Eu serei o seu pilar escrita por Manoo


Capítulo 5
Coelho


Notas iniciais do capítulo

AVISO DE GATILHO: Assédio sexual. (Achei interessante avisar aqui em cima, pois pode ser que algumas pessoas não se sintam confortáveis em ler algo do gênero)

Olha só quem apareceu depois de um tempão sumida? Isso mesmo, euzinha. Bem cara de pau mesmo.
Meu semestre da facul finalmente acabou, então tenho mais ou menos um mês e meio de férias. Quero ver se atualizo com mais frequência nesse período...Sinto muito para aqueles que ficaram esperando e nada. Eu sou uma desgraça para atualizar e botar as coisas em dia. Ódio ;;
Gostaria de agradecer por todos os comentários gentis que recebi, vocês são adoráveis! E gostaria muito de saber quais são as teorias de vocês sobre o que está acontecendo na história. XD
Bem, chega de enrolação. Boa leitura!



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— E então? Encontraram? -Bakugou perguntou, cansado.

Kirishima, Todoroki e Yaoyorozu lançaram olhares igualmente cansados para o loiro, suspirando pesadamente.

— Puta que o pariu. Onde que esse homem enfiou esse negócio?!

— Acho que facilitaria muito para nós saber o que é o tal “negócio” -Momo disse, escorando-se na grade do ginásio.

— O Toshinori-sensei normalmente é bem desligado, né? -Eijirou comentou, coçando o queixo. Com um sorriso animado, continuou- Quem sabe não tentamos pedir uma dica? Talvez ele comente algo sem querer e-

— Não adianta- Ashido, que passava com seu grupo naquele momento, disse. Tinha uma expressão exausta no rosto, como se estivesse procurando o tal objeto a dias- Já tentamos. Ele nem abriu a boca.

— Você que não perguntou direito, alien idiota! -Katsuki esbravejou, recebendo um sorriso debochado da garota.

— Ah é, é? Vamos lá então, Katsu- Ela disse, cruzando os braços sobre o peito- Eu quero ver você perguntar e conseguir arrancar a resposta dele.

Kirishima e um garoto loiro trocaram risadas, juntando-se a menina para provocar o loiro. Todoroki notou a presença de um garoto alto de cabelos loiros e bochechas rosadas, encontrando seu olhar. O rapaz desviou o olhar rapidamente, visivelmente envergonhado. Ao lado dele, Ochako ria com os outros três, divertindo-se com a situação. Lançou um sorriso rápido na direção de Shouto, que simplesmente piscou em retorno.

— Então vamos! -Mina exclamou, estapeando diversas vezes as costas de Katsuki.

— Ai! Para de me bater, cacete.

Observou o grupo se afastar, certamente voltando para onde o professor estava. Suspirou, encostando-se contra a grade. Assim como os outros, estava cansado da escalada que fizera e frustrado por não conseguir encontrar o tal objeto. Mas também estava cansado de ter que ficar ouvindo conversas das quais não fazia parte ou entendia algo e ter de ser excluído.

Bakugou e Kirishima eram os mais falantes do grupo. Conversaram durante a atividade de escalada, papearam durante a descida, tagarelaram enquanto procuravam o objeto e falaram mais um pouco quando ficou claro que não iam encontrar nada. E só sabiam falar de coisas internas, coisas das quais ou Todoroki não conhecia ou não estivera na classe para saber. Às vezes Yaoyorozu comentava uma coisa ou outra com eles, e isso deixava Shouto mais chateado ainda. Já estava bem óbvio que ele era o esquisito por ali.

Suspirou, fechando os olhos.

— Está cansado, Todoroki-san? -Momo perguntou, olhando para ele com preocupação.

— Sim. Esse cara me cansa...

— Ah, está falando do Bakugou-san? -Um sorrisinho se formou nos lábios finos da morena- Realmente, ele é bem...impaciente.

— Um pé no saco, isso é o que ele é.

Momo riu, cobrindo sua boca com uma mão.

— Não posso negar. Mas de uma certa forma, por favor, não me leve a mal, vocês se parecem um pouquinho.

Virou sua cabeça na direção da garota na mesma velocidade que a menina do filme “O Exorcista” fazia, encarando a colega com uma sobrancelha erguida. Essa reação só fez com que Momo risse mais.

— Eu e o Bakugou? Parecidos? -Sentiu suor frio escorrer pela sua nuca, uma expressão desesperada em seu rosto- Eu sou babaca que nem ele?

— N-não! Não, não, não! Não é isso- Ela negou, gesticulando violentamente- É que a forma como você e ele resmungam e retrucam é muito parecida. Parecem duas crianças emburradas.

