Natasha - Minha História escrita por blindrepata


Capítulo 1
Capítulo 1




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— Luca! Vem com a vovó! Preparei seu lanche. – O garoto de quatro anos brincava com seu lego no chão da sala e havia sinais da sua presença por toda a casa.

O neto mais velho de Tasha. O garotinho era esperto e inteligente. Era uma mistura perfeita de seus pais, a pele clara como a da mãe, os olhos castanhos como os do pai, seu sorriso se confundia entre mãe e pai. Os cabelos negros cacheados misturavam o dos pais. O garotinho possuía o gênio forte e sabia muito bem o que queria, isso lembrava Tasha seu filho Miguel quando criança, herança de Tasha com certeza.

Vê-lo se levantar sorrindo e vindo na direção dela a fez pensar em Reade no dia que eles se conheceram. Fazia mais de trinta anos...

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Maio de 2011. Numa manhã chuvosa, a garota tomou o metrô em direção ao prédio do FBI. Natasha não tinha certeza se os jeans, a blusa de malha de manga longa, o casaco de couro e os coturnos de salto foram uma boa escolha. Ela estava em Quântico há alguns meses e antes havia trabalhado por cinco anos na Polícia de NY, o que a ajudou a crescer como pessoa e como profissional. Os motivos para se afastar do NYPD variavam de pessoais a profissionais. Alguns acontecimentos dolorosos em seu tempo na polícia a levaram a atitudes muito sérias das quais ela ainda tentava se recuperar.

Lá estava Natasha subindo os elevadores em direção ao que poderia ser seu novo trabalho. Será que seria esse o caminho que ela faria por um longo tempo a partir de agora? Bom, melhor esperar passar no teste antes de tirar conclusões.

Ela juntamente com vários recrutas de Quântico foram apresentados à Mayfair e Fisher que seriam os que fariam suas avaliações.

— Bem-vindos ao escritório de Nova York, ao Departamento Federal de Investigação. – Falou Fisher chamando a atenção de todos. – O curso que escolheram não será fácil e a essa altura do próximo ano aproximadamente metade de vocês já terá desistido e ido para algo mais exigente. Agora escolham um local de trabalho e familiarizem-se com ele.

Tasha saiu à procura de uma mesa com computador e se assentou. Havia um copo de chá sobre a mesa que ela retirou.

— Você está no meu lugar. – Falou uma voz masculina atrás dela.

— Ah! E quem é você? – Tasha perguntou virando para trás.

— Eu sou Edgar Reade. – Falou o rapaz. – E quem é você?

— Natasha Zapata. – Ela respondeu e sentiu que ele poderia ser muito irritante e que a convivência dos dois poderia ser insuportável.

— É café? – Natasha perguntou vendo o copo ao lado dele.

— Não, chá. Que tem todos os benefícios do café, mas sem aquele sabor desagradável de queimado e sem os efeitos colaterais da agitação. – Reade explicou.

— Então agitação é um problema para você? – A garota o provocou. – Vou garantir que o Fisher saiba disso quando estiver dividindo os agentes.

— Você pode achar que isso é engraçado. Mas duas missões no Afeganistão e meu tempo no Quântico dizem que vou ficar bem. – Ele disse tentando ficar na vantagem. – E você? O que fazia antes disso?

— Polícia de Nova York, a melhor da minha delegacia. – Tasha disse com pouca humildade.

— Que bom para sua delegacia. – Ele zombou.

— Alguém me mate, por favor! – Natasha pediu.

— Então, como estamos nos adaptando? – Fisher falou por trás dos dois.

— Ouvi comentários de que poderia haver uma vaga na força-tarefa do Agente Especial Weller. – Natasha falou bem direta, pois queria ficar livre daquele rapaz irritante. – Queria saber o que preciso fazer para me candidatar à vaga.

