Don't Go Breaking My Heart escrita por red hood


Capítulo 3
S: i've got your heart in my sights


Notas iniciais do capítulo

Olha, se vocês não encherem esse capítulo de comentário, vou puxar o pé de todo mundo de madrugada!!!!!!!

Obrigada por todo mundo que apareceu e até as notas finais, lá explico mais sobre eu e a confusão que envolve essa história ♥ Aurora (/u/353552/), #gratiluz pela recomendação!!!!! Fiquei muito emocionada ♥



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Sirius Black

 

Sirius estava completamente atordoado. 

Moony? 

Um gato? 

O seu vizinho? 

O seu vizinho é um gato e tem um gato chamado Moony?

E, por fim, desde quando Dumbledore, o síndico, tem um pinscher?

Mais um pensamento e a cabeça dele explodiria com tanta informação. 

Antes de presenciar esse cenário caótico, Sirius havia saído mais cedo de sua loja, pois a sua cabeça latejava de dor. Não aguentava mais ouvir um acorde desafinado dos instrumentos da loja. Então acabou deixando Peter sozinho lá, atendendo uma senhora no balcão. 

Durante o caminho de volta para o seu prédio, resolveu mandar despretensiosas mensagens chamando o seu vizinho para jantar, porquanto suspeitava que a sua enxaqueca estava relacionada com os seus péssimos hábitos alimentares e apreciaria uma companhia para resolver aquele problema. 

Aquela seria a desculpa perfeita para finalmente ver quem era o seu DJ de coração partido. 

Era estranho como Sirius já gostava dele com tão pouco. Gostava de trocar mensagens com o homem e perceber como ele reagia aos flertes. Gostava também das playlists, das músicas que andavam trocando. Amava o fato de Remus ouvir tudo que ele recomendava e recentemente parecia estar passando por um momento de obsessão por Rolling Stones, quase que diariamente colocando (I Can't Get No) Satisfaction. A música reverberava até o quarto de Sirius, que levantava de sua cama com um sorriso nos lábios, enquanto imaginava o vizinho dançando como Mick Jagger. 

Contudo, por mais que se divertisse com o mistério, as mensagens e as músicas trocadas, parte dele estava morrendo por dentro. 

Morrendo de curiosidade.

Não era novidade para ninguém que Sirius Black era uma pessoa muito curiosa.

Se alguém perguntasse uma definição sincera de Sirius, Marlene, a sua melhor amiga, com certeza diria que ele era um fofoqueiro de ego sensível e ele obviamente negaria.

O homem estava sempre atento a tudo e a todos à sua volta. Conhecida todos os regulares do Três Vassouras, o nome dos clientes frequentes e os moradores de seu prédio. Todos os três porteiros que revezavam durante a semana eram praticamente os seus amigos. Até o velho e rabugento Filch, que passeava todas as manhãs com um roupão e o seu gato na coleira, trocava algumas palavras com Sirius.

Entretanto, por alguma ironia do destino, ele era incapaz de conhecer pessoalmente logo o seu vizinho da esquerda.

A esse ponto suspeitava que ele era um fantasma, ou alucinação. Talvez consequência de experimentos imprudentes de sua juventude. 

E, para completar, Sirius havia sido deixado em um vergonhoso vácuo após propor o encontro deles. Com certeza era um caso de catfish, ou o homem estava ilegal ali.

Tinha que ter algum problema. 

Mas o destino sempre movia os seus pauzinhos e ali estava ele, de frente com o, até então, desconhecido.

— Se o nome dela é Moony, você se chama como? — Sirius perguntou, ainda muito perdido com tudo aquilo.

— Lupin — o homem respondeu com um pequeno sorriso. — Quer dizer, Remus, Lupin é o meu sobrenome. Então, meu nome é Remus Lupin.

Sirius abriu a boca para tentar responder a Remus, porém, o caos se instaurou mais uma vez no andar. Dumbledore, que normalmente era a serenidade em pessoa, assumiu um semblante de desespero quando o seu cachorro voltou a latir, assustando Moony. A gatinha se desesperou no colo de Sirius a ponto de arranhá-lo no braço antes de fugir de volta para o apartamento, deixando todos boquiabertos.