Um limão teria sido mais doce que a expressão azeda de Shouto.

— Não acredito que sou parecido com aquele cara....

— Hahaha, não fique assim! É fofinho, Todoroki-san.

— Igual ao Kacchan...

— Pfft!

Momo cobriu sua boca com ambas as mãos, tentando conter suas risadas. Shouto encarou-a com confusão, não entendendo qual era o motivo da graça dessa vez. Será que realmente ficava fofinho quando ficava emburrado? Será que Midoriya o acharia fofinho se ficasse emburrado?

Momo pigarreou, abanando-se levemente.

— Todoroki-san, o nome do Bakugou-san não é “Kacchan”. É Katsuki.

Encarou-a silenciosamente, sentindo as engrenagens de sua cabeça girarem.

— Mas o Midoriya o chamou de Kacchan.

— Ah, isso é porque eles são amigos de infância. Quer dizer, eu acho... -Ela ergueu uma sobrancelha, insatisfeita com sua própria fala.

Shouto continuou a encarar Momo, franzindo as sobrancelhas.

— E... o que isso tem a ver?

— Hein? Ah, poderia ser que não está familiarizado com o conceito de apelido? -Ela perguntou. Shouto sentiu suas bochechas esquentarem, novamente se sentindo esquisito. Yaoyorozu sorriu brilhantemente, empolgada- Não se preocupe, Todoroki-san! Eu só fiquei sabendo o que é um apelido há 5 meses atrás.

— E o que é isso? -Levou uma mão ao seu pescoço, coçando de leve- O que é um apelido?

— Bem, é uma forma amigável ou carinhosa de se referir à uma pessoa próxima. Por exemplo, os nossos colegas de classe me chamem de Yaomomo. É bonitinho, não? -Um leve rubor percorreu as bochechas da garota, que desviou seu olhar do de Todoroki- É meio bobo, na verdade.

— Não acho.

Yaoyorozu lhe olhou com surpresa, arregalando levemente os olhos. Shouto olhou em seus olhos seriamente, e Momo sentiu o sorriso se formar sem comando em seus lábios.

— Haha...ha...Foi a Ashido-san que começou a me chamar assim. Antes que eu percebesse, todos já estavam me chamando dessa forma. Eu até que gosto, pra falar a verdade. Fico até um pouco confusa quando me chamam por meu nome verdadeiro.

— Isso é bom, não? -Perguntou, coçando o pescoço um pouquinho mais forte- Quer dizer que são seus amigos.

— Eu gosto de pensar que sim- Ela respondeu, suspirando- Mas eu não sou tão intima assim de todos na nossa classe. Acho que alguns me chamam assim porque é mais fácil que “Yaoyorozu-san”.

— Hmm...Será que o Bakugou também me chama de bastardo meio-a-meio porque é mais fácil que Todoroki-san?

Momo riu e Shouto olhou-a confuso.

— Acho que ele o chama assim para provocá-lo, Todoroki-san. Mas não ligue para isso. Ele faz isso com todos. Literalmente.

— Hmm.

Sentindo o olhar de Momo sobre seu pescoço, retraiu sua mão. Abaixou a cabeça, tentando esconder o rubor que se formava em suas bochechas.

Perguntava? Não, era embaraçoso demais. Mas queria perguntar.

Perguntava?

Não.

Perguntava?

Não. Pelo amor de Deus, não.

Perguntava?

...

Pergunta logo, porra.

— E Deku? -Perguntou, apertando suas mãos uma contra a outra- É um apelido também?

Momo arregalou os olhos, surpresa. Mas rapidamente sua expressão se tornou pensativa, e levou uma mão ao queixo, tentando pensar em uma forma de explicar o que presenciara durante seu meio ano de ensino médio.

— É, eu acho que sim. Algumas das meninas, como a Uraraka-san e a Hagakure-san o chamam assim. O Bakugou-san também.

— Porque eles são amigos?

Voltou o olhar para Momo, esperando sua resposta. Ela parecia novamente estar perdida em seus pensamentos, mas logo voltou a falar.

— Eu não acho que seja bem o caso- Ela disse. Arregalou os olhos um pouquinho, desesperada- N-não! Digo, as meninas são amigas dele sim, com toda a certeza. Mas não acho que a relação dele com o Bakugou seja uma de amizade. Mas isso é o que eu observei. Talvez a amizade deles seja uma mais agressiva, não?

— Hmm.

