Entre Olhares - Limantha escrita por foursel


Capítulo 2
"Romanooo's"


Notas iniciais do capítulo

Oioi, eu tenho que trabalhar de manhã e aqui estou postando capítulo novo, mas não consegui me seguraaaar. Espero que gostem do capítulo, esses primeiros são mais pra situar as coisas. Enfim, é isso então aproveitem a leitura e voilà...



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O lugar não era sujo e não tinha cheiro de nenhum homem bêbado e suado, pelo contrário, assim que entrei comecei a sentir um cheiro adocicado, produtos de limpeza e perfume feminino. Uma melodia leve e alegre saía de uma jukebox  à minha esquerda, próxima aos banheiros, e se espalhava por todo o lugar, olhei em volta, estava bem iluminado, as mesas se espalhavam de forma organizada ao longo de todo salão, no lado direito se encontrava o bar com uma grande variedades de bebidas e ao fundo do salão, bem em seu centro havia um palco não muito alto, apenas o suficiente para chamar a atenção de todos quando alguém subisse nele.

— An… Oi?? - não havia ninguém à vista.

      Me aproximei do bar ainda com os olhos no palco, me perguntando se seria esse um bar impuro que contratava e ameaçava mulheres para se apresentarem para homens nojentos e maliciosos. Esperava que não, afinal essa poderia ser minha única chance e com certeza essa era uma das coisas que eu nunca conseguiria me submeter. O lugar parecia vazio, o que era estranho já que entrei com facilidade pela porta da frente. Me sentei em um dos bancos altos e olhei novamente para o panfleto encarando o nome do bar e me perguntando para quê ele precisava de tantos O’s em seu nome. Escutei um barulho de algo batendo enquanto senti a mesa tremer, o que me assustou levemente por conta da extrema calmaria desde que cheguei.

— Ai! - pude ouvir uma voz feminina choramingar vindo de debaixo do balcão. Me estiquei para ver o que havia de trás dele e vi uma garota agachada tentando se levantar e esfregando sua cabeça, então havia sido esse o barulho, o impacto de sua cabeça com o balcão. Conforme ela foi se levantando em algum momento acabou me vendo e nesse momento foi a vez dela se assustar. - Uou! Como você chegou aqui?

— An… Andando? - eu não sabia bem o que dizer.

— Sim, sim. Desculpa, é que eu nem percebi você entrando e eu estava tão concentrada em limpar aquela mancha. - arregalou os olhos enquanto ria, pude perceber que havia uma pequena mancha preta de sujeira em sua testa e seus cabelos estavam levemente empoeirados. - Enfim, você está aqui há muito tempo? Como entrou? - disse sorrindo com os braços apoiados na cintura, ela era engraçada.

— Não, na verdade eu acabei de chegar e bem, a porta estava aberta. Eu estou incomodando?

— Não, imagina! É que nós ainda não estamos abertos, acho que meu pai esqueceu a porta aberta quando foi buscar algumas coisas no mercado aqui do lado. Então se você quiser alguma coisa, eu não sei nem se eu vou ter aqui para te entregar. - disse enquanto abria todos os balcões. -  Além de bebidas é claro, mas acredito que uma Gutierrez não gostaria de nenhuma das bebidas que eu tenho aqui. 

— Então você sabe quem eu sou? - disse com um sorriso amarelo.

—Mas é óbvio! Quando as meninas aqui do bairro se reuniam nós ficávamos olhando as fotos dos lindos e maravilhosos vestidos das meninas Heloísa Gutierrez e Clara Becker na coluna social, quer dizer claro que até ano passado quando aconteceu tudo aquilo com seu pai e… - arregalou os olhos novamente parecendo se arrepender de sua fala -  Desculpa, eu acabo falando demais às vezes, a maioria delas. 

— Okay… Então você sabe meu nome mas o seu é? -  tentei mudar de assunto.

— Keyla. - ela sorriu levemente. Keyla era uma garota jovem, com a típica palidez europeia e parecia ter a mesma idade que eu, só que seu corpo era mais modelado fazendo com que eu me sentisse cada vez mais esquelética a cada vez que o olhava. Seus olhos pareciam brilhar de empolgação a cada fala dela, desde seu susto comigo até suas últimas palavras sobre meu pai. Seus cabelos eram de um castanho claro que iam até seus ombros. Ela era bonita.

 — Então, Keyla, na verdade eu vim por causa desse panfleto. -  ergui aos seus olhos para que ela pudesse entender. - Vocês ainda estão contratando?

