You & I escrita por Rose blu


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aquele em que após uma provocação dos irmãos, Victoire envia uma mensagem marcando um encontro com Teddy e eles começam uma espécie de relacionamento estranho, baseado em encontros casuais.

Ou

Aquele onde talvez Vic não tenha superado seu crush em Teddy e ter encontros com ele, mesmo sabendo que vai se mudar em breve, talvez não seja a melhor opção do mundo.



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01/08/2020

Aquela manhã começava devagar em Hogsmeade, quase como se o sol estivesse com pena de dizer adeus ao céu estrelado que o antecedia, prolongando a noite e o tempo que Victoire se mantinha nos braços de Edward. Mas o dia começou, imparável como sempre, trazendo sua luz entre as cortinas do quarto do pequeno apartamento nº 5, na rua Hufflepuff. Os cabelos loiros da Weasley espalhados por seu travesseiro, enquanto a cabeça repousava no peito nu de seu amado criavam uma visão que parecia vinda direto do paraíso para o Lupin.

Teddy encarava a aparência serena dela, enquanto criava coragem e enrolava seu dedo em uma das mechas de seu longo cabelo dourado como a luz que emanava da janela.

Logo os olhos de Vic se abriram, revelando um azul brilhante. A moça coçou os olhos como se tentasse se acostumar a claridade inesperada, ela tinha plena consciência de que Teddy a encarava, ela parecia ter adquirido essa habilidade, sempre sentia quando ele a estava encarando. Quando olhou o rapaz, então encaixando o queixo em seu peito, o viu abrir o mais brilhante dos sorrisos.

— Você fica linda quando acorda, mesmo que já seja linda dormindo.

Então ela sorriu também, apreciando, por mais um segundo que fosse, o carinho que recebia no cabelo, então ela desejou que aquilo não estivesse tão perto de acabar.

 

25/12/2019

A risada alta de Fleur ecoou por cada canto dos pensamentos de Vic, a tirando de seu próprio mundo, piscando rápido, a loira encarou as figuras ruivas e já um pouco cansadas por conta da idade de seus avós.

Molly e Fleur pareciam concentradas em sua conversa, seja lá do que falavam, então apenas Arthur foi capaz de ver sua neta os encarando perdida, ele logo abriu um sorriso típico ajeitando uma mecha rebelde do cabelo de sua neta, se prolongando em uma breve carinho, porque era algo universalmente conhecido que se você era íntimo de Victoire, você acabava por criar uma espécie de obsessão pelo cabelo da garota.

— Elas estão falando de você ir para faculdade. - ele sussurrou baixinho para neta, trocando um sorriso cúmplice.

— Então querida, ansiosa para ir para a faculdade? - Molly estava animada, afinal, era a primeira neta a ir para algo importante como a faculdade.

— Muito, estou sonhando um pouquinho com como vai ser.

— E tudo que você vai aprender que pode fazer enquanto devia estar prestando atenção na aula. - George Weasley, seu tio, passou rindo e cochichando para a sobrinha, para que apenas ela escutasse, então se afastando novamente, deixando para trás o típico sorriso que os gêmeos Weasleys causavam..

— E já escolheu entre Paris ou Londres?

— Ainda não vovó, o programa de literatura e escrita criativa de Londres é surreal, simplesmente tudo que eu poderia desejar, além de que estaria perto de casa, mas em Paris eles tem professores que eu sempre sonhei em ter aula, além de todo acesso a cultura e bom, tia Gabrielle parecia muito animada com a ideia de eu morar perto dela. - a loira ressaltou alguns dos pontos que se tornaram assuntos constantes em sua cabeça nos últimos meses.

— Seja lá o que ela escolher, eu e Bill estamos muito orgulhosos da nossa menina. - Fleur abraçou de lado a filha. — Vamos visitá-la sempre que possível mesmo, então é apenas com ela agora.

Victoire sorriu, era um sorriso um tanto forçado, mas estava lá. Ela não sabia exatamente o que fazer, ambos tinham programas ótimos de literatura e pontos que a loira não queria ter que abrir mão, até seus 12 anos, a ideia de morar perto de sua tia e estudar em Paris, tomando café em uma mesinha do lado de fora de uma cafeteria na cidade luz era tudo, mas agora a ideia de continuar perto dos pais, com fins de semana como turista pelo big ben e horas na livraria foyles ou a gosh! comics, era um cenário igualmente bonito para quem havia se tornado.

Foi a pausa de apenas um segundo entre um pensamento e outro da Weasley, que tudo aconteceu, Ginny abriu a porta da frente da Toca dando espaço para uma animada Tonks. Com seus cabelos que haviam acabado de voltar para o rosa chiclete, um sorriso enorme e de mãos dadas com o marido, ela havia tornado o ambiente 200% mais alegre.

Tonks e Remus sempre foram um casal que interessou Vic, ela era a alegria a pessoa, sempre vestida cheia de cores e falante e Remus um pouco mais calado, vestido geralmente com cores mais neutras, mas um sorriso que sempre se abria quando a esposa o encarava ou quando conversava com os outros, eram sem dúvidas um casal muitíssimo interessante na visão dela.

Então como um sinal, Remus olhou para trás e puxou uma figura tão alta quanto ele para o seu lado, cochichando algo.

Teddy Lupin.

Para uma cidade tão pequena como Hogsmeade, Vic via possivelmente bem menos do que o esperado o garoto apenas dois e meio anos mais velho, mas ele estava muito bem no momento. Com all star pretos com um aspecto de gastos, seus cabelos pintados de um azul vibrante, jeans azul, blusa branca e uma jaqueta, ele carregava o sorriso de seu pai, mas a loira pode ver, mesmo a distância, um brilho em seus olhos, isso ele carregava da mãe, e quando ele encontrou os olhos de Vic, aquele brilho aumentou. Ela já havia escutado Remus falar disso, era uma espécie de brilho insano e enquanto eles se encaravam, a loira sentiu seu rosto esquentar e tinha certeza que estava corando e por fim, desviou o olhar.

— Finalmente vocês chegaram. - Harry gritou saindo da cozinha, correndo para o abraço dos amigos.

— Nunca perderíamos um natal na Toca. - Remus disparou enquanto abraçava o Potter.

— Feliz natal, padrinho. - foi a vez de Teddy ser esmagado pelo abraço de Harry, que mesmo mais baixo, sempre o abraçava apertado até se sentir uma criança novamente.

— Feliz natal, lobinho.

— Depois de todos esses anos, nunca vai parar de chamar a gente pelos mesmos, né? - Tonks questionou, mas sorria.

— Sabe que não, rosinha.

— Que bom.

— Que bom que chegaram, queridos. - Molly chegou trazendo a tiracolo, seu marido, nora e neta com quem conversava antes.

— É sempre um prazer estar aqui, Molly. - a de cabelos rosa disse recebendo de bom grado o abraço.

Fleur cutucou de leve a filha, por ela ser a única a ainda não falar com os Lupins. Preparando seu maior sorriso, ela abraçou Remus e Tonks sendo sincera quando disse que ficava feliz por tê-los ali, mas quando chegou a vez de Teddy, a jovem não sabia bem o que fazer, o que resultou em um abraço tímido e uma risada vinda dele por não entendê-la.

Mas se Victoire Weasley achou por um instante que poderia se livrar de tê-lo por perto, ela no restante daquela noite ia descobrir que estava bem enganada. Pois quando ele acabou por se sentar ao lado dela na mesa durante a ceia, quando estava na roda de conversa com ela e seus primos e até mesmo quando a encarou dizendo "competição de quem pisca primeiro" e fazendo com que os olhos dela queimasse por se recusar a desistir antes dele, Teddy estava lá, com um sorriso no canto direito dos lábios e piadas bem ruins. Por fim, quando todos tomavam chocolate quente durante a troca de presente, Vic estava com a cabeça no ombro de Dominique com os braços da irmã ao redor de si, mas sabia que a presença dele estava a apenas alguns metros de si.

Quando estava se tornando tão sensível a presença dele?

Vic já havia tido uma quedinha por ele anos antes, mas era porque ele era mais velho, já no ensino médio, com seus cabelos coloridos, um piercing, e uma personalidade vibrante. Mas era passado, ela cresceu e se acostumou até ele como a presença do amigo de seus primos, então porque nesse natal parecia tão diferente?

— E esse é para Vic. - Arthur anunciou pegando o embrulho que a esposa oferecia.

Ela se levantou, já de pijamas, abraçando ambos e sorrindo em receber o embrulho que ela sabia que era mais um suéter Weasley, azul escuro com um belo "V" branco no centro, exatamente como ela gostava. Mas isso não a impediu de beijar a bochecha de seus avós, abrir o embrulho como se fosse uma criança e soltar um gritinho animada.

— Obrigada, vocês sabem que esse é o meu suéter favorito.

— E esse é para o Teddy. - Molly disse, entregando um embrulho também azul.

Quando ele abriu, vendo um suéter amarelo com um enorme T preto, ele levantou para colocar por cima da camiseta, então abraçar Molly e Arthur como a seus avós, e Vic não pode evitar sorrir para a cena.

 

11/01/2020

A música saindo das caixas de som era tão alta que Vic teve certeza que explodiria seus miolos a qualquer segundo. Encolhida nas escadas da casa de Hannah Bulstrode, com Roxanne apoiada em si, Vic teve certeza que ter ficado em casa com Louis teria sido uma decisão melhor que seguir o plano louco de Dominique e ir naquela maldita festa de fim de férias.

A primeira vista não parecia um plano tão ruim, os três iriam naquela festa, ficariam por algumas horas e depois rachavam um táxi de volta para casa. Quando Louis recusou e apenas ficou rindo e opinando na roupa que elas deviam usar, ela deveria ter escolhido ver algum filme idiota com ele na televisão, mas Dominique era contagiante, então Vic foi com ela.

Roxy estava podre de bêbada, Victoire nem imaginava como ela estaria no dia seguinte, enquanto Domi havia sumido nos primeiros 15 minutos ali, o que a levou a pensar em Jay Six também havia sumido, mas fazer o que? A loira deu mais um gole na bebida de seu copo, ela não fazia ideia do que era aquilo, só sabia que era alcoólico, azul e tinha um gosto muito ruim. Quantos goles mais ela tinha que tomar até chegar no ponto que a bebida pareceria boa?

— Me desculpa demorar tanto, o Teddy teve que me buscar em casa pra eu chegar. - Fred apareceu na frente da loira com um sorriso de desculpas e olhos carinhosos.

— Tudo bem, só espero que sua irmã esteja bem. Ela tirou um cochilo no meu ombro. - Vic havia ligado para o primo cerca de meia hora antes avisando da irmã, para evitar problemas futuros.

— Ela vai ficar. - Fred levantou a irmã que abriu os olhos de leve acordando e sorrindo para o irmão, que não pode evitar um sorriso para ela. — Me desculpa atrapalhar a sua noite.