Não gostava de relacionamentos agressivos. Quando reclamara da forma como seu pai falava com Fuyumi e Natsuo para um de seus tios, fora-lhe dito que Enji só era um pouco mais bruto que os outros, mas que não tinha a intenção de ser mal. Quando disse para seu mestre de karatê que os hematomas que tinha na barriga vieram de seu pai, foi-lhe dito que Enji só estava tentando ajudá-lo a melhorar suas habilidades na arte marcial. Quando contou na escola que seu pai batia em sua mãe e em seu irmão, sua professora só lhe lançou um sorrisinho, dizendo que ele provavelmente entendera tudo errado.

Relacionamentos agressivos só machucavam.

Shouto sabia muito bem disso.

— Bem, acho que chega de descansar- Momo disse, desencostando-se da grade- Devemos ter por volta de vinte minutos para encontrar esse objeto. Você ainda está com o papel?

Assentiu, puxando-o do bolso de sua calça. Desdobrou-o cuidadosamente, e Momo aproximou-se para espiar por cima de seu ombro.

Sou pequeno e fofinho

Meu pelo é bem macio e bem branquinho

Mas embora eu pareça uma gracinha

Meus dentinhos te transformam numa coitadinha.

— Eu ainda não acredito que o Toshinori-sensei se prestou a escrever um poema ruim desses- Momo comentou, uma expressão descontente no rosto.

— Eu achei legal até.

Momo olhou-o como se fosse louco. Achou a expressão dela engraçado, mas não comentou nada. Mudando de assunto, Momo voltou a falar.

— A única coisa que sabemos é que é um animal... Mas será que o diretor deixaria o sensei trazer um animal de verdade para a escola?

— Talvez seja uma pelúcia. Ou um desenho.

— Hmm, acho que a pelúcia seria mais fácil de esconder do que um desenho, já que o vento poderia fazê-lo voar.

Shouto concordou, pensativo. Os dois percorreram o ginásio com o olhar, procurando rastros do objeto que procuravam. Nada. Assim como nas outras vezes que procuraram.

De repente, uma ideia percorreu os pensamentos de Shouto, que voltou o olhar para Momo.

— Yaoyorozu, não tem uma sala de materiais aqui no ginásio? -Momo olhou-o, acompanhando sua linha de pensamento- Teoricamente é o único lugar que não procuramos.

— Realmente. Mas também não olhamos atrás da arquibancada- Ambos olharam para os assentos no outro lado do ginásio, pensativos- Mas concordo com você. Vamos primeiro à sala de materiais- se estiver trancada, partimos para a arquibancada. Tudo bem?

Deu de ombros, recebendo um sorrisinho da garota.

Seguiu a garota até o ginásio, olhando a sua volta. Sentia-se um pouco incomodado pela ausência de Izuku, mas o fato de que ele estava conseguindo se dar bem com uma pessoa que não fosse Midoriya, Iida ou Uraraka o consolava um pouco. Na verdade, estava até um pouco feliz com isso. Mas, mesmo assim, preferia que Izuku estivesse ali. Talvez o garoto até fosse amigo de Momo, o que deixaria tudo melhor.

Viu Bakugou e Kirishima junto com o grupo de Ashido, do outro lado da quadra. Circulavam Toshinori, que sorria amigavelmente, balançado a cabeça para os lados para deixar claro que nenhum segredo deixaria seus lábios. Katsuki tentava convencê-lo agressivamente, fazendo todos à sua volta rir.

— Então até o Bakugou tem amigos, hein- Murmurou, desviando o olhar.

— Como? -Momo perguntou.

— Ah, nada.

Caminharam mais um pouco, chegando no canto esquerdo do ginásio. Desceram as escadas, parando em frente a uma porta de ferro. Momo apertou a maçaneta firmemente, empurrando a porta para a frente.

— Está aberta, Todoroki-san! -Ela disse, empolgada com o progresso que finalmente conseguiram fazer. Shouto assentiu, também empolgado.

Entraram na sala de materiais, ambos se surpreendendo. Embora a iluminação fosse precária, conseguiram distinguir facilmente a forma de alguns de seus colegas.

— Hm? Ah- Uma garota baixinha e de cabelos verdes notou sua presença- Momo-chan, fico contente que tenha solucionado o enigma também.

— Ah, na verdade, foi o Todoroki-san quem solucionou- Momo corrigiu-a, corando um pouco.

— Você também ajudou- Shouto resmungou, recebendo um sorriso animado da garota- Encontraram o objeto?

— Nope- Um garoto de cabelos negros, Sero, respondeu- Mas acabamos de chegar aqui. Uma ajudinha seria bem-vinda.

Assentiu, juntando-se aos outros. Além dele, Momo, a garota de cabelos verdes e Sero, havia mais cinco pessoas no cômodo: um garoto de cabelos loiros, que ele já vira junto de Midoriya, o rapaz que se sentava atrás de Midoriya, e os integrantes do grupo que Midoriya iria fazer parte.

