Natureza Humana escrita por Last Mafagafo


Capítulo 8
Capítulo 8




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Donna procurou o relógio pelo seu quarto novamente, sem o menor sinal do objeto. O beijo de John ainda estava nos sua mente, e ela não conseguia se livrar daquele pensamento. O que ela faria no futuro, se o Doutor perguntasse sobre isso? Ela riria, dizendo que nenhum humano poderia resistir aos seus encantos. Era melhor esquecer daquilo e fingir que nada havia acontecido. Quem sabe o Doutor não esqueceria, ou pensaria que foi só um sonho? Ou um pesadelo, talvez. 

Donna finalmente desistiu da sua busca. O que mais ela poderia fazer? Foi quando ela teve uma ideia, ela deveria perguntar para Jenny e as meninas. Elas limpavam todos os quartos, provavelmente perceberiam o relógio, caso ele aparecesse nas coisas de algum dos alunos. Claro! Sempre comece pelos funcionários, são eles que sabem mais! Donna saiu correndo de seu quarto, em direção à cozinha. No meio do caminho, ela esbarrou em Jenny.

— Jenny! Eu estava procurando por você!

— Estava? - perguntou a moça, um pouco mais fria que o de costume.

— Você viu um relógio? Um relógio de bolso masculino.

— Não, por que?

— Eu o perdi. Mas eu preciso dele, eu preciso desesperadamente. Você não tem ideia. É como se a minha vida dependesse disso. Bom, não a minha vida, exatamente, mas a vida dele… Aquele idiota… 

— Quem?

— O Sr. Smith! Mas isso não importa agora. Tente se lembrar, você realmente não viu um relógio?

Jenny pareceu sorrir, um sorriso sinistro. Donna percebeu que havia algo errado. Jenny não costumava ser assim. Havia algo de estranho com ela, mas Donna não sabia dizer o que. A ruiva sentiu um desejo repentino de fugir, correr para bem longe de Jenny. Donna não sabia bem porquê, mas ela não estava disposta a contrariar seus instintos. 

— Quer saber, desculpe Jenny. Você deve estar ocupada, não é? Amanhã conversamos. Eu sou tão dramática! Minha amiga Nerys sempre me diz que eu adoro fazer um drama desnecessário! Todo esse alvoroço, que vergonha! Agora eu tenho que ir. Baile e tudo o mais… Até mais - disse Donna, caminhando rápido para a saída. 

Ela olhou para trás por um segundo e viu Jenny sacar uma arma estranha, alienígena. Donna apressou o passo e saiu correndo, tentando escapar. Se havia uma coisa que ela não sentia saudades era correr pela própria vida. Ainda mais quando o Doutor não estava ao lado dela. Donna correu para o escritório de John, entrando sem pedir licença.

— Donna! - ele disse, surpreso, mas feliz em ver que ela ainda queria falar com ele depois de fugir do beijo. 

— Me desculpa, mas eu não consegui - ela disse, puxando a mão dele - Eu não achei o relógio e aqueles caras encontraram a gente. Nós temos que sair daqui AGORA!

— O que? Donna, o que você está falando?

— Você vai ver, John. Eu vou ter que fazer você ver, de qualquer forma. Não tem outro jeito, não sem o relógio. 

O Doutor seguiu Donna, sem entender metade do que ela estava dizendo. Ele a parou quando saíram da escola.

— Donna o que está acontecendo?

— Eles têm armas! E eles estão aqui! Eles nos acharam! 

— Quem nos achou?

— A Família Sangue! - disse Donna, assustada.

— Família Sangue? - ele colocou as mãos na cintura, olhando para cima - Donna, você andou lendo meu diário? Isso é alguma brincadeira?

— Claro que o John Smith iria reagir assim! Acorda, marciano idiota! Eu preciso que você se lembre.

— Me lembrar de que?

Donna não o respondeu, ela estava sem paciência. Ela simplesmente agarrou o casaco do Doutor e o puxou até o celeiro. Ela abriu as portas e mostrou a TARDIS para o Doutor. Ele amava tanto aquela caixa azul que não tinha como ele não lembrar, humano ou não. O Doutor sorriu, extasiado.

— O que é isso?

— A Tardis. A sua Tardis - ela disse, feliz.

Ele a abraçou e Donna sentiu que as coisas ficariam bem. Ele havia se lembrado, finalmente. No final, eles nem precisaram do relógio!