O síndico se apressou para conter o próprio animal e sair dali, enquanto balbuciava algo sobre instaurar uma regra anti felinos.

Sirius demorou para se dar conta do que havia acabado de acontecer. Em menos de meia hora havia tido mais informações do que durante todo aquele mês. A sua confusão mental era tanta que nem sentiu nada ao receber um arranhão da gata, dando conta do seu estado apenas quando Remus arregalou os olhos, apavorado, e começou a se desculpar em um ato de puro desespero. 

Foi então que ele olhou para o próprio braço e viu o feixe de sangue fresco escorrendo e atingindo o piso. A ardência do machucado começou a pulsar, fazendo com que ele esboçasse uma careta.

Remus logo insistiu em ajudá-lo com o ferimento, alegando, infelizmente, estar acostumado com esse tipo de coisa, revelando as cicatrizes nos próprios braços. Sirius, que jamais recusaria uma oportunidade de ser cuidado, mimado e alimentado, concordou com facilidade e seguiu o outro homem apartamento adentro. 

O local não era muito diferente da sua própria casa, talvez apenas mais vazio. Sirius olhou o lugar com cuidado, procurando uma resposta, logo vocalizando a pergunta que rondava a sua mente:

— De onde eu te conheço? 

— Hogwarts? Durante todo o ensino fundamental? — Remus perguntou retoricamente.

Sirius arregalou os olhos, sendo tomado por todas as lembranças de sua infância e adolescência. Subitamente ficou envergonhado, como ele poderia ter esquecido dele? 

Moony.

Aluado.

Flashbacks vieram em sua mente, protagonizados por um pequeno Remus, disperso e muito quieto, eventualmente lanchando com ele e James durante os intervalos. Lembrou-se muito pouco, as suas memórias pareciam bloqueadas, mas podia sentir o cheiro do antigo colégio, a sensação de correr com os amigos para o recreio, cair e quebrar o seu dente.

Sirius o olhou com atenção pensando no Remus que ele conviveu quando criança e no homem que estava ali na sua frente. Era uma sensação estranha reencontrar alguém depois de muito tempo, ainda mais na circunstância inusitada que eles se encontraram. 

Sirius sabia a playlist do banho e da faxina do vizinho de trás para frente e, subitamente, recordava-se dele gostar de chocolates. Não sabia nada além do básico, será que ele gostava do trabalho? Quando eles pararam de estudar juntos? Por que ele se mudou da antiga casa? Alguém realmente partiu o coração dele? 

E o pior de tudo, se na infância eles apenas tiveram uma breve relação de amizade sem muita proximidade, agora Sirius com certeza olhava o homem com outros olhos.

Ele estava envergonhado de não lembrar dele e com raiva se si mesmo por não ter batido na porta do outro homem assim que soubera que tinha um vizinho novo. 

— Não precisa ficar com vergonha de não lembrar — o vizinho assegurou, obviamente havia lido a expressão de Sirius, o que só fez o homem corar ainda mais. — Lily, minha amiga sempre reclama de James, ele andava com você, certo? Só liguei as coisas. Além disso, Sirius Black não é um nome nada comum. 

— Nem Remus Lupin — Sirius respondeu. Na verdade, estava começando a pensar que nada entre eles poderia ser considerado comum, desde os nomes até a súbita vontade dele em saber mais sobre o outro homem. — Então você conhece a Lily… interessante, mundo pequeno, né?

— Menor do que eu gostaria — Remus riu. — Lily é uma das minhas melhores amigas e James, aparentemente, o pior pesadelo dela.

— Eles ainda vão se pegar um dia — Sirius afirmou confiante. — Ela gosta dele, só tem medo de assumir que gosta de um advogado cinéfilo. 

— Tenho certeza disso — Remus respondeu.

