Quando voltei para casa depois de passar a noite inteira com Jacob notei que a casa continuava o maior silêncio e eu imaginei que Carlisle e Edward estivessem saído ou estivessem ocupados em seus próprios afazeres. Antes de subir as escadas algo chamou minha atenção. Uma porta do primeiro andar estava entreaberta e meus pés seguiram em direção ao local. Passei pela fenda e fiquei surpresa ao ver o que havia dentro do quarto.

O piano de cauda branco combinava perfeitamente com a casa. Pouco sabia sobre produção de pianos. No entanto, estava claro que aquele com certeza deveria ser uma linha limitada que agora não deveria ser mais fabricada. 

Meus pés caminharam na direção do piano como se tivessem vida própria e por um longo minuto fiquei apreciando o instrumento empoeirado e lembrei de quando meu avô Charlie me levou a um concerto pela primeira vez. Naquela época eu tinha uns 9 anos de idade e fiquei apaixonada ao ver o pianista fazer sua arte e se destacar de todos os outros. Aquilo foi a coisa mais magnífica que eu já tinha visto na vida. Quando cheguei em casa implorei para minha mãe me colocar em uma aula de piano e depois de muita relutância ela aceitou e economizou por muito tempo até conseguir me presentear com um piano velho que comprou pela internet.

Sabendo de todo esforço que foi necessário para ela conseguir comprá-lo agradecia todos os dias e depois de um tempo Bella confessou que tinha uma música favorita e me fazia tocá-la todos os dias.

Quando percebi minhas mãos tocavam o lindo piano e a doce melodia de Claire de Lune começou a soar na sala. Um momento a música soa melancólica, triste e deprimida. Como uma criança que chora e durante algum tempo aquele choro se prolongou expondo meus próprios sentimentos. Tanto que não demorei para perceber que estava chorando. As lágrimas escorriam pelo meu rosto e pingaram no teclado e de olhos fechados continuei a tocar. 

— Essa era a música favorita da sua mãe — a voz de Edward soou atrás de mim. 

Meus dedos param no mesmo instante surpresa e sequei as lágrimas correndo antes de me virar para ele. Quando me virei seu olhar distante demonstra tristeza e por um momento fico com a impressão de que Edward estava prestes a chorar.

— O que foi que você disse? — perguntei na dúvida.

— Sua mãe amava ouvir essa música — Edward fala em voz baixa aproximando sua cadeira..

 — Você tocava essa música para ela, não é? 

Edward acenou com a cabeça e por um momento ele encara suas mão inválidas. Os poucos movimentos que ele ainda parecia possuir não eram suficientes para tocar piano.

— O que aconteceu com você? — minha voz soou quase desesperada.

 Edward respirou fundo.

— É uma longa história —  declarou olhando pra mim.