Nêmesis escrita por Siaht


Capítulo 3
III. you should think about the consequence of your magnetic field being a little too strong


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!!
Tudo bem com vocês?
Bom, último dia do Pride e estou aqui para finalmente concluir essa história. Talvez tenhamos uma chuva de atualizações nos próximos minutos, mas é necessário. Não vou enrolar muito por aqui, porque ainda há muito a ser feito, mas espero realmente que gostem desse capítulo e dos próximos! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793867/chapter/3

III

.

{you should think about the consequence of your magnetic field being a little too strong}

.

.

— Você está fazendo isso errado, Potter.

Aquela voz grave e masculina soando em seu ouvido esquerdo foi suficiente para que Albus Severus Potter sentisse todos os pelos do seu corpo se arrepiarem. De uma forma negativa, é claro. Da pior forma possível. Bradley Wood estava tentando enlouquecê-lo. Essa era a única conclusão a qual o garoto poderia chegar, após a semana bizarra que vivera.

O grifinório parecia uma sombra, sempre em seu encalço. Sempre distribuindo sorrisos, sendo solícito, tentando começar uma conversa casual. No começo fora apenas estranho e um tanto incômodo, mas agora estava se tornando assustador. E não entender o que diabos aquele idiota queria o estava consumindo sua sanidade. Tinha que haver algo por traz daquele comportamento incomum e Al definitivamente não achava que era algo bom.

— Não me lembro de ter pedido sua opinião, Wood. — o menino retrucou, enquanto o goleiro pairava atrás dele, espiando o conteúdo de seu caldeirão com interesse.

— Tudo bem, mas se você não cortar a raiz de asfódelo em quadrados de dois centímetros exatos, a poção não vai dar certo. — Brad disse com convicção. Ele estava perto demais. Tão próximo que o Potter conseguia ter total consciência de sua estatura alta, dos músculos fortes e do calor que seu corpo emanava. Era quase sufocante.

— Dá licença, Wood. — Al disse, o empurrando levemente. — Já ouviu falar sobre espaço pessoal? Talvez não, já que você parece adorar andar em bando, com aquela sua multidão ridícula de fãs sempre dependurada em seus braços, mas algumas pessoas apreciam o próprio espaço.

Bradley apenas riu. Aquela sua gargalhada levemente infantil e descontraída. E Albus quis enfiar a cabeça dele dentro do caldeirão, para ensinar ao rapaz a não debochar de seus insultos. Era para ele se sentir envergonhado, ofendido, humilhado e não entretido.  

— Desculpe, só estou tentando ajudar. — o garoto disse, erguendo as mãos em sinal de rendição. Aquelas mãos firmes, com dedos longos e cheios de calos. Mãos de goleiro.

— Novamente, não me lembro de ter pedido a sua ajuda.

— Eu sei. É só que parecia que você precisava de ajuda. — o Wood comentou, dando de ombros. O olhar que o sonserino lhe enviou foi tão feio que o rapaz até se afastou alguns passos.

Albus Severus Potter era um completo desastre em poções e estava bem consciente desse fato. Sabia que aquela era de longe a disciplina na qual se saia pior, o que queria dizer muita coisa. Não precisava, portanto, que seu arqui-inimigo – e o queridinho do Slughorn – o lembrasse disso.

— Tudo bem, mas quando seu caldeirão explodir de novo, não diga que eu não avisei. — Brad comentou ainda naquele tom insuportável de quem não leva nada a sério.

— Você adora isso, não é mesmo?

— Ver seu caldeirão explodindo? Me rende algumas risadas, não vou negar...

Brad disse lhe enviando seu sorriso mais irritantemente simpático. Aqueles 28 dentes brancos e alinhados lhe sorrindo de forma perfeita. Albus quis socá-lo apenas para causar algum estrago e fazer com que o grifinório se parecesse mais com um ser humano normal e menos com uma divindade que acabara de descer do Olimpo.

— Não. Me ver derrotada.

— Espera? O que? Não!

— Por favor, Wood, eu te conheço. E sei muito bem o que você está tentando fazer aqui: me atrapalhar.

— O que? Não, não estou. Juro que não estou, Potter.

— Como se eu fosse acreditar em você.

— Olha, desculpa atrapalhar a mais nova briga dos dois, mas vocês estão começando a chamar atenção. — Scorpius Malfoy se intrometeu de forma pacificadora — Daqui a pouco o Slughorn vai estar aqui, querendo saber o que diabos está acontecendo. E você sabe que não pode ganhar mais nenhuma detenção esse mês, Al, ou vai ser suspenso. A McGonagall foi bem clara.

Albus grunhiu irritado. Bradley suspirou cansado.

— Tudo bem. — o Wood disse, enquanto voltava para sua mesa — Já estou indo embora, mas só estava mesmo tentando ajudar.

— Ajudar é o caramba... — Al resmungou, voltando os olhos para a mistura de consistência bizarra em seu caldeirão.  

— Você tem que parar de se meter em confusão, Albus Severus! — Scorpius censurou o amigo, mesmo sabendo que aquilo era impossível quando Bradley estava na história. Normalmente Al era uma pessoa quieta e que gostava muito de ficar em seu canto, reclamando de tudo e todos nas sombras. Mas bastava o goleiro da grifinória aparecer para que o menino ficasse transtornado. Fora engraçado no início, mas estava começando a se tornar preocupante. 

— A culpa é toda do Wood, Scorp! Você não viu o atrevimento dele? A presunção? A tentativa óbvia de me sabotar?

O Malfoy o encarou como se ele estivesse perdendo a cabeça.

— O que eu vi foi um colega de classe sendo simpático e tentando te ajudar.