O silêncio entre eles era confortável, enquanto Remus desinfetava a ferida de Sirius e enfaixava em seguida. O Black se revezava entre olhar para o homem e analisar com cuidado a casa dele. Era notável que, além de amar música, o seu vizinho gostava muito de livros e aparentemente não teve muito tempo para desarrumar todas as caixas da mudança.

— Sirius — Remus murmurou, parecia nervoso ou envergonhado. — Você quer comer? Eu pedi comida chinesa para mim, e... 

— Você tá me convidando para jantar? — Sirius o interrompeu, certificando-se que havia ouvido bem. 

Aquele estava sendo um dia surpreendentemente interessante

— É o mínimo que posso fazer depois disso tudo. 

— Você vai se desculpar também por ignorar as minhas mensagens? — ele não resistiu em provocar. — Aceito uma sobremesa ou cerveja para acompanhar a comida. 

Foi a vez de Remus corar intensamente. 

— Em minha defesa, eu estava no caminho de casa quando recebi e… 

— Tudo bem, vou fingir que fez isso porque queria ser aquele que teria a iniciativa — Sirius o interrompeu, terminando a sua frase com uma piscadinha, fazendo Remus revirar os olhos e romper o contato visual entre eles.

Assim que o curativo foi finalizado, sentaram-se lado a lado no sofá e conversaram sobre as coisas simples que não haviam discutido por mensagem. Remus revelou o tema do seu doutorado que envolvia histórias do Folclore Inglês, focando no surgimento dos mitos dos Lobisomens. Explicou também a constrangedora situação a respeito do seu término que havia acarretado na primeira interação dos dois com a sua playlist de fossa. Aparentemente, depois de morarem 2 anos juntos, a ex-namorada de Remus, Dorcas, passou a sair sozinha quase todas as noites durante um mês, até resolver terminar com ele. Não entrou em detalhes sobre se havia sido traído ou não, fator que interessava Sirius, apenas para entender as escolhas musicais do vizinho, nada mais.

Sirius parecia embriagado enquanto ouvia atentamente sobre ele, mas uma palavra ecoava em sua cabeça.

Namorada.

Ex-namorada.

Ele já esperava isso, porém, ainda se sentia estranho ao processar a informação. 

Sirius se confortou que pelo menos seriam bons amigos. A conversa deles seguiu e ele começou a contar detalhes sobre a sua loja e como tinha pretensão de passar a dar aulas de violão e bateria lá. Falou mais sobre a sua banda com James, Peter, como eles haviam se juntado e começado a cantar no Três Vassouras, lugar que Remus aparentemente conhecia por causa de Lily, mas nunca havia visitado.

— Por Deus, Remus, você precisa ir lá! — Sirius exclamou animado com a ideia de levá-lo ao seu lugar favorito da cidade. Talvez no mundo. 

— Não sei… — ele ponderou. — Tenho muita coisa para fazer esse mês com o doutorado, as aulas, essas malditas caixas. 

— Com as caixas eu posso te ajudar — Sirius sugeriu. — Além disso, todo mundo precisa de um dia de folga para se inspirar e recarregar as energias. 

Antes que Remus pudesse inventar mais uma desculpa, a comida chegou e ele foi receber o pedido, enquanto Sirius seguia as instruções sobre onde estavam os talheres para arrumar a mesa para os dois. 

Dividiram tudo em dois pratos, realmente tinha comida suficiente para mais de uma pessoa, mesmo assim Sirius se sentiu mal, talvez estivesse abusando da boa vontade do vizinho. Portanto, implorou para dividir a conta, ao passo que Remus negava e pedia desculpas pela milésima vez pelo acidente que a sua gata havia provocado. 

— Isso é o meu pedido de desculpas — Remus exclamou, enquanto segurava as mãos de Sirius, impedindo que ele oferecesse o cartão para o motoboy que estava na porta. 

— Okay, então! — Sirius desistiu de insistir. — Mas para ficarmos quites de verdade, você tem que ir no show da minha banda no sábado.

— Okay — Remus respondeu com uma rapidez e simplicidade, surpreendendo Sirius.

