A Herdeira escrita por Sofia Castella


Capítulo 5
Capítulo 05 - Under Pressure


Notas iniciais do capítulo

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Boa leitura. ^^

Playlist: Under Pressure – Queen ft. David Bowie;
What You Know – Two Doors Cinema Club



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Capítulo 05 - Under Pressure

 

Bella respirou fundo enquanto olhava ao redor da sala de reunião dos Volturi.

Naquele momento específico, ela estava completamente vazia, aguardando pelo início de uma reunião que definiria qual seria o futuro de toda a questão da herança de Marie. Bella havia demorado uma semana inteira para organizá-la, em parte, especialmente, porque Esme tivera que convencer Edward não apenas a comparecer àquela reunião, mas também a acalmar os Volturi o suficiente para também convencê-los a vir.

Quando Bella havia dito a Esme sobre sua ideia, ela, como suas mães tinham feito, se preocupara com o quanto ela se envolveria para garantir que tudo desse certo. Porém, no final, ela também concordara que talvez aquela fosse a única solução viável, apesar de preveni-la de que era muito provável que seus parentes, especialmente Edward, não ficassem satisfeitos com os trâmites daquela ideia.

Como se Masen já tivesse ficado satisfeito com alguma coisa na vida dele... Bella revirou os olhos enquanto saia da sala, indo novamente até a sala de espera ao lado, esperar pela chegada dos Volturi e de todos os seus advogados.

— Eles ainda não apareceram? – ela rosnou, frustrada, para Emmett, que estava sentado em uma das poltronas, com os papéis que eles haviam preparado nas mãos.

— Esses ricaços são assim, Bella. – ao lado de Emmett, Kate Marshall suspirou – Eles acham que todos têm que esperar por eles e nunca o contrário.

Bella respirou fundo, tentando se acalmar – Obrigado de novo por ter vindo, Kate. Obrigado por ter aceitado me representar no meio de toda essa bagunça.

— Você sabe que é sempre um prazer, Bella. – Kate sorriu – Eu teria enlouquecido nessa cidade sem vocês.

Bella lhe sorriu de volta. Kate e Emmett tinham se conhecido há cinco anos, quando ele tinha iniciado a faculdade de Direito. Verdade seja dita, ele havia começado a dar em cima dela para enciumar Rosalie, já que naquela época ela ainda tinha suas próprias dúvidas sobre assumir um relacionamento sério com alguém de classe social tão diferente. Felizmente, não foi preciso muito mais do que alguns beijos em Kate para que Rose tivesse tentado estrangular Emmett, antes dos dois finalmente oficializarem seu namoro.

Contudo, toda aquela farsa havia sido positiva não apenas para o casal, mas também para que Kate fosse apresentada aos Swan. Ela era a filha mais nova de uma família tradicional do interior que era extremamente machista. Quando ela expressou sua vontade de se tornar advogada, ao invés de se casar com o sócio de seu pai e ter 10 filhos, eles a expulsaram de casa, imaginando que ela retornaria implorando perdão e pronta para fazer tudo o que eles queriam dela. Contudo, ela apenas pegou suas malas e usou o pouco dinheiro que tinha guardado para pegar um ônibus até a metrópole e alugar um minúsculo apartamento enquanto realizava seu sonho de fazer faculdade.

Todavia, após três anos e em seu terceiro ano de faculdade, ela começou a ser sentir solitária, sem família ou amigos próximos com quem ela podia contar. Até que Emmett surgira. Um calouro bonito que foi bastante sincero com ela ao lhe dizer que queria fazer ciúmes à namorada, que não queria assumi-lo. A convivência a levou a conhecer Bella e sua família e Kate foi facilmente acolhida por eles, visitando-os e fazendo deles sua família postiça mesmo quando Emmett e Rosalie ficaram juntos e os gêmeos nasceram. Atualmente, infelizmente, eles já não se viam mais com tanta freqüência, já que, após se formar, ela aceitara um emprego em uma grande firma de advocacia e sua vida se tornara absolutamente ocupada. Era um milagre que ela tivesse se prontificado a ajudar Bella naquela situação como sua advogada oficial, já que ainda faltavam mais de 06 meses para Emmett se formar e por isso ele jamais poderia representá-la oficialmente.

— Vocês Swan’s já deveriam ter aprendido que podem contar sempre comigo. – Kate completou com um sorriso – E outra: Mal posso esperar para ver você enfrentar esses idiotas. Emmett me contou como eles te trataram, especialmente o tal do Masen. – ela revirou os olhos – O pai dele também era conhecido por ser insuportável. Aparentemente ele honrou a personalidade da família.

— Você o conheceu? – Bella a questionou, surpresa.

— Não, mas minha firma já os representou uma vez. – Kate esclareceu – Dizem que o homem nunca estava satisfeito com nada. Na verdade, ninguém nem sabia que ele tinha uma família, até que ele morreu e a empresa foi para o filho dele. Dizem que ele era muito legal no início. – Kate deu de ombros – Mas então, de repente, os genes do pai fizeram efeito e ele se tornou ainda mais carrancudo que ele.

