Introduce Me a Good Person escrita por violet hood


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

OLÁ!
Espero que gostem dessa fanfic, escrevi com muito carinho ♥
Quero agradecer Luísa por betar, e Clara e Camila por ajudarem no meus surtos de última hora! E por fim, todo mundo que participou e apoiou esse projeto ♥
Essa é a primeira wolfstar do pride e espero não decepcionar ninguém!



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I

If there is a nice person, please introduce him to me

 

Remus Lupin amava ser professor, desde sempre ouvia que tinha um dom natural para cuidar de crianças, e talvez tenha sido isso — e a paixão por ensinar — que o fez seguir a carreiras de professor de matemática para a quinta e sexta série. Remus achava fácil lidar com seus alunos, às vezes eles mostravam interesse na vida pessoal dele, mas era só ameaçar de dar uma prova surpresa que o assunto logo morria. Ele amava crianças.

O que Remus não conseguia lidar bem era com os funcionários da escola. Esses sim, não tinham jeito. E não importava o quanto ele tentasse fugir, a conversa sobre sua vida pessoal sempre retornava.

— Não entendo por que o professor Lupin está solteiro — comentou Madame Pince, a bibliotecária, na sala dos professores. Como se Remus não estivesse sentado duas mesas de distância planejando suas aulas.

— Um homem educado, charmoso e atencioso como ele já deveria estar casado a essa hora — disse Mcgonagall, a professora de física.

O professor de história, Binns, concordou. Ele era um senhor tão velho, que Remus temia que fosse bater as botas no meio de uma de suas aulas.

— Minha neta se casou com um preguiçoso que fica o dia inteiro jogando joguinhos de computador, nem mesmo trabalha! — reclamou. — Se eu ao menos eu tivesse apresentado o professor Lupin para ela...

A professora Sprout de biologia bufou.

— Eu tentei mostrar fotos da minha filha mais nova para ele — começou fazendo gestos exagerados com as mãos enquanto falava. — Mas ele nem se quer quis olhar!

Rolanda Hooch, professora de educação física, sussurrou, ou tentou sussurrar, porque Remus conseguia a ouvir perfeitamente bem:

— Talvez ele seja.... gay.

Todos os professores arregalaram os olhos como se ela tivesse comentado algo absurdo, e comentaram vários “não é possível”, “ele nem fala como um gay!”, “sim, gays usam maquiagem, o professor Lupin não usa maquiagem!”.

Remus fechou os olhos e contou lentamente até três, inspirando e respirando. Faltava pouco para sua aula começar, em cinco minutos sairia daquela sala e depois poderia ir para casa fingir que seus colegas de trabalho não existiam.

Ouviu alguém puxar a cadeira do seu lado e se sentar nela.

— Eles são péssimos — comentou uma voz feminina.

Remus se virou e viu quando a professora de literatura, Lily Evans, sorriu para ele. Ela era, com toda certeza, a única funcionária daquela escola que ele realmente gostava. Eles tinham a mesma idade e haviam começado a trabalhar em Hogwarts no mesmo dia, há quatro anos atrás. Eram, também, os professores mais novos na escola, e talvez seja por isso que sempre se deram muito bem. Mas para a sorte de Lily, ela nunca sofreu com os comentários sobre ainda ser solteira, porque namorava a mesma pessoa desde o ensino médio. Porém, tinha que aguentar perguntas de quando o casamento iria acontecer, e o que o seu namorado, James Potter, estava fazendo da vida.

Três meses atrás, ela havia anunciado o noivado para a alegria de todo os funcionários, e o tão esperado casamento ocorreria em julho. Remus não sabia como Lily tinha conseguido manter um relacionamento desde o ensino médio, mas com seus 29 anos de idade, ele não tinha muitas experiências — ou muitas experiências boas — quando a questão era namoro.

— Já estou acostumado — disse mostrando um sorriso envergonhado.