— Eu que sinto muito Fred, você provavelmente ia vir pra essa festa se divertir.

— Tá tudo bem, posso evitar uma festa por causa da caçula aqui. - Roxy o abraçava e abriu um outro sorriso, provavelmente não estava prestando atenção, mas o carinho com o irmão era evidente.

— Como vão voltar para casa? O Teddy vai levar vocês ou... - Vic se levantou da escada colocando as mãos no bolso de trás da calça e encarando o primo.

— Nunca, ele merece sair um pouco. Além de que a Hannah já o interceptou pra pedir uma música.

— Ele toca? - Vic sabia que não costumava ter muito diálogos com Teddy Lupin, mas uma tempo atrás Jay Six havia entrado em uma onda de formar uma banda então era estranho para ela como não o ouviu comentar nada sobre?

— Um pouco de tudo, violão, guitarra, piano, bateria, e uns outros instrumentos lá, também canta bastante, a voz do Teddy é bonita.

E como se soubesse que falavam dele, Teddy apareceu com um sorriso enorme no rosto e um violão na mão. Analisando agora, com o cabelo azul e o jeito meio despojado de se vestir, as unhas pintadas de preto e um violão na mão, ele tinha sim jeito de músico. Talvez meio punk rock, mas com um olhar sonhador estilo James Dean, que deixava a certeza que ele cantava algum estilo de música alternativa que ela não estava acostumada a ouvir.

— Voltei, já tá indo? - o Lupin disse, se pondo ao lado de Fred.

— Já sim, vou chamar um uber e esperar lá na porta, deixar a Roxy pegar um pouco de ar fresco. Arrasa no seu show. - os dois riram e interagiram de forma costumeira.

Vic sabia que não devia estar impressionada, Teddy era afilhado de seu tio Harry, então ele era quase um irmão para Jay Six, Albus e Lily, mais tarde se tornou quase irmão de Fred também, mas mesmo assim, a loira se sentiu sobrando um pouco ali. Enquanto se despedia dos primos e o via sorrir e acenar, sentia que era mais para Teddy, mesmo que Fred fosse sua família.

Então sobrou apenas ela e Teddy Lupin, soube que ele a analisando por um instante, mas sorria como quem dizia "Boa noite, senhorita". Ela estava simples, inclusive havia esquecido de pegar um casaco, então agradecia por estar dentro de casa por causa da blusa de alças finas que usava, mas sentiu sua pele queimar sob o olhar dele.

— Você veio sozinha? É que a Domi não tá aqui, mas... - ela pode ver que ele tentava começar um diálogo, mas coçava a nuca e parecia se atrapalhar com as palavras.

E ele era músico? Achava que se daria melhor com as palavras que isso.

— É a cara dela estar aqui? Sim. Ela sumiu pela festa.

— Sinto muito.

— Tudo bem, eu já superei. Só preciso de um copo de bebida nova. - Vic disse e encarou o copo de plástico vermelho que segurava antes agora esquecido no degrau da escada, decidiu deixar ele ali mesmo e ir atrás de algo novo.

— Talvez um pouco de companhia também. - ele disse de rompante.

— Está se oferecendo ou está falando de eu ir atrás de alguém para beijar? - ele corou diante das palavras dela.

Vic sabia que também estava corando, podia sentir seu rosto esquentando, mas estava tão perto da escada que a luz não batia nela como fazia com ele, então apenas apreciou o rubor tomando conta das bochechas de Teddy agradecendo por ele não poder ter a mesma vista.

— Eu estava me referindo a mim, sou uma boa companhia na maioria das vezes, mas se quiser ir atrás de alguém...

— Não, era brincadeira. Não me sinto confortável fazendo isso de beijar desconhecidos, além de que olha pra mim, não chamo tanta atenção assim.

— Eu entendo não se sentir confortável, mas Vic, você deslumbrante o suficiente para ter qualquer atenção que deseja e infelizmente, mais.

— Infelizmente?

— Sabe, sempre tem gente babaca por aí.

— Que bom que tenho um bom gancho de direita então. - ela olhou ao redor por um instante, pensando no que devia falar. — Vou na cozinha pegar algo para beber, vem comigo?

— Claro.

Ela deu meia volta indo pelo mar de pessoas até a cozinha da casa de Hannah, imaginando o quão bravos os pais dela ficariam se ela não arrumasse isso bem no dia seguinte.

Tinha muita gente ali, mas era interessante como eles abriam caminho para um cara com um violão na mão, como se ele fosse algum tipo de figurão. Quando chegaram à cozinha, aquele lugar parecia o mais vazio da casa inteira, tinha pilhas de copos plásticos e bebidas coloridas, mas a loira não ia cometer o erro de pegar algo pela cor bonita novamente, dessa vez, apenas bebidas que ela saiba o nome ao menos.

— Então, o que pensa em fazer depois desse ano? É o seu último ano, certo? - Teddy estava encostado na bancada da cozinha dedilhando as cordas de seu violão, não a encarava.

— É um jeito interessante de tentar puxar conversa, mas sim, é meu último ano.

— É que eu acho que você é a Weasley que eu menos converso, mesmo sendo a com a idade mais próxima da minha e bom, crescemos juntos. - agora ele a encarava, e ali estava o brilho sonhador no olhar.

— Fala sério, não pode me conhecer menos do que a Lucy, ela faz intercâmbio na Alemanha há mais de um ano. - se encostou ao seu lado dele com um copo de whiskey, nunca havia bebido, mas meu pai tinha duas garrafas disso no armário, tão ruim não devia ser.

— Na verdade, ela tem conversas interessantes sobre os instrumentos mortais, ela me convenceu a ler a saga e discutimos os pontos ruins da série. - Teddy tocava alguma melodia leve, que era praticamente oculta pela música alta da festa, mas ainda me encarava. — E é interessante como é fácil arranjar assunto com ela, já aprendi a como fazer uma fogueira com ela.

— Ok, você tem um ponto, conhece bem a Lucy. Sei lá, o que quer saber?

— Ainda não me respondeu sobre depois do seu último ano.

— Vou fazer literatura, quero ser professora. E você, o que faz?

— Música. Toco e trabalho com isso.

Vic se ergueu na ponta dos dedos para se sentar na bancada da cozinha, enquanto admirava Teddy com o violão e não pode impedir um sorriso.

— Uma cor, palavra, livro, vício e se pudesse perguntar sobre uma coisa para o universo e saber tudo sobre isso, sobre o que seria? - a Weasley falou captando toda a atenção do Lupin, que parou de tocar e se virou para ela.

— Essas são as perguntas mais aleatórias que alguém já fez para me conhecer, Weasley.

— É o meu charme, - ela deu de ombros - agora responde.

— Ok... Ok. Azul, borbulhar, eu não sei que livro falar.

— Você tava respondendo tão bem, vambora, um livro.

— Um conto de duas cidades.

— Boa escolha, gosto dele. - Vic deu um gole em sua bebida, enquanto o esperava continuar.

— Vício acho que é cafeína e sobre a pergunta, como nós amamos?

— Como assim?

— Como o ser humano se apaixona? Como encontramos uma pessoa e a amamos, ou passamos anos amando alguém fraternalmente e vira amor romântico, como não conseguimos amar ninguém romanticamente, quais são as vias do amor?

Teddy colocou o violão em cima da bancada, praticamente encostando o objeto no quadril de Vic e a encarava, ela havia parado de dar goles em sua bebida e olhava em seus olhos, naquele momento, Teddy havia a deixado sem fala e isso, foi um sentimento inexplicável. Porque desde que a viu naquela escada, ele se sentia como se não tivesse nenhum efeito, o que parecia irracional porque conhecia Victoire desde sempre, sabia que era mais velho que ela, então existia um mundo antes dela existir, mas em todos os seus aniversários, durante as férias e natais, ela estava lá, mas como havia acabado de dizer, não conhecia as vias do amor, não que isso fosse amor, claro, mas eram as vias de algo.

Mas Teddy Lupin sabia que era bonito, havia passado pelo ensino médio e saído com caras e garotas, mas perto dela, parecia o começo de uma queda que o deixava sem efeito algum.

— Uau... Isso foi... - a Weasley procurava as palavras certas.

— Gosto do seu cabelo solto, mesmo que ele cubra parte do seu rosto.

— Obrigada. - a loira colocou uma do seu cabelo atrás da orelha e o encarou, então terminando a bebida em seu copo e desviando o olhar do Lupin.

— Sua vez de responder.

— Minha cor favorita também é azul, sei que você falou isso e combina com você, um azul vibrante, mas gosto de azul também, um azul clarinho, como o céu.

— Faz sentido, azul também combina com você.

— Certo... Hm, acho que resplandecente, wicked, em vício acho que ensaiar meus discursos na frente do espelho e roer as unhas, mas eu estou parando com esse último.

— Isso é bom.

— E acho que a pergunta que eu faria é... - mas ela não pode terminar.

Bulstrode entrou na cozinha se aproximando de ambos e parando ao lado de Teddy, com uma mão muito próxima da coxa de Vic.

— Que bom que achei vocês bonitinhos, Teddy, tem como você tocar agora? A gente vai parar o som.

— Claro, algum pedido? - ele olhava para Hannah agora, e Vic havia se tornado uma telespectadora.

— Eu sei que você toca indie, então pode tocar algo assim, depois de alguma música animada de preferência.

— Tipo?

— Não sei, surpreenda o público. E você Vic, se divertindo?

Hannah tinha quase 1,80 e um cabelo castanho com mechas verdes, sorria e olhava para as pessoas nos olhos enquanto falava e isso dava a perspectiva de que só haviam eles dois na sala, as vezes isso era legal, outras vezes não.

— Sim, sua festa está incrível.

— Fico feliz. - a Bulstrode sorriu genuinamente, colocando aquela mesma mecha do cabelo de Vic que cobria seu rosto, novamente atrás da orelha dela antes de se afastar e puxar Teddy pela mão para fora da cozinha.

— Teddy. - Vic chamou, enquanto o via sair da cozinha com Hannah, então ele a encarou. — Eu perguntaria porquê 42? O número veio do nada, mas será que ele não estava certo?

Então o Lupin sorriu, se deixando ser levado para fora da cozinha.

— Você vai ficar perto dessa caixa de som aqui, pode subir na mesa se quiser. - a Bulstrode comentou, o que levou o Lupin a encarar a grande mesa de jantar que parecia de madeira maciça que ela indicava. — Vou parar a música, depois é contigo bonitinho.

Teddy a viu se afastar, então deixando o violão na mesa e subindo em cima dela, acabou por ficar de pé e tinha certeza que pelo menos 5 cabeças se viraram para encarar ele o achando meio maluco.

Victoire levou algum tempo para deixar a cozinha. Se serviu de mais um copo com whisky e o bebeu por inteiro antes de vagar até a sala, não foi difícil descobrir onde Teddy estava, já que enquanto andava pela multidão, ele estava de pé, em cima de uma mesa, tocando galway girl, o que foi uma grata surpresa.