...

Queria que Midoriya estivesse ali.

— Mon ami, como está o Izuku?

Ergueu o olhar da caixa que vasculhava, deparando-se com olhos índigo o encarando. Já havia visto aquele garoto conversar várias vezes com Midoriya, mas não conseguia se lembrar do nome dele de forma nenhuma.

Sentiu os olhares dos outros se voltarem na sua direção, atentos.

— A enfermeira disse que o nariz dele não estava quebrado, então não foi preciso levá-lo para um hospital- Disse, voltando a abaixar o olhar- Mas ele sangrou um monte.

— Pode crer- Um garoto alto e musculoso disse, voltando a atenção para eles- Foi bem assustador, para ser sincero.

Todos concordaram, olhares preocupados nos rostos.

— É comum isso? -Perguntou, recebendo um olhar confuso do loiro- Ele sempre aparece surrado desse jeito?

— Hm? Oh, bem, não é sempre. Mas às vezes.

— Como assim?

Aoyama deu de ombros, voltando a vasculhar as caixas.

— Segundo ele mesmo, ele é muito desastrado e fica tropeçando e caindo por aí- A garota de cabelos verdes disse, levando um dos dedos aos lábios- Mas é muito estranho. Ninguém é tão desastrado assim.

— Vamos concordar que ele é bem besta às vezes- Um garoto baixo disse, um sorriso debochado no rosto- Ele vive se assustando e chorando por tudo...

— Acho maldade falar dessa forma quando ele sequer está presente- Um garoto alto disse, voltando o olhar para o mais baixo. Arrumou a máscara que usava, puxando-a um pouco para cima- Além do mais, nós nem sabemos o motivo do porquê ele agir dessa forma.

— O Shoji-kun tem razão- O garoto que se sentava à sua frente, Tokoyami, disse- Se você tem algum problema com o Midoriya, tome coragem e fale na cara dele.

Todos fuzilaram o garoto, incluindo Shouto, que não gostara nem um pouco da forma como ele se referira à Midoriya.

— H-hein?! Mas eu não disse nada demais. Juro que não foi a intenção ofendê-lo!

— Então cuide mais as suas palavras, Mineta-san- Momo disse, um olhar reprovador no rosto.

— T-tá.

Ele olhou para Momo, que se encolheu um pouco. Continuou fuzilando o colega. Por algum motivo, não gostava nem um pouco da forma que ele estava olhando para a garota. Mas não conseguia identificar o que era aquilo que ele via nos olhos do outro.

A voz de Sero tirou-o de seus pensamentos.

— Gente, acho que achei!

Todos aproximaram-se do garoto, inclinando-se. Todos voltaram olhares curiosos para a caixa que o rapaz segurava, ansiosos em descobrir o que estavam procurando.

Ah.

— Awn, c’est si mignon! -O loiro exclamou, pegando a pelúcia com as duas mãos.

A caixa continha cinco pelúcias de coelhos, todos branquinhos e de olhos vermelhos. As meninas e o loiro pegaram os coelhinhos, sorrindo adoravelmente para as pelúcias. Os rapazes deram de ombros, encarando a interação com diversão.

— Acho que tem um para cada grupo, não? -Tokoyami disse, contando-os com os dedos.

— E se escondêssemos os restantes em outro local? -O garoto musculoso perguntou- Para dificultar o trabalho das outras equipes.

— Eu não acho que isso seria muito justo...

— É, tem razão.

— Se bem que eu gostaria de ver o Bakugou puto por não encontrar- Sero disse, rindo.

— Nem me fale disso- Momo disse, e Shouto teve de concordar com ela.

Cada grupo pegou um coelhinho, deixando os outros dois dentro da caixa. Todos começaram a deixar a sala, apertando-se um pouco para passarem pela porta.

— Gya!

Olharam para trás, surpreendidos com o guincho de Yaoyorozu. A garota dera um pulo para trás, encostando-se contra Shouto. Tinha uma expressão de indignação e vergonha no rosto e fuzilava o garoto de antes.

— Ai meu Deus, me desculpa! -Ele praticamente gritou, erguendo as duas mãos no ar- Juro que não foi de propósito.

Não sentiu um pingo de sinceridade no pedido de desculpas de Mineta, e suspeitava, pelas expressões de nojo e raiva, que seus colegas compartilhavam do mesmo sentimento.

Com uma expressão desconfortável no rosto, Momo balançou a mão no ar.

— Sem problemas, não foi nada.

— Me desculpa mesm-

— Tá, já chega.