— Mesmo assim — insistiu sentindo pena dele. — Ninguém deveria aguentar colegas de trabalhos tão intrometidos, nem mesmo os alunos são assim.

Os dois riram, os outros professores pareciam alheios a conversa dos deles, ainda discutiam o que classificava alguém como gay.

Lily ajeitou a cabelo ruivo que caia sobre os olhos e Remus pode ver a pedra verde do anel em seu dedo brilhar com a luz do sol que entrava pelas janelas. Por um momento sentiu inveja de Lily.

Não era que ele não queria se relacionar com alguém, mas desde que começou a trabalhar em Hogwarts, havia feito do trabalho a sua prioridade. Ele nem ao menos sabia mais o que era sair para um encontro. Seu último relacionamento fora com uma mulher chamada Emmeline Vance, que durou até um pouco antes de se mudar para Hogsmeade. No começo era perfeito, eles chegaram até a ficar noivos, mas as coisas começaram a desandar quando ela começou a querer controlar cada escolha na vida de Remus, até mesmo o que ele comia. E depois que ele recusou um trabalho de professor universitário em Cambridge, para ensinar as crianças de uma pequena escola no interior da Inglaterra, Emmeline ficou completamente doida. E Remus percebeu que era hora de por fim naquele relacionamento.

Suspirou, tentando deixar aquelas lembranças de lado e desviando o olhar do anel de Lily.

— Eles não estão errados — comentou forçando um sorriso. — Estou ficando velho.

— Você não está! — protestou Lily na mesma hora. — E se disser que está ficando velho, então também está me chamando de velha.

Remus riu com o comentário.

— Você sabe que não quis dizer isso — retrucou. — Só acho que talvez não deva focar todo o meu tempo no trabalho.

— O que faz em seu tempo livre? — perguntou ela curiosa.

Remus deu os ombros.

— Leio e planejo minhas aulas.

Lily arregalou os olhos, abismada.

— Você não sai? E os seus amigos?

— Eu não tive tempo para fazer amigos na cidade — contou, sentindo-se envergonhado.

— Mas você mora aqui há quatro anos.

Remus não tinha o que responder. Ele sabia que já deveria ter conhecido algumas pessoas. Quando chegou em Hogsmeade quatro anos atrás, pensou que se esforçaria em criar laços na pequena cidade depois que se ajustasse em seu trabalho e seu apartamento novo. Porém, em um piscar de olhos, quatro anos haviam se passado e talvez, a única amizade que tinha era Lily Evans. E ele nem sabia se ela o considerava um amigo, ou apenas um colega de trabalho. Os dois nunca tinham se visto fora de Hogwarts.

O sinal marcando o fim do intervalo tocou, e Remus agradeceu mentalmente por não ter tido que continuar aquela conversa que o estava deixando incrivelmente constrangido. Não queria admitir que não gostava do rumo que sua vida social havia tomado, e como ele tinha perdido o total controle dela, ou a vontade de controla-la.

Contudo, Lily não pareceu desistir. Ela reuniu seus materiais e se levantou da cadeira, mas antes de sair o encarou séria, como se tivesse algo muito importante para falar.

— Mais tarde a gente conversa — anunciou antes de deixar a sala dos professores.

*

Eram nove horas da noite em ponto, e Remus Lupin não sabia o que Lily Evans queria dizer com “mais tarde a gente conversa”. Depois de sua aula ele voltou para sala dos professores, mas Lily já havia ido embora, e os funcionários fofoqueiros disseram que ela ia experimentar vestidos de noiva.

Então o que ela queria dizer com mais tarde? Remus se sentou em seu sofá e olhou para o lado, encarando a porta de seu apartamento. Será que ela iria aparecer ali? Ou será que disse que iam conversar e esqueceu? Era o que era mais provável, os dois não conversavam fora do trabalho. Ela deve ter se esquecido, era isso, só podia ser isso.

