Dois beijos escrita por gaby


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793542/chapter/2

BAZ

Eu poderia convidar o Lamb – ele dá aula de piano na mesma escola de música em que eu dou aula de violino. Nós já saímos algumas vezes, ele é bonito, se veste bem... mas não sinto que ele seja a pessoa certa para isso.

O Dev concordaria em ir comigo, se eu pedisse. Mas não quero ter que lidar com boatos de que estou namorando meu melhor amigo, seria um saco.

Eu poderia ligar para o Niall... Talvez ele tenha vindo para passar o natal com os avós... Não. Basilton Grimm-Pitch, o ex não, meu cérebro ordena, logo após, a voz de Agatha completa, também em minha cabeça: Tyrannus, saiba que eu espero bem mais de você.

Em último caso, se não houver uma alternativa gay, posso chamar a Helen, aquela amiga da Ags que tem uma quedinha por mim. Ela nem pensaria duas vezes antes de dizer sim... Contudo, uma vez que me foi apresentada a maldita possibilidade de chutar o balde, me sinto o capitão do time da escola outra vez, pronto para cobrar um pênalti.

Faltam quatro dias quando tenho uma súbita manifestação de coragem e dirijo até a casa do meu pai. Bato na porta aberta da cozinha – só para anunciar minha entrada –, onde Daphne trabalha escondida atrás de seu notebook, na mesa de jantar. Nunca entendi para que ela tem um escritório aqui se não o usa.

— Muito ocupada?

— Na verdade, está na hora da minha pausa – ela entrelaça os dedos, estica os braços e respira fundo antes de levantar da cadeira.

Eu fico ali, mudando o peso do corpo dos calcanhares para a ponta dos pés e vice-versa, observando-a colocar a chaleira para aquecer, pegar a caixinha de chás no armário, escolher um deles, colocar na caneca...

— Você quer conversar sobre alguma coisa, Basil? – Daphne está de costas para mim quando questiona; eu engulo em seco, minhas mãos inquietas dentro dos bolsos.

Não era para eu estar nervoso. Ela sabe. Meu pai sabe. Todos ao menos desconfiam, apesar de eu nunca ter confirmado. Eu nunca disse a eles, não com as exatas palavras. Nem mesmo quando ainda morava aqui e namorava o Niall. Era sempre: “estou indo no cinema com o Niall”, “vamos sair para jantar hoje”, “Niall e eu estamos indo no clube”, “vou dormir no Niall hoje”.

— Sim... Eu... – pigarreio, porque minha voz não quer sair, cacete. – Bom, vocês sabem... você sabe... Eu imagino que sim... – ela se vira para mim, encostando-se na bancada. Não é mais fácil olhando em seus olhos. Respiro fundo e digo de uma vez: – Eusougay.

— Ah, querido – ela sorri carinhosamente, contorna a mesa que nos separa e segura minhas mãos. – Nós sabemos, sim, mas fico contente que tenha vindo me dizer no seu tempo. Esteja ciente de que você tem todo o meu amparo, Baz – tento sorrir para ela.

— Hm... Não é só isso... – meu coração que sair pela boca. – Eu sei que meu pai não... apoia... mas eu estive pensando muito nesses últimos dias, sobre o evento anual... e, não sei... você acha que ele faria algo muito radical se eu levasse um acompanhante? Quero dizer, um homem... não uma garota...

Daphne me encara pelo que parece uma eternidade. Quero desistir da ideia. Vou ligar para Helen, ela vai aceitar e tudo vai continuar como está.

— Acredito que vai ser um tanto chocante para ele, porque você sempre foi muito reservado em relação a isso...

— Nem sempre porque eu quis...

— Eu sei – ela faz carinho na minha bochecha, meu peito transborda; eu amo como Daphne sempre cuidou de mim. – Eu sei que Malcolm é culpado de muita coisa, nesse quesito. Mas não acho que a mente dele seja de todo fechada, acho que podemos transformar as coisas. E também acho que seu pai mereça levar uma na cara – meu queixo cai, não vou mentir –, entender que você é dono das suas decisões e livre para viver sentimentos reais. Se você estiver pronto para mostrar isso a ele, claro.

— Uau – digo. – Obrigado, mãe... Eu só tenho medo que ele me proíba de vir aqui. Não quero ficar sem ver as pestes...

— Eu não carreguei cada um por nove meses na barriga pra deixar homem decidir o que fazer com eles – solto uma risada curta e arqueio uma sobrancelha. Ela me sorri de volta. – Não se preocupe, Basil. Faça o que for preciso pela sua felicidade. As coisas não vão se ajeitar do dia para a noite, mas devagar vão, sim.

Daphne me abraça e percebo o quão mais tranquilo eu estou.

— Se puder não contar a ele... eu ainda não sei se vou mesmo fazer isso.

— Eu não diria, de qualquer modo. O momento é seu.

Mais tarde nesse mesmo dia, pego o celular e envio uma mensagem para Agatha: Me assumi pra minha madrasta. Falei que talvez leve um homem na festa. Tá feliz? A resposta dela não demora a aparecer, AAAAAAA NÃO ACREDITO! como foi?? tudo bem? só tô feliz se for o que vc realmente quer, Bazzy. Eu ligo para ela.

 Conta logo — me pergunto se aquela Agatha da escola, que aparentemente tinha modos, ainda existe. Dou oi antes de resumir a conversa. – Sempre soube que a Daph não tinha um defeito. Que mulher... — ela suspira.

— Agatha? Ela ainda é minha mãe, ok?

— Eu nem falei nada — rolo os olhos, mesmo que ela não possa ver.

— Em todo caso, não sei se adiantou muito eu ter ido lá. Não tenho quem convidar.

— E aquele lá dos dedos mágicos?

— Meu Deus. Eu nunca disse isso na minha vida, Agatha.

— Se ele toca piano, ele tem dedos mágicos, ué. Só deduzi — deixo o ar desocupar meus pulmões.

— Tem tempo que não saio com ele... que não saio com ninguém...

— Você fala como se fosse superdifícil arrumar um homem, quando a gente sabe que é só a gay chamar que vem cinco de vez.

— A questão é que eu queria levar alguém que eu conhecesse, pelo menos. Você mesma disse que vai ser icônico, quero que seja icônico com uma pessoa que faça algum sentido.

 Hm... Complicado, mas não impossível — não gosto do tom de voz dela, mas não tenho tempo de indagar. – Preciso ir encontrar minha gostosa agora, depois a gente se fala, ok?

— Tá. Beijo.

— Beijo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não seja um leitor fantasma, comente, por favor :)

Agradecimentos especiais à minha beta lindíssima, Srta Prongs ♡



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dois beijos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.