You & I escrita por Rose blu


Capítulo 2
Capítulo 2




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12/04/2020

Teddy estava no mundo da lua, havia estado assim boa parte do dia e agora, sentado na mesa da cozinha da casa dos pais, não era diferente.

O baque de algo se chocando contra a mesa atraiu a atenção do mais novo dos Lupins, fazendo com que sua visão subisse para Remus, parado em pé lhe encarando. Seu pai havia jogado o livro mais pesado que conseguiu encontrar contra a mesa, para que finalmente o filho o encarasse.

— O que aconteceu?

— Eu te chamei cinco vezes, na última fui até meu escritório atrás disso. - Remus disse com naturalidade erguendo o exemplar de os miseráveis e então se sentando de frente para o filho.

— Desculpe, eu me sinto um pouco disperso hoje.

— Pude perceber. Aconteceu algo?

Teddy pensou por um instante, Remus tinha a testa enrugada e as mãos que não paravam quietas, dificilmente paravam quando se tratava de resolver algo com o próprio filho, Remus sempre foi inquieto, como se tivesse certeza que estava sempre tomando a atitude errada, como se achasse que Teddy merecia outra pessoa, o que faria sentido pois o rapaz se lembrava da mãe rindo e comentando como o pai era "um idiota responsável, mas que acha que tá fazendo a coisa errada", mas não, por toda a sua vida, Remus Lupin tinha sido o melhor pai que Teddy podia pedir, apenas por ter estado ali, rindo das piadas dele, lendo história para que ele dormisse, o levando para escola, em cada um dos recitais do filho e bem ali, naquele momento que Remus não fazia ideia do que estava acontecendo com o próprio filho, mas estava ali para perguntar.

— Está tudo, é só que...

— Tem uma pessoa que não sai da sua cabeça, estou certo?

— Não. - Teddy disse simplesmente, seu pai o encarava como se não acreditasse nele. — Ok, talvez tenha sim alguém.

— Isso é bom, ter alguém é bom.

— Mesmo que a mamãe diga que teve que te chamar pra sair três vezes antes do tio Sirius te convencer a ir?

— Essa não é a questão, mas se quer saber, sua mãe é cheia de vida, como um raio de sol que torna o mundo melhor, com piadas estranhas, seu próprio jeito de dançar e esse brilho louco no olhar que você herdou dela. É meio estranho de assimilar que ela se interessou por mim.

— Minha mãe é uma mulher incrível, mas você, é um dos melhores homens do mundo.

— Obrigado. - Remus passou a mão pelo cabelo do filho, que estava começando a desbotar e a raíz marrom a aparecer.

— Na verdade, eu acho que ela parece bastante com a minha mãe nesse sentido e eu, com você. É como se ela fosse a luz e eu me sinto, eu não sei como me sinto com isso. Será que eu mereço isso?

— A primeira coisa a se pensar é algo tipo "o que tá rolando aqui?", essa sensação de confusão, né? Quero dizer que uma hora passa, Tonks é uma mulher incrível e eu para sempre vou achar que ela merecia algo melhor, mas ela me quis, sua mãe me quis assim como eu quis ela e nós estamos juntos até hoje e temos você e isso, foi a coisa mais certa que eu já fiz na minha vida. - Remus esticou a mão para que pudesse segurar a do filho. — Você um rapaz incrível e seja lá quem for ela, você a merece, acredite nisso, confie em mim. É o rapaz de 20 anos mais brilhante, gentil e bonito que conheço.

— Conhece muita gente com essas características?

— Sou professor, não se esqueça. Conheço muita gente.

— Ela vai pra faculdade, eu também...

— Pensei que eu e sua mãe tivéssemos criado um poeta, um músico, alguém que acredita no amor, então porque está desistindo antes de mal começar?

— É que... - mas a fala de Teddy foi interrompida por seu celular vibrando com uma mensagem de Vic.

 

Vic

o que tá fazendo agora? (19:46)

 

Então Teddy sorriu com as letras escritas em seu visor, o que fez Remus sorrir junto.

— Com esse sorriso no rosto, com essa felicidade, não imagino porque você a deixaria ir sem tentar pedir para que ela vá contigo. - o olhar do filho caiu sobre ele. — Você também vai pra faculdade, Londres, certo? Talvez ela escolha aqui, talvez outro lugar, mas vocês podem sempre tentar.

— Obrigado, pai.

— É sempre um prazer. - Remus se levantou, pegando o livro que havia usado para chamar a atenção do mais novo. — Agora suba e a responda, depois tome banho antes da sua mãe chegar, vou terminar o jantar.

 

20/04/2020 — aniversário de 21 anos de Edward Lupin

As comemorações do aniversário de Teddy duravam dois dias há alguns anos, começava com uma manhã em família, que sempre se estendia para ele, com seus pais e avós indo pra toca, onde dona Molly fazia um segundo bolo e sempre tinha balões azuis, então desde que ele se entendia por gente, se lembrava daquela comemoração em família, mas a cerca de quatro anos, as comemorações sempre acabavam apenas no dia seguinte na represa da cidade. Lá era um local com pouca iluminação, uma pequena estrada de terra levava até uma base de madeira perto do enorme lago que era formado pela água retida, todos os anos a última geração do clã wotter, se amontoavam nos fundos da caminhonete que pertencia a George Weasley com cobertores e lanternas, tinham lanches e algumas vezes bebidas, olhavam as estrelas e conversavam por horas.

Naquele ano, Victoire estava sentada de frente para o aniversariante enquanto dividia uma coberta com Rose, conversando sobre um livro que a ruiva tinha lido recentemente, estava ventando e Vic achava que seu suéter Weasley não seria quente o suficiente. A risada alta de Teddy chamou a atenção de todos, a risada alta e contagiante era acompanhada pela de Lily Luna. Ele jogava a cabeça para trás, os olhos fechados e pressionava a barriga, enquanto tentava normalizar a respiração, quando abriu os olhos e olhou em sua frente, encontrou o olhar de Vic, curiosa para saber o que era tão engraçado, mas tudo que recebeu foi um dar de ombros, que fez a loira sorrir.

— É quase meia noite, hora de ir. - Albus anunciou a contragosto, enquanto encarava o relógio em seu pulso.

— NÃO! - Roxanne gritou protestando e Lilu se agarrou ao corpo de Teddy.

— Vocês sabem que o Al tá certo. - James Sirius anunciou se descobrindo. — É o mesmo combinado todo ano, a gente volta antes de meia noite.