Shouto deu um passo para trás, deixando Momo ir à sua frente, seguindo-a. Voltou um último olhar para Mineta, fuzilando-o. Seguiram na direção do professor, que sorriu satisfeito ao ver os coelhos em suas mãos.

— Ah, vejo que as outras equipes encontraram os objetos com sucesso!

— Hein? -Uraraka virou-se, arregalando os olhos- Ah, que coisa mais fofa!

A garota correu na direção de Asui, surtando com a fofura do coelhinho.

— Onde vocês acharam?

— Na sala de materiais. Está dentro de uma caixa verde.

As outras duas equipes correram na direção da sala, deixando os outros para trás. Bakugou e Kirishima se aproximaram de Yaoyorozu e Todoroki, encarando o coelhinho com curiosidade.

— Bom trabalho, vocês dois! -Kirishima disse, dando tapinhas nos ombros dos dois.

— Como encontraram esse bicho? -Bakugou perguntou, tirando o coelho das mãos de Momo. Ergueu-o com dois dedos, encarando-o com julgamento.

— Ah, o Todoroki-san decifrou o enigma-

— Eu já disse que você também ajudou.

Seu tom de voz saíra mais ríspido do que quisera, deixando-o um pouco desconfortável. Momo corou, abaixando a cabeça para esconder o sorrisinho. Eijirou olhou-o seriamente, analisando-o, mas logo abriu um sorriso amigável. Bakugou bufou, devolvendo o coelho para a morena.

— Se valoriza mais, mulher- Ele disse, desviando o olhar- Não é à toa que você é a mais inteligente da sala.

— H-hein-

— Awn, que cavalheiro másculo, Bakugou! -Kirishima disse, mostrando os dentes.

— Cala essa boca, caramba!

Esperaram as outras equipes voltarem, jogando conversa fora. Surpreendentemente, Bakugou parecia um pouco mais calmo do que antes. Ou isso, ou Shouto já havia se acostumado com a personalidade agressiva do garoto. Mas preferia acreditar na primeira opção.

— Certo, vamos para a última etapa! -Toshinori disse, juntando as duas palmas- Se trata de uma corrida. Mas não uma simples corrida! Por favor, olhem para as pistas de corrida.

Os estudantes voltaram o olhar na direção que ele apontara. Quatro faixas cobriam as laterais das pistas, uma de cada cor: primeiro, vermelho, depois, amarelo, seguido de verde, e, por último, azul.

— Como cada grupo contém quatro integrantes, cada um de vocês vai correr em uma respectiva cor. Infelizmente, o grupo com apenas três integrantes terá de decidir quem irá correr mais- O homem lançou um olhar de desculpas para o três, que simplesmente o encararam como quem diz “para de amolar” -O primeiro a correr carregará o coelhinho, passando-o para a segunda pessoa e assim por diante. O quarto integrante deverá passar a linha de chegada carregando o coelhinho, e o primeiro a chegar lá ganhará o nosso maravilhoso prêmio! Alguma pergunta?

Todos balançaram a cabeça, negando.

— Certo. 5 minutos para decidirem seus lugares e iniciaremos!

Os quatro seguiram para uma das pistas, parando em frente a ela.

— O meio-a-meio começa- Bakugou disse, cruzando os braços- Depois o Kirishima, e depois eu. Você vai ser a última a correr, rabo de cavalo. Alguém discorda?

Todos concordaram. Shouto até pensou em discordar, apenas para incomodar o loiro, mas não teve ânimo para fazê-lo.

Os quatro se moveram para suas posições, assim como os outros alunos. Não podia negar que estava um pouco empolgado para a corrida. Sempre fora um pouco competitivo, mas era a primeira vez depois de anos que se sentia tão animado para ganhar algo.

Arrumou-se na posição de corrida, encostando as mãos contra o piso. Todoroki olhou para os lados, vendo quem seriam seus adversários. Da equipe 1, uma garota de cabelos curtos e negros correria primeiro, da equipe 3, o loiro de antes, da equipe 4, Uraraka (que lhe lançou um sorriso ao ver seu olhar sobre ela) e da equipe 5, o rapaz alto que fora contra esconder os coelhos dos outros.

O professor deu a largada, e Shouto disparou para a frente. Em menos de um minuto, já entregava o coelhinho para Kirishima. Observou o ruivo se lançar para a frente, não demorando muito para chegar em Bakugou. Bakugou conseguira correr ainda mais rápido que os outros dois, e Shouto ficou um pouco incomodado em admitir que Kacchan era mais rápido que ele.

O loiro entregou a pelúcia para Momo, que começou a correr assim que sua mão fez contato com o objeto. A sua equipe e a equipe 1 estavam empatadas, com Iida e Yaoyorozu correndo quase que lado a lado. Logo atrás de Momo, bem atrás mesmo, Mineta corria ofegante, seguido de um rapaz loiro e Tokoyami.