O celular de Remus vibrou em cima da mesa de centro, notificando uma nova mensagem. Pegou o aparelho confuso, ninguém nunca mandava mensagens para ele aquela hora da noite. Nem mesmo seus pais, já que dormiam rigorosamente às oito em ponto, e além disso não sabiam enviar mensagens.

 

Lily Evans (professora de literatura):

Boa noite Remus, o que acha de ir em um encontro às cegas? (21:02)

 

Remus encarou a tela sem reação. Encontro às cegas? Ele mal saía em encontros, quanto menos às cegas. Sua mãe até sugeriu que ele criasse uma conta no Tinder — ela não sabia muito bem o que era um Tinder, mas a prima de segundo grau de Remus tinha conhecido seu marido por lá, e a sra. Lupin só estava desesperada para ver o filho casando também —, Remus logo tirou essa ideia da cabeça da mãe, dizendo que estava muito ocupado para o trabalho. E ele também não sabia direito o que era um Tinder.

Olhou novamente para mensagem de Lily. Precisava responder, já tinham se passado três minutos e ela conseguia ver que ele havia visualizado.

Remus Lupin:

Um encontro às cegas? (21:05)

 

A verdade era que Remus precisava de mais tempo para pensar naquela situação toda. A ideia de ir em um encontro com uma completa desconhecida não o agradava, mas ele morava em Hogsmeade por quatro anos e não tinha nem nenhuma “conhecida”. Portanto, logo reconsiderou.

Talvez, não fosse uma ideia tão ruim afinal, e caso desse errado poderia fingir que nada aconteceu.

 

Lily Evans (professora de literatura):

Sim, com uma amiga minha! Ela ficou interessada em você, acho que vai gostar dela também! (21:07)

 

Menos de um minuto depois Lily mandou outra mensagem, dessa vez era uma foto de uma mulher. Ela tinha cabelos castanhos até os ombros, e um sorriso bonito, Remus não conseguia ver seus olhos, pois usava um óculos escuro.

Lily Evans (professora de literatura):

O nome dela é Dorcas, tem a nossa idade e trabalha no jornal local (21:08)

Dorcas era bonita, Remus precisava admitir, mesmo sem conseguir ver todo o seu rosto. E ele gostava do jornal local, o Profeta Diário trazia as notícias de forma clara e objetiva e raramente encontrava erros gramaticais em suas edições. Diferente da revista local, O Pasquim, que era cheia deles. Remus a comprava toda a semana, apenas para passar seus domingos sentado em sua escrivaninha corrigindo os erros gramaticais, e isso porque era professor de matemática e não de inglês.

Remus Lupin:

E quando vai ser o encontro? (21:09)

Lily Evans (professora de literatura):

Amanhã 19h na Madame Puddifoot (21:09)

 

Remus já tinha passado por esse lugar algumas vezes. Era uma antiga loja de chá que havia se expandido e virado um restaurante muito romântico para casais, perturbadoramente rosa por fora, e ele temia que fosse igual por dentro. Resolveu então que o melhor seria aceitar as sugestões de Lily. Não sabia qual eram os melhores locais em Hogsmeade para um encontro. Novamente, nunca tinha ido em um encontro na cidade e não era como se tivesse planejado fazer algo na sua noite de sábado mesmo.

Remus Lupin:

Ok, estarei lá (21:10)

 

A noite estava bem mais fria do que a noite anterior, e Remus estava tão nervoso que havia esquecido de pegar um casaco para vestir por cima de seu suéter de cashmere, ele nunca esquecia seu casaco. Mas também nunca saia para encontros. Felizmente dentro da Casa de Chá Madame Puddifoot estava bem menos frio. Sentou-se em uma das mesas e pediu uma água enquanto esperava por Dorcas, havia quatro outros casais e muitas mesas vazias. Remus observou melhor o local e pode confirmar que era tão perturbadoramente rosa por dentro quanto era por fora. Também possuía muitas plantas de decoração e tudo parecia exageradamente fofo demais.