— Vic. - uma mão chegou até seu ombro, a fazendo girar e encontrar Albus.

— Al. Que bom que está aqui. - ela se permitiu abraçar o primo, enquanto recebia um sorriso dele.

— Que bom que eu te encontrei, olha, eu e o Scorpius vamos levar a Domi pra casa, ok?

— Elá tá bem? O que aconteceu com a minha irmã Albus?

— Não foi nada, é que a Rose e o Scar se encontraram e essa festa virou um enterro pra todo mundo. Ela meteu o pé com o Hugo e a gente ofereceu carona, ela aceitou.

— Tudo bem. - Vic se sentiu um pouco desconfortável com isso, Domi estava empolgada e ela não, agora ela quem queria ficar enquanto a irmã ia embora mais cedo.

— Quer vir junto?

— Eu... - a visão da Weasley vagou para a mesa, onde podia escutar Teddy, tão perto dali.

— Fica. - Albus disse simplesmente alternando a visão entre a prima e o irmão de consideração. — Aprecia o show do Teddy, me conta depois.

— Espera Al...

Mas o primo já se afastava andando de costas, com um sorriso no rosto, antes de se virar e sumir pelo mar de pessoas. Victoire respirou fundo algumas vezes, enquanto se aproximava mais da mesa onde Teddy se encontrava.

"She played the fiddle in an Irish band

But she fell in love with an English man

Kissed her on the neck and then I took her by the hand

Said, 'Baby, I just wanna to dance'

My pretty little Galway girl"

Quando finalmente chegou perto o suficiente, a música já estava no fim. Algumas poucas palmas foram ouvidas, mas a loira pode ver como isso fez com que o rosto dele se iluminasse.

O sorriso de Teddy era a coisa mais preciosa do mundo, e quando ele abaixou a cabeça para procurar por algo, ele parou os olhos nela. Bem perto da mesa, parada com as mãos no bolso ele a observou por um instante, enquanto ajeitava a correia do violão antes de se preparar para outra música.

— Bom, essa música agora provavelmente soaria melhor se eu fosse de uma banda e tivesse mais instrumentos que um violão. - ele disse divertido, ainda encarando Vic. — Mas eu prometo tentar.

Então desviando o olhar dela e olhando para a festa, cheia de pessoas bebendo que decidiram dar uma chance para a música dele, respirou fundo, enfim começando a tocar a melodia.

"What time you coming out?

We started losing light

I'll never make it right

If you don't wander off

I'm so excited for the night

All we need's my bike and your enormous house"

Victoire prendeu a respiração por um instante, então se obrigando a soltá-la. Não conhecia aquela música, provavelmente era bem conhecida, mas não a reconhecia. Mas naquele momento, ela soava como tudo, não era o único som ouvido no cômodo, mas era o principal som.

E naquela música sobre algo que ela não conhecia, Victoire se permitiu, tentar descobrir a mensagem que Teddy tentava passar para ela, porque não era isso que música deveria ser? Uma mensagem?

"According to your heart

My place is not deliberate

Feeling of your arms

I don't want to be your friend, I want to kiss your neck"

Os olhos de Teddy vagaram novamente para Vic, enquanto ela balançava levemente de um lado para o outro apreciando a música. Ela dançava levemente com um sorriso no rosto, e estava perfeita.

Puta que pariu, Edward Remus Lupin, o que você estava fazendo?

Bom, ele queria ter a resposta para tal indagação, mas tudo que tinha era uma melodia incessante e uma letra que não pertencia a ele, enquanto tentava passar a emoção necessária.

"Don't you see me I

I think I'm falling, I'm falling for you

And don't you need me I

I think I'm falling, I'm falling for you

On this night, and in this light

I think I'm falling, I'm falling for you

And maybe you, change your mind"

Então acabou, e dessa vez, mais palmas vieram que na última vez.

Se sentiu realizado enquanto descia da mesa, tendo um conhecido ou outro soltando um leve "parabéns", mas quando chegou perto da loira, recebeu um sorriso.

— Você foi ótimo, eu não conheço a música original, mas tenho certeza que a sua versão foi muito melhor.

— Fallingforyou, do the 1975. E acredite em mim, não foi melhor. - ele rebateu coçando a nuca.

— Acho que minhas opiniões são algo que devem ser decididas por mim, senhor Lupin.

E quando ele sorriu para ela, entraram em um acordo silencioso de deixar para lá, e foi o que fizeram. Depois de deixar o violão no carro, Teddy voltou para aproveitar ao lado de Vic e entre um copo e outro de bebida, uma música agitada e outra que dançavam sem coordenação alguma, as risadas puderam ser ouvidas, as palavras puderam ser trocadas e a vida foi vivida, naqueles meios entre algo maior, a companhia do outro era tudo.

— Eu acho que preciso ir pra casa. - Vic disse encarando a mensagem do irmão. — É quase meia noite.

— Eu sei que você é loira, mas não precisa ser a Cinderela.

— E que você seria? O príncipe? Ou um dos ratinhos?

— Eu sinceramente não sei. - Teddy tirou o copo de Vic da mão dela. - Vamos, eu te levo em casa.

— Você vai mesmo beber a minha bebida? Pensei que tinha parado para dirigir.

— E eu parei. - então se virando e tocando no ombro de um cara qualquer, o entregou o copo. — Toma, é vodca com energético.

O garoto apenas aceitou o copo e bebeu o líquido acreditando na palavra de Teddy, enquanto Vic encara surpresa, aquele garoto era idiota? A regra implícita em festas é não aceite bebidas de estranhos.

— Então, carona? - Teddy a encarou, com ela ainda surpresa.

Ainda encarava o garoto andando para longe com o copo que foi dela na mão, então Teddy agarrou sua mão a guiando para porta da frente da casa.

— Ok, eu vou com você. Mas não pense que vou dormir com você, Edward Lupin. - ela brincou um tempo depois.

Ele se virou para ela sorrindo. — Não se preocupe, você é bonita demais pra mim.

— Espera. - ela parou, a apenas um metro e meio da saída. — Eu não sou não.

— Victoire Apolline Delacour-Weasley, já olhou bem para você? É perfeita.

— E você também é lindo.

Vic sentiu o aperto em sua mão aumentar por um instante e Teddy sorriu, ele já tinha sorrido milhares de vezes naquela noite, parecia ser o que ele fazia de melhor, mas naquele momento, foi melhor.

— Muito obrigado Vic, meu ego sinceramente agradece. - então ele voltou a puxá-la para fora.

— Tá frio.

— Não devia ter vindo de regata.

— Eu sei, fui idiota.

Ela o viu se despir, tirar o grosso suéter que usava o deixando com uma blusa de mangas compridas ainda.

— Toma, pode usar. - então estendeu a peça vermelha para ela.

Vic aceitou, sentindo tecido macio contra os dedos antes de vesti-lo por cima da regata, Teddy era mais alto e com os braços mais longos, o que fez com que ele fizesse comprido demais e as mangas tão longos, que apenas era possível ver as pontas dos dedos da Weasley. O viu andar até o carro antigo e azul que sempre dirigia, se não se enganava, havia ganho do pai há dois verões. Então pegar as chaves do bolso e entrar, se esticando até o outro lado para destravar a porta dela.

Quando se sentou no banco do passageiro, Teddy já estava com o cinto e ligava o carro.

— Seu carro cheira a chocolate.

— Bom, eu sou um Lupin. Você conhece o meu pai.

Então deu partida dirigindo noite a dentro, rumo a casa dos Delacour-Weasleys.

. . .

Depois de passar pela pequena inspeção de Fleur Delacour que garantiu que ela estava sem machucados, sóbria e que tinha chegado de forma segura em casa, Victoire pode finalmente subir para seu quarto.

O pequeno quarto de paredes brancas e com detalhes em vermelho e dourado, era dividido com Dominique, que estava deitada em sua própria cama quando a loira entrou. Louis estava na sua cama, o que a fez se espremer ao lado do irmão na pequena cama de solteiro.

— E aí, como foi a festa depois que eu fui embora? - Domi perguntou com um sorriso zombeteiro no rosto.

— Imagino que boa, Domi voltou faz quase duas horas. - Louis complementou. — Aliás, de quem é esse suéter?

— Verdade, não é seu.

— É de um amigo, eu tava com frio e ele me emprestou, vou devolver logo. - Vic se levantou tirando o suéter e em seguida os sapatos.

— Sabe Lou, eu acho que a nossa menina está nos escondendo algo.

— Eu não escondendo nada.

Mas Dominique ignorou a resposta da irmã se levantando e andando em direção a ela, a abraçando por trás.

— Que foi Vic, está saindo com alguém e não quer contar pra gente?

— Ah Domi. - Louis começou e Vic o encarou, porque quando Louis começava, sempre deixava a loira constrangida. — É que ela tá no último ano, então logo ela vai para faculdade, então tá saindo com pessoas novas.

— Para pensar em casamentos talvez... - Domi completou, Louis se levantou para se juntar as irmãs.

— Vovó já perguntou dos bisnetos dela? Talvez se vai querer se casar de branco? - Vic sentiu os braços do irmão a rodearem junto com os de Domi.

— Depende, ela ainda é virgem para casar de branco? Porque a vovó vai questionar isso.

— Vocês dois podem parar agora. - ela se afastou de ambos, se aproximando do closet. — Eu não estou saindo com ninguém, eu encontrei um amigo, passamos um tempo juntos, ele me emprestou o suéter e trouxe até em casa, nem por isso tá rolando algo.

— Você não tinha falado que ele te trouxe até aqui. - seu irmão comentou.

— Não? Bom.... Aconteceu, mas foi só isso, carona.

— De novo, depende. - Domi comentou. — É um amigo que você beijaria?

Então as bochechas de Vic ficaram vermelhas, ela sentia o rosto quente e escondeu as mãos atrás das costas. Não acreditava que estava com vergonha agora. Então Dominique e Louis começaram a rir.

— Com certeza ela beijaria. - a ruiva disse.

— Sabe, deveria mandar mensagem para ele.

— Sim, agradecer a carona, dizer que é bonito, chamar para sair... - Domi citava ainda encarando as bochechas coradas da irmã.

— Mas ela não disse se ele é bonito. - Louis ressaltou.

— Tem razão. Ele é bonito Vic?

— Vão arrumar algo para fazer.

Ela se afastou rumando para a própria cama, então se sentando e cruzando os braços em um misto de vergonha e irritação.

— Fala sério Vic, devia mandar mensagem para ele se quiser mesmo beijar ele. - a ruiva disse se jogando na cama dela, sendo seguida por Louis.

— Tem que ir atrás do que quer, irmãzinha. - Vic encarou Louis pensando quando ele tinha crescido tanto?

Respirando fundo para tentar perder o rubor nas bochechas, pensou bem no assunto, será que devia escutar os irmãos? — Se eu mandar mensagem, vocês esquecem o assunto?

