogwarts. Só não conseguia acompanhar as conversas das amigas quando elas começaram a se interessar por meninos.

Ela lembra que em seu terceiro ano, praticamente todas as garotas de seu ano eram insanamente apaixonadas por Baz Myers. Suas amigas passavam quase o dia inteiro falando dele, fazendo Molly querer sumir dali, já que a única coisa que conseguia pensar sobre Baz era aquela vez no primeiro ano em que ela o pegou coçando a bunda e cheirando depois.

Enquanto isso, existia um consenso entre os meninos que Marie Clark era a menina mais linda do mundo. Havia alguma coisa nela que deixava Molly intrigada. Dizia para si mesma que queria ser muito amiga dela, mas se pegava fantasiando em segurar as mãos pequenas dela; em mexer em seus cabelos enquanto ela apoiava sua cabeça em seu colo; as vezes, até imaginava pegar no sono abraçada com ela.

Molly nunca falava sobre isso com ninguém, nem mesmo com sua melhor amiga Victoire. Não achava aquilo estranho, mas só não era o que suas amigas faziam. Então, lutando com tudo o que sentia sobre garotos, começou a agir que nem a maioria das meninas de seu ano. Deu seu primeiro beijo, numa brincadeira na Sala Comunal da Lufa-Lufa, aos catorze anos, com Michael Fawcett. Comentou depois com Victoire que havia achado nojento, mas a amiga riu dizendo que era normal e que ela ia se acostumar.

Beijou mais dois garotos depois disso e, realmente, o nojo havia passado, mas ela simplesmente não sentia nada. Uma de suas amigas, Kate, foi a primeira do grupo a ter um namorado. Do jeito que ela descrevia, deveria ser mágico quando Molly beijasse um garoto, mas para ela era apenas como beijar um cadáver. Então continuando beijando garotos diferentes, a procura de um sentimento. Ouvia os sussurros nos corredores chamando-a de rodada pela quantidade de garotos em sua lista, mas ela não se importava. Só queria sentir alguma coisa.

No verão entre o quarto e quinto ano, Molly, como sempre, passou umas semanas na casa de sua tia, irmã de sua mãe. Ficava muito animada de ir para lá, já que essa parte de sua família era trouxa então sempre havia coisas interessantes para aprender e depois, quando passava o resto das férias com a família de seu pai, compartilhava com seu avô todas as novidades.

A coisa que ela mais gostava era a tal de televisão. Ficava abismada com o fato daquela tela fininha poder reproduzir tantas coisas diferentes. Felizmente, sua prima Maddie era tão fã quanto ela, então todo verão ela tinha uma coletânea de filmes novos para mostrar para Molly. Elas se enfiavam nas cobertas na cama de Maddie e ficavam lá por horas, se alienando do mundo e apenas focando nas histórias.

Naquele verão, Maddie havia aparecido com uma seleção de filmes diferentes: ela normalmente passava filmes em inglês, mas daquela vez eram vários de línguas diferentes. A prima deu um resumo sobre o que era cada um, até chegar no último:

— Esse aqui é bem interessante, ganhou vários prêmios! É alemão, sobre um romance lésbico proibido.

— Lésbico? – Molly questionou, confusa.

— Você não sabe o que é isso? Nossa, o que vocês aprendem no mundo bruxo? – Maddie fez uma cara engraçada – enfim, lésbicas são basicamente garotas que gostam de garotas.

― Isso existe?

— Claro! Também existem garotos que só gostam de garotos e pessoas que gostam tanto de garotas quanto garotos. Enfim, muita coisa. Vamos assistir esse?

Molly assentiu, apoiando o corpo no travesseiro. O enredo do filme era um pouco chato, mas tinha gostado muito de todas as cenas que as personagens haviam se beijado. Passou dias pensando sobre isso e no final de suas férias, chegou na conclusão que poderia ser uma daquelas pessoas que gostavam tanto de garotos quanto garotas.