— Mais isso não é justo. - Lilu disse aumentando o aperto do abraço em Teddy. — O Teddy e a Vic vão embora, vão pra faculdade e não vai ser mais a mesma coisa, eu não quero perder o meu irmão e a minha prima.

— Lilu... - a fala de Vic foi interrompida por Teddy, enquanto ele abraçava de volta a ruiva.

— Você não vai perder nenhum de nós Lilu, eu ainda vou voltar em todos os meus aniversários, assim como em várias outras datas, além de nunca vou deixar de ser o seu irmão. Essa é apenas uma data, família, como eu e Vic somos para você, são para sempre. Agora vamos.

Lily concordou com a cabeça e aceitou se levantar e sair da parte de trás da caminhonete, logo todos estavam voltando para divisão inicial nos carros.

— Fred. - Vic chamou o primo que era quem iria dirigir o carro com ela, os irmãos e Roxy. — Eu não vou dormir em casa hoje, eu combinei de ir dormir hoje na casa da Alice.

— Alice Longbottom? - ele indagou, recebendo um aceno positivo da prima. — Merda Vic, os Longbottom moram na direção oposta do caminho.

— Eu posso levar ela. - Teddy disse simplesmente. — Alice mora a o que? Cinco minutos da minha casa?

— Perfeito, vou pegar minha mochila no carro. - ela caminhou até o carro tirando a mochila do banco de trás e dando um beijo nos irmãos. — Falem pra mamãe que eu estou bem e o Teddy vai me deixar na Alice. Amo vocês.

— Também te amamos. - Louis e Domi disseram em uníssono, mas a ruiva estava um tanto desconfiada.

Vic se despediu de todos, então andando até o carro de Teddy. Ele já estava do lado de dentro com o cinto de segurança, a loira se sentou colocando o cinto com a ajuda dele e deixando a mochila em seu colo.

— Sua mãe não vai querer confirmar com a Alice que você tá lá? - Teddy questionou ligando o carro.

— Com certeza, por isso eu deixei ela de sobreaviso.

— Fácil assim?

— Uhum. - Vic disse digitando uma mensagem.

 

ali (23:16)

já tô saindo daqui, em mais ou menos meia

hora minha mãe deve ligar (23:16)

Ali ♥

ok (23:17)

você não vai mesmo me contar quem é o garoto

que você vai passar a noite? (23:17)

não mesmo (23:17)

Ali ♥

pq??? (23:17)

:) (23:18)

boa noite meu dengo (23:18)

— Prontinho, falei com a Ali. - Vic anunciou guardando o telefone dentro da mochila.

— Tadinhos dos seus pais, confiando que você vai pra casa da Alice.

— Na próxima eu posso contar que vou dormir contigo e você bate um papo com meu pai, que tal? - Vic riu assistindo Teddy apertar mais o volante e entrar por um momento em pânico. — Não sei porque você tem medo do meu pai, sorte sua que temos o acordo de não contar.

— Não é medo, é a mais pura compreensão do fato de que apesar de termos o mesmo tamanho, possivelmente ele tiraria sangue da minha cara. - então Vic riu novamente.

— Idiota.

. . .

Vic entrou por último no pequeno apartamento de Teddy, sendo a responsável por trancar a porta, a loira se livrou das sapatilhas as deixando ao lado da porta, permitindo que pudesse andar descalça pela casa em passos suaves.

Teddy estava sentado no sofá terminando de tirar os próprios sapatos e ela não pode evitar um pequeno sorriso. Caminhando até ele, Vic deixou a mochila ao lado dele antes de se sentar em seu colo, as mãos de Teddy enlaçaram sua cintura e depositaram um beijo simples em seu nariz, então suas bochechas e, por fim, a boca.

— Eu tenho uma presente pra você na mochila. Sei que estou um dia atrasada, mas queria te entregar enquanto estivéssemos nessa bolha que criamos e agora vivemos.

— Vic, eu te falei que não precisava me comprar nada...

— Acalme-se velhinho, sei disso, mas eu quis.

— Velhinho? Eu fiz 21, você tem 18, não é exatamente nova quando comparada a mim.

— Não importa. - a Weasley beijou os lábios dele mais uma vez antes de se esticar até a mochila para puxar o pequeno embrulho.

Era um pequeno embrulho azul claro com uma fitinha branca, Vic entregou o embrulho nas mãos de Teddy e colocou sua mochila novamente no sofá, assistiu o Lupin encarar o pacote por alguns instantes antes de chacoalhar para ver se fazia barulho e então, finalmente rasgar a embalagem.

A caixa de papelão continuou em sua mãos, enquanto Teddy sentiu algo cair em sua barriga, ele recolheu enquanto encarava a caixa. Sorriu por ser uma barra de chocolate e abriu a caixa tirando com cuidado a xícara azul bebê que ela continha, era uma xícara simples de um belo tom de azul e então, tinha o desenho preto da silhueta de um lobo.

— Eu mandei personalizar já que você gosta de lobos e esse é o significado de Lupin, agora pode tomar sua habitual xícara de café todas as manhãs em uma caneca personalizada. - Vic sorriu enquanto explicava. — O chocolate é porque você gosta e eu tinha que me garantir caso você não gostasse da xícara.

— É perfeito Vic... Eu amei. - Teddy abraçou o corpo da loira, querendo que pudesse fundí-la consigo mesmo. — Muito obrigado.

— Que bom que gostou. - Vic era espremida pelo abraço de Teddy, mas era bom, porque a sensação de estar ali, nos braços de Teddy, nos pequenos momentos roubados de suas realidades, onde não deviam nada a ninguém que não a si mesmos e ela podia simplesmente abraçá-lo e beijá-lo sem pensar em nada, era a melhor sensação do mundo.

— Gostei ainda mais que você pensou em algo como personalizar uma xícara para mim, é algo pessoal e adorável.

— Eu te conheço bem Edward Lupin, já sei até como te presentear.

— Conhece mesmo, né?

— Claro, afinal, você combina mais comigo que o meu suéter favorito.

Teddy sorriu encarando a peça azul escura com um "V" branco que ela usava naquela noite, então colocando uma das mechas loiras de seu cabelo atrás da orelha o Lupin a encarou por um instante, ele adorava tudo em Victoire, seu cabelo, olhos, a forma com que o abraço dela encaixava no dele, a personalidade vibrante dela, a forma com que ela andava de manhã pela casa dele coçando os olhos, as longas conversas que tinham, suas citações, ele adorava Victoire, era apaixonado por ela e Teddy nunca quis tanto gritar isso como naquele momento. Mas ao invés de falar, ele se inclinou para puxar a loira para um longo beijo. As mãos de Vic foram direto para o cabelo dele, sem que o Lupin pudesse nem mesmo imaginar que aquela garota em seu cabelo, pudesse estar começando a realmente a perceber que sentia o mesmo por ele.

