— Eu não sei como você conseguiu vencer a Flame, mas não vou cometer o mesmo erro! Essa luta vai acabar agora!

Maya tentou se levantar, mas era em vão, ele estava muito fraco, ainda não tinha conseguido recuperar as forças que tinha gastado naquele chute e quanto mais ele sangrava mais fraco ele ia ficando.

— Não insista, você não vai conseguir fazer mais nada nesse estado! Agora morra! - Magnus avança preparando o seu ataque final contra Maya, entretanto seu semblante muda e ele para de avançar.

Maya não entende o que aconteceu, mas de repente ele sentiu que duas presenças poderosas estavam se aproximando e elas não eram de evils, eram presenças humanas.

Momentos depois, duas pessoas entram no campo de batalha usando o mesmo corredor que Maya e Nana tinham percorrido anteriormente. Eram um homem e uma mulher, eles ficam parados analisando tudo por alguns instantes.

— Vejo que você está gravemente ferido e ainda assim segue lutando contra esta criatura… definitivamente você não é ser um humano normal. - Disse o homem olhando para Maya.

— É possível sentir que ele emana uma presença humana, mas ao mesmo tempo eu posso sentir uma forte presença maligna nele como se fosse um evil, será um híbrido? - Falou a mulher.

— Um híbrido?! - Questionou Magnus espantado. - Seu desgraçado… então foi por isso que conseguiu vencer a Flame, não é?! Humano, Evil, Híbrido… já não me importo! Vou te destruir agora!

Os blocos de pedra que tinham esmagado parte do grupo de Maya começaram a flutuar e vão em direção a Magnus. Aqueles blocos estavam impregnados com o sangue e os restos mortais das pessoas inocentes que foram brutalmente assassinadas.

— O que diabos ele pretende com isso!? - Pensou Maya enquanto tentava desesperadamente parar o sangramento em seu braço.

Os dois estranhos não esboçaram qualquer reação, ficaram imóveis, apenas observando a situação.

— Você irá testemunhar o meu real poder! Mostrarei que você na verdade não passa de uma criatura ridícula! Um pedaço de carne pronto pro abate! - Falou Magnus enquanto seu corpo absorvia todos aqueles blocos e se modificava, Magnus estava se transformando em um monstro completamente feito de pedra, ele ficou ainda mais alto ultrapassando os quatro metros de altura, suas garras ficaram maiores e ainda mais afiadas, seu moicano caiu e deu lugar a dois grandes chifres de pedra.

Seu rosto ficou mais largo, seu nariz sumiu ficando apenas as fossas nasais. Sua mandíbula ficou protuberante e os seus dentes ainda mais pontiagudos, só que agora eles saltavam para fora da boca, além de duas grandes presas que emergiram em cada canto da sua boca, de onde escorria sangue, ele estava comendo os restos mortais que estavam impregnados nos blocos de pedra.

— Eu até consegui fazer um lanche, haehaehaehaeh. - Falou Magnus gargalhando.

— Seu desgraçado! - Gritou Maya furioso.

Magnus parte furiosamente na direção de Maya lançando um ataque com suas enormes garras de pedra, porém o ataque foi completamente bloqueado por um escudo. Era um escudo oval prateado, tinha textura lisa e devia medir um metro e meio de altura por quarenta e cinco centímetros de largura, ele possuía contornos dourados nas bordas e uma gema vermelha no centro.

— Quê!? Quando foi que você chegou!? Eu não consegui ver nada! - Falou Maya espantado.

— Como esse escudo suportou o meu ataque!? - Berrou Magnus.

Porém, antes que pudesse fazer qualquer coisa, Magnus recebeu um contra-ataque, sendo lançado longe ao ser golpeado pelo escudo. O evil chocou-se violentamente com a parede destruindo-a e causando um enorme estrago, o que abalou toda a estrutura da torre fazendo-a tremer.

Maya vendo aquela oportunidade virou para o grupo de Nana que assistia a tudo atônitos e começou a gritar apontando para o buraco na parede por onde Magnus tinha chegado - Fujam! Agora! Fujam!

Todos olham para Maya, entretanto eles estavam estáticos. De repente alguém começa a correr e a gritar. - Vamos! Mexam-se! Agora! - Era o pai de Nana que arrastava a filha em direção a saída apontada por Maya.

— Ma-as pai… eu não posso abandonar o senhor Maya… Eu preciso ajudá-lo! - Protestava Nana.