— Só até ele ou você fazer algo que mereça ser comentado, tipo, um encontro ou relacionamento. - a ruiva admitiu.

— Certo. - ela procurou o número de Teddy em um grupo com os primos que ele estava e digitou rapidamente.

oi teddy, bom, eu queria agradecer de novo pela carona (00:10)

e também saber que você não gostaria de talvez sair

fazer algo um dia desses (00:10)

foi legal conversar com você hoje (00:11)

— Pronto, eu mandei, agora é só... - mas a fala de Vic foi cortada pela porta se abrindo.

— Queridos, hora de dormir. - Fleur disse encarando os filhos.

Domi foi para a cama dela, enquanto Louis dava boa noite para as irmãs saindo do quarto junto da mãe que sussurrou um "boa noite", Vic decidiu largar o celular antes de se levantar para trocar de roupa.

A garota acabou por perder a mensagem, minutos depois, vindo de um Teddy um pouco confuso, mas muito risonho.

 

12/01/2020

Victoire sentia que caía, de repente, o vento tomava conta de seu corpo a balançando para todos os lados. Por fim, Vic acordou com Dominique a chacoalhando sem parar.

— Vic, Vic acorda.

— Aconteceu alguma coisa? - a loira se levantou rápido com o susto, tudo ficou preto por um instante, até que a visão de Domi à sua frente voltasse ao normal.

— Seu celular não para de tocar, mas tem senha, então responde ou silencia para eu poder dormir.

A ruiva se afastou em direção a própria cama, Vic pode notar finalmente que ela estava de pijama e com o cabelo bagunçado. Domi apenas ergueu as cobertas e voltou a deitar em sua cama, enquanto Vic bufou enquanto tacava uma das almofadas de sua cama na direção da irmã.

— Eu não acredito que me acordou pra isso.

— Devia me agradecer, vai que é o cara do suéter.

Vic apenas deitou de volta em sua cama, alcançando o celular na mesinha de cabeceira para ver quem era.

 

Teddy

olá (00:17)

bom dia, flor do dia (10:39)

a carona não foi nada, mas foi um prazer conversar

contigo (10:39)

se quiser, a gente pode tomar café (10:40)

quase nunca tem algo na minha geladeira

aos domingos, então eu saio pro café da manhã (10:40)

 

A Weasley se sentou na cama, ele realmente tinha chamado ela pra sair com ele? Tudo bem que ele ia sair mesmo, e que ela havia sugerido isso no começo, mas era uma companhia que ela podia escolher ou fazer. Ela encarou o suéter vermelho dele na cadeira da escrivaninha e suspirou, começando a digitar.

 

bom dia (10:47)

vai ser ótimo tomar café com você (10:48)

Teddy

combinado então (10:49)

te encontro no três vassouras em meia hora? (10:50)

ou algo assim (10:50)

claro, te vejo lá (10:50)

. . .

Teddy dobrou mais uma vez o guardanapo que estava em suas mãos, pensando que se tivesse prestado atenção na vez que o padrinho tentou ensiná-lo origami, poderia estar fazendo um pássaro, mas era só um pedaço de papel cheio de dobraduras aleatórias.

O som do sino da porta chamou a atenção do rapaz, aquele sininho indicava quando alguém entrava e saía do local, então ele encarou a porta bem no momento que Vic tirava o gorro e a porta e a fechava atrás de si.

Victoire vasculhou com o olhar o pequeno café atrás de Teddy, o que não foi difícil graças ao cabelo azul dele. Ele a viu sorrir e caminhar em direção a mesa onde estava em passos suaves.

— Oi. - Vic disse enquanto se sentava de frente para ele. — O que tá fazendo?

— Olá, só dobrando um guardanapo aleatoriamente.

O silêncio os atingiu de uma forma inesperada, ela sabia que tinha mandado mensagem graças a influência dos irmãos, mas Teddy era uma boa companhia. Então porque era estranho estar ali com ele para conversarem como amigos?

— Quer pedir? Eu tô morrendo de fome. - o Lupin disparou levantando o cardápio, a olhando por cima dele.

Vic concordou e pegou o outro cardápio. — O que você acha melhor, as panquecas ou os waffles?

— Definitivamente as panquecas, pede com os mirtilos, fica uma delícia.

— Você come bastante aqui?

— Mais do que gostaria. - Teddy coçou a nuca. — Algumas vezes tenho preguiça de cozinhar e as vezes não tem nada na geladeira para uma refeição de verdade, então já provei esse cardápio inteiro.

— Então qual a melhor coisa do cardápio?

— Segunda coluna, o sétimo de baixo para cima.

Teddy disparou encarando Vic enquanto ela o olhava confusa, a garota enrrugava o nariz e franzia a testa quando confusa e ele não pode negar que achou adorável. Pode ver a loira começando uma busca pelo que ele indicava, enquanto ria, sabendo que se ela só tivesse pedido para falar logo o que era, ele teria entregado a resposta.

— Bolo de chocolate com recheio de doce de leite. - Vic disse depois de contar duas vezes para ter certeza. — Parece uma delícia.

— E é, eu sou um especialista em chocolate.

— Heranças do tio Remus?

— Com certeza.

Logo um rapaz com um sorriso gentil chegou para recolher os pedidos de ambos, enquanto eles entraram em uma discussão louca sobre a família de ambos e as heranças que tinham. Como por exemplo, Victoire ainda xingar em francês já que aprendeu ambos os idiomas na infância e Teddy ter herdado a insônia de seu pai, então passou muitas noites tomando chá com ele na varanda de casa.

— Você gosta de ter uma família grande? - Teddy perguntou entre uma garfada e outra do seu prato de panquecas. — Sabe, ter dois irmãos mais novos, uma penca de tios e primos, gosta?

— É, acho que gosto. E você gosta da sua pequena família?

— Ser filho único é uma experiência mais legal do que parece, atenção não foi problema.

— Você é parte Black, fala sério, essa família manda e desmanda aqui, quer mesmo falar de atenção?

— Atenção? Sério Weasley? - Vic foi obrigada a rir do comentário sobre seu sobrenome, a sua família enorme era bem conhecida na cidade. — De qualquer forma, lembre-se que eu sou neto da Black que fugiu de casa, e eles não são bem o que pode-se chamar de família legal e unida, devo ter falado com um Black umas duas vezes na vida.

— Seus tios Sirius e Regulus são Blacks.

— O que você chama de Blacks, eu chamo de Potter e geração espontânea.

— Justo.

— Tem medo de sentir falta quando for embora? - a loira parou o copo de suco na metade do caminho até a boca, essa era uma questão que ela evitava pensar com frequência.

— Eu sei que vou Teddy, mas eu preciso disso.

— Porquê?

— Porque essa cidade é minúscula, temos o que? Uns dois mil habitantes? Parece idiota, mas eu sempre soube que eu precisava viver em local que não aqui, pensar em deixar todos para trás é assustador, mas abrir mão disso é mais ainda.

— E já sabe para onde vai?

— Paris ou Londres, é uma viagem relativamente curta de Londres até aqui então estaria perto dos meus pais, mas minha tia Gabrielle mora em Paris, também teria família. - ela deu de ombros finalmente bebendo seu suco.

— Espero que consiga decidir. E que encontre seu caminho para longe do pacato vilarejo, minha cara Bela.

— Você não me comparou a Bela, né?

— Claro que sim.

— Então tá bom, mas e você? Pensa em sair?

— Eu tenho planos, como qualquer um, mas eu sempre coloquei minha família tão acima de tudo que eu não sei como viveria sem eles, mas se quero sair? É, acho que sim.

— Você não mora sozinho?

— Sim, mas é um apartamento a meia hora de caminhada da casa que eu cresci e não três horas.

— Então... Ficaria?

— Ainda estou decidindo, mocinha.

— Não me chame de mocinha. - então ali estava, o adorável nariz enrrugado enquanto o encarava. — Meu pai me chama assim quando está bravo.

— Tudo bem... Mocinha.

— Idiota. - Vic disse revirando os olhos.

. . .

Quando Vic fechou a porta do carro, encarou Teddy por um instante enquanto ele terminava de falar ao telefone. Haviam acabado de sair do três vassouras quando ele atendeu uma ligação que parecia importante, Teddy estava em outro mundo e ela tentou fazer silêncio, e estava conseguindo até que tentou fechar o cinto de segurança e não conseguiu de forma alguma.

Com um leve "merda", ela tentou fechar novamente o cinto, o que atraiu o olhar do Lupin para si. Ele se despediu e finalizou a ligação, tirando o cinto de suas mãos.

— Eu te ajudo. - fez duas tentativas, até encaixar corretamente o cinto nela. — O carro é meio antigo, os cintos funcionam quando querem, é só ter jeitinho.

— Obrigada. Estranho porque ontem funcionou certinho. - Vic disse, o vendo levantar a cabeça, tão perto dela.

A respiração do Lupin atingiu seu rosto e os olhos dele brilharam, aquele mesmo brilho louco de sempre e antes que percebesse, Vic levantou a mão em direção a bochecha dele.

Caralho, ele era lindo. Por isso havia sido uma criança e pré-adolescente boba com uma queda por ele. Mas agora, de perto, enquanto via os olhos deles vagarem para sua boca, enquanto apertava a bochecha um pouco mais de encontro a mão dela, Edward Lupin havia atingido o ápice de sua perfeição.

— Eu vou te beijar agora, ok? - ele disse e seus lábios encostaram nos dela.

— Ok.

Teddy pressionou um pouco mais os lábios contra os de Vic, logo sentindo os lábios dela abrirem para dar passagem para que o beijo se aprofundasse. As mãos do Lupin se ergueram em direção ao rosto de Vic, segurando em suas bochechas e a trazendo um pouco mais para perto de si, enquanto a mão da loira que ainda não o tocava foi até a cintura dele.

Vic estava de cinto, então foi ele quem se aproximou mais, se inclinando cuidadosamente sobre a marcha para que ela pudesse se encostar no banco, enquanto se beijavam e aquele, era sem dúvida alguma, o melhor beijo da vida de Teddy. Havia um fato interessante de que, em todas as rodas de amigos que ele ia, já havia beijado ao menos a maioria, como nunca havia pego sapinho, era um mistério para alguns, mas beijar Victoire Weasley, era infinitamente melhor do que beijar qualquer um. Ela tornava o carro dele, o mais próximo de paraíso que ele poderia experimentar e seus lábios, eram viciantes. Sentiu as mãos dela vagarem para seu cabelo, enquanto descia uma das mãos de seus rosto por seu corpo, de seus ombros até chegar a cintura.

A Weasley ofegou, bom, ela não tinha certeza que tinha feito isso mesmo, mas se não, se sentia um pouco sem ar de qualquer forma, assim como se sentia sem chão, parecia que estava flutuando em meio ao espaço e tudo que a prendia, era a boca de Teddy. As línguas juntas trabalhando para o melhor beijo possível a deixavam sem ar.