— É claro! - essa menina realmente parecia ser bem humorada. - Este pode ser um pouco cansativo dependendo do dia, temos alguns clientes que não são tão simpáticos e o trabalho também é um pouco sujo às vezes… - olhei pra ela com um misto de surpresa e medo. - NÃO! Não desse jeito, desculpa a falta de explicação. Quis dizer limpar privadas, privadas nojentas uma vez ou outra. Mas o cargo principal é de garçonete como diz o panfleto e posso te garantir que somos um ambiente super respeitoso, então, você teria interesse?

 — Sim, sem sombra de dúvidas. - disse realmente aliviada com sua resposta, haviam muitos boatos ruins sobre outros bares da região então por via das dúvidas eu nunca entrei em nenhum.

— Contratada! - exclamou sorrindo.

— Eu não deveria falar com seu pai antes? Ou pelo menos ser entrevistada? - perguntei em dúvida.

— Ah sim, bem… - sua voz e expressão caiu drasticamente. — Você foi a primeira a perguntar sobre o emprego e estamos nos preparando as coisas aqui para meu pai ir para a guerra. Ele foi recrutado ontem, tentou fazer que nem muitos homens poderosos e pagar para não precisar ir e me deixar sozinha, mas o dinheiro que tínhamos não era nem perto do que pediam então ele conseguiu só mais alguns dias enquanto organiza tudo para deixar em minhas mãos. 

— Sinto muito por isso, sei que ele lutará bravamente. - eu não sabia o que dizer, eu não era como a maioria das pessoas, como filha única e comum pai paraplégico em casa , eu não tinha nenhum parente meu sendo enviado à guerra para lutar, eu não sabia o que era essa dor. Passamos alguns minutos em um silêncio desconfortável que como de costume nas últimas semanas o assunto “guerra” deixou, até que um homem que aparentava não ter muito mais que seus 40 anos chega com as mãos cheias de sacolas.

— Bem, se você ainda quiser comer alguma coisa, essa é a hora. - disse Keyla vendo o que deveria ser seu pai se aproximando de nós.



Depois de algum tempo conversando com os dois, o Sr Romano me declarou oficialmente contratada, ele parecia ser um homem muito legal e um ótimo pai para Keyla, o que me fez pensar que gostaria que tivesse tido o mesmo em minha infância, um pai bondoso e presente. Com esses pensamentos percebi que era hora de ir embora, eu começaria no mesmo dia e precisava estar bem descansada e alimentada quando o bar realmente fosse aberto para o público durante a noite. Cheguei em casa e o rosto de minha mãe logo se encheu de preocupação e eu fui enchida de perguntas, assim que ela me deixou falar expliquei o que havia ocorrido no restaurante mas que já havia arrumado outro emprego no bar do Sr Romano.

— Roney Romano, quem diria. - disse minha mãe com um sorriso no rosto.

— Você o conhece, mãe? - perguntei.

— Ele era o sucesso das meninas quando éramos jovens, independente de quanto dinheiro sua família tinha, toda garota queria que ele dedicasse uma de suas músicas para ela.

— Até você, Dona Marta? - perguntei a provocando.

— Não, Lica. Assim que conheci seu pai só tive olhos para ele. - disse com um sorriso sem vida. Acho que quando minha mãe e meu pai se casaram, ela não imaginava que ele seria como todos  os outros homens ricos de Londres (ou pelo menos a maioria), distante e infiel. Ela não merecia um casamento assim e agora que ela pagava pelos erros e pecados dele como se fossem seus próprios.

— Mas me conta mais, mais alguém vai trabalhar com você? - mudou de assunto quando viu minha expressão se fechar.

— Bem, Keyla normalmente atendia como garçonete mas agora terá de ficar no lugar do seu pai no balcão, ela me contou que seu namorado Teobaldo fica responsável por preparar alguns pratos na cozinha dos fundos, a intenção é de ninguém de seus clientes ficar bêbado e causar problemas. Por fim, tem uma garota que começou a se apresentar lá recentemente, segundo Keyla a voz dela é muito boa para alguém como ela, que canta só por diversão. 

— E você já sabe o nome dessa garota? - perguntou curiosa.

— O nome dela é Samantha, Samantha Lambertini.

 


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Notas finais do capítulo

Estão gostando? Opinião sincera com críticas construtivas.
Obrigada por dedicar a minha fanfic um pouquinho do seu dia, aproveite bastante o que vos resta dele e até o próximo capítulo.



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