Star Ocean: O Mar Onde Encontrei o Amor escrita por Mesprit


Capítulo 22
Redemoinho




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O barulho do que pareciam ser patas andando no chão começou lentamente a tirar o rapaz do seu estado de sono profundo, junto da luz do sol que aos poucos começava a penetrar as frestas das janelas e repousava calorosamente no rosto do mesmo. Um barulho de patas saindo do chão e logo ele começou a sentir um peso extra em cima do seu corpo, que andou por cima de si e logo estava com o focinho molhado cheirando e cutucando seu rosto, fazendo-o despertar completamente com as cócegas que estava recebendo.

— Bom dia Maru… — Eduardo se sentou na cama lentamente, enquanto bocejava e massageava os cabelos roxos com uma mão. Logo em seguida segurou o pequeno cachorro e começou a fazer carinho nele, que estava feliz em ver alguém acordado.

Sentiu a cabeça latejar e então botou a mão na testa, se tocando finalmente de algo importante. Se Maru estava ali, então ele não estava na sua casa. Olhou para o lado e deparou-se com um Jangjun que ainda estava dormindo, com os feixes de sol iluminando seu rosto como também seu corpo desprovido de roupas, que fez o rosto do brasileiro corar com o colírio para os olhos que era essa visão celestial.

Sua cabeça latejou e então aos poucos foi se lembrando de tudo que havia acontecido na noite passada: a festa, situação complicada com aquelas garotas, o beijo de Jangjun, eles indo para casa juntos e então…

— Ai meu deus!

Gritou e se levantou da cama rapidamente, puxando as cobertas junto de si. Acordando no susto, Jangjun acaba rolando e caindo da cama para o outro lado, gritando de dor com o impacto. Maru pula da cama segundos antes da desgraça acontecer e sai intacto e feliz.

— Aiii, o que foi isso? — Jangjun se levanta devagar, se recuperando do tombo e massageando a cabeça que bateu no chão. Foi acordado totalmente desprevenido.

— Desculpa, quando eu lembrei do que aconteceu ontem de noite me assustei. — sentou-se de volta na cama, de costas pois estava com vergonha de encarar o coreano depois do mico, além de que olhar para um homem gostoso só de cueca não era fácil.

O jogador de basquete ficou com um semblante mais sério, meio chateado também, se ajoelhou na cama e foi de encontro ao outro, abraçando-o por trás e escorando seu queixo no ombro do menor. Inspirou e pôde sentir o seu cheiro vindo da pele de Duda, significando que eles realmente haviam passado a noite inteira juntos. Para ele, essa noite havia sido um sonho realizado, um desejo que tinha há muito tempo. Mas, para o outro, esse ato trazia muitas outras questões que iam além do desejo e se tornavam problemas bem sérios, e o rapaz compreendia isso, sabia que não podia criticar o brasileiro por estar confuso de seus atos.

— Você está arrependido? — o de cabelos platinados fez um bico triste, parecendo um cachorro molhado.

— Não sei… Foi maravilhoso mas eu não devia ter feito. Eu estou confuso e me sentindo horrível por ter gostado de ter feito isso — Eduardo passou as mãos pelos próprios braços, sendo depois seguradas pelas mãos de Jangjun que se encontraram no meio do caminho.

— Entendo… Eu não vou te criticar por estar confuso. E também sinto muito por você estar assim, no fim isso em parte é minha culpa.

— Você não tem culpa, sou eu que estou num relacionamento e traí alguém que não merecia isso — Duda responde, percebendo que nunca na sua vida imaginou que ele iria cometer um erro desses.

— Mas eu não fiz isso por acidente, foi de propósito, eu realmente queria fazer tudo que eu fiz — Jangjun pega o rosto do outro com a mão e o faz olhar bem nos seus olhos, deixando-o constrangido. — Duda, depois dessa noite eu tenho certeza de que eu te amo.

— Eu… não sei o que te responder.