Quando terminou, Teddy deu um último selinho em seus lábios, antes de se afastar, sentando novamente em seu próprio banco. Uma eternidade coube naqueles pequenos instantes que Teddy encarou Vic, antes de decidir o que falar.

— Vic... Porque está com essa cara?

— Que cara?

— De que cometeu um grande erro. Olha, se não queria me beijar, me desculpa.... - ele começou a falar, mas a loira o interrompeu.

— É que Hogsmeade é minúscula.

— Sim, tenho certeza que chegamos a essa conclusão enquanto tomávamos café.

— Mas é que... A cidade é pequena, todos se conhecem e falam uns dos outros, eu não posso sair para ir no mercado sem encontrar uns 5 conhecidos. - Vic começou incerta, tinha esse pensamento recorrente nas últimas semanas, por isso não ficava com mais ninguém. — Eu vou embora em meses, você sabe, não posso te beijar no carro ou na rua ou sei lá, e depois de deixar aqui com o povo falando no seu ouvido porque aqui as vezes parece que não saímos do século 20 e as pessoas iam saber e encher o seu ouvido, porque vão saber, nós somos os...

— Weasleys, eu sei. Eu só não tô ligando.

Vic o encarou confuso, tinha certeza que tinha conseguido explicar bem o que queria, então, porque?

— Essa cidade muitas vezes parece mesmo ainda parada no século 20, mas e daí? O que vai rolar? Os Blacks saberem e odiar mais ainda o meu lado da família?

— Teddy....

— Eu não quero deixar de te beijar aqui, na rua, no cinema ou qualquer lugar que eu queria ou qualquer outra pessoa que eu queira, então eu só não ligo.

— Mas eu acho que você não...

— Você quer me beijar de novo, Vic? - ele a interrompeu novamente.

— Não... Talvez.

Então o Lupin se aproximou mais uma vez para beijá-la, e ela esqueceu qualquer discurso que havia feito antes contra isso.

— Que tal isso. Eu te deixo em casa, a gente vai conversando com o passar dos dias, então a gente vai até onde você quiser. Até agosto ou antes e ninguém precisa saber, algo só nosso. - ele propôs, olhando nos olhos de Vic e segurando seu rosto com uma mão.

— E nós faríamos o que? Vai me levar em encontros casuais durante esses meses também?

— Temos tempo para quantos encontros quisermos, até atingirmos o ápice da breguice. Mais alguma pergunta?

— Porquê?

— Porque, Victoire Weasley, você é bonita, simpática, as conversas são legais e você beija muito bem.

— Ok.

— Ok?

— Ok. - então foi a vez de Vic se aproximar um pouco mais para beijá-lo.

Fácil assim pelo que parecia, mas o mar de confusões que ela era no momento, parecia indescritível. Sabia que não gostava romanticamente de Teddy e nem ele dela, mas havia concordado em ter encontros casuais com ele.

Quem ela pensava que era? Rachel Berry no final da segunda temporada de glee?

Mas se deixou ser beijada por Teddy e iria levar esse tempo com leveza e quando quisesse parar, não teria problema, provavelmente não duraria até agosto então, no momento, eram apenas duas pessoas se beijando em um carro, no que poderia ser ainda, o começo de uma grande amizade um dia.

 

20/01/2020

Levou cerca de uma semana antes que Victoire colocasse os olhos novamente em Edward e tudo começou de uma maneira tão simples.

Um os elementos mais interessantes da pequena cidade era a grande quantidade de castelos e mansões que ela possuía, onde algum dia moraram membros da realeza e hoje abrigavam coisas menores como bancos e restaurantes adaptados para aquelas enormes casas, mas Hogwarts High, um dos maiores orgulhos de Hogsmeade, ficava no maior castelo, com um acervo enorme da biblioteca, que a tornava um local aberto para toda a cidade e não apenas os estudantes, um refeitório gigante e muito espaço para praticar esportes, o prédio imponente que ainda mantinha suas enormes torres que carregavam o emblema da escola, era onde Vic se encontrava no momento, rodeada por livros na biblioteca.

O Lupin andou a passos lentos em direção a mesa de Vic, tinha um livro aberto na mão e envolto pela trama, ele se sentou na mesma mesa que a Weasley, ficando de frente para ela.

Teddy não ousou dizer nem mesmo uma palavra, continuava prestando atenção em seu livro enquanto sabia que Vic estava estudando. Não demorou muito para que ela notasse a presença dele ali, se surpreendendo que Teddy ainda não havia nem mesmo dito um "olá" ainda.

— O que está fazendo aqui? Você já se formou. - ela disparou de repente.

— Acho que se esqueceu que a biblioteca é pública, além de que a Minnie me ama, pensei em dar um oi.

— Minnie? Você tá falando da Minerva?

— Sim, meu pai me ensinou o apelido.

— Ok, mas o que tá fazendo aqui?

Teddy ergueu o livro na altura dos olhos como se apontasse o óbvio. — Relendo os instrumentos mortais, sabe, talvez eu fosse um Herondale. E você?

— Não sei, Lightwood?

— Boa escolha. - então ele abriu novamente o livro, mas sem ler nada continuou a falar com ela. — Está estudando?

— Sim, química.

— Boa sorte.

— Obrigada. - ela murmurou voltando a encarar o fichário e o livro aberto em química orgânica.

Para qualquer um que encarasse de fora, parecia uma cena comum, afinal, eram apenas dois jovens sentados em uma mesa na biblioteca, um lendo e o outro estudando, uma cena comum, mas a mente de Vic borbulhava no momento.

Era como se algo nela tivesse ligado apenas pelo fato de agora, ter Teddy Lupin bem ali, ele não estava fazendo nada, passava uma mão no cabelo de vez enquanto e lia seu livro no mais perfeito silêncio, nem ao menos a encarava, mas de repente, ela estava completamente dispersa e química, que já não era um dos assuntos mais interessantes do mundo na opinião dela, se tornou totalmente obsoleta.

Victoire grunhiu enquanto fechava os livros e começava a guardar suas coisas, chamando a atenção de Teddy para si.

— Vamos embora. - ela disse, arrancando um sorriso dele.

— Finalmente, achei que iria ter que esperar mais tempo.

Teddy se levantou fechando o livro e a esperou terminar de guardar suas coisas, então partiram em direção a saída da biblioteca.

— Não vai devolver o livro?

— Não, aluguei ele. Realmente gosto dele. - ele explicou simplesmente, tinha um ar leve.

— Espera. - Vic disse, segurando o braço de Teddy para que ele parasse.

— O que foi?

— A Minerva, ela tá bem ali perto da saída.

— Suas aulas já acabaram por hoje, não?

— Sim, mas eu não vou ser pega pela Minnie, temos um combinado.

Com um revirar de olhos, Teddy suspirou. — Se acalma. Você sai e eu falo um pouco com ela, ainda não dei meu oi.

Victoire vagou até as enormes portas francesas que ficavam ao fundo da biblioteca e que davam para o campo de futebol, estava fazendo um pouco de sol naquele dia, o que era bom. O campo estava coberto de neve e tinha apenas um ou outro aluno andando por aquela parte enquanto Vic esperava.

Logo a cabeleira azul de Teddy foi vista indo em sua direção e ele abriu um sorriso para ela.

— Vamos?

— Para onde iremos? - ela questionou.

— Um lugar especial para mim, são só uns 15 minutos de caminhada.

— Tem sorte de que não está nevando hoje.

— Parece que seja lá quem estiver lá em cima, decidiu me dar uma ajudinha. - ele disparou enquanto pegava a mão de Vic para puxá-la até a velha estradinha que passava por trás do colégio.

. . .

Todo o ambiente tinha uma aura de tranquilidade, as paredes eram de um azul claro e tinha alguns puffs e poltronas, no fundo um balcão com o caixa e as paredes eram revestidas por instrumentos, cds e discos.

Teddy abriu a porta e deixou que Vic entrasse na frente, e enquanto ela olhava para tudo encantada, andou até o final da loja para o balcão.

— É uma loja de instrumentos? - a loira perguntou enquanto passava a mão pelos violinos.

— Também de discos e cds e damos aulas de música as segunda, quartas e sextas. - Teddy respondeu e os olhos de Vic vagaram para ele e o crachá em seu casaco com "Edward" escrito.

— Você trabalha aqui, não sei como não imaginei isso, é a sua cara.

— Acha?

— Com certeza. - Vic se aproximou e pegou o violão sobre o balcão, não era o dele, não tinha os adesivos colados como o da festa tinha. — Você exala música depois que se conhece e Teddy, aqui realmente parece o seu local.

— Então fico feliz por isso, afinal, quero ter uma dessas um dia.

— Vai ser um sucesso. - a loira arriscou um ou outro acorde que o pai havia tentado ensiná-la.

— Sabe tocar? - ela indicou que não com a cabeça. — Quer que eu te ensine? - outra vez uma negativa.

— Mas quero que toque para mim, uma dessas músicas alternativas e desconhecidas que eu não conheço.

A risada de Teddy ecoou por toda a loja vazia, enquanto pegava o violão que Vic o oferecia. — Música desconhecida?

— Pelo menos para mim.

— Um dia você vai escutar algumas das minhas músicas, acho que vai gostar.

— Sempre poderá tentar, agora vai, toque alguma coisa.

— Certo. - Teddy passou a correia por seu pescoço, chegando se o violão estava afinado. — A primeira vai pra garota que me fez me inscrever na faculdade.

— Espera, o que? - ela o interrompeu surpresa.

— Me inscrevi para estudar música em Londres. - Teddy deu de ombros como se fosse uma notícia costumeira como "hoje é segunda", mas sorria com a empolgação de alguém que sabia que "hoje é uma segunda especial".

— Teddy, isso é... Parabéns.

— Obrigado, mas ainda não passei. Consegui pegar a última semana de inscrição.

— Mas vai passar, o que te levou a isso? Não pode ter sido só eu.

— Tem razão, eu só senti que era o momento. Eu queria ir, mas não queria deixar meus pais para trás, conversei com eles e meu pai praticamente me obrigou a inscrever enquanto minha mãe gritava para eu seguir meus sonhos.

— Isso é a cara dos seus pais. - Vic riu melodiosamente, e Teddy não teve escolher que não a encarar naquele momento tão espontâneo. — "E naquele momento eu pensei que poderíamos ser infinitos se fossemos música" Tati Bernardi.

— O que foi isso?

— É que eu gosto de fazer citações algumas vezes.

— E isso é a sua cara.

Vic riu com o comentário dele enquanto Teddy começava a dedilhar o violão dando início a uma melodia, sem ao menos se dar conta de que estava abrindo uma brecha em seu mundo para que apenas Vic pudesse espiar lá dentro, e sem saber que deveria pedir aos céus para que ela não bagunçasse tudo lá dentro.