 

17/05/2020

Victoire riu ouvindo Teddy comentar sobre um cliente da loja que havia feito uma confusão com os instrumentos e não sabia o que era o violoncelo que a filha estava interessada. A loira se sentia exausta, já era tarde enquanto ela conversava com Teddy por telefone na sala e a longa semana de provas a estava deixando exausta, mas conversar com ele ajudava.

"Vic?" a voz metálica e hesitante do Lupin chamaram sua atenção.

— Sim?

"Está bem mesmo? Parece cansada."

— Eu me sinto cansada. - ela disse por fim. — Mas é cansaço emocional, mental, sei lá, Hogwarts realmente gosta de cobrar os alunos no último ano.

"Devia dormir um pouco, descansar então, já é tarde e amanhã ainda é quinta."

— Mas ainda é cedo Teddy, são... - a loira afastou o celular da orelha para olhar a hora e se chocou por ser tão tarde.

"3 da manhã." o Lupin completou.

— Ok, é bem tarde. Mas eu não quero desligar ainda.

"Podemos conversar mais outra hora, você precisa dormir pra ir pra aula e descansar pra se sentir melhor."

— "Deus ter-nos-ia posto água nas veias, em vez de sangue, se nos quisesse sempre imperturbáveis", Júlio Verne.

"É uma citação bonita."

— Também acho.

"Tenho algo para você antes de ir dormir." Teddy comentou.

— Acho que podíamos continuar...

"Vic, dormir é bom. Você precisa."

— Ok.

"Eu te fiz uma playlist, algumas delas são minhas músicas desconhecidas. Já te cantei algumas, outras só me lembram de você, vou te mandar o link por mensagem, pode ser."

— Pode.

"Boa noite Vic."

— Boa noite Teddy. - então ela deixou que ele finalizasse a ligação.

Já era muito tarde, a loira olhou para o abajur ligado ao lado do sofá que era sua única iluminação naquela casa escura e agora, silenciosa. A mensagem de Teddy chegou com um link para a playlist e Vic não pode evitar um sorriso ao ler o nome "melodies for victoire", com uma capa bonitinha e editada de um dos dias que saíram para aquele mesmo castelo que Teddy a apresentou. A Weasley reconhecia alguns nomes que ele havia comentando antes de cantar para ela.

Seu coração se aqueceu com o fato de que ele havia mesmo gasto tempo fazendo isso para ela e seu sorriso aumentou, então, não pela primeira vez nesses meses, Victoire desejou que eles nunca vissem o mês de agosto, que aquilo nunca acabasse, pois ela ia sentir falta. Sentiria falta da risada dele, a forma como Teddy apertava sua mão como se a convidasse para uma aventura, o cabelo azul que ficava cada vez mais desbotado e com a raiz aparecendo e todos os pequenos detalhes da personalidade dele que ela aprendia aos poucos. E a Weasley sabia que o amor não era como em seus livros de romance, ele poderia ser cruel e poderia machucar, mas ela ainda tinha na memória guardado cada dia que saiu com Teddy e cada dia em que não saiu e eles conversaram por horas por mensagem ou ligação e era isso, ela estava apaixonada pelo Lupin e isso era claro e simples.

Mas agora, Victoire não fazia ideia do que deveria fazer.

 

29/05/2020

As mãos de Vic tremiam de nervoso enquanto tentava respirar fundo e acalmar o próprio coração.

O caminho até a casa de Teddy havia sido rápido, ele já a esperava no sofá com a própria carta em mãos e naquele momento, todas as oportunidades do mundo pareciam abertas para ambos e sinceramente, isso assustava. Na mão de Teddy havia a carta enviada a ele pela faculdade, enquanto a de Victoire vinda da faculdade inglesa estava na mesinha de centro, no colo da garota, estava seu computador aberto enquanto carregava o site para saber o resultado de seu baccalauréat e o e-mail da faculdade da França, logo ambos saberiam se haviam passado nas faculdades que queriam ou não.

— Eu tô com medo. - Vic disse, o e-mail ali, a espera de um simples clique que mostraria se foi aprovada ou não. — E se eu não tiver passado? Em nenhuma das duas. Eu passei tanto tempo tentando escolher que não reparei que eu posso ter sido horrível em tudo e minhas aplicações não valeram de nada.

— Vic... - Teddy pegou a mão um tanto trêmula da garota, a levando aos lábios para que depositasse um beijo suave. — A vida dá medo, não podemos recuar a cada sinal de medo. Vai dar certo, se não tiver passado para França, terá para Inglaterra ou vice-versa, é inteligente, você já conseguiu.

— Como tem tanta certeza?

— Eu te conheço. Estive lá por meses te ajudando a estudar ou dando apoio. - o Lupin se inclinou para depositar um beijo simples em seus lábios. — Quer que abra a minha carta primeiro?

— Sim. - ela respondeu em um sussurro.

Mesmo que não admitisse, Edward também estava nervoso, seus dedos tremiam levemente enquanto abria o pequeno envelope branco. Era um sonho que por tanto tempo não sabia se devia seguir e agora, a ideia de não passar era terrível, mas ele respirou fundo, pronto para o que viesse.

 

"Caro senhor Edward R. Lupin...

[...]

Temos o prazer de informar que o senhor foi admitido para a nossa faculdade..."

 

— Eu passei. - Teddy gritou terminando de ler a carta. — Eu passei!

Ele se levantou ainda com a carta na mão, Victoire retirou o computador de seu colo se levantando também para se juntar a pequena comemoração.

— Eu vou para faculdade! Eu passei! - Teddy ergueu Vic pela cintura, a girando junto a ele para casa.

— Você passou! Conseguiu, eu sempre soube que conseguiria. - a loira disse rindo, enquanto se segurava no pescoço dele.

— Eu nem acredito nisso... Meus pais, eles vão ficar tão...

— Orgulhosos. - ela completou. — Completamente orgulhosos do filho incrível que tem e que vai fazer música.

Teddy colocou Vic novamente no chão, apenas para segurar o rosto da Weasley entre suas mãos e beijar cada canto de seu rosto que pudesse. Seu nariz, bochechas, covinhas, têmporas, olhos... E por fim, ele a beijou em seus lábios, começando um beijo leve e intenso, do tipo lento, sem pressa alguma, presos naquele conforto que haviam criado para si em seu próprio mundinho.

— Obrigado por acreditar em mim, mo ghrian. - Teddy sussurrou, os olhos fechados e a testa encostada na de Vic, o rosto dela ainda entre suas mãos.