Duda se desfaz dos braços do outro e se levanta, começando a recolher suas roupas e pertences pelo chão e as vestindo. O coreano pelo contrário continua sentado na cama, escorando os braços em suas coxas e olhando para o outro refletindo.

— Não tem problema você não saber o que quer ainda, acho que você tem muitas coisas na cabeça agora e muitos problemas para resolver. Mas saiba que eu não vou desistir tão fácil agora que eu tenho clareza dos meus sentimentos.

O de cabelos roxos coloca uma mão no seu coração ao ouvir tal frase, sentindo-o bater em uma velocidade descomunal, além de perceber que seus olhos já estavam marejados. Não tinha coragem de olhar nos olhos de Jangjun no momento, não conseguia entender seus próprios sentimentos, um turbilhão de pensamentos tanto bons quanto ruins invadiam e deturpavam sua mente, e o pior era que tudo era culpa de sua própria irresponsabilidade. Não sabia se tinha o que era necessário para lidar com essa situação. Portanto, fez o que lhe era possível no momento e, sem olhar para trás e nem se despedir, andou até a porta e saiu do apartamento do mais velho.

*****

Andava quase que se arrastando pelas ruas enquanto sentia o forte sol esquentando sua nuca. Odiava o calor, ainda mais quando estava com uma leve ressaca física e uma gigantesca ressaca moral pesando na sua cabeça. Queria mesmo era se esconder na sua casa e fingir que nada de errado havia acontecido, talvez chamar Seungkwan e Joochan para desabafar e pedir ajuda, porém recebeu mensagem de Seokmin e foi chamado para almoçarem juntos, o que não podia recusar.

Deu graças a deus que Jangjun não havia lhe deixado nenhuma marca no corpo, especialmente nas partes visíveis. Apenas marcas emocionais mesmo, que iriam ficar martelando na sua mente por sabe-se lá quanto tempo. Estava se sentindo terrivelmente culpado, e precisaria ser dissimulado a um nível que nunca tinha feito para não estragar tudo antes de sequer ter começado de fato.

Ele sabia que o certo seria contar para o namorado, mas tinha muito medo da reação dele. Não julgaria se ele decidisse terminar consigo, mas Eduardo realmente gostava muito dele e não queria que a relação deles acabasse dessa forma, ainda mais antes de ter clareza dos seus sentimentos pelo jogador de basquete e ter a capacidade de ser sincero com os dois. O fato era que no momento ele não tinha condições de decidir nada, teria que deixar a vida lhe levar e rezar para ela não o carregar pro esgoto.

Avistou seu raio de sol, o único sol que gosta na sua vida, ao longe sentado mexendo no celular enquanto balançava os pés, sentado já na mesa do restaurante. Ele estava deslumbrante como sempre, mesmo sem maquiagem continuava a coisa mais linda que já viu na vida. Talvez bonito demais para namorar alguém como ele, como já havia escutado diversas vezes. Quem sabe agora Dokyeom era bom demais para ele não só na aparência física como no caráter, e esses pensamentos iriam perfurar seu coração por um longo tempo ainda.

Respirou fundo e criou coragem para chegar perto, segurava a alça de sua bolsa com força para tentar espantar o nervosismo para algum lugar. Seokmin levantou os olhos para o alto sentindo alguém se aproximar e abriu um belo sorriso ao ver seu querido chegando, acenando faceiro e se levantando para receber o namorado.

— Que saudade que eu estava de você! — Dokyeom abraçou forte o brasileiro que se sentiu nas nuvens nos braços fortes do seu namorado, ao mesmo tempo que se sentiu a pessoa mais suja do mundo por estar gostando disso. — Perdão mesmo não poder te acompanhar ontem, mas vejo pela sua cara de destruído e sem alma que você se divertiu!

O coreano riu bem alto e alegre, enquanto Duda riu baixo e nervoso acompanhando, se sentindo mal com todas as mentiras. Ele de fato se divertiu bastante, mas não da forma que deveria ter se divertido, e ele sabia que cada vez que lembrasse dessa noite seria mais uma faca cravando em suas costas e aumentando o peso da culpa na sua consciência.