"She had a face straight out a magazine

God only knows, but you'll never leave her

Her balaclava is starting to chafe

And when she gets his gun he's begging

Babe, stay, stay, stay

I'll give you one more time

We'll give you one more fight

Said, one more lie

Will I know you?"

 

15/02/2020

"Alô?"

A voz confusa e metálica de Teddy saiu do telefone de Vic, a loira se encarava no espelho do quarto enquanto penteava o cabelo.

— Oi, como você tá?

"Eu tô bem, Vic tá tudo bem? Porque são 10 da manhã de um sábado, eu achei que a gente não ia se ver, aconteceu algo?" Teddy bocejou e tinha uma voz sonolenta, evidenciando que ele tinha acabado de acordar.

— Não, tá tudo bem, é só que... - Vic foi interrompida pela porta do quarto sendo aberta por Dominique.

"Vic?"

— Hoje é aniversário de namoro dos meus pais. - a loira continuou, mesmo sabendo que a irmã agora a encarava sentada na cama. — E eles mesmo depois de tantos anos casados ainda comemoram essa data.

"É algo fofo" de alguma forma, ela pode vê-lo do outro lado da linha, coçando a nuca e pensando onde ela queria chegar com aquilo.

— Concordo. Mas é que eles programaram coisas pro dia inteiro, então a gente ficaria aqui e depois eu com a Domi e o Louis iriamos pra casa da minha avó, mas...

"Você quer fazer algo? É isso?"

— É... Domi e Louis vão sair pro shopping, mas eu não queria ir, então eu pensei em sair com você.

"Bom, eu acabei de levantar, mas podemos sair fazer algo"

— Pode ser 13:30? Pode escolher.

"Claro, te passo o endereço depois"

— Obrigada.

"Sempre um prazer"

Vic finalizou a ligação, mas encarou o celular em sua mão por um instante, a escova de cabelo esquecida em seu colo agora, não pode evitar um sorriso singelo, quase imperceptível, de surgir em seus lábios.

— Tá marcando de sair com alguém agora? Pensei que você dividisse as coisas comigo nova Victoire. - Domi disparou, tirando a loira de seu próprio mundinho.

— Era só uma amiga, queria saber se podia sair com ela, não queria mesmo ir para o shopping de Ottery, sabe, meia hora de carro até lá.

— Uhum. - a ruiva disparou, mas ambas sabiam que ela não acreditava nisso. — Quer ajuda pra escolher o que vai vestir para encontrar... Sua amiga?

— Eu agradeceria.

Então Domi abriu um sorriso para irmã, a puxando pela mão para que decidissem o que Vic usaria naquela tarde antes de descerem para o café.

. . .

Teddy andava pelos pequenos corredores da Ilvermorny andando por cada sessão com uma atenção absurda. A Ilvermorny era uma pequena locadora que ficava escondida em uma das ruas estreitas da cidade, pertencia a madame Maxime, uma mulher francesa já por volta de seus 60 anos e que tinha um sotaque muito forte, como ele lembrava que era o da mãe de Victoire quando ele ainda era criança.

Assim que se lembrou de Vic, não pode evitar o sorriso que se estendeu em seu rosto e como se soubesse que ele pensava nela, a loira passou pela porta da frente.

O lugar era pequeno, porém lotado de estantes com diversos dvds, a Weasley caminhou na direção dele, logo sentindo os braços de Teddy rodearem sua cintura. Vic sorriu levemente e olhou para baixo, já haviam saído depois do primeiro beijo e se abraçavam, algumas vezes até se beijavam, mas ainda era tão estranho esses pequenos momentos simples de afeto entre eles. Porque Teddy Lupin sempre esteve lá, e ela já teve um penhasco por ele e se contassem para Victoire do fundamental que ela iria beijá-lo, talvez ela tivesse um treco por ser uma pré adolescente boba encantada. Mas ali estava, e ele era real, não era aquela fantasia de cara perfeito, era uma pessoal real, com os braços em sua cintura não a forçando a nada e não a deixando desconfortável, apenas estranhamente envergonhada por se sentir nervosa com as mãos dele tendo contado com a pequena parte de pele que ficava exposta pelo fato do dedão dele ter começado a fazer carinho bem ali.

Respirando fundo, a Weasley ergueu os braços para rodear o pescoço de Teddy, o que fez o garoto abrir um sorriso enorme. — Você escolheu uma locadora senhor Lupin? Plataformas de streaming já foram inventadas.

— Eu sei. - ele respondia ainda com o estúpido lindo sorriso no rosto. — Mas ainda nada se compara a experiência completa de uma locadora, vambora Vic, a gente fazia isso na infância.

— Passar horas aqui atrás de filmes, alugar por uma semana, se irritar porque pegaram o único dvd daquele filme que a gente tava louco e então repetir?

— Exato.

— Ok, mas provavelmente vamos ver filmes da Disney.

— Não me oponho a nada. - Teddy disse depositando um beijo na bochecha de Vic, se desvencilhou dela indo para a parte de animações.

E Vic ficou realmente triste que dessa vez, ele não tentou beijá-la.

O Lupin agradeceu por ter toda uma prateleira para filmes da Disney e começou a procurar por algo que chamasse mais atenção, logo Vic estava ao lado dele mexendo nas caixas a procura de algo.

— Você costuma vir bastante nessa locadora?

— Bom, a madame Maxime me deu um cartão de fidelidade, então... Acho que sim. - ele coçou a nuca. — Ela tem muito assunto sobre o cinema francês.

— Será que ela gosta de "os incompreendidos"? - Teddy a encarou confuso. — É um filme francês, o favorito da minha avó, geralmente assistimos ele juntas, com meus irmãos também.

— Eu não sei, mas eu acho que ela iria adorar você.

— Quem iria adorar essa bela jovem? - uma voz calma pode ser ouvida atrás deles.

Quando Vic e Teddy se viraram uma mulher alta, vestindo um elegante casaco rosa claro rendado estava parada a sua frente, ela possuía uma postura elegante, porém um olhar doce para eles.

— Olá madame Maxime, está linda como sempre.

— Olá, meu caro Edward. Agradeço seus galanteios. - a senhora sorriu o respondendo, mas encarava a jovem Weasley, não ao Lupin.

— Estava comentando que acho que você iria adorar conhecer melhor Vic. Creio que sabe quem ela é, Victoire Weasley.

— É um prazer madame Maxime.

— É bom conhecer você, é parte Delacour, estou correta?

— Sim.

— Reconheci pelo cabelo loiro dourado e os olhos azuis brilhantes, eu me lembro de seus pais. - Vic a encarou confusa. — Bill e Fleur viviam aqui enquanto namoravam, se beijavam por esses corredores e alugaram cada filme francês que eu tinha na época, vieram atrás de algum?

Victoire se preparou para responder, mas Teddy acabou falando antes. — Infelizmente hoje, já combinamos de ver animações, apesar de Vic comentar sobre "os incompreendidos".

— De François Truffaut, um dos meus favoritos sem dúvida. Bom, vou deixar vocês escolherem, estarei lá atrás.

— Muito obrigada, madame. - encarando pela última vez a jovem, Maxime retribuiu ao sorriso que a Weasley a oferecia.

— Sabe, vocês ficam bem juntos.

— Ah... - Teddy coçou a nuca perdido, seus pensamentos foram cortados por uma Victoire corada.

— Mas nós não somos um casal.

— Eu nunca disse que eram, minha jovem. Apenas que ficam bem juntos.

Então a mulher vagou para longe, os deixando sozinhos ali.

. . .

— Preparei a pipoca. - Teddy anunciou saindo da cozinha com um pote e vendo Vic a vontade em seu sofá.

Eles haviam chegado há cerca de 15 minutos e a loira estava agora sem sapatos, o casaco e a bolsa esquecidos no aparador ao lado da entrada e o cabelo solto de seu anterior coque, parecia pertencer a aquele lugar. A loira encarava as caixinhas de dvd sem saber o que fazer.

— Certo, nós temos Aladdin, Enrolados e Hércules. Qual nós vamos ver?

"Tantos dias olhando das janelas

Tantos anos presa sem saber

Tanto tempo nunca percebendo

Como tentei não ver?"

Teddy começou, se aproximando e então sentando ao lado dela no sofá e deixando a pipoca na mesinha de centro.

— Certo, acho que entendi. Enrolados aí vamos nós.

"Mas aqui, a luz das estrelas

Bem aqui, vejo o meu lugar

Sim, aqui consigo sentir

Estou onde devo estar"

Vic acompanhou Teddy voltar a cantar enquanto a encarava e não pode evitar sorrir, ele era definitivamente bom nisso. Então ele parou a encarando sugestivamente.

— Quer que complete?

— Sim.

— Porquê?

— Só vamos logo Vic. - então fechando os olhos, ela continuou a canção.

"Vejo enfim a luz brilhar

Já passou o nevoeiro

Vejo enfim a luz brilhar

Para o alto me conduz

E ela pode transformar

De uma vez o mundo inteiro

Tudo é novo pois agora eu vejo

É você a luz"

Edward colocou uma das mechas de seu cabelo atrás da orelha, com aqueles olhos brilhantes presos nos seus, então seus olhar desceu para os lábios de Victoire enquanto ela cantava. Soava como um anjo, não porque nunca errava e tinha o tom certo, porque era certo ela estar cantando aquela música, naquele momento, de um jeito único, era certo.

"Tantos dias, sonhando acordado

Tantos anos, vivendo a vida em vão

Tanto tempo nunca enxergando

As coisas do jeito que são

Ela, aqui, à luz das estrelas

Com ela aqui, vejo quem eu sou

Ela que me faz sentir que eu sei pra onde vou"

Agora cantavam juntos e os olhos de Vic também vagaram para os lábios dele, a mão de Teddy saindo de seu cabelo para tocar sua bochecha, um toque tão leve que ela se questionou se era real.

Então Victoire se inclinou para alcançar os lábios dele, Teddy abriu a boca dando passagem para a língua dela enquanto guiava uma mão para cintura de Victoire para que a puxasse um pouco mais para perto, era um beijo calmo, sem pressa alguma.

— Gosto disso. - Teddy comentou, assim que se separaram.

— Do que?

— De quando é você que me puxa para um beijo.

— Que bom, porque eu vou fazer de novo.

— Fique a vontade.

E Vic o fez, o beijou se esquecendo por um momento do filme. Ainda era cedo e eles ainda iriam ver enrolados antes de se questionarem qual era o próximo, poderiam discutir qual era o melhor personagem e cantar músicas de filmes da disney, antes que ela tivesse que ir para casa da avó, que a olharia sabendo que tinha acontecido algo na vida de Victoire, algo especial. Mas no momento, eram apenas dois jovens se beijando no sofá, e estava tudo bem.

 

23/02/2020

A melodia ecoava pelo quarto de Victoire, a jovem sozinha no pequeno ambiente encarava por vídeo chamada Teddy que tocava para ela.