— Você me chamou assim novamente? Eu me lembro da palavra ghrian, aliás, totalmente injusto você não me falar do que me chama em gaélico escocês.

— Um dia eu conto. - soltanto o rosto de Vic para pegar em sua mão, Teddy a puxou para o sofá. — Sua hora de ler que passou.

— Eu preciso mesmo?

— Sim. - Teddy disse colocando o computador novamente em seu colo e entrelaçando seus dedos aos dela. — Você consegue.

— "Somos feitos da mesma matéria que nossos sonhos".

— Quem disse isso?

— Shakespeare. - Vic respondeu clicando no primeiro e-mail. — Certo, do meu baccalauréat eu tirei très bien.

— Isso é ótimo. - ela concordou.

— Agora o e-mail da faculdade.

Cinco minutos inteiros se passaram enquanto Teddy esperava que Vic dissesse algo, a tela do computador estava perto dele, poderia facilmente ter lido o e-mail dela, mas preferia que ela lhe dissesse, que contasse o que estava ali, mas a Weasley mal se movia, respirava lentamente enquanto relia mais uma vez o e-mail, para ter certeza do que ele lhe dizia.

— Então? - Teddy por fim perguntou, quando não mais aguentava ser consumido pela curiosidade.

— Eu consegui, eu passei. - ela disse em um sussurro.

Então Teddy explodiu em um riso da mais pura alegria, ele ria do jeitinho especial dele que deixava Vic encantada, enquanto ela, Victoire Weasley sentiu o peso cair de seus ombros, enquanto mal conseguia sentir as próprias mãos.

— Eu passei! - ela ainda sussurrava, incrédula e feliz.

— Sim!

Ela tirou o computador do colo, o deixando na mesa de centro ao lado da carta de Londres, então puxando Teddy para um abraço apertado.

— Quer abrir a carta também? - ele questionou enquanto se deitava no sofá, trazendo Vic para que ela pudesse deitar sobre seu corpo.

— Não... Vou abrir em casa com os meus pais, também mostrar para eles o e-mail.

— Eu me sinto honrado de ter sido o primeiro a saber dessa notícia.

— Digo o mesmo de você.

— Então é isso? - Teddy questionou por fim, iniciando o tão temido assunto. — É agora que decidimos a data que acaba.

— Acho que sempre soubemos a data que acabaria, eu provavelmente vou me mudar em agosto, assim tenho bastante tempo para me ajeitar onde vou ficar antes das aulas.

— Então... Dia primeiro?

— Acho que sim.

— Ok...

— Podemos falar de outra coisa? - Vic sussurrou, deitando a cabeça no peito de Teddy.

— Claro. Eu queria te mostrar uma coisa.

— O que?

— Fiz uma canção nova.

— Você nunca me mostrou uma música sua... Acho... - a loira comentou pensativa, encarando os olhos dele e sorrindo. — Qual o nome?

— Chocolate. Posso começar?

— Claro.

"Hey now, call it a split, 'cause you know that you will

Oh, you bite your friend like chocolate

You say that we'll go where nobody knows

With guns hidden under our petticoats

No, we're never gonna' quit it, no

We're never gonna' quit it, no"

Teddy começou a cantarolar, um ritmo ainda meio incerto pelo fato da música ser recente, mas ele cantava aquela música com todo seu ser. Olhava no fundo dos olhos azuis de Vic, enquanto pedia internamente para que ela entendesse o recado que estava tentando passar, o de que queria dividir aquilo com ela, aqueles momentos, enquanto fugiam da realidade dentro do carro dele que cheirava a chocolate, ou no apartamento dele, exatamente como estava agora. E ele não sabia o que fazer, pois queria aquilo, queria eles. Então pediu a qualquer divindade que existisse que eles nunca tivessem que parar com aquilo, nunca tivessem que parar com o eles que agora construíam.

"Now we run, run away from the boys in the blue

Oh, my car smells like chocolate

Hey now, I think about what to do

Think about what to say

Think about how to think

Pause it, play it, pause it, play it, pause it"

Então Vic sorriu, pois ela sabia dentro de sua alma que havia entendido realmente aquilo, então seu coração se apertou, diminuindo até que ficasse do tamanho de uma nós, claro, que metaforicamente falando. Pois talvez concordasse com cada uma daquelas palavras que Teddy cantava.

 

12/06/2020

A noite de filmes após longas discussões na locadora sobre qual filme veriam, havia se tornado uma espécie de tradição para Vic e Teddy com o passar dos meses. A Weasley estava na pequena mesa de jantar do apartamento de Teddy, rodeada por livros enquanto terminava seus estudos.

— Terminei o jantar. - Teddy anunciou da porta da cozinha. — Já terminou aí?

— Só falta matemática e eu não aguento mais.

— Precisa de ajuda? - ele se ofereceu, andando até ela e se sentando na cadeira ao lado.

— É só que... Encontre o x, ele tá aqui, eu já vi, posso circular se quiser. - a loira disse realmente circulando o x com seu lápis. — Eu prefiro fazer uma dissertação sobre porque o céu é azul.

— Isso é pra quando?

— Quarta-feira.

— Então levanta. - Teddy anunciou, se levantando e fechando os livros e cadernos dela a surpreendendo. — Hoje ainda é sexta, fiz seu prato favorito e vamos ver algum filme que alugamos.

— Fez macarrão ao molho branco? - ela questionou sorrindo, se levantando e então sendo envolvida pelo abraço de Teddy.

— Sim.

Teddy, ainda abraçado a Vic, a guiou até o sofá. Ambos estavam descalços e vestiam roupas confortáveis, ele a deixou ali sentada voltando para a cozinha para pegar os pratos que já havia deixado prontos.

— Aqui está, mademoiselle. - ele a estendeu o prato de macarrão.

— Muito obrigada, monsieur.

Teddy sentou ao lado dela puxando uma almofada para colocar embaixo do prato, a observando por um instante para saber sua opinião sobre a comida.

— Então? - ele indagou.

— Tá uma delícia Teddy.

— Obrigado. - sorrindo, finalmente começou a comer também. — Então, o que iremos ver? Alugamos dois filmes só dessa vez.

— E se a gente ver uma série?

— Está querendo mudar a tradição de filmes, Vic? - Teddy disse com falsa indignação, enquanto colocava a mão sobre o peito para causar um efeito dramático.

— Devia fazer teatro, não música, está melhorando com o drama.

— Se tentou me ofender, falhou miseravelmente.

— Então... Quer ver série?

— O que indica?