Os dois se sentaram um de frente para o outro, e logo uma garçonete apareceu e lhes entregou cardápios, fizeram os pedidos sendo que Dokyeom pediu praticamente um banquete só para si, enquanto Eduardo pediu algo pequeno e leve, tanto pela falta de fome por conta da ressaca quanto por estar se sentindo mal pelo seu corpo. A funcionária se retirou e de imediato Seokmin pegou as mãos do namorado e entrelaçou os dedos com os seus.

— E então, como foi ontem? — perguntou abrindo um sorriso fofo logo em seguida.

— Foi divertido, tocou várias músicas boas, dancei bastante, mas acho que poderia ter bebido menos — respondeu rindo, enquanto se esforçava em ocultar certos detalhes. — O Joochan começou a se agarrar com o colega de equipe do Jangjun e…

O sorriso de Seokmin diminuiu na mesma hora que o nome do rival foi pronunciado, fazendo o garoto se perder na sua fala. Sentiu um frio percorrer sua espinha, não sabia se era pelo medo de ser descoberto, mas o rapaz estava conseguindo parecer bem assustador nesse momento.

— O Jangjun estava lá?

— Estava… Bom, foi ele quem nos convidou né. Estranho seria se ele não tivesse ido — o coração do brasileiro começou a ficar descompassado, deixando-o apreensivo com os rumos da conversa.

— E vocês ficaram juntos?

— Que? Não, não. Ele ficou perambulando pela festa a noite inteira. Eu fiquei mais na minha num canto, não gosto de ficar no meio da pista…

— Entendi… Que bom! — Dokyeom mudou totalmente de expressão e voltou para o seu sorriso super fofo e alegre de sempre, fazendo Eduardo suspirar internamente de alívio, ao mesmo tempo que achou essa mudança de expressão totalmente maluca e inesperada. Bem, seu namorado era maluco e inesperado, então talvez não devesse se surpreender tanto assim.

As refeições chegaram e encheram a mesa com diversos pratos e tigelas. Eduardo sempre achava legal como as comidas na Coréia eram postas na mesa de forma diferente do Brasil, que geralmente eram em um prato único. Ao sentir o cheiro da comida, se tocou que na verdade estava faminto e começou a comer imediatamente, seu namorado fazendo o mesmo, devia ter acordado inclusive bem mais cedo que o rapaz então estava a mais tempo com fome.

Continuaram comendo e conversando sobre outros assuntos, como a faculdade e o jantar que Seokmin teve com os pais no dia anterior. Aos poucos o humor de Eduardo foi melhorando graças a comida e a energia harmoniosa e encantadora que Dokyeom sempre transmitia. Logo já havia esquecido todas suas preocupações e estavam conversando normalmente, o que era bom mas no fundo fazia o brasileiro se sentir ainda pior como ser humano. Lee Seokmin era uma alma preciosa demais para ser enganado assim, mas no momento Duda não conseguia enxergar escolhas do que fazer.

Terminaram de comer, pagaram e saíram do estabelecimento, rumando em direção a um parque que havia nas redondezas, Seokmin novamente pegou a mão do parceiro e eles foram andando de mãos dadas. Isso deixou o rapaz muito constrangido mas ao mesmo tempo feliz. No Brasil não saberia se teria coragem de andar assim, mas aqui tudo parecia mais tranquilo nesse aspecto, as pessoas não estranhavam tanto ver dois homens de mãos dadas. Além disso, a mão grande e macia de Dokyeom acolhiam tão bem sua mão que ele nem conseguiria se importar com olhares negativos. Só queria sentir aqueles dedos longos segurando sua mão para sempre.

Ao menos era o que ele desejava e esperava que acontecesse. Já dentro da praça continuaram andando sem propósito, apenas para fazer algo enquanto continuavam a conversar. Não demorou muito e o brasileiro começou a sentir olhares em sua direção, não sabendo ao certo se era para si ou para seu namorado, talvez para os dois. Virando os olhos de relance conseguiu identificar um rapaz e uma garota, eles estudam na mesma universidade que eles, além de terem sido duas pessoas que havia visto falando coisas ruins sobre si e seu relacionamento com a estrela do teatro.