De repente, aconteceu. E aconteceu tão rápido que a única reação que Shouto conseguiu ter foi a de arregalar os olhos, surpreso.

Mineta acelerou seu passo, invadindo a pista de Momo e se atirando sobre ela. Os dois se estatelaram no chão, com ele em cima dela. Sentiu um sabor amargo em sua boca e viu vermelho.

Não fora um acidente. Fora proposital. A forma como ele correra, a forma como se jogou sobre ela...Estava bem longe de ter tropeçado. E, para piorar, não conseguia tirar de sua cabeça a imagem grotesca daquelas mãos apalpando as coxas da garota, que guinchara indignada.

Sem sequer perceber, já estava correndo na direção dos dois, logo atrás de Kirishima e Bakugou.

O loiro foi o primeiro a chegar, já que estava mais próximo, agarrando o garoto de cima de Momo com ambas as mãos. Mineta ergueu as mãos, inventando desculpas, dizendo que não fora de propósito. Mas, pelas reações dos outros dois, sabia que eles haviam visto o mesmo que ele.

Katsuki atirou-o ao chão e ergueu uma perna, pronto para chutá-lo no rosto. Porém, antes que ele (ou Eijirou e Shouto) pudesse fazer algo, a voz do professor reverberou pelo ginásio, assustando-os.

— Jovem Bakugou, abaixe essa perna agora mesmo!

Toshinori aproximou-se marchando do grupo, o brilho de seus olhos sinalizando perigo. Shouto paralisou, mas a raiva que sentia não abaixou nem um pouquinho. O professor parou em frente a eles, seus olhos parando em cada membro do grupo, até que suspirou pesadamente e fechou os olhos.

— Acalmem-se, por favor- Voltou o olhar para Yaoyorozu, oferecendo uma mão que a garota tomou- Está tudo bem, jovem Yaoyorozu? Se machucou?

— Não, estou bem- Ela disse, sua voz soando irritada. Seus olhos estavam úmidos de lágrimas frustradas.

— Tem certeza? -A jovem assentiu, passando uma mão sobre os olhos para secar as lágrimas que começavam a sair. Shouto sentiu um aperto na garganta, fechando as mãos em punhos- E quanto a você, Jovem Mineta?

O garoto balançou a cabeça, sinalizando que estava bem.

— Certo. Agora, alguém poderia me explicar o que aconteceu?

— O que aconteceu foi que ele se atirou em cima da rabo de cavalo e apertou a bunda dela, isso foi o que aconteceu! -Bakugou esbravejou, as mãos fechadas em punhos como a de Shouto- E ainda fica se fingindo de coitadinho, seu filho de uma-

— Jovem Bakugou, acalme-se!

— E-eu juro que não foi de propósito! Eu só tropecei, não tive culpa.

— Deixa de ser covarde- Kirishima rosnou, a face vermelha de raiva- Todo mundo viu o que você fez. E não foi só dessa vez! Você vive deixando as garotas da classe desconfortáveis desde o primeiro dia de aula. Não tem vergonha, não?!

— O que, eu?! Eu nunca fiz nada de errado! -O garoto arregalou os olhos e ergueu as duas mãos, uma expressão desesperada no rosto- Não sei do que você está falando!

— Não se faça de desentendido! -Uma menina, a mesma que tentara falar com ele no primeiro dia, aproximou-se, uma expressão de raiva no rosto- Você vive passando a mão na gente e depois diz que foi um acidente. Acha que somos idiotas?!

— Jovem Ashido, tenha calm-

— Isso mesmo! -Outra menina bradou, igualmente irritada- No outro dia você até tentou nos espiar no vestiário. Você é nojento demais, seu lixo imundo!

— Por favor, tenham calma-

— V-você me apalpou! -Uraraka deu um passo a frente, sua voz trêmula. Shouto sentiu o nó em sua garganta aumentar ao ver os olhos de sua amiga se encherem de lágrimas- Você me apalpou e disse que se eu não gostava, era só não usar saia!

Sentiu ira crua ao ouvir as palavras de Ochako. Voltou olhos gélidos para o garoto, assim como seus colegas, observando o garoto se encolher.

— Isso é verdade, jovem Mineta? -Toshinori perguntou, sua voz grave e fria.

— Q-que, claro que não! Ela é louca!

— Não fale assim de sua colega! -Yagi bradou, levando uma mão ao espaço entre seu nariz e suas sobrancelhas, massageando a área- Eu realmente não esperava ter de resolver uma situação desse, e muito menos que uma de minhas alunas passasse por algo assim. Vamos para a diretoria imediatamente.

