Beautiful Strangers escrita por Megan Queen


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Hi, todo mundo!

Ressuscitando direto das cinzas, vim trazer pra vocês essa história curtinha e sem drama só pra ser uma distração agradável pra esse fim de semana (eu espero)

É claro que o crédito por esse retorno relâmpago é todinho da Ingret, que me colocou contra a parede e me deu a inspiração que eu precisava para escrever essa short, que eu adorei criar.

Esse é o meu presente pra vc, Ing :) Espero que goste!

Espero que vocês também gostem e me contem lá embaixo o que acharem dessa pequena e divertida estória com nossos protagonistas preferidos ❤️



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Felicity Smoak 

Seus olhos, tão nítidos, tão azuis 
Como uma maçã ácida, amor, mas seu gosto é tão doce 
Você tem o quadril como o de Jagger e dois pés esquerdos 
E eu me pergunto se você gostaria de me encontrar 

— Finally/Beautiful Stranger  

 

— Eu estou falando sério, acho que vou vomitar. — Murmuro no telefone e o motorista do Uber olha para mim pelo retrovisor com as sobrancelhas erguidas. — Não agora. — Gesticulo no ar, tranquilizando-o, e o homem apenas balança a cabeça como se eu fosse meio maluca. Não julgo.  

A risada de Helena ressoa através do meu celular. 

— Você está tornando isso muito maior do que é, Smoak. — Quase posso ver seu olhar condescendente para mim. Bufo. 

— Maior?! — Minha voz soa estridente mesmo aos meus próprios ouvidos e recebo outro olhar de esguelha do motorista. — Estamos falando da minha carreira. Uma carreira que depende dessas malditas folhas de papel que tenho que preencher com perfeição. 

Uma tossidela de Helena. 

— Não precisa de perfeição, só precisa ir bem. — Ela arrazoa e eu apenas fico em silêncio até que ela suspira. — Okay, como quiser.   

— Além disso, eu tenho tido as piores noites possíveis nos últimos meses. — Minha voz desce algumas oitavas. 

— Você começou a sibilar. — Ela observa. — Acho que agora vamos começar a discutir sobre como seu vizinho é o próprio secretário de Lúcifer, enviado do submundo diretamente para o apartamento em cima do seu, certo? — O sarcasmo dela me dá vontade de gritar. Mas não quero fazer uma cena. Ou mais uma, na verdade, pelo olhar escabreado do motorista. — Você está uma bola de estresse, Smoak. — Minha melhor amiga suaviza a voz, prevendo uma explosão iminente.  

— E a culpa é toda desse maldito homem. — Murmuro entre os dentes. — Parece de propósito. Um dia, juro por Deus que vou subir e quebrar a maldita guitarra na cabeça dele. 

E eu não estou exagerando. O homem era meu carma sobre pernas mesmo sem jamais termos nos conhecido propriamente.  

Já faz quase 6 meses que saí do apartamento que dividia com Helena, depois que ela foi morar com o namorado e o valor do aluguel ficou pesado demais para mim sozinha. Com alguma “sorte”, achei esse prédio pequeno de cinco andares, mas em ótimas condições. Meu apartamento, no quarto andar, é bem menor do que eu estava acostumada, mas é bem dividido o suficiente para ser confortável. A vizinhança é tranquila e eu consegui ficar próxima o suficiente da faculdade. 

Parecia perfeito. 

Até a primeira noite de terça-feira chegar e eu “conhecer” meu mais novo vizinho no andar de cima. Ou melhor dizendo, conhecer seus solos de guitarra. 

Todos os dias, exceto pelas segundas, quintas-feiras, das 19:00 às 22:00 horas, eu era presenteada com uma verdadeira cacofonia de sons musicais através do teto e das paredes. Daí, quando meu cansaço já não me permite mais estudar uma única página, mas ao mesmo tempo o sono me abandonou devido à barulheira, ele simplesmente para de tocar e sai, a porta batendo e zombando de mim por ainda não ter ajustado meu fuso-horário ao dele. 

Todos os dias, eu reúno coragem para subir e bater na porta da irritante criatura que vive logo acima de mim, mas todos os dias estou tão tremendamente enfurecida que não confio em mim mesma para fazê-lo com dignidade.  

Algumas vezes cruzei com uma garota, vindo do andar dele, e com uma expressão que grita “problemas”. Provavelmente a namorada, a julgar pelos olhos cheios de lápis preto. Ela tem uma beleza atípica, na verdade. Mas eu não conseguia simpatizar com seu sorriso largo quando me lembrava de qual apartamento ela vinha. 