— Além de feio ele ainda é enorme, o dobro do tamanho do Dokyeom. Devia voltar para seu país de uma vez e parar de sujar as ruas com a sua presença.

 A frase que veio do rapaz não foi nem um pouco baixa, claramente tinha a intenção de que o casal ouvisse. Eduardo congelou, já estava com tantas coisas rodando na sua cabeça naquele momento, não estava em condições de lidar com esse tipo de situação no momento. Seus olhos já começaram a marejar, e Seokmin conseguiu sentir as mãos dele tremendo tanto que a sua balançava junto.

Lee Seokmin geralmente era extremamente calmo e feliz, dificilmente ficava irritado e não gostava de resolver as coisas com brigas e discussões, achava que um diálogo normalmente resolvia tudo. Porém no decorrer da semana começou a entender que ódios dessa forma não podiam ser resolvidos de forma pacífica. Doía muito no seu coração ver a pessoa que amava sendo ferida dessa forma mas também não tinha muita ideia do que poderia fazer, só sabia que nesse momento estava muito irritado.

— Peça agora mesmo desculpas para o meu namorado! — o coreano olhou para a dupla com os olhos pegando fogo, a voz firme e grossa em um tom imperativo fez com que o rapaz que havia proferido os insultos ficasse arrepiado.

— Por que eu precisaria me desculpar por ter falado a verdade? — o garoto se endireitou e levantou o queixo. A garota do seu lado que antes estava rindo agora estava quietinha e constrangida. — Seokmin, você é tão bonito e popular, merecia namorar alguém melhor do que esse estrangeiro feio e gordo. Alguém como eu que sou lindo e muito popular também!

— Não sabia que cobras estavam tão populares hoje em dia — Dokyeom debochou sem mudar o tom de voz ou o olhar sério, mostrando que não estava para brincadeira. — Devia voltar para o mato, que é onde bichos desprovidos de inteligência vivem, só sabendo machucar os outros. Eu nunca namoraria alguém frio e sem coração como você.

A dupla ficou boquiaberta e sem reação após a resposta do ator, ficando apenas imóveis no mesmo local. Voltou e pegou a mão do namorado novamente, o levando para longe dali, ainda extremamente irritado. Os dois chegaram em um local mais calmo, sem ninguém ao redor, cheio de árvores e com um pequeno lago com uma água cristalina, alguns peixes pequenos nadavam lá.

— Desculpe, não queria que você passasse por esse tipo de situação aqui. Era para ser um passeio feliz — Dokyeom se desculpava com um semblante triste, Eduardo ainda estava sem expressão, já não conseguia mais demonstrar tristeza com essas situações.

— Tudo bem, não foi sua culpa. Obrigado por me defender, significa muito pra mim — respondeu tentando dar um sorriso amarelado.

— Tranquilo, prometo que vou prestar mais atenção nos locais que te levo para passear, não vou deixar mais ninguém falar nada para você. Vou sentir o cheiro de pessoas podres beeeeem de longe, eu tenho um nariz grande justamente para isso — fez uma piada abrindo um sorrisinho e colocando o dedo no próprio nariz, conseguindo fazer o namorado rir com a piada inesperada.

Seokmin abriu um sorriso que tranquilizou o coração de Eduardo dissipando todos os medos e inseguranças. Nesse momento, Eduardo tinha certeza de que realmente amava-o, e não queria de forma alguma perdê-lo. Não sabia como iria consertar seus erros, mas queria dar tudo de si para ser alguém que merecia o amor dele, alguém que poderia retribuir todo o amor, carinho e força que recebia do seu parceiro. Dokyeom pegou o rosto de Duda pelos dois lados, massageando suas bochechas com seus dedos, e então selando seus lábios em um beijo apaixonado que afastou todos os pensamentos e problemas do mundo.

Realmente, Lee Seokmin era o homem da sua vida.


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