10 Coisas que Odeio em Você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Insônia faz coisas. E não, eu não vi o filme, mas o nome foi inspirado nele.
Jibbs porque eu não sei fazer mais nada de diferente, já que a minha inspiração para escrever Hotchniss (meu outro casal favorito) pulou a janela, fugiu e nunca mais deu notícias...

Boa leitura!



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Como toda a semana, todos tem altos e baixos, essa é a verdade da vida, alguns altos são muito altos e alguns baixos apenas insistem em continuar. E era em um desses baixos que Jennifer Shepard se encontrava agora.

E o maior problema, não era nada que ela pudesse discutir com ninguém, já que a única pessoa que ela tinha para desabafar, era a causadora da sua dor de cabeça. Assim, sem ter como por para fora toda a irritação e raiva que seu marido de onze anos vinha lhe causando, Jenny resolveu aliviar a dor de cabeça escrevendo.

A ideia não era nova, ela leu em algum site duvidoso da internet que isso poderia funcionar. Normalmente a Diretora da CIA não acreditaria nisso, mas estando trancada em uma sala com os outros diretores das agências federais de seu país e não tendo nada para fazer a não ser escutar um monte de gente falando abobrinha na cabeça, resolveu tentar começar a tal lista.

Antes de abrir a pasta que fora presente de Dia das Mães de sua filha Elizabeth, deu uma olhada em volta. Tinham diretores mexendo no celular, lendo outros relatórios e tinha aqueles que estavam simplesmente cochilando. Se ela começasse a escrever em seu bloco de anotações não seria nada de anormal.

Então, ela abaixou a cabeça, pegou a caneta, sempre que chamava bastante atenção em todas as mesas de reunião que ia, e se pôs a pensar.

 Dez Coisas que Eu Odeio em Leroy Jethro Gibbs

Por Jennifer Shepard

Sua teimosia implacável. – Ela começou e foi mais além, resolveu que explicaria item por item. – Claro que essa tinha que ser a primeira, afinal, eu duvido que exista no mundo pessoa que seja mais teimosa que ele. Simplesmente quando quer alguma coisa vai lá e faz, e não se importa com o número de pessoas que ele vai enraivecer ou causar problemas. Se Jethro quer, ele terá e é assim que aquela cabeça funciona.

Nunca vi homem mais atrasado do que ele. Custa aceitar que as mulheres são perfeitas? Custa aceitar que nós viemos para dominar os homens em todos os sentidos? Ele devia saber melhor do que ninguém, já que foi dominado por cinco ruivas diferentes... seis se contarmos a filha. No fim, Jethro será sempre dobrado por uma mulher.

Seu modo “homem das cavernas” de resolver uma briga: quando uma mulher quer brigar, ela realmente quer uma discussão acalorada, ela quer jogar as verdades de três séculos atrás na cara do marido, e quer ter mais motivos para ficar com raiva. Ou pelo menos eu sou assim. Mas o que Jethro faz? Ele simplesmente me olha de cima embaixo, se tranca naquela masmorra poeirenta que é o porão dele e vai trabalhar em qual seja o projeto da vez, bebendo bourbon. Isso me deixa com um ódio. Se não fosse pela presença da minha filha e pelo fato de que todas as minhas coisas estão dentro daquela casa, eu teria prazer em queimar aquele lugar... e ver o desespero tomar conta dele ao ver o seu precioso barco pegando fogo.... imagem tentadora demais para ser apagada rapidamente da minha mente.