Os solos noturnos eram a culpa das minhas olheiras diurnas e eu nunca estava de bom humor pela manhã, então me acostumei descarregar minha energia negativa com minha mania de limpeza e fazer repetidas faxinas no apartamento.  

Já mudei a configuração dos móveis vezes o suficiente para assustar qualquer psiquiatra. 

Eu provavelmente vou acabar quebrando a guitarra na cabeça dele, mesmo. 

— Claro que vai. — Helena fala comigo como se estivesse falando com uma criança pequena e eu fecho a cara exatamente como uma. — Mas olha só, conheço um lugar legal. 

E lá vamos nós. 

— Hoje é quinta-feira. — Quase choramingo. 

— E...? 

— O demônio não está em casa nas noites de segunda e quinta, Helena. — Recordo e recebo mais um olhar torto pelo retrovisor. 

— Felicity Megan Smoak, você precisa relaxar antes da prova, ou vai surtar. 

— Eu já estou surtando. — Pontuo e até o motorista concorda com a cabeça. Estreito os olhos. — Você está rindo? — Pergunto e Helena ofega. 

— Jamais. — Mas posso ouvir o tom divertido em sua voz. — Ouça, estou te mandando um endereço de um lugar que tenho certeza que vai animar sua cabecinha e te deixar mais relaxada. — Reviro os olhos, mas o celular vibra quando ela me envia uma localização. — Altere seu percurso nesse Uber e vá relaxar num lugar legal, Smoak. É uma ordem. — Ela estala um barulho de beijo e desliga. Simplesmente desliga. 

Olho perplexa para o celular por alguns segundos e percebo que o carro parou. Olho para cima e encontro a sobrancelha erguida do motorista. 

É quinta-feira. Uma sagrada quinta-feira de paz.  

Mas eu não ia ter um pingo de paz na véspera do meu exame da ordem. Eu provavelmente andaria em círculos até furar o chão e desabar no andar da Sr.ª Fernandez para ser devorada por aquele gato genioso dela. 

Um pigarreio e volto a encarar o motorista, que parece ansioso em se livrar de mim e das minhas esquisitices. 

Olho para a localização brilhando na tela do meu telefone.  

Já estou meio arrependida quando limpo a garganta. 

— Posso alterar o destino? 

Um suspiro mal disfarçado e um sorriso forçado me recebem. 

— Claro. 

Alguns cliques e o carro volta a se mover. 

Verdant.   

Esse era o nome do lugar para onde Helena tinha me enviado. 

Mais uma mensagem e eu franzo a testa para o texto. 

 

Consegui uma entrada para vc direto para o VIP. Tommy tem seus contatos kkkk Basta acessar o link que estou te enviando e mostrá-lo aos seguranças. 

Se divirta, pelo amor de Deus. 

Bjs de luz. 

Balanço a cabeça para o link.  

Helena é impossível. Tommy, seu namorado, não fica muito atrás. Obviamente isso tinha um dedo dele também. Filho de um senador reeleito, Tommy tinha uma criação privilegiada a qual ele costumava renegar para ser simplesmente um cara legal que trabalha agenciando talentos musicais por toda a cidade. Ele ainda tinha milhares de privilégios, mas não é o tipo de homem que ainda por aí arrotando sua condição financeira acima da média. Helena se identificou imediatamente com ele assim que os dois se conheceram em um dos jantares pomposos que o pai dela, o prestigiado Procurador Geral do Estado, organizou ano passado.  

Os dois têm estado juntos desde então.  

Eu ainda guardo um falso rancor por Tommy ter me tomado minha colega de apartamento, mas ele foi tão amável me ajudando a conseguir um novo lugar, que eu sequer podia bancar a chateada. 

Maldito homem do sorriso confiante. Ele e Helena eram um par incontestável. 

— Chegamos. — O motorista fala, pela primeira vez.  

Olho para fora e para cima. O letreiro verde néon me cumprimenta. 

— Okay, obrigada. — Murmuro, puxando minha bolsa para meu colo antes de abrir a porta e botar meus pés para fora. 

— Boa noite, senhorita. — Ele acena com a cabeça quando saio e bato a porta fechada. 

— Boa noite. — Devolvo, observando o carro seguir sem mim. 

A noite está mais estrelada do que o comum. O que não é muita coisa, mas mesmo assim sorrio ao encarar as poucas estrelas visíveis. 