— Já viu Lúcifer? - ela questionou, ficando indignada quando ele acenou com a cabeça que não. — Vamos ver isso mesmo, vou colocar no meu computador.

Vic se levantou animada, deixando o prato na mesinha de centro e correndo até a mesa de jantar, que raramente era usada realmente para comer, para pegar seu computador.

— A coisa perfeita para se ver hoje. - Teddy apontou.

— Estava esperando um pouco mais romance, senhor Lupin? - ela se aproximou, deixando o computador sobre a mesa para abrí-lo. Teddy apenas deu de ombros.

— É dia dos namorados em algum país que eu não lembro qual.

— Então é tipo uma parte dois? - Vic questionou rindo. — Feliz dia dos namorados, Teddy.

— Feliz dia dos namorados, mo ghrian.

A loira se sentou ao lado dele e se inclinou levemente para, então, depositar um leve beijo em seus lábios.

 

11/07/2020

Teddy estava atrasado, e tinha plena consciência disso, mas quando estacionou em frente ao prédio que havia combinado de encontrar Victoire, não tinha nenhum pedido de desculpas bolado ou um grande motivo, apenas um "me desculpa". E após encará-lo por alguns instantes de cima a baixo, tudo que a Weasley fez foi franzir a testa e indagar: — Você cortou o cabelo?

— Sim e a demora no barbeiro pareceu uma eternidade.

— Gostava dele azul...

— Eu também, mas tava desbotado e minha raiz aparecendo bastante, podemos pintar de novo alguma hora.

— Você fica bonito dos dois jeitos, com ele pintado e com ele natural.

— Obrigado. - Teddy pegou a mão de Vic, a puxando um pouco mais para perto para um beijo.

— Estamos no meio da rua e...

— O acordo, eu lembro. - o Lupin relembrou descontente.

— Sim. - Vic não parecia muito mais contente com isso. — Vamos, eu tô ansiosa para a exposição.

— Eu sei que o centro de exposições itinerantes sempre faz algo legal, mas porque viemos em uma sobre Shakespeare?

— Não é bem sobre ele. - Vic entrelaçou o braço ao de Teddy, o guiando para dentro. — É sobre a obra dele.

— Bom, eu não sei muito mais do que aquele trecho da rosa em Romeu e Julieta.

— Trecho da rosa?

— "O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem."

— Citação bonita.

— Também acho, parece que agora eu também faço as citações.

— Então eu devia cantar uma canção? - a loira questionou sorrindo, eles andavam pelos corredores do centro atrás da ala certa da exposição.

— Você poderia.

— Até o final do passeio, vejo o que posso fazer por você. - ambos continuaram a caminhar em silêncio até encontrarem a ampla sala da exposição. — E você conhece algo inspirado na obra dele além de Romeu e Julieta.

— O que?

— Lembra quando vimos 10 coisas que odeio em você?

— Sim.

— Baseado em a megera domada de Shakespeare.

— O que? - Teddy exclamou. - Aquele é o enredo da peça? Eu achei que eu tava só vendo comédia romântica.

— Sim. - a loira ria abertamente, enquanto encaravam uma parte dedicada a manuscritos do autor. — Na peça temos Lucêncio, filho de um rico mercador, que é apaixonado por Bianca. Como Batista, pai de Bianca, disse que ela só poderia se casar quase sua irmã mais velha, Catarina também casasse, é proposto para Petrúquio, um nobre falido de Verona, que estava na cidade a procura de um bom casamento, que se case com Catarina. Parece familiar?

— Eu me sinto enganado. Ele esperava: romance dos anos 90, recebeu: Shakespeare.

— Mas é um bom filme.

— É um filme maravilhoso Victoire, melhor coisa que você já me fez assistir.

— Claro, porque eu coloquei uma arma na sua cabeça e mandei assistir. Idiota. - a loira revirou os olhos, enquanto tudo que Teddy conseguiu fazer foi rir.

Estar naquela exposição com Teddy trazia uma sensação diferente para o coração de Vic, ela já havia se dado conta de que estava apaixonada, mas ali, de braços dados com Teddy ou até mesmo separada enquanto olhavam coisas diferentes e se falavam de longe, trazia um sentimento agridoce para a garota, porque ela sabia que quando estava ao lado dele, tinha o melhor de si, uma parte nova que nunca tinha visto e nela, era exatamente quem ela sempre julgou ser e nunca mostrou a ninguém, pois Edward Lupin limpava sua alma e fazia acreditar em amores de telas de cinema, onde se pode ser você e amar quem o outro é. Mas faltava tão pouco para que tivesse que dar adeus a aquilo.

— Acho que essa pintura não faz parte da exposição. - Teddy comentou encarando uma parede com uma tela gigante que se assemelhava a um jardim.

Vic andou até o local que ele estava e encarou a pintura, então abraçando o rapaz e deixando sua cabeça encontra no ombro dele.

— Talvez seja uma exceção. - a loira disse.

— Ao menos é uma exceção bonita.

"You are, the only exception

You are, the only exception

You are, the only exception

And I'm on my way to believing"

A loira cantarolou baixo, a cabeça ainda no ombro dele enquanto Teddy a abraçava e se juntava para o verso final da música.

"Oh, and I'm on my way to believing."

 

01/08/2020

— Acho que esse é o melhor lugar que eu já estive, seu abraço, mas acho que nunca te falei isso, né? - Vic comentou, fechando os olhos com o carinho do cabelo.

— Não, mas pode falar de novo se quiser. Acho que temos tempo ainda.

Teddy se esticou levemente para olhar o relógio na mesa de cabeceira, sorrindo pelo fato de ainda ser por volta de 6 da manhã.

Victoire abriu os olhos respirando fundo e sabendo o que viria em seguida, porque o que viria agora, deveria ser definitivo.

— Não Teddy, não temos mais tempo.

— Vic...

O Lupin parou sua fala quando a sentiu se desvencilhar de seu corpo. A loira se levantou andando pelo quarto e recolhendo suas roupas pelo chão.

— Você quer mesmo acabar? - Teddy suspirou cansado, se levantando para recolher a cueca e a calça que estavam ao lado da cama e agora se vestia a vendo fazer o mesmo.

— Foi o que conversamos, não é? "A gente vai até onde você quiser. Até agosto ou antes e ninguém precisa saber, algo só nosso".

— Você sempre achou engraçado revirar os olhos e me chamar de idiota, porque acreditaria em algo disso?

— Porque você sabe que não era verdade quando eu te chamava assim e que estava certo sobre nós. Vamos para faculdade, você vai estudar música e eu literatura, vamos para faculdades diferentes e nós dois não acreditamos em relacionamentos a distância. Até agosto, bom, agosto chegou rápido demais.