Albus bufou indignado.

— É claro, o santo Wood! Chega a ser ridículo como todo mundo acredita nessa pose de bom moço dele, mas eu realmente esperava um pouco mais de inteligência de você, Scorpius.

O amigo apenas balançou a cabeça em negação.

— Você está mesmo determinado a começar uma briga com alguém hoje, não é, Al? Mas comigo não vai ser. Termine a sua poção e tente esfriar a cabeça. Porque eu vou terminar a minha.

O Potter lhe lançou um olhar irritado, porém, não disse uma palavra. Não era com Scorpius que ele queria brigar, afinal.

.

.

— Acho que estou fazendo alguma coisa errada, mas não sei o que. Quanto mais eu tento ser simpático e ajudar, mais ele fica irritado comigo. — Bradley desabafou, deitando a cabeça na mesa da biblioteca.

— Então talvez você devesse parar de tentar. Não é muito difícil encontrar a resposta para essa questão, Brad. — Maxinne disse, sem sequer tirar os olhos do livro que lia.

— Se eu parar de tentar, ele não vai parar de me odiar, Max!

— Primeiro, as suas tentativas estão sendo claramente contraproducentes. Segundo, e daí? Qual o grande problema do Potter te odiar? E por que isso só se tornou uma grande questão agora? Ele já te odeia há anos.

— Primeiro, você precisa mesmo usar palavras como “contraproducente”? Segundo, eu já disse que não sabia que ele me odiava de verdade. — o irmão explicou pela milésima vez.

A garota finalmente deixou o livro de lado para encará-lo. Havia um ceticismo extremo em seu rosto.

— Isso não faz o menor sentido, Bradley. Por que alguém ia falar que te odeia, se não te odiasse de verdade? E sim, eu preciso usar palavras como “contraproducente”, porque tenho um ótimo vocabulário e gosto de exercitá-lo. — ela disse com um sorriso arrogante.

Brad revirou os olhos.

— Você é uma pirralha presunçosa, isso sim. E não está ajudando.

— Porque você não precisa de ajuda, já que sequer tem um problema. O Potter não gosta de você. Novamente, e daí? Isso não é relevante. Daqui a dois anos vocês vão se formar e nunca mais vão se ver na vida. Daqui a quatro, você nem vai lembrar que ele existiu. Não faz sentido perder tempo com essa besteira.

— Essa é uma forma muito fria e errada de ver a vida, Max. Não é porque as pessoas ficaram no passado que deixam de ser importantes e que devemos nos esquecer delas. — o rapaz disse, se mexendo desconfortavelmente na cadeira. A irritação evidente em sua voz.

A irmã ficou pálida por um minuto, seus olhos castanhos se arregalando, enquanto ela entendia exatamente o que o garoto estava pensando.

— Eu não estava dizendo isso. — ela se defendeu — Não estava falando sobre ela. É diferente. Ela era nossa mãe, pelo amor de Merlin! O Potter é só um colega de escola idiota.

Bradley não disse nada, apenas pegou uma das penas de escrita que encontrou na mesa e as girou entre os dedos. Ele não conversava muito com Max sobre a mãe. O que era estranho, já que falava muito com Axl sobre ela. Axl, no entanto, era Axl e Maxinne era Maxinne. E era ser difícil falar sobre qualquer coisa que envolvesse sentimentos com alguém tão prática, porém tão perspicaz, quanto a irmã. Além disso, o fato de haver apenas dois anos de diferença entre eles fazia com que a garota se lembrasse tão bem quanto ele da mulher excepcional que Pamela Moore fora.

Ele sabia que a garota também se lembrava vividamente da mãe parada na cozinha, os pés descalços, os cachos escuros presos em um coque, os imensos brincos de argola nas orelhas, vestindo uma velha jardineira amarela, cozinhando algo com bacon. Sempre com bacon. Que se lembrava da mulher dançando pela sala, as saias longas formando redemoinhos coloridos, enquanto o rádio trouxa enfeitiçado tocava apenas suas artistas favoritas: Aretha Franklin, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Diana Ross, Tracy Chapman.

Sabia que a irmã se lembrava do sotaque estadunidense de Pam e de como aquele sotaque era utilizado para pronunciar palavrões com raiva e vontade absurdas, mas que também podia se encher das mais doces palavras de consolo e de poesia. Muita poesia. Se lembrava de como, mais do que Quadribol, a mãe sempre amara voar. Apenas subir em uma vassoura e desbravar os céus. E de como ria – aquela risada que era puro jazz – e dizia que gostaria de ser um pássaro na próxima vida. Sabia que Max também pensava nisso sempre que uma ave cruzava seu caminho.

Ao contrário de Axl, que era muito novo quando a mãe morrera e de Cameron, que nunca tivera realmente a chance de conhecê-la – um fato que fazia o coração de Bradley sangrar –, Maxinne se lembraria de tudo isso em cores. De forma viva e intensa. Para ela não eram somente histórias que deveria ser contadas ao irmão caçula. Era algo muito mais desesperado e real. E que, portanto, tornava a perda muito mais desesperada e real.

— Nem todo mundo gosta da gente, Brad. E tudo bem. — a irmã disse suavemente — Você não se importava tanto com isso antes.

Ambos sabiam ao qual antes ela se referia. E era por isso que Bradley não podia falar sobre a mãe com Maxinne. Porque ela sabia muito bem da dor que ele tentava não sentir. E sabia muito bem do vazio que ele tentava preencher diariamente.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A vontade que eu tenho de abraçar o Bradley aumenta a cada capítulo!
Espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos,
Thaís



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nêmesis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.