Suas manias de velho e como vem agindo irracionalmente há semanas. – Supostamente quem tem o direito de agir irracionalmente durante um certo período do mês são as mulheres. Sim, nós temos esse direito e fazemos uso dele. Acontece que os homens não são dominados por seus hormônios, pelo menos não quando seus cabelos já estão brancos..., assim, eu não vejo razão nenhuma para ele ficar murmurando igual a um fantasma ou espirito preso nessa dimensão, só porque Lizzy está namorando. E esse nem vem sendo o maior problema! Ele só pode ter entrado na crise da terceira idade, porque agora deu para pegar no pé da filha só porque ela está indo para a faculdade! A pobre garota não pode ligar o computador e começar a olhar o alojamentos da universidade que ele começa a encrencar com ela, dizendo que ela está empolgada demais para deixar a casa dele. Liz, tadinha, só está torcendo para conseguir um quarto perto o suficiente do prédio onde a maioria das suas aulas serão, mas Jethro. Ha! Esse velho começa a resmungar que a filha só quer saber de deixá-lo para trás, que não se importa mais com ele, que só quer saber do namorado. E quando a pobre vai se explicar, ele fecha a cara e aumenta o som da TV! E esse é o motivo da nossa última briga... Liz já cansou de discursar que ela não está deixando o pai para trás, que ela vai voltar em todo feriado que puder e estará sempre ligando – já que mandar mensagem de áudio e fazer vídeo-chamada com o pai é impossível devido a idade avançada daquela coisa que ele chama de celular. – E quando ela disse tudo isso, parada bem na frente dele e o cercando para que ele não se esgueirasse para o porão, ele simplesmente duvidou das palavras dela, dizendo que nunca viu uma adolescente fazer isso, Emilly Fornell era a prova viva. Minha Ruiva ficou tão depressiva que subiu chorando e, eu, como uma boa mãe, fui defender a minha cria. Foi aqui que a vaca foi para o brejo e desde então não estamos nos falando, tudo por conta do próximo motivo:

Aquelas malditas regras! Ah! Essas regras! Eu não sei por qual eu tenho uma ojeriza maior. Mas, ultimamente, tem sido pela regra #06 – “Nunca se Desculpe é sinal de fraqueza.” Essa maldita regra tem sido a causa de toda a discórdia. Só porque ele se recusa a ir até o quarto de Liz e pedir desculpas pelas palavras dele no último domingo. E olha que eu o alertei. Eu disse que se ele não pedisse desculpas para a filha, ele não tocaria um dedo em mim. Ele não pediu desculpas, Liz está mais chateada do que no Dia dos Namorados e, por consequência, Jethro está dormindo no sofá, acompanhado por Ice. E por dormir sofá, está cheio de dor e mais reclamão do que nunca. Como eu disse, um velho. É isso que eu ganho por me casar com um velho!

Os últimos Dias dos Namorados. Na verdade, são os últimos quatro. E desses quatro, em três, TRÊS!!, eu fui parar em uma cena de crime! Isso também eu não perdoei... fiz as pazes, mas se Jethro aprontar outra como essa, eu juro... ele vai ser um velho de verdade, porque eu vou castrá-lo.

Toda aquela poeira!! Aquela poeira fininha que está em todos os lugares da casa, por todo o tempo, não importa o quanto se limpe. Você pisca e já tá tudo sujo de novo, até o cachorro que era para ser branco já tem um estranho tom castanho dourado na pelagem, de tanta poeira. E eu tenho quase certeza de que um tanto dessa coisa deve ter entrado no cérebro de Jethro e danificado 90% dele! Certeza absoluta, porque só assim que eu consigo uma desculpa plausível para toda a bagunça que está na minha vida agora.

E depois da entrada nº 7, Jenny parou, releu o que escreveu, ficou satisfeita em comprovar que tudo aquilo era verdade, porém ela não conseguia se lembrar de nada no momento que a deixasse furiosa com o marido. Na verdade, depois de desabafar com a folha de papel, ela começou a brincar com o pingente da pasta que sempre carrega, um pequeno veleiro de cristal. E enquanto brincava, se lembrou dos dez motivos que tinha para estar casada com Jethro, assim, virou a folha e em uma nova escreveu:

Dez Motivos Sem Explicação Nenhuma Para que Eu Esteja Casada Com Leroy Jethro Gibbs

Por Jennifer Shepard

Seu enorme coração. Se ele não fosse ele...