Quando o Lupin tocava, era como se o mundo ao redor deles parasse, e para Vic, existiam apenas eles dois naquele universo, e aqueles momentos, que ele tocava músicas que ela não conhecia, mas que ele sim, que ele gostava ao ponto de memorizar cada nota que a canção trazia, fazia com que ela acreditasse que via a alma dele, que Teddy havia escolhido mostrá-la aquela parte de si, talvez porque também percebesse que seu coração acelerava perto dela como o dela fazia sempre que ele a beijava ou segurava sua mão para que ela não fosse pelo caminho errado enquanto saiam.

— Parabéns. - Vic disse batendo palmas devagar quando ele terminou mais uma canção. — Eu acho que poderia escutar você tocando pela eternidade.

"E eu acho que se você me pedisse, faria isso pra você pela eternidade" - então ela corou, tinha quase certeza que tinha corado, sentia seu rosto quente. "Gosto disso"

— Você gosta de muitas coisas, o que é dessa vez?

"Esses momentos que eu posso ver você mesmo que não possa te tocar, são verdadeiros"

— Então quando pode me tocar, não é de verdade? É isso que está dizendo?

"Não é isso, mas quando eu tô aqui, separado por uma tela, eu consigo pensar mais em mim mesmo e como me sinto, principalmente porque percebo o quão queria estar perto de você para beijá-la, a todo momento"

— Não devia falar essas coisas.

"Porque? Vic, está corando?"

— Não. Mas não deveria falar porque eu logo vou descer para sair com minha mãe e irmã, não sair para beijar você.

"Um dia desses, eu ainda vou morrer do coração com você me falando que quer me beijar" o Lupin pôs a mão sobre o peito teatralmente.

— E um dia eu vou morrer por causa do seu teatro mal feito.

"Ai ai loira"

— Loira?

"É a cor do seu cabelo, não quer que eu te chame assim?"

— Não, tudo bem, pode chamar.

"Ok"

— Agora canta uma última música para mim.

"Uma das minhas "desconhecidas"?" Teddy fez aspas no desconhecidas.

— Sim, e vão continuar desconhecidas a menos que você me mostre elas.

"Vou fazer o meu melhor. Essa se chama north."

"We will call this place our home

The dirt in which our roots may grow

Though the storms will push and pull

We will call this place our home

We'll tell our stories on these walls

Every year, measure how tall

And just like a work of art

We'll tell our stories on these walls"

. . .

Não passou muito tempo entre o momento que Teddy terminou sua última canção e o que Fleur chamou a filha para descer, tiveram tempo apenas para uma breve despedida, então Vic finalizou a chamada deixando o celular no bolso.

Mas enquanto descia as escadas de casa, um sorriso bobo ainda era presente em seu rosto e seria muita ingenuidade de qualquer um que contasse aquele momento no futuro, de dizer que alguém ali não perceberam aquele sorriso bem ali.

— Tá sorrindo feito idiota de novo. - Dominique disse assim que teve a irmã parada a sua frente no pé da escada.

— Dominique Weasley, não fale assim com a sua irmã. - Fleur a repreendeu.

— Mãe, vai me dizer que não percebeu o sorriso bobo no rosto dela?

— Percebi, mas não chame sua irmã de idiota.

— Eu não chamei, apenas disse que ela sorria como uma. - Domi rebateu cruzando os braços e recebendo um olhar enviesado de Vic.

— Meu sorriso está normal, como sempre.

— Querida, você e eu sabemos que algo aconteceu. - Fleur fez um breve carinho no cabelo da filha, ela era tão parecida consigo mesma. — Mas tudo bem se não quiser contar ainda.

— Obrigada mãe.

— Como assim tudo bem? Eu quero saber o que tá rolando. - Domi disse interrompendo o momento.

— Deixa de ser fofoqueira Domi. - Vic quase gritou para irmã.

— Chega as duas, vamos meninas. - Fleur deu um basta, fazendo com que as duas a seguissem em direção ao carro ainda em meio as implicâncias.

 

03/03/2020

Teddy estava sozinho em seu apartamento, não era um lugar grande, mas muitas vezes era solitário. Porém naquele momento, deitado na sua cama vendo pelo celular Vic gesticulando e ensaiando sua apresentação sobre o livro o sol é para todos, ele não se sentia sozinho, ela podia estar no quarto dela, longe fisicamente, mas enquanto estava em vídeo chamada com ele, o encarando com os olhos brilhantes e um ar empolgado, Edward soube que ela era tudo.

Podia não ter notado antes, mas aquilo começou simples, um simples flerte em uma cozinha durante uma festa, beijos em seu carro e então, cada tarde tinha sido melhor que a outra, pois Victoire Weasley tinha aquele longo cabelo loiro, os olhos azuis que brilhavam com facilidade e que o encantaram, tudo nela era agradável aos olhos, mas quando estava ali, de pijama e falando sobre literatura, algo que ela amava, totalmente a vontade, totalmente "exposta", finalmente ele percebeu o que era aquele aperto no peito cada vez que ela ia embora, a euforia enquanto ela ria ao lado dele, o sentimento bom de segurar as mãos dela, estava apaixonado, irremediavelmente apaixonado por Victoire Apolline Delacour-Weasley, e isso era glorioso.

"Entendeu? Por isso, o sol para todos é um dos clássicos mais necessários e incríveis que eu já li." - Vic sorriu e ajeitou o cabelo meio bagunçado. "Deu pra sacar?"

— Deu. Seu trabalho está incrível Vic, vai tirar uma ótima nota.

"Obrigada, assim eu espero porque eu quero que essa professora escreva minha carta de recomendação pra faculdade, então preciso de boas notas nela."

— O seu trabalho vai ser o melhor e ela irá escrever sua carta de recomendação, pode relaxar.

"Quando você fala, eu quase consigo acreditar em tudo."

— Victoire Weasley você é incrível em tudo que faz, acredite em mim, por favor.

"Eu acredito." então ela sorriu e ali estava, a maldita palpitação que ele sentia com o sorriso dela.

— Que bom... - mas a fala de Teddy foi interrompida pela abertura da porta no quarto de Vic.

A loira o encarou por um instante, enquanto Teddy podia ouvir a voz de Louis do outro lado da linha "Vic?".

Tudo ficou preto de repente então o Lupin soube que Vic havia deitado o celular na penteadeira onde o celular estava apoiado antes para que o irmão não o visse, então ele continuou ali, ouvindo a conversa dos irmãos Delacour-Weasley.

"Tudo bem Louis?"

"Sim... Eu apenas vim pegar um dos livros da Domi que ela me emprestou"

"Ah sim" passos puderam ser ouvidos e Teddy julgou ser Louis andando até a prateleira de livros.

"Você tá ensaiando seus trabalhos na frente do espelho da penteadeira de novo?"

"Uhum, esse é sobre o sol é para todos"

"Então eu não vou te atrapalhar" Louis terminou de falar e mais passos foram ouvidos, então uma porta batendo antes que a imagem voltasse e Vic pudesse ser vista novamente.

— Você realmente não mentiu sobre ensaiar bastante seus trabalhos e discursos no espelho pra ele ter acreditado.

Vic apenas deu de ombros sorrindo, o que fez Teddy rir, a convivência ali era fácil e boa.

 

07/03/2020

Teddy

na rua atrás da padaria (15:07)

segue até o fim (15:07)

teddy você sabe que aquela rua dá em um monte

de mato (15:09)

eu não vou lá (15:09)

Teddy

confia em mim vic, é só achar a faixa azul

pendurada na copa de uma árvore (15:09)

fica a uns 3 minutos de caminhada naquela

direção (15:09)

vou estar esperando no portão (15:09)

é melhor ser verdade edward remus lupin (15:10)

pq eu vou (15:10)

Teddy

pode confiar em mim (15:10)

:) (15:10)

 

Victoire releu pelo que pareceu a trigésima vez a conversa de mais cedo com Teddy. Cerca de meia hora depois daquelas mensagens ela saiu de casa em direção a padaria, encontrar a faixa, que mais se parecia com uma bandana azul clara foi fácil, então com uma pequena caminhada havia chego ao que parecia um antigo portão de ferro retorcido, obviamente em alguma época houve um enorme muro feito de tijolos e ferro, mas parte dele havia desmoronado e havia algumas poucas pilhas de tijolos e ferro retorcido pelo chão por toda sua extensão, e com certeza, não havia nenhuma visão de Teddy por ali.

Olhou mais uma vez ao seu redor a procura dos cabelos azuis dele, o garoto era alto, usava cores escuras com uma frequência considerável e tinha cabelo azul, não deveria ser tão difícil de se achar na luz do dia, mas era isso, ele não parecia estar ali. Vic bufou pronta para partir e apenas ver algum filme bobo no sofá de casa quando ouviu passos atrás de si.

— Não está indo embora, está? - a voz do Lupin surgiu de repente.

Do outro lado do portão, com uma mochila nas costas, ele tinha um sorriso no rosto que fez ela querer socar ele por deixá-la plantada ali.

— Você estava lá dentro? Eu estou te procurando aqui faz uma eternidade.

— Perdão, eu fui dar uma olhada para ver se estava tudo seguro para você entrar. - ele coçou a nuca.

— O que você quer dizer com seguro?

— Nada, está tudo bem, nada irá desmoronar perto de você. - Teddy forçou um pouco o portão para criar uma pequena brecha que alguém, apenas um pouco maior que Victoire, não seria capaz de passar.

— Edward...

— Fique calma, confia em mim?

Vic recuou um passo, pensando em todas as variantes daquilo. O Lupin a encarava, os olhos fixos nela com aquele mesmo olhar sonhador, a convidando para uma aventura, então ele estendeu a mão em sua direção por entre a brecha no portão. A loira respirou fundo se aproximando de Teddy, e enfim aceitando sua mão para que passasse pelo portão, aquilo o fez sorrir e levar a mão dela aos lábios, depositando um singelo beijo ali.

— Aqui não é proibido?

— Nunca me prenderam por vir aqui.

— Isso não responde exatamente a minha pergunta.

— Eu sei. - então ele se calou e entrelaçando seus dedos, a guiou para dentro do local.

— Pode me dizer ao menos onde estamos?

— Isso aqui já foi um castelo, sei que parece algo comum por morarmos aqui, mas esse é maior, é mais especial.

— O que quer dizer?

— Algumas partes estão em ruínas admito, mas apenas a fundação dá o dobro de Hogwarts, feita de pedras e mármore, estátuas e entalhes do mais puro ouro. - Teddy explicava a guiando pelo redor da fundação de uma parte destruída do castelo. — Além de que tem uma bela história, na minha opinião.

— Qual?

— Minha mãe chamava aqui de o castelo dos rebeldes. Um nobre escocês se encantou por uma moça que morava na cidade, dizem que eles se encontravam aqui, nesses jardins e faziam uma fogueira bem ali.