Então ele abriu um enorme sorriso, enquanto observava o vizinho corar mais uma vez naquela noite. Aparentemente estavam quase apostando quem tinha a capacidade de intimidar o outro com mais facilidade. Até agora Sirius estava ganhando, mas não sabia por quanto tempo ficaria assim.

O ar entre eles ficou mais pesado depois da proposta, como esperado. Mesmo assim, Sirius tentava preencher o espaço entre eles com leves conversas sobre as peculiaridades do prédio, enquanto o seu antigo novo amigo escutava com atenção. Remus tamborilava a perna ansiosamente, trocando leves sorrisos e poucas vezes cruzando o olhar com o de Sirius. 

Assim que terminaram de comer, Remus se desculpou mais uma vez e eles se despediram com um abraço desajeitado. Sirius sabia que o outro estava hesitante e nervoso com o contado, o que deixou o Black ainda mais interessado em voltar ali e entender mais sobre quem era Remus Lupin e como esse reencontro transformaria a vida dos dois. 

 

*

 

Os dias que seguiram ao desajeitado encontro dos dois foram torturantes.

Sirius só sabia pensar no show que aconteceria no sábado e que Remus estaria lá. Tinha muito tempo que não se sentia tão ansioso para algo. Era eletrizante pensar que alguém iria ali para vê-lo. Não que a banda deles não tivesse fãs e fiéis frequentadores dos shows no Três Vassouras, porém era diferente, Sirius não queria impressioná-los, já sabia que era capaz disso. Remus era o seu convidado. 

Estava disposto a conquistar pelo menos a amizade do vizinho a todo custo, o que significava uma determinação incomum para o Black. Tentava acessar em sua memória qualquer informação que ele tinha dos tempos de escola e da breve amizade que teve com Remus Lupin, para saber como agradá-lo. 

A verdade era que, para quem lembrava de muita coisa, desde rotinas alheias, ordem do cardápio do bar da Marlene e senhas dos cartões de James, Sirius lembrava pouco dos dias de escola. Talvez por ter que se recordar também do ambiente insalubre que era a casa da família Black, com todas as brigas diárias, o seu irmão mais novo indo e vindo de clínicas de reabilitação.

Sirius gostava de aprontar com os amigos e ser notado por toda escola, mas dentro de casa, estava sempre pisando em ovos, esperando a próxima gota d’água cair e a casa sucumbir em gritaria por causa de coisas que ele considerava idiotas. Os seus pais pareciam mais preocupados em conter escândalos na imprensa do que com a saúde do filho mais novo. 

Portanto, passava grande parte dos dias na casa de James e, quando sentia que estava sendo inconveniente, passava os dias vagando pelas ruas e se enfiando em qualquer lugar que envolvesse música. Mesmo que tivesse medo de incomodar os Potter, sabia que era sempre bem-vindo, ao contrário de sua própria casa. 

Lembrava bem de ficar deitado no chão do quarto de James, ouvindo a coleção de discos dos Beatles. Comer os bolinhos que a Senhora Potter fazia e sempre receber elogios sobre como o seu cabelo era bonito, coisa que nunca havia ouvido dos próprios pais.

Desbloquear tais memórias era doloroso e lhe causava incômodo, já que Sirius não remoía o passado com frequência. Havia deixado isso de lado junto da adolescência. Era grato pelo dinheiro que os seus pais deram a ele quando resolveu que não queria participar da companhia e seguir a sua vida sozinho. A sua escolha foi de ir embora e, com isso, abandonar as memórias tortuosas. Compensava mais em focar nas coisas que o faziam bem e nas pessoas que o queriam por perto.

E, se tinha uma coisa que fazia bem a ele, era estar entre amigos. Afinal, os seus amigos sempre foram a melhor parte dele.

Já era quinta-feira, ou seja, dia de karaokê no Três Vassouras e Sirius estava debruçado no balcão conversando com Marlene. Havia contado sobre o convite que tinha feito e sobre todo o incidente com a gata de Remus. 

— Então você está gostando de um professor — Marlene constatou com um sorriso maroto nos lábios. Ela nunca o daria paz.  — Mesmo depois de tanto tempo você ainda me surpreende, Black, anda querendo que ele te ensine que tipo de coisa?