A forma como ele consegue me entender só de me olhar;

Nossas longas conversar em silêncio, às vezes falamos muito mais com os olhos do que com palavras;

Minha gratidão eterna por ele ter me dado uma família quando eu mesma joguei tudo fora;

Nossa filha, que mesmo não sendo nossa de sangue é a grande responsável por estes onze anos de casamento;

A incompreensível amizade que temos, sim, somos casados, mas nada disso funcionaria tão bem se antes não fôssemos parceiros, amigos e, acima de tudo...

Eu sou louca por ele. Desde o momento em que eu fitei aqueles olhos azuis pela primeira vez, eu sabia que ele seria a minha perdição...

Sua lealdade ímpar. Não importa o onde, o quando, o motivo, Jethro sempre, SEMPRE, vai estar ao meu lado para o que eu precisar. Basta que eu chame, ou nem isso, ele parece pressentir quando eu preciso dele.

Ele. Sim. Ele e completamente ele. Só isso já bastava, eu não mudaria um nada nele se me dessem a oportunidade, porque mesmo que eu o odeie às vezes, mesmo que ele me tire do sério, eu simplesmente:

O amo. E esse é o maior dos motivos, eu o conheço a vinte e cinco anos, nem todos estes eu passei ao lado dele, contudo eu sei a dor que é ter que me separar dele. Eu não posso viver sem Jethro e essa é a verdade.

Jenny parou e se surpreendeu com a facilidade que teve para escrever essa última lista.

Repassou cada um dos itens e começou a sorrir, na verdade, dez motivos eram poucos para descrever cada uma das razões que ela tinha para estar ao lado de Gibbs nestes últimos onze anos, todavia, tinha certeza de que a número 10 era forte o bastante para ser o significado de cada uma que não foi colocada ali.

Ainda brincando com o veleiro de cristal, Jenny esperou pacientemente pelo fim da reunião, com o espirito renovado e certa de que mais cedo ou mais tarde, Jethro se desculparia com Liz, mesmo que fosse daquele jeito dele, e ela estava mais do que propensa a deixar as desavenças de lado e declarar a trégua temporária.

Sim, temporária, porque ela tinha certeza de que tudo pioraria no exato momento em que os dois atravessassem os portões de Harvard sozinhos, deixando Elizabeth para trás, para começar a vida dela.

Suspirou resignada, pensando em uma pergunta que Jethro havia feito a ela quando ele descobriu que a filha tinha um namorado:

Por que elas têm que crescer?

E, logo em seguida, se lembrou do que respondeu: Para comandar o mundo.

E a Diretora da CIA nunca quis estar tão errada quanto agora. A filha estava saindo de casa. Aquele lugar ia ficar vazio sem Lizzy. E, o pior, ela sabia que sem a filha, Gibbs ficaria ainda mais emburrado, mesmo que a Ruiva cumprisse todas as promessas e viesse em todos os feriados, não seria a mesma coisa.

A partir do momento em que eles deixassem Liz na Faculdade, passaria a ser só os dois.

Jen e Jethro. Como um dia já foram. Os velhos parceiros em campo, como foram em Paris.

E ela não sabia se estava preparada para isso. Não para os murmúrios de Jethro e o enorme sentimento de saudade que já lhe ameaçava atacar.

— É, vai ser difícil. – Ela pensou.

A reunião terminou e, ao olhar para o relógio, Jenny logo viu que já passava a hora de ir para casa.

Chegando em Alexandria, ela notou duas coisas, seu marido não estava em casa e sua filha parecia ainda mais nervosa do que o normal.

— O que você aprontou dessa vez, Liz?

— Nada mamãe. Só o presente de Dia dos Pais do papai. – Ela viu a sinceridade nas palavras da filha e resolveu subir para seu escritório a fim de deixar suas coisas e depois tomar um merecido banho para relaxar.

Jethro não voltou para casa naquela noite. Apenas mandou uma mensagem para as suas ruivas dizendo que estava em um caso complicado.

No outro dia, foi Jenny quem não voltou. Uma operação a manteve por quase sessenta horas presa em Langley.

E mal sabia ela que quando chegasse em casa...