— E se eu te amar?

Edward terminou de fechar a calça enquanto pronunciava aquela simples frase, em seguida erguendo o olhar para ver Victoire. Ela já havia comentado sobre o brilho que via no olhar dele, mas naquele momento, eram os olhos dela que pareciam carregar o próprio sol, repleto de energia e vida e tudo que ele queria era mergulhar naqueles olhos, se afogar no olhar de Victoire e permanecer ali, ao lado dela para sempre. Não era a toa que havia a apelidado de mo ghrian, meu sol.

Ouviu o suspiro dela enquanto relaxava os braços ao lado do corpo após amarrar o próprio cabelo. — Você não me ama. Nós rimos, conversamos, podemos ser nós mesmos nessa bolha que criamos onde ninguém precisa entrar e quando nós estamos juntos, de mãos dadas ou transando, é bom. E você ama isso, eu só não achei que iríamos tão longe.

— Não. - o Lupin quase gritava agora. — Não é só isso, porque eu já ri com pessoas que sentia atração, mas Victoire, você é melhor do que qualquer pessoa que eu já fudi.

— Teddy...

— Ninguém nunca se importou comigo como você, não importa se eu estou te beijando, porque se eu não fizer isso, ainda converso sobre qualquer bobagem, vejo filmes, canto para você. Nós cuidamos um do outro, Vic e eu amo você. - o Lupin caminhou até ela para que pudesse segurar seu rosto, olhar no fundo dos seus olhos, tentar fazê-la acreditar. Precisava fazê-la acreditar. — E não importa onde estivermos, quem seremos ou com quem estivermos, eu sinto isso, afinal, nós somos endgame.

— Isso não é uma música da Taylor Swift para falar sobre endgame.

— E daí? - Vic lacrimejava durante as indagações dele. — Porque você tá falando isso tudo?

— Porque se eu falar tudo isso, eu posso me fazer acreditar nisso e não tenho que admitir em voz alta.

— Por favor Vic. - ele enfim suplicou.

— Eu te amo Edward Remus Lupin. Caralho, eu te amo.

— Viu? - então ele sorriu, aquele sorriso que fazia o coração de Vic errar uma batida, e ela o odiou por isso, porque não queria que ele desse aquele sorriso, não agora.

— Mas então porque simplesmente não somos tão bons a luz do dia?

— Nós seríamos perfeitos a luz do dia Victoire. - ele deu um passo para trás, agora gritava realmente. — "Para Adão, o paraíso era onde estava Eva", Mark Twain. Não é você que recita todos esses autores em que se inspira?

— "Prefiro o paraíso pelo clima, o inferno pela companhia", Mark Twain.

Então Victoire se afastou, sem últimos beijos, sem mais delongas, apenas as lágrimas salgadas que começavam a banhar seu rosto enquanto ela andava de costas em direção a porta do quarto de Edward Lupin, o deixando para trás com o mesmo brilho sonhador de sempre e as mãos pendendo ao lado do corpo, as mesmas mãos que antes tocavam suas bochechas.

Quando chegou à porta da frente, pegou as sapatilhas e a bolsa que sempre deixava ao lado do aparador da entrada, respirando fundo e saindo, o deixando enfim, com apenas uma frase em mente, "Mas se você me ama, porque me deixou?".

 

07/08/2020

Teddy estava rodeado por papéis enquanto terminava de compor uma canção, sentado no chão da sala da casa de seus pais concentrado no violão em seu colo e com uma vontade incessante de colocar tudo para fora, precisava tirar isso de seu peito.

O Lupin encarou pelo que parecia a milésima vez a porta da frente da casa, sabia que Victoire não passaria por ela, principalmente por ser a casa de seus pais e não a sua, mas mesmo assim, tudo que ele queria naqueles momentos que se permitia pensar no sorriso dela e seu abraço, era que ela batesse em sua porta para que pudesse ver seu rosto mais uma vez, porque Teddy descobriu que se sentia terrivelmente sozinho sem tê-la por perto, uma solidão emocional de quem sabe que perdeu um grande amor.

— Teddy? - a voz suave de Tonks chegou aos seu ouvidos vinda do andar de cima da casa.

— Estou na sala, mãe.

Nymphadora Tonks-Lupin tinha algo de especial nela, sabia exatamente como seus meninos se sentiam, ela devia ter alguma mágica por trás dos cabelos geralmente coloridos e o jeito estabanado que tinha. Ela desceu as escadas encontrando o filho no tapete, indo em sua direção e por fim, se sentando ao seu lado.

— Posso ler? - ela indagou, apontando para a folha com a letra da música.

— Pode... Só não tá terminada.

Tonks encaixou a cabeça no ombro do filho, que dedilhava as cordas do violão, enquanto terminava de ler a letra. Ela não precisou dizer uma palavra, pois Teddy foi o primeiro a falar.

— Eu estou apaixonado por Victoire Weasley.

— E o que aconteceu?

— Nós não estávamos mesmo em um relacionamento, a gente só saia. E agora acabou, mas eu não queria que acabasse.

— Mas você acabou de me dizer que é apaixonado por ela, vai deixar acabar sem lutar? O que aconteceu, vocês brigaram?

— Não. Tecnicamente, terminou em bons termos, ela vai estudar na França.

— E você não aprendeu nada comigo e seu pai? - Tonks exclamou, fazendo Teddy se chocar.

— Que?

— Vamos lá, seu pai tinha a crença que ele era pobre demais, um pouco velho demais, não era a pessoa certa para mim, que não era para ser. Você lembra o que eu fiz? - Teddy assentiu.

— Pegou ele pelo colarinho e disse que você gostava dele e se ele não tivesse um motivo bom para não ficar com você como não gostar de você, ele podia esquecer aquela palhaçada.

— Eu sempre fui a líder nesse relacionamento.

— Não dúvido. - Teddy sorriu junto a Tonks, em um pequeno momento de compreensão entre eles.

— Lembra quando víamos os incríveis quase todos os dias depois que você chegava da escola?

— Sim. - Teddy disse com a vaga lembrança de sua infância.

— Então siga o conselho da minha personagem favorita "Você sabe onde ela está? Vai logo, enfrenta o problema. Lute, ganhe! E me liga quando voltar amor, adoro suas visitas".

— Obrigada mãe.

— Eu te amo, meu amor. - Tonks depositou um beijo na testa do filho.

— Eu também te amo.

. . .