O segurança sorri para mim ao autorizar minha passagem escadas acima para a tal área VIP.  

“Diggle, J.”, leio em seu crachá e sorrio de volta antes de puxar meu casaco para fora e caminhar o mais tranquilamente que consigo até o balcão de bebidas. 

A iluminação é baixa apenas o suficiente para ser agradável, apenas alguns poucos casais e um grupo de homens em seus ternos caros ocupam lugares ao redor. Pareço deslocada em minha calça de veludo preta, minha blusa fina branca de bolinhas e minhas botas sem salto, que coloquei apenas por serem confortáveis. Coloco meu casaco nas costas de uma das cadeiras altas e me sento, pegando o celular para mandar uma mensagem para Helena, avisando que cheguei. 

Assim que a mensagem é visualizada, ela me liga. Sento na cadeira e me inclino para a frente, encarando cegamente às bebidas antes de atender. 

— Eu tinha minhas dúvidas sobre se você realmente iria. — Ela diz, a desconfiança ainda em sua voz. 

— Bem, eu vim. — Sorrio e dou de ombros. — Tenho certeza de que consegue ouvir a música ao fundo. — Viro o celular para fora, para que ela ouça. 

— Hmm... Não sei. — Reviro meus olhos. 

— Qual é, Helena... 

— Tenho dinheiro nisso. Shiu... — Ela sussurra alguma coisa com Tommy e eu rio fraco. É claro que os dois fizeram uma aposta. — Passe para Oliver. — Ela ordena e eu franzo a testa. 

— Oliver?! — Pergunto, confusa. 

— O barman. — Ela responde, calmamente.  

Minha visão periférica captura o homem à esquerda, que parou o que estava fazendo e me encarou. 

— O barman. — Repito, virando a cabeça devagar para olhar para ele.  

Solto o ar. 

Bem... Uau. 

Seus olhos felinos são a primeira coisa que capturo. Mas então absorvo seu porte alto e atlético, os ombros largos tão bem vestidos por aquele suéter verde escuro. Os cabelos curtos de um tom muito claro, que cintila nas mechas lisas. A barba por fazer e a boca suavemente curvada num sorriso torto. 

Deus me ajude. 

— Terra para Felicity. — Helena está rindo e posso ouvir mais uma risada ao fundo. Tommy. — Acho que o encontrou. — Ela zomba, mas estou paralisada, o assistindo caminhar até parar bem diante de mim. Ele joga a toalha de mão sobre o ombro e apoia os cotovelos no balcão, as mãos unidas e os dedos se entrelaçando, meus olhos viajando por seus antebraços fortes. — Passe para ele. — A voz de Helena me desperta e eu dou um pequeno pulinho no banco, estendendo o celular para ele por puro instinto. 

Oliver olha para o aparelho e franze a testa, me encarando com um olhar de questionamento, mas apenas encolho meus ombros.  

Seus dedos esbarram nos meus ao pegar o telefone. 

— Oliver aqui. — Ele murmura e o tom rouco e grave de sua voz viaja seu caminho direto para minha espinha. Cruzo as pernas e desvio o olhar enquanto ele solta pequenos murmúrios de concordância para minha amiga e então uma pequena risada, que vibra no ar por alguns segundos, meu rosto esquentando à medida que seus olhos voltam a se concentrar em mim, me olhando com um interesse novo. — Pode deixar comigo. — Ele diz e sorri apenas ligeiramente. — Sempre bom falar com você, Helena. Dê lembranças ao Merlyn. — Ergo minha sobrancelha com a menção dele ao namorado dela. 

Oliver estende o telefone de volta para mim e eu o pego automaticamente, o levando à orelha e virando um pouco para o lado, sem conseguir sustentar o olhar dele. 

— Hey, você. — Murmuro e Helena está cantarolando ao responder.  

— Divirta-se, anjinho. — Estreito meus olhos. — Obrigada por me ajudar a vencer essa aposta. — Reviro meus olhos. — Estou orgulhosa por ter deixado a Felicity—Mulher sair e escondido a Felicity-Aluna-Exemplar no armário só por hoje. Essa é a minha garota. — Sorrio sem humor. 

— Eu vou me arrepender disso, não vou? — Murmuro e ela estala a língua. 

— Só talvez. 

— Helena Rosa Bertin-... — Começo minha ameaça, mas ela já desligou. Claro. 