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Gibbs não estava feliz. Aliás, ele estava naquele humor sombrio, estranho, taciturno há semanas, mas nesta semana em particular, estava pior. E pobre era a cabeça do Agente Muito Especial Anthony DiNozzo, pois toda a raiva reprimida de Gibbs estava sendo descontada ali.

Um caso complicado, uma vítima que não queria cooperar, um suspeito em fuga. Tiroteio. Sua equipe em perigo. O Diretor da NCIS em seu pé, porque a Secretária da Marinha estava no pé dele. E para piorar, ele estava dormindo no sofá e não estava conversando nem com a filha e nem com a esposa.

Por minha culpa.— Ele até admitia internamente, porém, jamais, falaria alto.

E assim, depois de três dias trabalhando sem parar, só movido à ódio e à cafeína, Jethro voltou para casa.

Subiu os três degraus, abriu a porta, pendurou o blazer – estava quente demais para casacos, era julho, o verão tinha vindo com tudo – jogou as chaves do carro na mesa perto da porta, guardou a arma no cofre e percebeu o silêncio.

Não tinha nenhum som vindo da TV. Não tinha música alta vindo do segundo andar. Não tinha a filha cantando alguma música que ele jamais vai reconhecer. Não tinha os murmúrios da esposa enquanto lia algum relatório de alguma missão e discordava ou concordava com algo. Não tinha som de saltos altos clicando na madeira. Nem da cafeteira passando uma nova rodada de café.

Nada, não se escutava nada.

Só havia o mais puro silêncio.

— Vai ser assim que essa casa vai ficar em setembro. – Disse em voz alta e seguiu para o segundo andar a fim de se trocar, já que estava sozinho, resolveu que iria começar o pedido que Victória havia feito a ele. Uma casa de bonecas.

Jethro subiu as escadas e encontrou a porta do escritório da esposa aberta. Normalmente ele não entra lá sem a presença dela, e muito menos mexe em seus pertences. Porém, hoje, depois de quase uma semana sem conversar com Jenny – por sua única e exclusiva culpa – Gibbs resolveu que não faria mal nenhum entrar ali e ver o que a esposa andava aprontando.

Logo que entrou e deu a volta na mesa, percebeu um bilhetinho, um post it. A letra era de Liz.

Precisei dar uma saída. Não pretendo demorar. Vou resolver o presente do papai.

xo

Lizzy

— Presente?! – Jethro levantou uma sobrancelha confuso. – Não era o aniversário dele!

Foi então que ele se lembrou, Dia dos Pais.

— O que será que Liz está aprontando agora? – Tornou a pensar.

E se sentando na cadeira da esposa – algo que ele adorava fazer só para irritá-la -, ele se pôs a pensar no que a filha poderia estar tramando como presente. E ficou assim por um tempo, batendo a mão no tampo da mesa e fazendo as devidas suposições acerca do seu possível presente.

Depois de chegar à conclusão de que não fazia a menor ideia do que a filha poderia estar fazendo ou comprando, Jethro desviou a atenção para a mesa da esposa.

— E você, Jen, o que tem feito?

Ele começou a revirar os arquivos até que encontrou um bloco de folhas amarelas. O mesmo bloco, ele sabia, que ficava dentro da inseparável pasta de Jenny. Com um sorriso no rosto, puxou o bendito, se Jen o deixou ali, significa que é algo que ela tem que fazer em casa, ou precisa comprar.

— Lá vem você querendo mudar a mobília da sala de novo! – Ele suspirou e começou a ler a primeira folha.

Era uma lista.

Dez Coisas que Eu Odeio em Leroy Jethro Gibbs, por Jennifer Shepard.— Lei com certo ar de deboche.

Ele não sabia se ria ou se ficava ainda mais furioso com o que ela tinha escrito.

— Como se você fosse a rainha da perfeição, não é mesmo, Jen? – Falou em voz alta e se concentrou na lista escrita à mão pela esposa.

Já no número 1, ele teve que parar e rir.

— Como se eu fosse o único teimoso aqui!

E foi absorvendo item por item e as devidas explicações. Sim, Jenny, não satisfeita de enumerar todo os seus defeitos, teve que explicá-los. E o pior de tudo, Gibbs podia ouvir o som da voz da esposa al ler item por item.