Remus não sabia como a Lily que conhecia poderia considerar aquele um bom lugar para encontros. Mas a verdade é que por mais que Lily fosse a pessoa que mais conhecesse em Hogsmeade. Aparentemente sabia tanto da vida pessoal dela quanto os funcionários de Hogwarts, o que era o bastante para classifica-lo como apenas colega de trabalho.

 Consultou seu relógio no pulso. Eram 19:12 e Dorcas ainda não havia chegado, ponderou mandar uma mensagem para Lily, mas logo descartou esse pensamento. Caso ocorresse algum imprevisto ela mesma o avisaria. Resolveu que esperaria mais um pouco.

Ouviu o sino sobre a porta anunciar a chegada de mais um cliente, olhou na hora esperando encontrar a mulher na foto. Porém, viu um homem alto com barba rala e cabelos escuros que batiam no ombro. Ele vestia uma calça escura, camisa branca e jaqueta de couro, parecia completamente deslocado naquele lugar. Remus esperava que o homem fosse fazer o mesmo que ele: se sentar em uma mesa e esperar por alguém. Mas ao cruzarem os olhares, ficou extremamente confuso observando o estranho caminhar em sua direção.

— Remus Lupin? — perguntou. Remus acenou com a cabeça, sem saber o que esperar daquela situação.

O homem pareceu aliviado com a resposta e logo se sentou na outra cadeira disponível.

— Sou Sirius Black — disse esticando a mão para cumprimentar Remus, que aceitou por educação. — Sou amigo de Dorcas.

Sirius disse aquela última frase como se ela explicasse tudo. Principalmente o fato dele estar sentado na frente de Remos ao invés de Dorcas.

Esperou que o homem falasse mais alguma coisa. Contudo, esse apenas chamou a garçonete e pediu pela carta de vinhos.

 — E o que aconteceu com ela? — perguntou se sentindo levemente desconfortável, ajeitou-se na cadeira enquanto esperava pela resposta.

— Ela não vem — respondeu como se fosse obvio. A garçonete voltou e Sirius não demorou para escolher um vinho, além de pedir duas taças. Ele deve ter notado o olhar confuso de Remus, pois logo se explicou: — Ela voltou com a ex namorada. Achei que era falta de educação te deixar aqui sozinho.

Remus ainda estava processando a informação de Dorcas ter voltado com a ex namorada antes do encontro deles. E ele deveria ser muito azarado, para estar na situação que estava agora. Sem encontro e com um homem estranho na sua mesa. Precisou de um tempo para se recompor.

— Lily poderia ter me avisado — protestou.

— E fazer você perder a chance de ter um encontro comigo? — ele sorriu mostrando os dentes perfeitamente brancos.

Remus pigarreou ainda mais desconfortável. Por que ele, um homem heterossexual, iria querer ir em um encontro às cegas com outro homem? Nada naquela situação toda fazia sentido.

— Eu sou... — começou procurando as palavras certas. — Eu não gosto de homens.

Sirius riu alto, chamando atenção dos outros clientes e funcionários. Segundos depois a garçonete retornou para servir o vinho tinto e perguntar se eles já sabiam o que pedir.

Remus pensou em dizer que queria a conta, pagaria pelo vinho e iria embora. Não precisava ficar ali naquela situação estranha.

 Um encontro com outro homem? Aquilo era um absurdo.

Não tinha nada contra homens que se relacionavam com outros homens, mas ele não era um deles. Sua vida inteira tinha se relacionado apenas com mulheres. Aceitou sair no sábado, porque realmente estava carente depois dos seus quatro anos solitários em Hogsmeade, e talvez finalmente estivesse pronto para dar outra chance ao amor. Não era Sirius Black que ele esperava encontrar.