— Toshinori-sensei, eu juro que eu não fiz nada disso! – O garoto implorou, juntando as duas mãos.

— Quem vai decidir isso é o diretor, não eu.

— M-mas-

— Já chega. Jovem Mineta, jovem Yaoyorozu e jovem Uraraka, sigam-me até a diretoria, por favor- O homem disse, lançando olhares gentis para as duas garotas, que assentiram seriamente.

Yaoyorozu deu um passo a frente, seguida de Uraraka. Sua face e corpo estavam tensos, uma expressão de desgosto em seu rosto. Observou a morena se virar para trás, lançando um olhar de nojo para o pervertido.

Mineta bufou, desviando o olhar.

— Vagabunda- Ele sussurrou.

O estrago estava feito.

— O que que você falou?! -Bakugou berrou, lançando-se sobre o garoto.

Nunca tomaria Katsuki por uma pessoa que se ofenderia tanto por algo do gênero. Achava ele um babaca que não se importava com ninguém, que só curtia intimidar os outros e machucar com palavras maldosas. Claro, já fora ameaçado de uma surra pelo garoto, também já vira ele ameaçando Midoriya e outros colegas, mas nunca o vira de fato cumprir suas promessas. Fora só naquele momento o quão semelhantes ele e Bakugou eram. Só quando vira o punho do loiro se conectar com o rosto de Mineta.

.

Após o incidente no ginásio, onde os alunos observaram Bakugou dar uma bela de uma surra no pervertido da classe enquanto Toshinori tentava desesperadamente apartá-los, voltaram a ter suas aulas normalmente. Os alunos chamados por Toshinori, Bakugou e Midoriya estavam ausentes, seus lugares vagos.

A sala de aula não era a mesma sem os murmúrios de Izuku e, nunca admitiria isso, os resmungos de Katsuki para que o outro calasse a boca. Ergueu a mão, observando a expressão de Hizashi-sensei mudar de uma animada para uma decepcionada ao ver que o garoto queria ir ao banheiro ao invés de ter uma dúvida. Assentiu, deixando Shouto sair da sala.

Seguiu em direção à enfermaria.

Lembrou-se de quando Izuku lhe mostrara o lugar. Achava quase cômico como o garoto fora insistente em mostrar-lhe a escola, sendo que no dia anterior levara um belo de um soco na cara. Bem, Midoriya talvez fosse louco. Mas era seu amigo, então ignorava isso.

Abriu a porta sem bater, deparando-se com Midoriya e Kirishima sentados em uma cama, observando a enfermeira cuidar da mão machucada de Bakugou. Kirishima tivera de ir para a enfermaria pois, ao tentar parar seu amigo, levara uma bela de uma cabeçada em seu nariz. Fora bem preocupante na hora, principalmente porque sangue começara a sair de suas narinas.

Os quatro voltaram o olhar na direção da porta, deparando-se com Shouto.

— Todoroki-kun, você está bem? -Midoriya perguntou, levantando-se da cama da enfermaria.

Shouto se sentiu instantaneamente mais leve.

— Sim, tudo bem-

— Por que está perguntando se ele está bem? Fui eu que abri a minha mão aqui! -Bakugou berrou, chiando quando a enfermeira apertou um algodão cheio de antisséptico contra seus dedos ensanguentados.

— Por que diabos você fala isso como se estivesse orgulhoso, hein?! E fique quieto, caramba- Ela ralhou, apertando o algodão com mais força propositalmente.

— Porque eu estou orgulhoso! E caramba, isso tá doendo!

— Bakugou, para quieto- Kirishima disse, rindo.

Shouto desviou o olhar da cena cômica, voltando a atenção para Midoriya. Seu rosto estava livre do sangue de antes, mas o nariz ainda estava um pouco inchado e começava a criar um hematoma roxo.

— E você, como está? -Perguntou, preocupado.

— Hm? Oh, a Shuzenji-sensei disse que parece pior do que realmente é- Ele disse, sorrindo animadamente.

Poderia ser que Midoriya fosse resistente à dor? Era impossível que não estivesse sentindo dor na região. Decidiu não dar voz à suas perguntas, temendo a reação do amigo.

— E a conversa com o Aizawa-sensei, como foi?

A expressão dele vacilou, dando lugar à um sorriso torto.

— Ele chamou minha mãe...Vou ter que ficar esperando aqui até ela aparecer- Izuku levou uma mão à sua nuca, coçando-a- Já consigo imaginar o ataque nervoso que ela vai ter.

— E com razão, seu merda. Você está sempre se machucando, a culpa é sua por ela ser doida desse jeito e- Ai! Ai! Ai!