— Mas que diabos é isso?! Até a poeira do porão a incomoda! Quando foi que Jenny ficou tão chata? Ela já cansou de ficar por ali. E até gostava bastante.

Porém, não foi essa a entrada que mais lhe chamou a atenção. Aliás, de todas as palavras escritas na caligrafia elegante da Diretora da CIA, porque depois daquilo ela era a Diretora da CIA, não a esposa dele ou só a sua Jen, uma frase fez questão de ficar gravada em seu cérebro.

É isso que eu ganho por me casar com um homem velho.

— Eu não sou velho!! – Grunhiu alto como se se ele falasse aquilo em voz alta, as palavras magicamente sumiriam do papel em sua mão!

A lista parava no número 7. E ele não sabia se ela não teve tempo de terminar os dez motivos, ou se ela ainda estava escolhendo os outros três cuidadosamente para colocar ali.

E, revoltado com a audácia da esposa de escrever tal lista sobre ele, Jethro resolveu que escreveria uma também, mesmo que usar as palavras não fosse a primeira qualidade dele. Jethro era um homem de ação, não de palavras. Contudo, ele tinha seus motivos para odiar Jennifer Shepard.

Dez Motivos Para Eu Odiar Jennifer Shepard

Por Jethro Gibbs

Ela é cabeça dura. Jen fala de mim, mas é até pior do que eu. Se ela não fosse tão cabeça dura, não teria que ter sumido por anos fingindo-se de morta. Eu a teria ajudado e nós dois teríamos resolvido as coisas muito mais cedo.

Ela é uma feminista esquizofrênica. Jura de pé junto que não precisa de nenhum homem para ajudá-la a fazer nada, mas basta ver uma barata ou uma aranha que sai gritando por mim, dizendo que tem um “monstro” em tal lugar. Ou tem também o fato de que ela tem um estômago fraco, não Jen, eu não esqueci a vez que você vomitou nos meus sapatos. E teve aquela vez que você escorregou em um barranco e não conseguia sair... me gritou até que ficasse em voz. Se não fosse por mim, você não sairia daquele lugar. Sem contar que não entende nada de carro. Outro dia o pneu furou e a Madame, ao invés de por a mão na massa e trocar o pneu, o que fez? Ligou para mim com a desculpa esfarrapada de, “não quero quebrar a minha unha, Jethro.”.  Como eu disse, é uma feminista esquizofrênica, pois sempre tem algo acontecendo que ela tem a necessidade de me chamar. Depois fica me chamando de chauvinista só porque acho que tem certas coisas que nem ela ou Liz devem fazer.

Ela é Mandona. Talvez tenha a ver com a o temperamento dela, ou talvez seja por conta da cor do cabelo, eu não sei. Mas Jenny é mandona. Ela ama o poder e ama, acima de tudo, controlar tudo. E assim ela o faz. E ai de quem contrariar as palavras dela. – Eu faço muito isso, porém sempre resulta em:

Eu nunca vi uma pessoa tão propensa ao drama como ela. E olha que antes dela eu tive quatro esposas. E Jenny é a de longe a mais dramática. E a única que, depois de um show de briga, sempre me põe para dormir com o cachorro. Na verdade, ela foi a única que teve o sangue frio para me colocar para fora e me deixar para fora do quarto. Tudo bem que depois de acordar com uma faca em um lugar muito particular, depois de uma briga enquanto estávamos na Europa, eu passei a respeitar, ao menos, essa decisão dela. Nada é mais apavorante do que Jen ameaçando te castrar e estando a ponto de fazê-lo. Tudo porque eu me esgueirei para o quarto no meio da noite e tentei fazer as pazes. Nunca mais tentei de novo.