Sirius ousava dizer que nunca havia ficado com tanta vergonha na vida até ouvir aquelas palavras enquanto a sua mente divagava para lugares inóspitos. Marlene vendo a cena, começou a gargalhar, quase deixando um copo escapulir de sua mão e atingir o chão. 

— Eu gosto de muitas pessoas Marlene — ele disse, tentando sutilmente mudar de assunto e negar a pergunta dela, como se não tivesse com as bochechas queimando de vergonha. — Você deveria saber disso.  

— Sei mais do que gostaria de admitir — ela riu e direcionou uma leve piscadinha para Sirius, que acabou rindo de volta. 

Não demorou muito para James e Lily chegarem também ao bar, ensopados pela chuva. Ele com um sorriso de canto a canto por ter encontrado a ruiva no caminho e ela com uma carranca, tirando o casaco molhado e logo pedindo uma bebida. 

Nenhum dos dois quis dar detalhes do fatídico acidente que eles se envolveram. Sirius também não perguntou, por mais que quisesse saber, parecia bem inconveniente fazer aquilo, até mesmo para ele. 

Então, naquela quinta cantou Faith do George Michael como se estivesse se convencendo em ter paciência e fé e, depois, uma sequência de músicas da Whitney Houston com Lily e James, numa tentativa de promover a paz entre os dois, que pareciam estar com uma tensão mais intensa que o normal.

No fim da noite, James não quis entrar em detalhes sobre o mau humor de Lily e largou Sirius para segui-la rua afora depois de Marlene ter proibido a ruiva de tomar mais um shot no bar.

Dizer que as coisas estavam estranhas parecia eufemismo naquele momento, mas Sirius apenas trocou um olhar confuso com Marlene, antes de se despedir e voltar para casa. 

 

***

 

O fato de não estar trocando muitas mensagens com Remus também não ajudava muito. O vizinho estava muito ocupado nos últimos dias devido ao fim de semestre no colégio em que ele trabalhava, portanto, demorava longas horas para responder. Eles também não se encontraram depois da noite do acidente. 

Sirius se pegava inventando cenários e conversas com Remus, enquanto tentava focar em afinar os instrumentos da loja. 

Mudou o setlist inúmeras vezes a ponto de irritar os outros integrantes da banda. 

Tem Rock de mais.

Não pode faltar Queen.

E se a gente colocasse uma música da Cher?

Peter, que já não tinha nem um pouco de paciência normalmente, estava a ponto de cancelar o show, anunciando isso através de áudios extremamente irritados no grupo deles. Nunca haviam brigado por isso, mas a indecisão de Sirius foi o bastante para perturbar até James, que desistiu de respondê-los no grupo de mensagens e ligou para o amigo. 

— O que deu em você, cara! —  James exclamou no telefone. 

— Eu não sei! — Sirius gritou de volta, obviamente mentindo. 

— O que quer que seja, espero que você resolva logo — respondeu com firmeza. — Não gosto de brigar com você ou qualquer coisa do tipo, mas não conseguindo entender de onde veio toda essa confusão, você normalmente nem liga muito para nada. 

— Só queria fazer algo diferente — Sirius respirou fundo, dando-se conta de como estava sendo patético. — A gente podia tentar tocar então só uma música nova, podia ser algo do ABBA. Você sabe que Lily ama. 

Mesmo não podendo ver James, ele sabia que o amigo estava com os olhos brilhando.

— É uma boa ideia, mas você sabe que ela não vai vir, ela nunca aparece aos sábados — o amigo suspirou.

O pobre James Potter havia se derretido por Lily Evans desde o primeiro dia que ela pisou no Três Vassouras, mas a ruiva de personalidade forte parecia longe de retribuir os sentimentos do homem. Sirius sentia pena dele e, dessa vez, tinha uma pequena ideia do que poderia ajudar os dois. 

— Pode ter certeza que ela vai. 

— E o que eu te devo por isso? — James respondeu rindo, ainda não colocando fé em Sirius. — Aprendeu a fazer mágica agora? 