Vic encarou o pequeno livro em sua mão, a edição de capa dura e traduzida de poemas, ela sempre gostava de manter aquele livro na cabeceira da cama. Sentada na ponta da cama, a loira começou a procurar pela página certa, pelo poema que procurava.

"De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente

Fez-se triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente."

— Vinícius de Morais. - ela sussurrou, deixando por um instante que aquelas palavras marcassem sua alma e então, pegando o celular.

Havia virado uma pequena mania sua sempre ouvir a playlist que Teddy havia feito para ela, "melodies for victoire" havia se tornado seu pequeno tesouro. Mas dessa vez, duas novas músicas foram acrescentadas, "all I want" e "time after time", ela conhecia ambas e deu um sorriso triste, Vic teve seus pensamento interrompidos quando puderam ser ouvidas batidas em sua porta.

— Filha? - Fleur abriu a porta do quarto, sendo acompanhada do marido. — Podemos entrar?

— Claro. - Vic fechou o livro o colocando novamente na cabeceira e encarando os pais se sentarem ao seu lado.

— O quarto fica tão vazio sem as suas coisas. - Bill comentou, mexendo no cabelo da filha.

— A casa inteira vai ficar um pouco mais vazia sem você nela. - Fleur completou.

— Mãe, pai...

— Não precisa falar nada. - Bill interrompeu a filha. — Sabíamos que esse dia chegaria e estamos felizes por você, apenas teremos que nos adaptar com você visitando, não morando aqui. Só queremos que você saiba, que estamos aqui para te apoiar e ajudar em tudo que precisar, minha princesinha.

— Obrigada. - Vic sentiu o beijo de seu pai em sua testa, então encarou sua mãe.

— Só queremos ter certeza que escolheu a faculdade certa. Está feliz com a escolha?

— Mas vocês já arranjaram um apartamento e a matrícula começa...

— Na verdade, vimos apartamentos em Paris e Londres. - Fleur interrompeu. — Sua matrícula não está feita e esse assunto só estará encerrado se você falar que está feliz.

— Estou feliz, mamãe.

— Então perfeito. - Fleur também beijou a testa da filha.

. . .

Domi e Vic estavam responsáveis pela louça do jantar naquele dia, enquanto a loira lavava, a ruiva secava e guardava tudo. A ideia da irmã ir embora era o que atormentava Dominique no último ano, pois era apegada a ela e mesmo que as vezes brigassem e fossem diferentes, as irmãs Delacour-Weasley se amavam, e muito.

— E como o Teddy tá com a sua mudança? - Domi sussurrou baixinho, para que apenas elas ouvissem.

— O que?

— Sabe... Mamãe, papai, Louis e eu estamos felizes por você, mesmo que a gente vá sentir muita saudade. Mas e ele?

— Porque a opinião dele com eu me mudar de Hogsmeade importaria? - a loira desconversou.

— Porque vocês estão juntos, não?

— Que?

— Vai se fazer de desentendida agora? - a ruiva indagou e diante da cara confusa da irmã, bufou enquanto secava um prato. — Eu lembro que você voltou com o suéter dele e depois devolveu, ele usa aquele suéter, parece gostar bastante, tá sempre com ele ou o da vovó. Além de que você vive sorrindo pro celular e saindo mais, então assumi que estava com alguém.

— E assumiu que era ele por causa de um suéter?

— Não, aquilo me fez desconfiar, mas foi no aniversário dele que eu tive certeza.

— Como?

— Você disse que foi dormir na casa da Ali e quando a mamãe ligou, você tava tomando banho e não podia falar com ela, eu conheço esse truque e você foi com o Teddy. Ou ele tava te encobrindo ou você foi para casa dele. Então?

— Eu estava saindo com ele, desde janeiro estamos tendo vários encontros.

— Minha irmã tendo um romance escondido, por essa eu não esperava. - Domi riu. - Também perdeu a virgindade com ele?

— Dominique. - Vic ralhou corando fortemente.

— Que foi? Pera... Sério mesmo?

— Sim.

— E como vocês estão agora? São namorados, ficantes...

— Não somos nada, nós acabamos com qualquer coisa que tínhamos.

— Porquê? - mas tudo que a loira fez foi dar de ombros. — Você não me venha com esses seus ombrinhos balançando, caralho Victoire, você gosta dele. Não é o primeiro cara que você namora ou sai, mas eu vi como você ficava, isso é pra valer, não é qualquer caso que você ficava com sete passos atrás com medo de se machucar.

— Não... Com ele eu era espontânea.

— Então? Ele vai para Londres, não? Da última vez que eu dei uma checada, que foi anteontem, você estava falando que preferia ir para Londres do que Paris.

— Sim, mamãe até me questionou hoje porque estranhou a mudança repentina.

— Faz algo logo garota, vai atrás dele amanhã de manhã. - Domi encorajou, deixando Vic com um sorriso sincero no rosto.

— Obrigada Domi.

— Sempre a postos. - a ruiva deu um beijo no ombro da irmã, que era mais alta e ambas continuaram com a louça.

 

08/08/2020

Naquela manhã, Victoire desceu correndo as escadas de casa logo cedo. Bill e Fleur que estavam no sofá, se assustaram com a filha vestindo um casaco apressadamente, a primeira reação de ambos foi se levantar e perguntar onde estava o incêndio quando a pequena figura loira apareceu desesperada.

— O que aconteceu? - Bill questionou assustado.

— Eu tô saindo com o Teddy.

— O que? - Bill praticamente gritou.

— Se acalma querido, desde quando meu amor? Está tudo bem?

— Eu tô saindo com ele desde janeiro quando a gente se beijou no carro depois de tomar café, eu menti algumas vezes que estava na casa da Alice porque fui pra lá, ele me ajudou a passar em matemática e lembra quando eu falei que abri o e-mail de Paris com a Domi? - Vic começou a despejar tudo, sem pausas para respirar e deixando os pais confusos. — Na verdade foi com ele porque a carta da faculdade dele chegou no mesmo dia. Eu sou apaixonada por ele e terminei com ele faz um tempo, mas eu preciso ir atrás dele agora.

— Isso é muito para o meu cérebro. - o ruivo disse se sentando novamente no sofá.

— Vamos por partes Victoire. - Fleur andou até a filha, trazendo-a para que se sentasse ao seu lado. — Explica tudo direito.

Vic bufou tentando recapitular tudo, desde o momento que mandou mensagem para ele, os encontros, as vezes em que mentiu para eles e que agora teve que pedir desculpa, como haviam terminado e ela de última hora havia decidido ir para Londres, mas que ele não sabia e de qualquer forma, acreditava já havia estragado tudo. Bill não proferiu uma palavra sequer e Fleur fazia algumas perguntas a procura de detalhes breves, quando acabou, o ruivo bufou.