Suas palavras grandes. Um dos motivos pelos quais eu evito confrontar Jen quando ela está com a bússola apontada para a vontade de brigar é só uma: eu não entendo metade do que ela fala. Não sei o porquê de bancar a sabichona quando estamos brigando! Mas ela tem que fazer isso. Parece que quando ela não tem mais nada para fazer, ela pega um dicionário e vai lê-lo com o único propósito de achar uma palavra grande o bastante, difícil o bastante, para jogar na minha cara na nossa próxima discussão. Assim quando ela começa a usar palavras como energúmeno, doppelganger, e tantas outras com mais de três sílabas, eu saio de perto. Não preciso que minha cabeça fique doendo com todas essas palavras difíceis.

A máscara da Diretora fria e distante. Se tem uma das personalidades de Jenny que eu realmente não gosto é essa. E sim, tem mais de uma Jenny ali dentro daquela ruiva. Tem a Jennifer que era a garotinha do papai, a filha do Coronel; tem a Jenny, a agente federal, a mulher apaixonada pelo que faz e pela família; tem a Jen, que é uma versão da Jenny que só aparece para mim e eu sei exatamente o momento em que a Jenny se transforma em Jen pelo brilho no olhar dela e o sorriso que ela me dá, geralmente Jen aparece quando ninguém mais está por perto, tarde da noite ou quando estamos realmente sozinhos; e tem a Madame Diretora e essa é terrível, a Diretora Shepard é uma mulher ambiciosa e competente, porém, fria e distante, que vê a agência que dirige como um organismo vivo e impede que qualquer um faça mal à coisa. Geralmente possui um olhar firme e zangado no rosto sério. Nunca sorri e é temida por todos, que quando escutam os seus saltos altos ecoando no piso, correm para se proteger. E esse é um lado que eu não queria ter conhecido. Apesar de achar que a Madame Diretora é extremamente competente no que faz, eu não gosto dela. Ela esconde as outras mulheres que Jen é tão no fundo, que às vezes eu tenho medo de que elas jamais vão assumir o controle novamente.

Seus malditos saltos altos. Eu até admito que eu gosto de ver como ela consegue se equilibrar e andar elegantemente com eles, mas aquelas coisas já deixaram de ser um instrumento de sedução – porque ela faz uso deles é para isso, não importa quais desculpas ela use – e passaram a ser um pesadelo. Jen tem, por alto, mais de cinquenta pares, que ficam organizados no chão do closet, por cor e altura - e ela jura que precisa de todos eles, que cada um é para combinar com uma roupa diferente ou é para uma ocasião especial. E olha que eu nem contei com os sapatos da filha! Pois as duas calçam o mesmo número e vivem fazendo a troca de um por outro. Se eu pudesse, eu pegava cada um daqueles pares e jogava no triturador, só para ver a reação dela. Só não faço isso porque tem uns lá que são de Lizzie, e eu não quero magoar ainda mais a minha menina. Mas que seria interessante ver o rosto de Jen enquanto ela via os amados saltos serem destruídos, ah, seria. Às vezes chego a pensar que ela gosta mais dos sapatos do que de mim.

Jethro parou de escrever depois de colocar toda a sua opinião sobre os saltos de Jenny no papel e começou a pensar na próxima razão para odiar Jen. Não encontrou nenhuma mais. Assim, resolver reler a lista. Tudo ali era verdade, ele realmente odiava cada uma das razões. E para cada uma que ele lia, ele foi se lembrando de uma certa ocasião que determinado fato aconteceu.

Memórias de bons tempos, tempos difíceis. Do presente e do passado. Porém, todas elas levaram ao eles são hoje. Contudo, não deixavam de atormentá-lo, todas essas manias que a esposa tem.

Satisfeito por, pelo menos, ter equiparado o número de motivos, ele parou por ali e se esqueceu da lista por um breve momento, pois, logo atrás dos sete motivos que a esposa escreveu para odiá-lo, havia mais coisa escrita.

— Então você não parou no sétimo, hein, Jen? – Ele falou e pegou a lista, já pensando como poderia retrucá-la.

Foi quando ele foi pego de guarda baixa. De tudo o que ele já esperava de ler, como ser um mudo funcional, ter três ex-esposas malucas e um passado complicado, ser um workaholic, dirigir como um louco ou qualquer outra dessas “qualidades” que muitos já haviam jogado na cara dele, ele viu outra lista.