— Eu sempre soube — ele respondeu entre gargalhadas.

Assim que James desligou, Sirius por puro impulso, foi bater na porta de Remus. A sua cabeça girava a mil com todas as ideias e tudo o que poderia fazer para executá-las. 

O lapso de coragem se foi e Sirius ficou sem graça quando a porta se abriu revelando Remus, que estava vestido com uma camisa surrada e uma calça xadrez flagelada. Eram quase 22 horas, portanto esperava-se encontrar o vizinho ou se arrumando para sair naquela sexta ou de pijamas. 

— Preciso de um favor seu — disse sem rodeios.

— Precisa de açúcar? Café? — ele checou o próprio relógio, constatando que talvez não fosse uma boa hora para tomar café, e completou: — Um chá?

— Não, só preciso que você leve Lily com você amanhã — disparou, depois se arrependendo. Poderia ter pedido para entrar antes ou cumprimentado Remus de maneira mais educada. 

Idiota.

Remus riu ao tirar os óculos do rosto e massagear as têmporas. Ele parecia cansado, fazendo a consciência de Sirius pesar em incomodá-lo durante uma sexta-feira à noite. 

Imbecil

— Você sabe que isso é mais difícil do que me convencer de sair de casa, certo?

— Sim, mas se já consegui uma parte do plano — Sirius respondeu, nervoso. — Você pode tentar pelo menos?

Remus fez que sim com a cabeça e prometeu falar com Lily pela manhã, alegando que ela provavelmente estaria ainda trabalhando a essa hora, pois gostava de pintar de noite e dificilmente o responderia. 

Sirius concordou e começou a detalhar a sua ideia de fazer com que ela fosse ao show, numa tentativa de promover uma interação decente entre os dois, já que muitas foram as brigas de James e Lily, no entanto, algo parecia diferente na última quinta, onde os dois chegaram esbaforidos e molhados pela chuva no bar. Porém, enquanto falava do seu plano, omitiu o nome da música que pretendiam tocar supostamente para ela e nem como havia pensado em Remus antes de cogitar envolver Lily naquela história.

Afinal, ainda queria muito agradar o vizinho. 

Refletir sobre tudo aquilo estava fazendo Sirius se sentir culpado e até egoísta, sentimentos que ele não experimentava com frequência, mas também não era capaz de parar enquanto não conseguia o que queria. E, naquele momento, ele não queria voltar para casa. 

— Ainda dá tempo de fingir que o chá daqui de casa acabou?

Remus riu e fez um gesto para que Sirius entrasse.


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Notas finais do capítulo

UM CHÁ PRA RELAXAAAAAAAAAR!

E ai? O que acharam? O que teremos no próximo capítulo? Qual música do ABBA vocês acham que eles vão cantar? E se o Remus por acaso aceitar ir para o karaokê das quintas-feiras, o que vocês acham que ele deve cantar?

Depois dessa bateria de perguntas, venho com uma bateria de respostas pessoais. Quando comecei essa história não tinha nem noção que minha vida fosse virar de cabeça pra baixo, eu iria operar fim de julho (pura estética, ta tudo bem kkk), meu pai ia sofrer um acidente, minha mãe descobriria uma traição e eles se divorciariam, tal qual uma novela da Globo muito turbulenta kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Isso aqui pode ser "só" fanfic, mas é um ambiente que conheci tanta gente incrível, me ajudou a crescer e processar meus sentimentos através da vida dos personagens, então por respeito, admiração e carinho por todo mundo que conheci aqui e acompanha essa fic, acho que devia algumas explicações, já que diante desse cenário, eu fiquei uns bons meses sem escrever ou se quer pensar em uma história de amor. Só pensava que estando como eu estava não iria conseguir trazer um final ideal para a minha história favorita.

Enfim, obrigada a todos que me mandaram mensagem, que torceram pela história que finalmente terá um fim digno!!!! ♥ Dessa vez a continuação não vai demorar um ano para ser lançada, okay?

Até!!!! ♥



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