Um pouco depois das férias de Natal, Baz Myers chamou Molly para ir com ele a Hogsmeade, como num encontro. Acabou aceitando por causa da pressão das amigas, que ameaçaram que iriam “bater nela” caso não fosse. Descobriu que, apesar de ter aquela imagem grotesca dele em sua cabeça, Baz havia se tornado um garoto bem simpático e ela realmente gostava dele. Por isso que aceitou namorar ele, pensando que aquela era a sensação que devia ter por alguém.

Mesmo assim, não havia nada mágico em beijar Baz. Também não sentia a menor vontade de transar com ele, mesmo com todas as tentativas do namorado de começar alguma coisa. Chorou uma noite para Victoire, dizendo que havia alguma coisa errada com ela. A prima apenas a abraçou, dizendo que não tinha nada de errado naquilo e que Molly devia fazer quando ela sentisse vontade.

Foi no mesmo ano em que ela começou a se aproximar de Dorothy Ulven, uma garota de seu ano. As duas ficaram muito amigas muito rápido e Baz brincava que um dia Molly ia largar ele para ficar com Dorothy. As duas faziam praticamente tudo juntas e não entendia exatamente o que era aquilo, mas a companhia da menina deixava Molly absurdamente feliz.

Então teve aquele sábado. As duas tinham ficado até tarde terminando um trabalho de Estudos dos Trouxas, então acabaram sozinhas na Sala Comunal. A luz da lareira refletia nos olhos de Dorothy, dando um brilho mel neles. A conversa acabou morrendo e as duas ficaram em silêncio, apenas sorrindo uma para a outra. O coração de Molly começou a acelerar quando Dorothy se aproximou, mas não se mexeu.

E ali estava a sensação que procurou a vida inteira. A mesma que as amigas haviam descrito tantas vezes. Se beijar Baz parecia como beijar um cadáver, então beijar Dorothy era como se seu corpo inteiro tivesse se acendido. Parecia que seu cérebro havia derretido e ela só estava agindo instintivamente.

Foi naquela noite que ela se decidiu: Molly realmente não gostava de garotos, mas gostava muito de garotas.

Terminou com Baz alguns dias depois, porque não conseguia continuar enganando a ele como tinha feito com si mesma por tanto tempo. Ele ficou uns dias sem falar com ela, mas quando a chamou para conversar um tempo depois Molly ficou feliz que Baz compreendeu a situação toda. Pelo menos sabia que podia contar com ele como um bom amigo.

Ela e Dorothy até tentaram um relacionamento, mas não foi para frente. O que importava era que Molly se sentia mais leve por finalmente ter entendido quem era, mesmo que houvesse se assumido para tecnicamente duas pessoas. Começou uma lista mentalmente para quais pessoas ela realmente fazia questão de contar o que tinha acontecido.

A primeira delas foi sua irmã, Lucy. Na época ela tinha apenas 10 anos, mas foi provavelmente uma das pessoas mais maduras em relação a tudo isso. As duas estavam na cozinha, Molly fazendo o almoço para elas. Era a época em que seus pais ainda não estavam de férias, então Molly normalmente ficava em casa para cuidar da irmã, apesar de ela já estar fazendo isso desde que Lucy ficou surda e a mãe delas estava deprimida demais para fazer qualquer coisa.

— Lucy, posso te contar uma coisa? – Molly disse, enquanto sinalizava na linguagem de sinais.

Lucy concordou, enquanto colocava um pedaço de frango na boca. Molly ficou em silêncio, pensando em como começar a falar.

— Lembra do jantar ontem, quando a mamãe perguntou do porquê de eu ter terminado com o Baz?

― Sim e você disse que só não gostava mais dele – Lucy sinalizou de volta.

— Bem, eu menti – Lucy franziu o cenho, confusa com o que a irmã tinha dito – não é que eu não goste mais só dele... São de todos os garotos, no geral. Eu só quero namorar garotas de agora em diante.