Dez Motivos Sem Explicação Nenhuma Para que Eu Esteja Casada Com Leroy Jethro Gibbs, por Jennifer Shepard.— Jethro leu em voz alta. E, avidamente, leu cada uma das palavras que ela havia escrito ali. Parando no número 10.

“10) O amo. E esse é o maior dos motivos, eu o conheço a vinte e cinco anos, nem todos estes eu passei ao lado dele, contudo eu sei a dor que é ter que me separar dele. Eu não posso viver sem Jethro e essa é a verdade.”

Mal sabia Gibbs que enquanto ele ficava um tanto embasbacado com a segunda lista, Jenny havia chegado em casa e estava parada na porta do escritório. Ela, primeiro tinha visto o marido escrever furiosamente no papel, sabendo perfeitamente a que ele respondia. Depois viu a surpresa estampada nos olhos dele, quando ele leu a segunda lista. E Jenny resolveu esperar. Queria ver qual seria a reação do mudo funcional, com sérios problemas de expressar seus sentimentos, com quem ela havia se casado.

Jethro pegou a folha e releu os dez motivos de Jen para estar casada com ele. Leu novamente, pousou a folha em cima da mesa e se pôs a pensar.

Será que ele também tinha Dez Motivos Para Estar Casado com Jennifer Shepard?

Raios, aquela mulher o tentava desde o primeiro dia, ele sabia disso. Ela sempre o levou ao limite. Em todos os sentidos. Contudo, ele, neste exato momento, não sabia como expressar isso em dez razões diferentes. Não, ele não sabia nem se explicar. Nunca saberia. Assim, ele pegou a caneta cheia de cristal que Liz tinha dado a Jen e, na mesma folha que a esposa tinha escrito os seus dez motivos, ele escreveu algo.

Jenny, curiosa como só ela é, resolveu que tinha que saber o que o marido havia escrito, ele ainda parecia no mundo da lua e ela começou a temer que a lista de Dez Coisas que eu Odeio em Você tivesse sido demais. Assim, pé ante pé, ela entrou no próprio escritório e contornou a mesa para ficar atrás do marido e, olhando por sobre o ombro dele, ela pode ler o que ele escrevera:

Único motivo para estar casado com você, Jen. Eu te amo.

O sorriso que ela deu foi involuntário, assim como a lágrima que teimosamente desceu pela sua bochecha e foi cair bem no ombro de Jethro.

— Deveria ter colocado na outra lista que você é curiosa. – Ele comentou do nada, estendendo a mão esquerda para a esposa.

Jenny, sem hesitar, pegou a mão dele na dela e as duas alianças se encontraram.

— Se você for atualizar a sua lista, me dê a oportunidade de fazer o mesmo, pois o grande curioso aqui é você. – Ela respondeu baixinho, mas quando os olhares se encontraram, os dois sorriam.

Jethro deu de ombros, desistindo de acrescentar o número 8 à lista, preferindo muito mais puxar a esposa para o seu colo.

— Isso quer dizer que estou perdoado por agir irracionalmente e como um velho? – Ele perguntou depois que ela o beijou.

Jenny deu uma risada e, antes de responder, pegou a lista que ele havia feito. Passando os olhos pelos 7 motivos que o marido tinha escrito para odiá-la, ela revirou os olhos para o último.

— Você me descreveu como uma feminista esquizofrênica com tendências à megalomania e acumuladora compulsiva!! – Ela disse em descrença.

— Você me chamou de velho, Jen. E ameaçou me castrar.

— Não seria a primeira vez, não é mesmo? – Ela sorriu inocentemente para ele.

Ele gargalhou.

— Não, não seria. Você já fez muito isso.

Jenny acompanhou o marido na risada, e depois, como se fosse sincronizado, os dois ficaram em silêncio, Jenny com a cabeça apoiada no ombro de Jethro, os dois só ali, aproveitando a presença um do outro.

O único som a interromper essa calma foi o som da porta se abrindo e fechando, Liz cantarolando Hey Jude dos Beatles e subindo as escadas em direção ao seu quarto.