— Vocês dois são farinha do mesmo saco. – Fisher respondeu. – Seu colega, Agente Reade me pediu a mesma coisa hoje mais cedo. – Os dois recém recrutados se olharam um pouco sem graça. – Vocês não são os únicos ambiciosos aqui, mas precisam ter paciência. Se vocês se acham mais que realmente são, especialmente você, Agente Reade. – O homem mais velho apontou para Reade. – Se quiser ser levado a sério por aqui, não deve se vestir como se fosse faxinar a garagem. – Reade estudou suas roupas simples e viu que Zapata lutava para conter o riso. – E vocês dois precisam aprender mais sobre respeito e humildade. Vou levar vocês ao lugar certo. Venham.

Fisher os levou em direção a uma sala.

— Bem-vindos à montanha de casos arquivados. – Ele mostrou várias pilhas de arquivos. – O trabalho de vocês é repassar todos esses arquivos para que sejam registrados em seus departamentos.

— Todos eles? – Reade perguntou desanimado.

— Bem-vindos ao escritório de Nova York!

Após examinar e separar vários casos eles já estavam cansados de mexer com aquilo.

— Realmente sinto que estou sendo útil. – Reade reclamou.

— Olha eu não sei você, mas eu preciso desse emprego. Então vamos continuar trabalhando. – Natasha falou remexer nos documentos.

— Espera. Eu estou achando esse caso aqui um pouco estranho. Fala de um corpo encontrado no Rio Hudson, mas falta parte do arquivo.

Eles resolveram investigar o caso e foram até o laboratório pedir ajuda. Foi o primeiro contato dos dois com Patterson, a loirinha nerd cientista. Com as informações coletadas pela loura eles localizaram uma mulher que poderia estar envolvida na fabricação de bombas feitas a partir de gases nocivos que no fim eram os mesmos encontrados no corpo achado no Hudson. Os dois resolveram chamar uma mulher citada no arquivo para uma conversa.

— O que vocês estão fazendo? – Fisher os surpreendeu na sala de interrogatórios conversando com a mulher. – Interrogar uma mulher que nem mesmo é uma suspeita não é aceitável aqui!

— Isso não é um interrogatório é apenas uma conversa. – Tasha tentou se explicar.

— A senhora está dispensada e lhe peço desculpas por essa situação. – Fisher a dispensou.

— E vocês dois vão ter que se explicar para a diretora assistente Mayfair.

Os dois jovens tentaram se explicar, mas foi em vão. Eles foram conversar com Mayfair que decidiu lhes dar uma segunda chance. Tasha e Reade voltaram para verificar os relatórios dos casos e Reade parecia um tanto desanimado.

— Acho melhor eu desistir mesmo. – Ele falou um tanto triste. – Não sei onde eu estava com minha cabeça pensando que o FBI era uma boa ideia.

— Ei! Escute aqui! – Natasha o alertou. – Você não vai desistir assim!

— Talvez seja mais sensato eu voltar para perto da minha família.

— Reade. – Natasha colocou sua mão sobre a dele e falou na tentativa de convencê-lo. – Eu não vou permitir que você desista!

— Então é isso? – Reade olhou pra ela. – Você vai ditar as ordens aqui?

— Vou! E não permitirei que você desista no seu primeiro dia.

— Tudo bem. Eu fico!

Natasha ficou feliz que ele resolveu se dar uma chance. Ela sabia o que Fisher estava fazendo. Muitos instrutores e supervisores faziam isso para testar os recrutas e ver até onde conseguem chegar.

— Olha Tasha, o caso da bomba não me sai da cabeça.

— Nem da minha. – Tasha ficou empolgada em saber que assim como ela ele também queria continuar a investigação.

— Vamos tentar resolver isso. – Reade falou.

Os dois passaram boa parte da tarde investigando o caso. Com a ajuda de algumas pessoas descobriram o local onde as bombas estariam armazenadas. Resolveram falar com o agente Weller.

— Se o que vocês dois estão me dizendo faz mesmo sentido vou colocar alguns agentes nisso. – O Agente Weller falou.

— Nos deixe ir também. – Natasha pediu.

— É. Nós trabalhamos nisso o dia todo. – Reade confirmou.