Molly tremia de nervosismo. Não sabia o que faria se Lucy falasse alguma coisa ruim. Assistiu a irmãzinha ponderar, enquanto pescava os pedaços de frango em seu prato. Lucy voltou a olhar para Molly, o olhar desconfiado:

— Sua namorada não vai fazer piada da minha condição, vai?

— Não! Claro que não. Eu nunca namoraria alguém assim.

Lucy então deu ombros, gesticulando que estava tudo bem. Enquanto assistia a irmã voltar a comer, Molly sentia vontade de chorar. Não de tristeza, mas de alívio. O fato de Lucy não ter o menor problema com sexualidade dava uma sensação de força para Molly que ela não conseguia descrever.

A próxima na lista era Victoire. Sabia que ela ficaria mais brava se Molly não a contasse do que sobre o que ela falaria. As duas eram melhores amigas desde criança e falavam tudo uma para a outra. Molly sabia todos os detalhes (até mesmo os que não queria saber) sobre a vida amorosa de Victoire. Foi obrigada por meses a ouvir toda a confusão entre ela e Teddy antes que os dois se resolvessem, mas sabia muito bem que Victoire sempre teve muito interesse na vida de Molly.

As duas estavam sentadas na praia, em um fim de semana que Molly foi para a casa da prima. Soltou a bomba no meio da conversa, pegando Victoire fora de guarda por alguns segundos, mas voltou tudo ao normal quando ela apenas riu e disse que fazia sentido. Ficaram rindo por algumas horas de como era óbvio pelo comportamento de Molly por todos aqueles anos.

Sua mãe foi a que mais demorou para expressar uma reação boa. Molly contou para ela de noite e Audrey se trancou no quarto e não saiu de lá até a manhã do dia seguinte. Molly passou a madrugada inteira nervosa, com medo da reação dela. Quando acordou de tarde, desceu até a cozinha e encontrou a mãe preparando o almoço. As duas se olharam por um tempo, até Aubrey andar em direção a filha, envolvê-la em um abraço e sussurrar em seu ouvido:

— Você é minha filha e eu sempre vou te amar, não importa o que aconteça.

Molly desabou de chorar no ombro da mãe.

Seu maior medo era a reação de seu pai. Percy Weasley podia ser imprevisível, então Molly não tinha a menor ideia de como ele iria agir. Desde sempre os dois nunca se deram muito bem. Não se odiavam, mas tinham a consciência que quanto menos eles interagiam, melhor era. Normalmente mantinham uma conversa normal por 5 minutos, mas logo sempre havia um motivo para discutirem.

Ninguém sabia como aconselhar ela direito nessa situação. Alguns diziam que era melhor esperar um bom tempo antes de contar ou só deixar ele descobrir sozinho. Outros, principalmente sua mãe, a convenceram de que era melhor arrancar logo o band-aid e torcer pelo melhor. Resolveu contar meses depois de acabar seu sétimo ano, num jantar na casa dos pais. Pelo menos estava dividindo um apartamento com Victoire e Teddy, então se decorresse do pior jeito possível, ela já teria para onde voltar chorando.

Praticamente não tocou na comida. Assistiu o pai conversar com a mãe e a irmã. Achava curioso como os dois não se davam bem, mas eram tão parecidos, tanto em personalidade quanto aparência. Juntou toda a coragem que tinha antes de contar para o pai a verdade sobre si mesma. Percy olhou para ela seriamente, apenas para um sorriso se formar em seu rosto e ele começar a rir. As três mulheres olhavam confusas para ele, sem saber o que estava acontecido.

— Ótima piada, Molly. Fazia uns dias que não ria assim.

— Não... Não foi uma piada.

Percy parou de rir subitamente. Olhou bem nos olhos da filha, o rosto severo.

— Você tem que estar brincando para me falar algo tão absurdo.