— Olhe aquele monstro! Precisamos fugir agora! - Respondeu ele.

— Nana! O que você está fazendo? Fuja agora, ou tudo terá sido em vão! - Gritou Maya.

Finalmente, todos começaram a correr para a saída, inclusive Nana, ainda que forçadamente. Quando a última pessoa passou pelo buraco, um grito horripilante ecoou por toda a torre fazendo ela tremer mais uma vez.

— Tsc… Lá vem ele… - Falou Maya.

— Quem é você, sua desgraçada!? - Gritou Magnus surgindo pelo buraco na parede e lançando os escombros contra Maya e os outros dois.

Os escombros saem voando em alta velocidade, mas ao se chocarem com o escudo não causaram qualquer dano, alguns também foram em direção do homem misterioso, mas ele desviava com facilidade, porém quando esses escombros colidem contra a parede eles fazem inúmeros buracos nela, e mais uma vez a torre começou a tremer.

— Por acaso ele está tentando derrubar a torre e nos enterrar vivos? - Questionou Maya.

— É um bom plano, já que ele provavelmente não sofreria qualquer dano. Ele definitivamente controla o elemento terra. Então preciso acabar com ele o mais rápido possível. - Disse a mulher misteriosa caminhando em direção a Magnus.

— Vai me enfrentar sozinha!? - Berrou Magnus furioso. - Eu vou estraçalhar você e esse escudo! - Magnus crava a sua enorme mão no chão e grita - Lanças da Tormenta!

Inúmeras estalagmites negras pontiagudas com diferentes tamanhos começam a brotar do chão e avançam rapidamente em direção da mulher misteriosa.

— Khristós! - Gritou a mulher enquanto seguia avançando.

O homem misterioso então se moveu, pegou Maya e saltou para trás, se afastando o máximo possível daquele ataque.

— Bem, com esse escudo eu consegui bloquear seu ataque, não foi? Então ele deve ser mais do que suficiente para acabar com você. - Falou enquanto avançava destruindo todas as estalagmites pela frente como se não fossem nada.

— Como isso é possível!? - Berrou o monstro, partindo pra cima dela destruindo todas as estalagmites que estavam à sua frente. 

Em questão de instantes, os dois estavam frente a frente. Magnus então lançou um poderoso ataque, porém o escudo o bloqueou. Ele então gira e aplica um poderoso chute tentando cravar as garras do seu pé no escudo, porém mesmo acertando o ataque, mais uma vez o escudo não sofreu nada, nenhum arranhão sequer.

Na sequência o escudo começa a brilhar, e uma forte luz branca-prateada ilumina Magnus por alguns segundos e logo depois ele começou a gritar de dor, um som gutural que fez toda a torre estremecer outra vez e pequenos escombros começaram a cair.

— Sua desgraçada! Eu não consigo enxergar! - Gritava Magnus, transtornado enquanto tentava atacá-la, mas foi sem sucesso, a mulher misteriosa facilmente desviava de todas as suas investidas, ela então contra-atacou o acertando com a ponta do escudo em seu estômago, fazendo-o vomitar sangue e o jogando longe.

Magnus se levantou com dificuldade, cambaleando, e aos poucos começa a recuperar a visão e se assusta ao ver que seu braço esquerdo havia sido cortado. - Co-omo? Como uma humana podre como você, foi capaz de fazer algo assim comigo!?

Ao olhar com mais atenção o monstro finalmente percebeu que na mão direita daquela mulher brilhava uma *Gladius de lâmina prateada, ela tinha sessenta centímetros de comprimento e um cabo negro, era um modelo bem simples.

— Sua miserável! De onde surgiu essa espada!? - Indagou Magnus confuso.

— Isso é o que menos deveria lhe preocupar no momento. - Ela saltou pra cima de Magnus com a sua espada e desceu desferiu um golpe vertical. Magnus reagiu a tempo e usou o seu braço direito para bloquear o ataque. Faíscas saltaram do encontro entre a espada prateada e o braço de pedra.

— Isso não vai funcionar novamente! - Disse Magnus enquanto bloqueia o ataque.

Ela logo percebe que algo estava diferente, o braço de Magnus estava ficando completamente negro. Ele começa a sorrir, e seu sorriso agora era iluminado pelas faíscas que surgiam daquele impasse, ficando ainda mais macabro.

— Miriam! Cuidado! Ele está absorvendo os escombros daquelas estalagmites negras… - Gritou Khristós.