De onde os dois estavam, eles puderam ver a garota chegar ao andar e, dançando no ritmo da música, andar pelo corredor. Ela carregava um embrulho bem grande nas mãos.

— Isso me lembra que eu ainda não sei se vocês dois se acertaram. – Jenny comentou cutucando o marido no peito para chamar a atenção dele.

Jethro simplesmente disse.

— Quando eu cheguei hoje e vi a casa vazia, notei que vai ser assim daqui a algumas semanas. Confesso que não gostei, vou sentir falta daquilo ali. – Ele apontou para a filha, que cantava outra música e continuava a dançar.

Jenny sorriu para a filha e depois para o marido.

— Converse com ela. – Falou se levantando.

Jethro impediu que ela se levantasse e com um assobio, chamou a filha.

Liz pega de surpresa, olhou na direção do som e depois para as mãos.

— Se isso daí é o meu presente, pode me entregar. – Jethro falou com um sorriso.

Jenny tinha dito a verdade, ele tem um jeito único de consertar as coisas com a filha, já que Ruiva apenas disse:

— Só no Dia dos Pais, papai.

— Eu vou encontrar isso aí dentro do seu quarto! – Ele ameaçou.

Liz apenas voltou para o corredor e, com as mãos na cintura, retrucou:

— Tudo bem, eu posso esconder em vários outros lugares. Tenho contatos para isso. Só não sei se eles me entregarão a tempo do dia dos pais... – Ela tinha um sorriso travesso no rosto.

Ah, Jethro iria sentir falta disso também!

— Tudo bem, vamos combinar que, se eu tropeçar nesse presente antes do Domingo, eu vou abri-lo.

— Combinado. – Liz disse. – Mas o senhor não vai encontrá-lo! – Ela piscou. - Precisamos selar esse acordo com um aperto de mãos?

— Um abraço já está bom. – Era a forma de pai e filha selarem a paz.

— Carente! – Liz disse ao abraçá-lo.

— Não, Liz, ele não está carente. Está velho! – Jen brincou.

Liz olhou para os pais e depois seus olhos pousaram nas listas.

— Meu Deus! Eu acho que vocês dois estão sofrendo da crise da terceira idade!! Olhe isso! – Ela apontou para os papeis.

— Não nos faça escrever os Dez Motivos Para Odiar Elizabeth Shepard-Gibbs!— Os dois ameaçaram.

— Nem em um milhão de anos! Quem em sã consciência iria querer ter vocês dois como inimigos declarados? – A garota arregalou os olhos ao dizer, fingindo estar apavorada, mas no fundo estava se divertindo com a forma como os pais encontraram para se acertarem. Cada vez era uma maneira diferente.

— Bom, aproveitando que tudo voltou ao normal. – Gibbs começou.

Temporariamente!— As duas ruivas responderam rindo.

Gibbs soltou a sua infame encarada mortal para as duas que o haviam interrompido.

— Posso continuar?

Elas fingiram fechar a boca e trancá-la.

— Convido as duas para jantar fora!

Logo, Jenny e Liz começaram a perguntar onde era, porque tinham que arrumar a roupa, escolher o sapato...

— Com uma condição. – Ele continuou não dando importância para a falação das duas.

— Que é? – Jenny perguntou.

— Sem saltos.

A gargalhada foi geral.

E, algumas horas depois, os três saiam para um jantar em família, certos de que, por mais que houvesse problemas, por mais imperfeito que cada um fosse, aquela era a perfeita imperfeição que eles jamais abandonariam, não importa quantos motivos eles pudessem achar para se odiarem – mesmo que fossem só sete sem importância alguma.


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Notas finais do capítulo

Aleluia que eu consegui condensar tudo em menos de seis mil palavras!!
Não tenho muito o que comentar, sei que os personagens ficaram um pouco fora da realidade da série (O Gibbs com certeza saiu um pouco), mas eu fiz uso da licença poética!

Espero que tenham gostado.

Muito obrigada por lerem.

Até qualquer dia!



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