A Jaula escrita por Maria Chinikoski


Capítulo 6
Acordando


Notas iniciais do capítulo

Lembrem de comentar o que acharam e o que desejam ver nos próximos capítulos. Pretendo deixar mais "recheado de histórias"



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Yen acordou no meio de uma sala escura, repleta de pessoas ao seu redor. Seus braços e pernas estavam amarrados com força e ela notou que estava coberta apenas com um fino lençol transparente. As pessoas conversavam entre si, mas para Yen eram como zumbidos distorcidos, nunca parecidos com falas humanas.

Suas roupas estavam dobradas com zelo em uma cadeira próxima. Sua arma repousava junto à mesa, com algumas facas e outras coisas mais que ela costumava carregar consigo para se defender. Também viu sua sacola, o presente de Alef, nas mãos de uma mulher que ainda não tinha a visto acordar.

Ela tentou falar, mas sua voz saiu como um barulho estridente, chamando atenção das pessoas à sua volta, que saíram da sala, deixando-a a sós com a mulher que segurava a bolsa.

— Se acalme - Disse a mulher, se aproximando - Você passou por uma cirurgia delicada e está medicada. Ah! Você não vai mais precisar disso daqui! Já retiramos os chips de dentro de você com eletroímãs e colocamos algumas doses de sangue alienígena para bloquear futuras doses de microchips. 

Yen se sacudia, sem entender nada. Uma dor lacerava sua cabeça. Era onde havia sido atingida com força.

— Agora que retiramos seus chips, não precisará mais disso - Ela entregou a bolsa marrom à uma criança perto da porta. Yen não conseguia ver quem era. Parecia a garota de mais cedo, mas não dava para se certificar.

A mulher veio então com uma seringa e lhe administrou uma dose cavalar de anestésicos.

— Durma mais um pouco. Não tenha medo...

 

E tudo se apagou de novo.

 

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[MAIS TARDE, NO MESMO DIA]

 

Yen acordou novamente, mas já não estava tão grogue. A mulher estava sentada ao seu lado, lendo um livro, quando notou seu despertar.

— Ora! Até que enfim acordou!

— O que... Eu estou fazendo aqui? - Perguntou ela, um pouco desorientada - Onde eu estou?

— Está sã e salva! Deveria nos agradecer!

— Agradecer? Aquele cara quase me matou!

— Matar? Não, não... O Fredech nunca te mataria. Ele apenas te salvou de algo muito pior.

— Como assim?

— Se prometer não surtar, te solto e te explico tudo. 

Yen concordou, mas esperava uma chance para correr.

Assim que foi solta, tentou socar a mulher, mas se desequilibrou. Preferiu empurrá-la e correr pela porta, só de roupas íntimas. Ela precisava salvar sua vida a qualquer custo. 

Ao sair pela porta, Yen travou. Ela olhou ao seu redor...  Era uma cidade! Ela estava em uma cidade! Um lugar subterrâneo, cheio de iluminação artificial. Vários humanos andavam para lá e para cá, crianças corriam e pouquíssimos de outras espécies frequentavam o local.

A mulher suspirou atrás de Yen, coçando a cabeça com uma mão e oferecendo-lhe uma toalha para se cobrir com a outra,

— Eu disse que estava à salvo. Somos amigos do seu parceiro, Alef. 

— Como assim? - Yen perguntou, assustada.

— Venha para dentro. Vou te explicar melhor.

 

...

 

Yen se vestiu com calma, enquanto a outra mulher lhe mostrava o local por fotos aéreas e subterrâneas. Um carrinho de comida foi trago até a porta. Estava cheio de fartura. Ela indicou que Yen se servisse.

Ela pegou logo um pão de batatas com carne e encheu a boca, saboreando o momento.

— Não sabemos ao certo quem te imobilizou, mas temos certeza de uma coisa: Eles querem se aliar à nós. 

— Mas por que estão desligando os chips em praça pública? Muitos estão morrendo por causa disso!

— Isso ainda não sabemos. Quem te trouxe foi um informante deles, que as vezes nos ajuda. 

...

— Pelo que entendemos, alguém quer derrubar o sistema atual. E eles precisam de nós, humanos para isso. Nós serviríamos como "força de batalha" para eles. 

— Ainda não entendi onde eu entro nessa história.

— Ah... Bem... Digamos que eles estavam te "observando". Você estava muito estranha ultimamente. Alguns reptilianos iriam te apagar... Pelo jeito iria demorar, não iriam te salvar, nem nada... Mas você viu um deles na praça... Pelo jeito os superiores estão conseguindo extrair fragmentos das memórias humanas com torturas brutais... Então o rapaz da praça te trouxe e te jogou na nossa porta. Ele só disse que você teria que ser desestabilizada com urgência ou nos detectariam.

— Mas... 

— Ah, não se sinta especial. Ele deixou bem claro que iria te matar na hora. Mas algo fez ele mudar de ideia... Não sei o que foi... Mas ele te deixou aqui e sumiu.

— Eu preciso voltar para superfície!

— Não mais, garota!

— Como assim?

— Para eles você está morta agora. Deram um jeito de simular sua morte com um cadáver em praça pública... Não sei ao certo como, mas ficou irreconhecível. Para o sistema você é uma mulher morta agora.

— Mas eu... Não pedi nada disso!

A mulher se levantou e olhou nos olhos de Yen.

— Ai está... Nenhum de nós pediu para viver assim... Você deveria ter sido grata ao ser deixada viva.

Ela ia saindo da sala, quando se virou de volta para Yen.

— Logo alguém te buscará para te mostrar seu novo dormitório temporário. Coma bem, pois não é sempre que teremos essa fartura. A comida é bem escassa aqui também. Mas... Não se preocupe... Depois de um tempo poderá sair disfarçada novamente... Mas por hora procure descansar. Terá dias cheios a partir de agora.

 

 

 

 

 


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