— Tarde demais para isso! - Falou Magnus enquanto atacava com o seu braço esquerdo que tinha reconstituído-se por completo, só que agora estava com a mesma aparência negra do seu braço direito.

Miriam usou o seu escudo mais uma vez para bloquear o ataque, entretanto dessa vez, por ela ainda estar em pleno ar, o impacto do golpe a arremessou para trás. Miriam jogou o corpo para baixo na tentativa de forçar um pouso, ela cravou os pés no chão na tentativa de diminuir a velocidade e foi deixando um grande rastro por onde passava.

Khristós acomodou Maya gentilmente no chão, deu alguns passos para o lado e esticou a palma da sua mão para interceptar a trajetória de Miriam a parando facilmente.

— Obrigado Khristós, mas não precisava… - Falou Miriam.

— Eu sei… mas provavelmente você iria atingir a parede e acabaria deixando a estrutura da torre ainda mais comprometida, ou mesmo derrubando-a de uma vez. - Respondeu Khristós.

Maya observava tudo perplexo, sem entender quem diabos eram aqueles dois e como aquela mulher estava enfrentando tão facilmente aquele monstro.

— Entendi. Não vou mais postergar essa luta. - Disse Miriam soltando os pés que estavam presos no chão e caminhando em direção ao Troll.

— Então além de controlar e absorver pedras, você também é capaz de assimilar as características delas, não é?

— Exatamente!! - Berrou Magnus e de repente todos os restos das estalagmites negras começaram a voar na direção do evil, que começou a absorver tudo. - Essa é a minha habilidade! E eu vou usá-la para acabar com todos vocês!

O escudo de Miriam brilhou novamente e se transformou num escudo menor e redondo, com cerca de quarenta e cinco centímetros de diâmetro, ainda na cor prateado e contorno dourado na borda e uma grande gema vermelha em seu centro.

— Não, não vai. Porque isso termina aqui! - Miriam saiu correndo na direção de Magnus, ela se movia em uma velocidade absurda, que Maya nem conseguiu acompanhar os seus movimentos. - Divinus Crusher!— Bradou Miriam.

Ela parou e lançou o escudo na direção de Magnus, o escudo ganhou impulso e voou como um cometa prateado na direção do monstro, que mesmo tendo dificuldades para acompanhar a velocidade de Miriam conseguiu estender as suas gigantescas mãos há tempo de tentar bloquear o ataque, mais faísca voaram e por alguns segundos Magnus estava crente que tinha conseguido segurar aquele ataque, contudo teve suas mãos decepadas pelo escudo.

— Não! Como isso é possível!? - Gritou Magnus assustado.

Em seguida, o escudo o atingiu cravando-se em seu peito e o arrastou para trás por vários metros.

— E-esse poder e essa presença... será mesmo que é uma Divinus!?— Pensava Magnus desesperado enquanto era arrastado.

Ele até tentou forçar os pés no chão, da mesma forma que Miram tinha feito anteriormente, mas foi em vão. Magnus foi completamente sobrepujado por aquele ataque.

— Agora está tudo acabado. - Disse Miriam e o escudo começou a brilhar mais uma vez e explodiu em uma coluna de luz branca-prateada que despedaçou o gigantesco corpo de Magnus por inteiro. A coluna de luz ultrapassou o teto da torre além de destruir praticamente toda a parede que estava atrás de Magnus, fazendo a torre começar a desmoronar.

Do lado de fora, o grupo de Nana já tinha se afastado da Igreja quando eles viram aquele raio de luz sair da torre fazendo-a desmoronar em seguida.

— Nã-ão! Senhor Maya! - Gritou Nana correndo na direção da Igreja.

— Nana, o que você está fazendo? - Gritou Kidou correndo atrás da filha.

— A-a torre caiu… isso quer dizer que o senhor Maya… o senhor Maya...

— Eu não sei o que aconteceu… mas nós temos que continuar fugindo! - Falou Kidou que tinha alcançado Nana e estava puxando-a de volta.

— Nana… rápido… Vamos sair daqui! - Gritou uma das meninas que chamava Nana com as mãos.

— Vamos, não pare! Não sabemos se existem outros monstros por perto… - Disse a mãe da garota que tinha parado para chamar Nana, puxando-a.

— Vamos logo filha! - Falou Kidou.

Nana estava muito assustada e se sentindo completamente impotente e logo começou a chorar.

— Senhor Maya… por favor… sobreviva… - Sussurrou Nana, enquanto deixava-se ser puxada por seu pai.