— Olha. A equipe Bravo está precisando de um agente. Acho que poderia ser um de vocês dois. – Weller propôs.

— Leve Zapata! Ela trabalhou firme nessa investigação. – Natasha não entendia por que Reade a estaria indicando sendo que ele também queria isso.

— Não. Leve Reade. Tenho certeza que ele tem potencial e tem muito a oferecer. – Natasha não queria que ele desistisse do FBI e decidiu dar um empurrãozinho.

— Tudo bem. Levo vocês dois. – Weller falou. – Vamos!

Ambos ficaram muito felizes em serem aceitos na equipe de Kurt Weller e se prepararam para ir à campo.

— Claro que ficaríamos com a porta dos fundos. – Natasha reclamou enquanto os dois esperavam do lado de fora do armazém.

— No meu tempo no Afeganistão eu geralmente era o primeiro a passar pela porta, então...

— Podemos parar com isso? – A morena pediu.

— Parar com o que? – Reade se fez de desentendido.

— Você fica mencionando seu passado como militar porque se sente ameaçado pelo meu tempo na polícia. – Ela explicou. – Eu entendo que a maioria dos caras se sentem ameaçados por isso. Quase tão ruim quanto meu namorado.

— Sério? Qual o problema dele? – Reade quis saber.

— Ele só quer que eu arrume um trabalho mais seguro e ele não ficaria feliz com isso no meu primeiro dia.

— Talvez ele não seja o cara certo pra você.

Natasha ouviu aquelas palavras e refletiu sobre isso por um momento. Até que os dois ouviram um tiroteio dentro do armazém e foram chamados para ajudar a conter os bandidos. No fim das contas Tasha atirou em um cara que apontava a arma para Reade lhe salvando a pele. O sorriso cúmplice que trocaram parecia apenas o início de uma longa parceria.

Cada um foi embora pra sua casa ambos cheios de planos para sua vida profissional.

No dia seguinte eles se encontraram no elevador e Edgar Reade vestia um terno e carregava uma maleta de couro.

— Uau! Você realmente levou a sério o conselho de moda de Fisher! – Tasha brincou.

— Acha que estou exagerando um pouco? – O rapaz quis saber.

— De jeito nenhum.

— Não vou me desculpar por estar bonito. – Reade justificou. – Então, mais um dia de trabalho. Acha que vai superar ontem?

— Sim, estou disposta a tentar.

— Como seu namorado reagiu sobre você ter ido a campo ontem? – A verdade é que o rapaz estava um pouco curioso sobre isso.

— Aquele cara não é mais meu namorado. – Reade ficou um pouco impressionado. – Acho que cansei de relacionamentos. Eles tendem a não concordar com o que fazemos.

— Nem me fale. – Edgar Reade sabia bem como ela se sentia.

— Então, eu estava pensando em ir ao bar no fim da rua hoje depois do trabalho. Assistir ao jogo, beber uma ou duas cervejas. Vamos? – Ela o chamou.

— Jogo? Cerveja? Estou dentro. – Ele concordou sorrindo.

Os dois saíram do elevador e ele a chamou.

— Ei, Zapata! Obrigada por me salvar ontem. – Ele agradeceu. – Te devo uma!

— Quer saber! Você me deve uma cerveja. – A garota lhe deu um pequeno murro no braço e os dois foram sorrindo para os postos de trabalho.

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Aquele dia marcou sua vida. Natasha não esperava que dali sairia uma linda amizade onde ambos salvariam a vida um do outro por tantas vezes que mal era possível contar. Hoje olhando para aquele dia ela só tinha a agradecer por ter convivido com essa pessoa maravilhosa que fez parte de momentos tão especiais em sua vida. E ali, olhando seu neto brincar ela fazia uma pequena prece em agradecimento por ter tido a oportunidade de conhecer e conviver com aquele ser humano maravilhoso.


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Notas finais do capítulo

Espero que essa história envolva vocês e que tenham paciência de acompanhar comigo mais essa aventura ;)



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