Parecia que o coração dela ia parar a cada palavra que ela ouvia sair da boca do pai. O rosto de Percy estava ficando cada vez mais vermelho e ele havia começado a gritar:

— Molly, não. Isso é errado, nojento... Não é humano, esse tipo de coisa. Só pode ser uma fase, você ainda só não achou o homem certo, minha filha. Vai mudar de ideia quando ficar mais velha.

Audrey havia mandado Lucy subir para seu quarto, não querendo que a mais nova visse a briga. Sua filha mais velha estava tão vermelha quanto o pai e berrava com ele de volta, as lágrimas escorrendo pelo rosto sardento. Molly não soube dizer por quanto tempo eles ficaram discutindo, mas teve que ouvir coisas horríveis de seu próprio pai. Por fim, ela só se cansou. Estava exausta de discutir com alguém que claramente não ia mudar de ideia. Ainda chorando, só pegou suas coisas e se preparou para aparatar, mas não sem antes se virar para o pai e dizer:

— Eu te odeio e queria que não fosse meu pai.

As próximas reuniões familiares se tornaram exaustivas. Molly e Percy se recusavam a estar na presença um do outro, então a família tinha que organizar quem iriam chamar para que os dois não se encontrarem. Isso durou por quase um ano até que a matriarca da família, com quem Molly dividia o nome, deu um basta. Conseguiu juntar os dois um dia e gritou com eles por horas, sobre como estavam sendo idiotas e que não iriam estragar as reuniões familiares por causa de uma briga entre eles.

Começaram a ir aos eventos juntos, mas faziam questão de nunca estarem no mesmo cômodo ao mesmo tempo. A única coisa que deixava Molly mais feliz era que seu pai era o único realmente homofóbico na família. Claro, tiveram alguns que demoraram um pouco para entender, mas ninguém no nível de Percy. O que a mais apoiou foi James.

Molly conheceu a garota com quem teve o relacionamento mais longo por causa dele. Foi na festa de aniversário de 19 anos de James que ele as apresentou. O bar no Beco Diagonal estava lotado de pessoas, mas não era nenhuma surpresa contando com o fato de que era James organizando. Ela demorou um pouco para encontra-lo na multidão, mas logo depois de se cumprimentarem o primo já começou a arrastá-la em direção a mais uma garota que queria apresentar para Molly:
— James, eu já disse que só porque você conhece garotas que também beijam garotas, não quer dizer que a gente vá dar certo como casal.

— Não me enche que essa aqui você vai me agradecer.

Eles desviaram de várias pessoas até chegarem em uma mesa um pouco mais vazia onde Fred e Johnny, melhores amigos de James, faziam companhia para uma garota loira. O primo de Molly gritou o nome Amber, fazendo a menina se virar.

— Molly, essa é minha amiga Amber – ele se virou para a loira – essa é a minha prima que eu te falei.

Como uma boa geminiana, Molly Weasley II nunca ficava sem palavras. Tinha a habilidade de gambiarra social, onde conseguia se virar com qualquer assunto e qualquer pessoa que estivesse conversando. Além disso, não tinha o menor problema em descaradamente flertar com qualquer garota que fosse afim.

Mas quando olhou para Amber Nott, com o cabelo loiro comprido e os grandes olhos azuis, não sabia o que dizer.

― O que você disse com “não vai dar certo”? – James murmurou no ouvido da prima depois de perceber a reação dela. Molly apenas deu uma cotovelada nas costelas dele.

As duas se deram bem logo de cara. Assunto não faltava em suas conversas e com três meses de namoro, Amber já se mudou para o apartamento de Molly e não saiu de lá pelos anos que vieram. Tinham uma sintonia insana e um amor tão lindo que era uma inspiração de romance. Molly se sentia como se estivesse nas nuvens por causa daquele relacionamento. E mesmo quando elas se beijavam em público e tinham que aguentar os olhares e comentários maldosos, valia a pena porque tudo que importava era ter Amber ao seu lado.  