— Você deve ser Felicity. — Me ajeito na cadeira lentamente para encarar o homem do outro lado do balcão, que me deu as costas para arrumar as garrafas de bebidas nas prateleiras. Suas costas são definidas sob o tecido e alguns músculos se movem quando ele se estica para empurrar uma das garrafas um pouco mais para a esquerda. — Vou tomar isso com um sim. — Ele ri e eu coro até mesmo atrás das minhas orelhas. 

Limpo a garganta. Pelo amor de Deus, eu não sou mais uma maldita adolescente cheia de hormônios.  

Vamos, Felicity, reaja. Esse não é o primeiro homem bonito que você vê na vida. O mais bonito, talvez, mas... 

— Obrigado, eu acho. — Ele diz, um pouco mais baixo, e eu desejo que um raio me pulverize agora mesmo. — Helena avisou sobre isso.  

— Isso? — Essa é minha articulada primeira resposta para ele. 

Oliver me olha por cima do ombro e me oferece mais um sorriso torto. 

— Você divaga em voz alta. — Ele devolve e eu esfrego uma das mãos sobre a lateral do meu rosto, tentando esconder o rubor. 

Me abandono de vez na cadeira e suspiro. Eis minha adorável primeira impressão. 

— É um jeito gentil de dizer que falo sozinha. — Concedo e ele ri, voltando a virar em minha direção. 

— Muito prazer. — Estende sua mão grande. — Oliver. Queen. — Diz, pausadamente. 

Aceno com a cabeça e a aceito, sua palma envolve a minha por completo. 

— FelicitySmoak. — Devolvo, da mesma forma, e ele sorri, sacudindo minha mão suavemente antes de me soltar.  

— O que posso servir para você, Felicity? — Oliver pergunta, encostando o quadril no tampo de granito. 

— Água. — Respondo, de forma automática. 

Uma risada pelo nariz. 

— Água. — Ele repete devagar. 

— Com gelo. Por favor. — Acrescento depressa e ele balança a cabeça, achando tudo muito divertido, antes de concordar com a cabeça. 

— Tudo bem. — Ele gira depressa. — Uma água com gelo saindo. — Por um momento rio do quão ridícula devo parecer, mas Oliver não parece estar incomodado. 

Enquanto ele me serve, olho ao redor, até encarar a banda na outra extremidade, tocando uma balada gostosa de ouvir, o volume na altura adequada para ser confortável e agradável aos ouvidos. 

— Não sabia que faziam apresentações ao vivo aqui. — Murmuro, sem ter certeza de que ele ouviu, mas Oliver coloca meu copo cheio sobre um guardanapo e o desliza para mim antes de voltar a se apoiar sobre os cotovelos. 

— Na minha opinião, é a maior vantagem da Verdant sobre os outros lugares. Temos toda a coisa dos DJ’s, mas também oferecemos um pouco de “música de verdade”. — Ele faz aspas com as mãos e eu sorrio.  

— Se Helena tivesse me falado sobre tudo isso... — Faço um gesto que estrategicamente cobre tanto a banda como ao próprio Oliver. —Talvez eu tivesse vindo antes. — Oliver ri e não responde nada enquanto eu tomo um gole generoso da água que pedi. 

— Então aqui está você, bebendo água com gelo na área VIP de uma das casas noturnas mais finas da cidade. — O tom dele é zombeteiro, mas não de um jeito necessariamente ruim. Ele não está rindo de mim, e sim comigo 

— Que selvagem, eu sei. — Retruco e Oliver joga a cabeça para trás para soltar uma risada sem som. 

— O que traz você aqui, Srt.ª Smoak? — Ele cruza seus braços e eu suspiro, olhando ao redor. Helena pensou em tudo. Diferente da parte de baixo agitada na pista de dança, a área VIP é reservada e bem mais tranquila. Apenas o som da música ao vivo, conversas baixas e alguns poucos casais dançando a música lenta. 

— Vou prestar um exame importante amanhã.  — Respondo, girando o copo entre as mãos e observando o gelo dançar na superfície. — Provavelmente eu deveria estar em casa repassando tudo... — Falo mais para mim mesma. — Mas Helena me convenceu de que eu precisava relaxar um pouco em um lugar legal. — Encolho os ombros e Oliver assente, um sorriso brilhando nos olhos de um azul congelado. 

— Que bom que a convenceu. — Ele comenta, num tom relaxado que tem o mesmo efeito sobre mim. 

— É. — Sussurro, sobre a borda do meu copo. — Que bom, mesmo. 


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