Contudo, antes que pudesse pedir a conta Sirius respondeu que ainda iriam escolher os pratos, a garçonete sorriu e saiu junto com a chance de Remus de escapar daquela situação desconfortável.

Sirius voltou a encara-lo, ainda com aquele sorriso no rosto. Ele parecia um personagem principal das comédias românticas que Emmeline gostava de ver quando estavam juntos. Remus sempre odiou comédias românticas.

— Não precisa ser um encontro romântico — explicou Sirius. — Pode ser um encontro amigável.

— Um encontro amigável? — questionou com uma das sobrancelhas arqueadas. Não estava levando aquela desculpa muito a sério.

— Veja bem — começou Sirius, enquanto se ajeitava na cadeira. Para o alívio de Remus, finalmente estava sentado como uma pessoa normal e não como um preguiçoso jogado em seu sofá.  — Meu melhor amigo é James Potter, o noivo de Lily. E agora que ele vai se casar ando meio solitário. Por que não fazer uma amizade nova?

Remus pensou bem sobre a situação. Ele também não tinha muitos amigos, e já estava na hora de fazer alguns. Não planejava parar de trabalhar em Hogwarts e muito menos voltar para Londres e para a casa dos pais, não gostava de cidades grandes. Gostava de Hogsmeade, da vizinhança amigável — apesar de fofoqueira —, das pequenas lojas que pareciam tão únicas diferentes das grandes lojas que via na capital, gostava principalmente dos seus alunos e de dar aula para eles.

Remus sabia que precisava criar laços na cidade, principalmente se planejava passar o resto da vida nela.

Olhou para Sirius, seu novo possível amigo, e pelo pouco que tinha visto dele já podia dizer que o homem era seu completo oposto. Falava alto demais, chamava muita atenção, se vestia com um motoqueiro e, o pior, não possuía modos nenhum. Porém, se era amigo de James provavelmente também era amigo de Lily, e ele não achava que ela iria ser amiga de uma pessoa ruim.

Remus suspirou.

— Não tenho muitos amigos na cidade — admitiu.

— Perfeito — Sirius abriu o mesmo grande sorriso, dessa com um ar vitorioso. — Posso ser seu amigo.

Remus forçou um sorriso tímido, o que pareceu alegrar ainda mais Sirius, que logo puxou o assunto:

— Você disse que não tem muitos amigos na cidade.

Remus concordou, sentindo-se extremamente envergonhado em admitir a verdade.

— Sim, só colegas de trabalho.

Sirius arregalou os olhos.

— Você é novo na cidade?

Remus mordeu o lábio inferior, e torceu para não estar estampado em sua cara como estava se sentindo.

— Mais ou menos — disse, querendo muito que Sirius mudasse de assunto.

Infelizmente, suas preces não foram ouvidas.

— Quando se mudou?

— Quatro anos atrás. — Remus encarou a mesa ao responder.

Sirius riu alto mais uma vez, fazendo com que ele quisesse bater a cabeça na mesa. Seria mais fácil se tivesse mentido. Naquele momento, Remus se sentia o maior perdedor do mundo. Esperou que pelo menos não estivesse corando. Olhou para o cardápio e tentou focar em escolher um prato, porém estava difícil se concentrar em ler as palavras.

— Acontece — concluiu Sirius, assim que parou de rir, ainda com dificuldade para respirar. — Aposto que estava muito ocupado nesses quatro anos e não teve tempo para amizades.

Remus levantou a cabeça rapidamente para encarar o homem do outro lado da mesa.

— Sim — concordou sério. — Estava muito ocupado.

A reação de Remus fez com que Sirius sorrisse ainda mais. Eles ficaram em silencio por um tempo, enquanto escolhiam e seus pratos e faziam seus pedidos. Remus optou pela opção mais barata, era um cara econômico. E assim que a garçonete se afastou, Sirius continuou falando:

— Soube que é professor em Hogwarts junto com Lily — disse e Remus concordou com a cabeça. — Professor de que?