Amber foi a primeira (e única) namorada que Molly levou para conhecer a família. Foi graças a ela que Percy começou a entender e enxergar quem a filha realmente era. Nunca pediu desculpas pelo que disse antes, mas Molly ficou absurdamente emocionada quando em um dia nA’ Toca ele se sentou ao lado e começou a conversar como se nada tivesse acontecido. A menina ficou confusa com a situação, mas seus olhos se encheram um pouco de lágrimas quando seu pai fez a singela pergunta de como estava a namorada dela e comentou como gostava de Amber. Molly sabia que ainda tinham muito do que resolver, mas era um começo.

Descobriu uns anos depois que não era a única LGBT na família. No Natal de 2023, sua prima Dominique a puxou para um canto e contou que havia pegado o irmão mais novo, Louis, aos beijos com um menino do sétimo ano. Preocupada, Dominique perguntou se Molly podia conversar com ele, explicar caso ele tivesse alguma dúvida ou estivesse confuso.

Ficou meio nervosa com o pedido, já que não era próxima do primo. Ele era quieto demais, quase não falava com ninguém da família. Apesar disso, viu que as intenções de Dominique vinham do ponto de uma irmã mais velha que só queria o bem de seu irmãozinho.

Depois da ceia, encontrou Louis sentado na escada meio que escondido de todos. Não sabendo direito como iria fazer aquilo, apenas se aproximou do menino:

— Ei Louis, posso sentar aqui? – ela questionou o primo.

— Claro.

Louis abriu espaço para Molly sentar-se ao seu lado. Ficaram em silêncio por um tempo, ela batucando os dedos nas coxas. Sem saber direito como começar, ela falou:

— Então... Dominique me disse sobre o que ela viu.

Os olhos do primo se arregalaram e ela conseguia ver o pânico na postura dele.

— Você não vai falar para ninguém, vai?

— Não! Nossa, nunca faria isso.

Ele soltou o ar, aliviado. Ficaram em silêncio de novo, os dois claramente nervosos e um tanto desconfortáveis.

— Tem algo rolando entre mim e o Lysander – Louis quebrou o silêncio, admitindo.

— Lysander, filho da Luna? Qual deles é ele mesmo?

— O de cabelo curto – Louis explicou – mas isso não quer dizer que eu seja gay gay.

Molly olhou confusa para ele, sem entender o que o primo estava falando.

— Como assim?

— Você sabe, não vou ficar falando sobre chupar pau o tempo inteiro, ser fã de divas do pop, essas coisas. Não vou sair por aí com maquiagem e talvez vestido, sei lá, glamoroso só porque eu gosto do Lysander.

Ela respirou fundo, sentindo o sangue ferver. Voltou a falar, tentando manter a calma na voz:

— Deixa eu te falar uma coisa sobre essas pessoas, Louis. São pessoas que saem por aí lutando pelos nossos direitos depois de passar por anos de abuso e ódio destilado a essa comunidade. E são assim não por quererem ser diferente do resto, mas porque elas preferem morrer a fingir ser quem elas não são.

Louis olhava para o colo, envergonhado.

— E eu acho que antes de você ter lutado essa batalha e ter a coragem de bater o pé e falar “esse sou eu”, você deveria tomar mais cuidado antes de sair se achando melhor do que o orgulho de ser quem é. Porque por mais que falem sobre a igualdade de amar, ser LGBT é... Existir.

Ela tinha orgulho. Tinha orgulho da comunidade que fazia parte, tinha orgulho da namorada, tinha orgulho de bater no próprio peito ao dizer que era lésbica. E o mais importante de tudo, mesmo que existissem que fossem contra o que ela sentia, era que Molly estava feliz.

E era só isso que importava.

No, this is not a phase
Or a coming of age
This will never change


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

e ai, o que acharam?? a da molly foi bem de boas, a mais dramática vai ser a do louis que vem lá no dia 21!
ah, se quiserem saber como são as meninas, aqui meu fancast delas:
Molly: encurtador.com.br/joGIJ
Amber: encurtador.com.br/nzGW4

vejo vocês nos comentários.
beijo grande ♥ ♥