Teddy apontava para onde estava a estátua de uma mulher, ela usava uma capa que escondia seu rosto e era rodeada por flores, isso fez Vic questionar se era Teddy quem regava elas, por estarem tão vivas. Mais atrás, haviam um coreto simples feito de madeira e estátuas do que se assemelhava a anjos, provavelmente as que o Lupin havia citado.

— Ele a convidava para encontrá-lo nesse castelo? Ela era inglesa? - a loira questionou.

Teddy sorriu a puxando para mais perto da estátua da mulher. — Estamos perto o suficiente da Escócia para não termos absoluta certeza, mas dá a entender que não. Dizem que onde está a estátua dela é onde faziam a fogueira, e ela dançava ao redor enquanto ele a observava e as vezes acompanhava, eram felizes nesse local, o recanto deles. Juraram se amar aqui e consumaram sua promessa em algum lugar. O castelo foi construído anos depois, parece que ela está enterrada no coreto, todo esse local é para honrar a lembrança dela, ele queria para sempre morar onde ela para sempre estaria.

— E porque sua mãe chama de o castelo dos rebeldes?

— Ela lutou ao lado dos jacobitas, parece que era filha de um. Dizem que o nobre a chamava de "reubaltach beag", é pequena rebelde em gaélico. Ela era uma rebelde e cada uma dessas paredes foi construída para ela.

— Reubaltach beag. - Victoire repetiu encarando o rosto da estátua, então apertando a mão de Teddy. — Meu pai me chamava assim, principalmente quando era criança. Nunca perguntei ou pesquisei o motivo.

— Isso faz muito sentido na verdade.

— Porquê?

— Boatos de que o nome dela também era Victoire. Mas claro, poderia ser Claire como é o boato mais comum, nunca saberemos, mas gosto de pensar que era Victoire.

— Uma história de amor com uma personagem que pode ter o mesmo nome que o meu, é algo belo.

— Concordo.

— Obrigada por me trazer aqui Teddy.

— O passeio ainda não acabou.

— Eu sei, mas posso agradecer mesmo assim. - então Vic se colocou na ponta dos pés para que alcançasse o rosto de Teddy e pudesse beijar seus lábios.

Apenas um encostar de lábios, para então ela se separar dele sorrindo e dessa vez, sendo ela a puxá-lo para algum canto do castelo. Teddy se sentia um pouco atordoado, o que soava até um tanto idiota da parte dele.

— O que tem mais pra lá? - ela apontou para o canto sul da propriedade.

— A torre, acho que algum dia teve outras, mas aquela foi a que restou de pé. Quer ir?

Victoire concordou se deixando ser levada para longe, aquele era um dia que quase podia se chamar de ensolarado, tinha uma brisa fresca, mas não era necessário mais do que um casaco leve e o sol brilhava naquele quase fim de tarde. Teddy tinha a mochila pendurada em apenas um dos outros o tempo todo e os dedos entrelaçados aos dela e quando estavam ali, ela se sentiu bem, naqueles pequenos momentos que tudo que você consegue sentir é paz e ela queria que o tempo parasse bem ali, com o sol batendo nos cabelos de Teddy e o sorriso que ela sabia que estava estampado no próprio rosto.

Havia uma escada que levava ao topo da torre, parecia um dos inúmeros cenários de filmes que Vic estava acostumada a ver ou até mesmo, a torre da Rapunzel. Diferente de boa parte de toda a propriedade, aquela torre permanecia intacta e se Teddy não segurasse sua mão afirmando que era seguro, dificilmente ela um dia arriscaria subir até ali de tão antigo que o local parecia. O caminho era grande e enquanto subiam, Victoire se remexia para arranjar algum assunto.

— Quer falar algo? - Teddy questionou de repente, surpreendendo Vic.

— Como assim?

— Você tá com a testa enrugada e coçando o braço, sempre faz isso quando quer falar algo.

— E você sabe disso como?

— Porque eu te conheço Vic, presto atenção em você. - então a loira pensou, em todas as várias vezes que passaram juntos desde que começaram esse acordo, nas vezes que viu filmes no sofá dele, o beijou no carro, quando só se deitaram lado a lado olhando o nada e falando sobre tudo, como era verdadeiro estar com Teddy e como ele teve tempo para conhecê-la. — E o que quer falar?

— Eu não sei, só queria conversar. Essa escada não é bem pequena.

— Jogo das perguntas, eu faço uma e você outra, eu começo.

— Ok. - então ela sorriu.

— Top 3 personagens favoritos de filmes?

— Acho que Mulan, Ariel e Tiana, mas não necessariamente nessa ordem.

— Mas você só falou personagens de desenhos.

— Você não especificou nada. Mas acho que posso falar Kat Stratford de 10 coisas que eu odeio em você.

— Nunca vi esse filme.

— Edward Remus Lupin, nós precisamos ver esse filme. - o tom autoritário e de revolta de Vic fez com que Teddy gargalhasse. — Estou falando sério.

— Nós podemos ver na próxima vez.

— Com certeza vamos.

— Sua vez de me perguntar algo.

— Eu não sei o que perguntar. Sei lá, me fala algo que eu com certeza ainda não sei sobre você, mas que é apenas porque eu nunca perguntei.

— Você podia me pedir um segredo e me pediu algo que não sabe apenas porque não perguntou. - ele ergueu uma das sobrancelhas.

— Não vou te pedir para que me conte um segredo, se confiar em mim, contará um alguma hora.

— Eu sei falar 4 idiomas, bom, mais ou menos. - ele disse simples estranhamente interessado com a fala dela.

— Como assim?

— Sei inglês, obviamente, aprendi um pouco de francês com a sua mãe na infância e depois, sei lá, gostei e decidi aprender, fiz aulas de espanhol na escola, mas com certeza não sou fluente e a última é uma história engraçada.

— Teddy, histórias engraçadas não terminam com você aprendendo um quarto idioma.

— Essa acaba. Minha mãe gostava de me contar histórias quando criança e as minhas favoritas vinham da minha avó contando sobre o passado dos Tonks, meu pai dizia que eu brincava de ser um soldado escocês e um dia ele falou que eu devia aprender o idioma deles então.

— E você fez?

— Não exatamente, eu tentei um livro da biblioteca da escola, mas não entendi nada. Comecei a estudar de novo no último ano da escola, eu não entrei direto na faculdade, quis fazer algo pelo menos, então aprendi gaélico escocês.

— Isso é incrível.

— Um pouco, é o idioma que eu mais gostei de aprender.

— Fala alguma coisa.

— Rudeigin.

— O que significa?

— Literalmente, "alguma coisa".

— Engraçadinho. - Vic tentou manter uma pose séria, mas acabou por rir.

— Certo, então que tal isso. - Teddy pensou um pouco assimilando todas as palavras para que falasse com exatidão. — "Tha thu mar a 'ghrian a tha a' deàrrsadh gach madainn, soilleir agus làn beatha"

— A pronúncia é linda, mas o que significa?

— Se eu falar, perde a graça.

— Você tá me xingando em gaélico escocês?

— Não, mas se um dia eu te contar, vai ser porque era pra ser.

— Vou cobrar isso.

— Fique a vontade. Aliás, chegamos. - Teddy anunciou, o que fez Vic notar que faltava menos de uma dúzia de degraus para o topo da escada.

A vista dali era de tirar o fôlego. Era possível ver vários quilômetros de mata verde antes de achar o topo de uma igreja, que ficava no centro da cidade. O local era um tipo de quarto vazio, tinha um velho armário empoeirado e pinturas por algumas paredes, era possível ver alguns locais que algumas pinturas haviam sido cobertas por tinta, então dava a impressão de alguém decidia que não mereciam estar ali, mas também haviam outras como um pequeno céu estrelado e uma roseira. Mais uma vez, Victoire se perguntou se Teddy era o responsável por isso.

Ao fundo havia uma varanda com uma mureta de pedras um tanto destruída, e foi para ali que o Lupin se dirigiu até a varanda, o sol estava começando a se pôr no horizonte, ele se sentou perto da beirada, mas não se encostando na mureta, encarando o buraco que algumas pedras faltando criava dando uma pequena vista do horizonte.

— Senta, a vista é mais bonita de perto.

— Obrigada por isso, por me mostrar esse lugar.

— É sempre um prazer. - Vic se sentou ao lado dele, apoiando a cabeça no ombro de Teddy.

— Esses são os momentos que eu queria que durassem para sempre, aqui é lindo, estar com você é incrível, eu só queria que a gente congelasse e nunca tivéssemos que sair desse momento.

— Vic...

Mas a fala de Teddy foi interrompida por Vic, tirando a cabeça do ombro dele, a loira ergueu as mãos em direção as bochechas dele, então o puxando mais para perto, para um beijo. Um beijo suave com o gosto de promessas, de que mesmo quando aquele instante acabasse, eles não iriam esquecer, poderiam para sempre visitá-lo nos campos da memória e seria algo belo. As mãos do Lupin desceram pela lateral do corpo da Weasley parando em sua cintura e puxando um pouco mais para si, então ela levantou um pouco o corpo para se sentar no colo de Edward, ainda não quebrando o contato deles. Logo os beijos de Teddy desceram até o pescoço e ombro de Vic, enquanto ela rodeava o pescoço dele com seus braços.

— O que exatamente estamos fazendo? - ele perguntou, depositando um beijo perto da orelha dela que a fez suspirar.

Já haviam chegado a momentos como aquele, mas algo estava diferente, Vic tinha os cabelos de Teddy entre os dedos e mordia o lábio inferior enquanto o encarava.

— Eu ainda não sei, mas gostaria de saber.

— Vic...

— Podemos voltar para sua casa e eu falo com a minha mãe, só não quero ter que parar de beijar você logo porque está chegando perto da minha hora de voltar para casa.

— Victoire...

— Fale algo que não é meu nome.

— Eu tenho uma citação para você.

— É?

— Uhum, é "Eu tenho te observado por algum tempo, não consigo parar de olhar naqueles olhos de oceano".

— Isso não é uma citação, é ocean eyes da Billie Eilish, todo mundo conhece.

— Eu estou citando alguém, não é? É uma citação. - Vic sorriu, recebendo em seguida um beijo em seus lábios.

— E então? O que você me diz sobre eu ir pro seu apartamento?

— Pensei que tinha respondido já, mas parece que você não vai aceitar minha resposta poética. - Vic fez que não com a cabeça sorrindo. — Eu sempre adoro quando me visita, jamais negaria te ter no meu apartamento.

Então Victoire o beijou novamente, mais profundamente dessa vez, como se o ar que precisasse não estivesse na atmosfera, mas em Teddy Lupin.

Naquela noite, Edward abraçou apertado o corpo de Victoire, que vestia uma camiseta dele e dormia profundamente, então ele tocou em uma mecha do longo cabelo loiro dela e soube que, pela primeira vez, não precisaria deixá-la ir, não naquela noite. Por fim, ele sussurrou a resposta que havia negado a ela mais cedo, "você é como o sol que ilumina todas as manhãs, brilhante e repleta de vida".


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