— Matemática.

“Sirius fez uma careta, um misto de horror e nojo, fazendo com que Remus risse pela primeira vez naquele “encontro amigável.”

— Matemática é divertido — protestou, defendendo sua matéria.

— Não fale uma coisa dessas nem de brincadeira — retrucou Sirius. — Já perdi a conta de quantas vezes achei que minha mãe fosse me matar por causa das minhas notas em matemática.

— Talvez seja porque não tenha tido um bom professor! — disse Remus em um tom leve.

Sirius concordou.

— Tenho certeza que teria amado essa matéria se você tivesse sido o meu professor — adicionou dando uma piscada.

O gesto deixou Remus sem graça, que pigarreou e sorriu de leve, tentando fazer com que Sirius não notasse que havia o afetado.

Sirius era uma boa pessoa, e ele poderia até dizer que estava se divertindo com sua presença. Porém, algo na personalidade dele o deixava um pouco nervoso, diria que até desconfortável.

Não desconfortável ao ponto de não querer investir naquela amizade, mas desconfortável, porque Sirius era muito diferente dele, e Remus não sabia lidar com isso.Eles conversaram enquanto esperavam por suas comidas, e depois enquanto comiam. Remus descobriu que Sirius trabalhava como barman em um bar chamado Blue Moon. Mesmo já tendo caminhado por várias partes de Hogsmeade, e conhecer diversos estabelecimentos que nunca havia entrado, Remus não se lembrava desse, e Sirius o convidou para visitar quando pudesse. Se viu quase rindo da situação, a última vez que havia pisado em um bar havia sido no começo do seu mestrado, depois disso andou muito ocupado para frequentar tais lugares.

Quando acabaram de comer, Sirius se propôs para pagar a conta, dizendo que havia forçado aquele encontro, mas Remus logo discordou, e fez questão de dividirem.

Apesar de ter se divertido, estava prestes a se despedir, pensando que provavelmente teria que pedir pelo número de Sirius, para manterem a amizade. O que parecia uma missão mais difícil do que realmente era, visto que, a últimas vez que pediu o número de alguém foi há mais de quatro anos atrás.

Contudo, Sirius não parecia preparado para acabar a noite, e sugeriu que fossem para um bar chamado Cabeça de Javali, que ficava perto e poderiam ir a pé. Remus ficou um pouco hesitante com a ideia de pisar em um bar depois de tanto tempo, porém sentiu que aquela era uma das raras oportunidades de criar raízes na cidade, e não poderia deixar passar. Pensou que não tinha problema beber se no dia seguinte era domingo e já havia deixado todas as suas aulas adiantadas no final de semana passada.

O caminho até o bar foi tranquilo, e Remus não sentiu mais tanto frio, graças ao vinho que tinham tomado no restaurante. Cabeça de Javali também não era um lugar completamente desconhecido, Remus nunca havia pisado ali antes, contudo, era o maior bar da cidade, e não era difícil de avistar, até mesmo quando estava fechado na luz do dia.

Ao chegarem, o local esta cheio, como era de se esperar de um sábado à noite. Remus estava um pouco assustado com a aglomeração de pessoas, mas Sirius o guiou facilmente para dois bancos vazios na frente do bar. Ele deveria ter notado o olhar perdido de Remus, pois logo fez o pedido para os dois.

Conversaram pelo resto da noite e eram duas da manhã quando Remus chegou em seu apartamento. Deitou-se em sua cama se sentindo levemente tonto, fazia muito tempo que não bebia daquele jeito, ou que jogava a conversa a fora.

Apesar de Sirius ser tão diferente dele, Remus estava grato em ter feito um amigo em Hogsmeade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do primeiro capítulo
me digam nos comentários, eu sou muito carente!!
O próximo já está pronto e vou postar em uma semana
Beijos ♥