— Então vocês estavam namorando?

— Não porque a gente combinou que não era um namoro.

— Mas ele tem sentimentos por você? Saía com outras pessoas? - seu pai questionava.

— Nunca comentamos sobre sair com outras pessoas, mas ele e eu não saímos. Quando a gente "terminou", - ela fez as aspas com os dedos. — ele disse que amava, e eu também amo ele.

— E você foi embora? - Fleur questionou ganhando um aceno positivo da filha. — Porquê?

— A gente combinou isso de terminar, além de que eu ainda ia para Paris, mudei de ideia depois disso.

— Acho que você tem que ir atrás dele. - Bill interrompeu.

— Que? - mãe e filha disseram em uníssono espantadas.

— Vá atrás dele, para então ele vir aqui decentemente como o cara que tá saindo com você ou namorando, não sei. Teddy é um bom rapaz, conhecemos a família dele e você gosta dele. Vá.

Ela encarou a mãe, que sorria acentindo com a cabeça, então Victoire se levantou sorrindo, disse um "obrigada, amo vocês... Volto antes do almoço" e saiu de casa.

. . .

Teddy não estava em casa, o porteiro do pequeno prédio lhe informou assim que ela chegou, o que fez com que Vic vagasse em direção a casa de Tonks e Remus. Era um sábado de manhã e Teddy não costumava trabalhar nesse dia, então quando se deu conta, a loira estava batendo na porta dos pais dele.

Quando a porta se abriu, uma mulher da mesma altura que Vic estava na porta, ela tinha os cabelos majoritariamente castanhos, mas as pontas rosa. Então Tonks sorriu maternalmente para ela.

— Fico feliz que você veio, achei que ele teria que ir.

— Você já sabe?

— Ele me contou ontem. - Vic assentiu para a mulher que sorria majestosamente. — Vou chamá-lo.

Cinco minutos inteiros se passaram antes que alguém voltasse a ver Vic naquela porta, a loira batia o pé impacientemente e roía a unha do dedão, são aqueles pequenos momentos decisivos que você torce para que não faça nenhuma bobagem.

— Vic? - Teddy questionou abrindo a porta e encontrando a mulher parada, ela ajeitou a postura e o encarou sincera. — O que está fazendo aqui?

— "Para mim, o maior dos suplícios seria estar sozinho no paraíso", Johann Goethe.

— O que você quer dizer?

— Estou refazendo a minha resposta para sua citação de Mark Twain.

— Ainda se lembra disso?

— Claro que sim. - ela suspirou. - Olha, eu vou para Londres.

— Que? - o Lupin julgou estar ouvindo errado, piscou algumas vezes antes que ela repetisse.

— Eu não vou para Paris, vou estudar na universidade de Londres e quero que venha comigo. Mude-se comigo, eu não quero ficar sozinha. Venha e namore comigo, porque eu te amo.

— Está me pedindo em namoro ou para morar com você? - Teddy cruzou os braços se encostando na lateral da porta.

— Ambos. Sei que vai morar no dormitório e eu tenho um apartamento lá, meus pais garantiram isso. More comigo e seja meu namorado, Edward Lupin.

— Espera. Alguns minutos atrás você não estava aqui e eu só tinha a lembrança de você falando que não daria certo. Sabe que é tudo loucura, né?

— Mas é terrível passar os dias sem saber que eu vou te encontrar, segurar sua mão e te beijar enquanto fazemos alguma coisa. Eu passei nove meses do seu lado e eu me apaixonei nesse tempo. Eu sei que o amor machuca e eu nunca me entreguei de verdade por ninguém, mas eu quero viver isso com você. Aceita?

— Eu aceito, porque eu também te amo.

Um passo apenas e Teddy estava próximo o suficiente de Vic para segurar em seu rosto e puxá-la para um beijo na soleira da porta. Poderia ser loucura, mas sempre falaram que Teddy tinha o brilho da insanidade no olhar. As mãos da loira subiram até seus ombros e ela ficou nas pontas dos dedos, e ambos sabiam que aquele era apenas o começo de algo enquanto se libertavam novamente, mas dessa vez, fora de sua bolha.

 

15/09/2020 - Epílogo

— Vic, você tem certeza que tá gravando? - Teddy questionou, terminando de afinar o violão.

O apartamento estava uma bagunça, as aulas já haviam começado a cerca de um mês, mas apenas naquela semana Teddy havia se mudado para o apartamento de Vic, que ficava há apenas 10 minutos de caminhada do prédio da universidade dela e 16 do dele. As caixas cheias de mudança ainda estavam por todo o apartamento, mas eles estavam vivendo um dia de cada vez, arrumando tudo, estudando e ele tinha inclusive conseguido um emprego novo.

— Tenho, a câmera tá no lugar certo e eu apertei o botão. - a loira respondeu. — Eu não sou burra.

E há apenas duas semanas, Teddy havia sido convencido por Victoire a criar um canal no youtube para postar vídeos cantando.

— Já tá pronto?

— Estou. - ele ajeitou o violão e respirou fundo.

— O que vai cantar dessa vez? Ah, eu gostei daquela scary love.

— Vou cantar algo novo.

— Qual?

— Se chama you & I. E eu fiz pra você.

— Que? - Vic se sentiu paralisada, claro que ela provavelmente já tinha inspirado outras músicas dele, se lembrava de chocolate inclusive, mas ele estava gravando para postar na internet uma canção pra ela, isso era, algo completamente novo.

— Tudo bem mo gharian?

— Tudo. Pode começar, já tá gravando.

— Mo gharian significa meu sol. - Teddy admitiu, no instante seguinte começando a tocar a melodia da música.

"I figured it out

I figured it out from black and white

Seconds and hours

Maybe they had to take some time

I know how it goes

I know how it goes from wrong and right

Silence and sound

Did they ever hold each other tight

Like us? Did they ever fight

Like us?"

Era uma melodia suave e que combinava perfeitamente com a voz de Teddy, e Vic sorriu, finalmente se dando conta de que ele havia admitido a origem de seu apelido e fazia a mais linda das serenatas agora.

"You and I

We don't wanna be like them

We can make it 'til the end

Nothing can come between

You and I

Not even the Gods above

Can separate the two of us

No, nothing can come between

You and I

Oh, you and I"

"Eu te amo", Vic sussurrou, recebendo um sorriso de Teddy antes do próximo verso da música. É, para algo que eles haviam começado sem saber como terminaria, estava acabando tudo muito bem para Vic & Teddy.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler :)



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