— Você mandou construirem uma cabine telefônica igual a dos meus sonhos? Donna, isso é incrível! Ninguém nunca fez isso por mim - ele disse, comovido.

— O que? Não. Essa é a Tardis. Olha, a sua nave.

— É, eu sei. Ela é linda. Obrigado, Donna.

— Ah, pelo amor de Deus! Você não se lembra! Espera, eu vou abri-la - Donna abriu a TARDIS e entrou, esperando que o Doutor a seguisse. Ela pegou o casaco dele e a chave-de-fenda sônica, virando-se para mostrar para ele, mas percebeu que ele não tinha entrado. Ela saiu.

— O que foi?

— Donna, eu não acho apropriado nós dois dentro dessa caixa.

— O que? Não! Olha, ela é maior por dentro.

— É claro que é - ele disse sorrindo, lembrando-se de contar aquilo para Donna - Mas eu não posso.

— O que? 

— Donna, eu gosto muito de você. Mesmo. E Deus sabe como eu queria entrar nessa caixa nesse momento, mas nós não podemos fazer isso. Não assim. Eu sei que você é uma sufragista, mas eu sou um homem conservador e acho que o casamento…

— O que você está falando? Olha, John. Você é o Doutor. O cara das suas histórias é você. O maluco na caixa e tudo mais. 

— Donna, isso é só um sonho. Eu não sou assim. Eu sou só um homem normal.

— Olha aqui! - ela disse, entregando para ele a chave-de-fenda sônica - Viu? Reconhece?

John olhou para o objeto, curioso.

— Você também mandou fazer isso para mim? Donna Noble, acho que estou te pagando mais do que deveria - ele disse, sorrindo.

— Como você pode ser tão estúpido? - ela disse, puxando-o pelo casaco para dentro da TARDIS - Viu?

O Doutor olhou para o interior da Tardis, surpreso. Donna sorriu, era interessante vê-lo surpreso, assustado e maravilhado, tudo ao mesmo tempo. Ela se lembrava da sua primeira vez na Tardis. Será que ela havia feito a mesma cara de idiota que John estava fazendo?

— É maior por dentro! Como?

— Eu sei - ela sorriu - Isso porque você ainda não viu a biblioteca. Agora você acredita?

John olhou para Donna e voltou-se para trás, correndo para fora da Tardis, fugindo. Donna ficou confusa no começo, aquela não era a reação que ela esperava do Doutor. Nem de perto! A TARDIS fez um som alto e estridente. Era como se a nave reclamasse que ela deveria ter aberto o relógio antes de trazê-lo ali.

— Eu sei, mas eu pedi o relógio - disse Donna, com um suspiro.

A TARDIS praticamente gritou com seus beeps.

— Ei! Pode parar! Eu sei… Eu sei… Eu vou encontrar o relógio e a gente vai sair daqui. 

Donna saiu da Tardis, trancando-a, e foi atrás dele. Era difícil encontrá-lo, ele corria rápido demais. Anos de treino, provavelmente. Donna o procurou na escola, mas uma das funcionárias disse que o viu correr em direção à cidade. Que Deus a abençoasse! 

Donna correu até a cidade e chegou ao Baile Anual. Ela não tinha certeza se ele estava lá, mas talvez alguém o tivesse visto. Ao menos a ruiva estava com alguma sorte, pois lá estava o Doutor, se afogando em álcool. 

— John… - ela começou, sentando-se na mesa dele e tentando retomar o fôlego.

— Donna, quem é você?

— Que pergunta estúpida! Você sabe quem eu sou. Sou sua companheira.

— Não! Você é a companheira do Doutor!

— E quem é o Doutor? Você! Você viu a TARDIS e a chave-de-fenda sônica - ela disse, mostrando a ferramenta - Como você ainda pode duvidar?

Foi naquele momento que o Sr. Clarke, seguido de um dos alunos e de Jenny, entrou no salão, ordenando o silêncio de todos. Donna se levantou, assustada. Um dos presentes tentou tirar satisfações, mas ele simplesmente o vaporizou. Donna não conseguiu evitar um pequeno grito de surpresa. John se colocou em frente a ela e Donna instintivamente segurou seu braço.

— Mandamos ficarem quietos! - disse o aluno, que já não parecia com um estudante comum. Era a Família Sangue. Eles haviam conseguido encontrar o Doutor.


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