— Não fale assim com ele, sua peste! -A enfermeira voltou a repreendê-lo, apertando as faixas com mais força do que realmente era necessário.

Mordeu o lábio, hesitante.

— Sua mãe é superprotetora? -Perguntou, apertando as mãos uma contra a outra atrás de suas costas.

Midoriya arregalou os olhos um pouco, surpreso.

— Não, de forma alguma! -Ele disse, balançando a cabeça- É só que somos só nós dois lá em casa, então acabamos nos preocupando demais quando uma coisa acontece com o outro.

— Resumindo, ela se preocupa pra caramba com você – Shuzenji disse, oferecendo um chiclete para Shouto, que o pegou lentamente.

Encarou o doce, antes de desembalá-lo e pô-lo em sua boca, mastigando-o rapidamente. Fazia séculos que não mascava chiclete de melancia.

— Pra cacete -Bakugou disse, pegando um chiclete.

— Muito! Sua mãe é bem máscula por se preocupar com você, Midoriya! -Kirishima concordou, fazendo uma bolha com o chiclete.

— Quee! Isso não é verdade! -Midoriya disse, também desembalando seu chiclete.

Continuaram jogando conversa fora, com Bakugou às vezes ralhando com Midoriya e Kirishima acalmando o loiro. Como Izuku e Eijirou estavam sentados na mesma cama, teve de se sentar ao lado de Bakugou, que também não parecia muito satisfeito, mas fez o favor de manter a boca calada. Achou que a enfermeira fosse ralhar com eles, mandando-os de volta para a sala, mas a velha parecia se fazer de cega para a situação. Até viu ela soltar um sorrisinho quando viu a forma como os quatro conversavam.

Foi assim que cabulou uma aula pela primeira vez. Fora deveras interessante. Conseguira conversar com Bakugou de forma quase civilizada, mas não entendia muito bem por que ele se irritava tanto com algumas coisas que dizia. Não tinha culpa se não entendia metade dos assuntos que ele falava, ora bolas. Kirishima parecia também estar mais amigável- perguntou-se se o trabalho em equipe na aula de Toshinori os havia ajudado a ter uma visão diferente da que tinham um do outro.

 E, bem, fora interessante passar aquele tempo com Midoriya. Ver o garoto hora gaguejar de nervosismo, hora rir animadamente era algo que lhe trazia uma paz, visto que ele próprio tinha dificuldades em trazer seus sentimentos para fora. Sentia suas bochechas aquecerem um pouco sempre que seus olhos se encontravam, lembrando que momentos antes havia chorando na frente do garoto.

Não era exatamente vergonha o que sentia. Não sabia explicar. Nem ele entendia.

Claro, o momento de paz dos quatro fora interrompido quando a porta da enfermaria fora aberta, Aizawa os fuzilando com o olhar. Midoriya e Kirishima sorriram nervosamente, Bakugou desviou o olhar e Shouto simplesmente encarou o homem, inexpressivo.

— Vocês três, para a sala agora- Ele disse, apontando para Eijirou, Katsuki e Shouto. Voltou o olhar para Izuku, que aumentou seu sorriso nervoso- E você, garoto problema, comigo para a diretoria. Sua mãe está escalando as paredes de nervosismo.

Os três (e a enfermeira) riram imediatamente, suas risadas aumentando ainda mais quando viram o tom vermelho que tomara a face de Izuku.

Era a primeira vez que Shouto ria em anos.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Eu escrevi esse capítulo bem rápido, mais gostei do resultado!
Como o Shouto não sabe o nome da maioria de seus colegas (mesmo depois de um mês na escola. Coisa feia, Shouto!), decidi colocar a lista das equipes:
Equipe 1: Iida Tenya, Jirou Kyouka, Ojiro Mashirao e Hagakure Tohru
Equipe 2: Bakugou Katsuki, Kirishima Eijirou, Todoroki Shouto e Yaoyorozu Momo.
Equipe 3: Aoyama Yuuga, Asui Tsuyu, Sero Hanta e Mineta Minoru (vulgo lixo).
Equipe 4: Uraraka Ochako, Ashido Mina, Kaminari Denki e Koda Koji.
Equipe 5: Tokoyami Fumikage, Sato Rikidou e Shoji Mezou.

Próximo capítulo eu vou pegar ainda um pouco desta questão da Inko ir até a escola. E estou pensando em introduzir o nosso querido Touya (e, junto com ele, o Keigo ♥). Vai ser doloroso, graças a situação atual do mangá. Mas prometo trabalhar bem o personagem!
Até a próxima! Espero que eu consiga atualizar o próximo capitulo mais rápido...



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