— Masen? – Bella riu desdenhosamente – Muito legal? Eu já disse que os advogados têm que parar de esconder vodka nas garrafas de água do escritório. Isso dificulta o raciocínio.

Kate e Emmett deram uma gargalhada alta, mas pararam repentinamente quando a porta da sala se abriu.

O primeiro a aparecer foi Jasper Whitlock, parecendo tão sério e compenetrado quanto Bella se lembrava. Havia 04 homens ao redor dele, um idoso, dois homens em torno de 40 anos e um jovem. Todos usavam ternos caros e tinham expressões pedantes em suas faces, sendo claramente advogados ricos contratados pelos Volturi.

Masen e Esme adentraram a sala logo após. Como de costume, ele parecia enfurecido, mesmo enquanto o braço de Esme estava sob o seu e ela parecia calma, apesar de um pouco preocupada. Ao avistar Bella, ela soltou-se do braço do enteado e correu até ela, sorridente. Mesmo imensamente contrariado, Bella viu Edward a seguir lentamente, enquanto os Volturi, desta vez representados apenas por Aro e seu filho James, também entravam na sala, contudo, parando na soleira para conversar em volume quase inaudível com seus advogados antes de fazer qualquer coisa.

Esme passou os braços ao redor do pescoço de Bella ao alcançá-la e lhe sorriu. – Não se preocupe, querida, vai dar tudo certo.

— Eu não teria tanta certeza enquanto ela não nos disser do que se trata essa... Ideia. – Edward rosnou com nojo quando se aproximou, parando em frente à Bella – O que significa todo esse circo, afinal?

— Se trata de tentar fazer com que a herança de Marie volte a quem realmente pertence. Se isso é realmente o que você tanto quer, então eu não seria tão avessa. – ela rebateu, então virou-se para Esme, que não escondia o quanto esta perturbada pela troca hostil dos dois – Espere... Você não contou a ele, Esme?

— Bem... Ele tentou me convencer. – Esme suspirou e ergueu contrariada uma sobrancelha para o homem rabugento ao lado das duas – Mas eu queria que ele ouvisse direto de você. Quero que ele finalmente entenda que você só quer fazer o melhor. – ela disse, com um sorriso faceiro e ainda assim esperançoso.

— É claro... – Edward resmungou com desdém – Mal posso esperar para ouvir a ideia. – ele a olhou de cima a baixo, com aquele olhar costumeiro de desprezo, mas que cada vez mais a enchia de vontade de fazê-lo engolir os dentes.

— Então porque não começamos logo essa reunião? Quanto mais cedo tudo isso terminar, melhor, não acha?– ela rosnou de volta para ele.

— Talvez essa tenha sido a única verdade que disse até agora, Srta. Swan. – ele a fuzilou com o olhar, antes de se virar e ir até onde os Volturi continuavam cochichando com seus advogados, interrompendo-os sem qualquer inibição.

Primeiramente, os advogados fizeram uma fila para cumprimentar a ela e a Emmett e Kate, de modo que ela não pode deixar de perceber o brilho de chacota em seus olhos enquanto os avaliavam, com exceção de Whitlock, cuja expressão permaneceu neutra o tempo todo. Quando os cinco já tinham adentrado a sala, Bella estava se preparando para fazer o mesmo, quando Aro apressou-se e ficou bem na frente dela. Rapidamente, Esme veio ficar ao seu lado, as costas arqueadas e a linguagem corporal alerta como a de uma leoa prestes a defender seu filhote.

— Isabella... – Aro começou com voz doce, mas sempre com aquele toque artificial que, apesar de estar bem escondido, agora dava arrepios em Bella – Permita que eu me desculpe pelo meu comportamento desde a última vez em que nos vimos. Eu gostaria de ter me desculpado antes, mas não sabia como pedir perdão depois de ter agido de maneira tão descortês. Minha irmã me pegou de surpresa com seu último desejo e acabei agindo exageradamente diante... De uma distribuição que me pareceu um tanto quanto injusta, se me permite dizer...

— Não é necessário se desculpar, Sr. Volturi. – Bella o interrompeu, querendo que ele acabasse com aquela conversa vazia – De fato, a Sra. Volturi não tomou uma decisão aceitável e estamos aqui hoje justamente para corrigir isso.

— E não sabe como isso me alegra. – os olhos dele se iluminaram de uma maneira que fez Bella se sentir em um filme de terror, apesar do sorriso fácil continuar perfeitamente travado no rosto dele – Fico feliz que tenha achado uma solução. Marie sempre foi uma pessoa perfeccionista. Mesmo em seus últimos momentos de consciência, ela teve certeza de se assegurar que seria impossível não fazermos as coisas como ela gostaria. Estou ansioso para ouvir qual a saída que você achou para esta situação.

— Então será melhor entrarmos. – Bella acenou para a porta com a cabeça, polidamente – Planejo contar-lhes meu plano o mais rápido possível para que possamos discuti-lo e nos organizar para colocar tudo em prática.

Dito isso, ela agarrou a mão de Esme e a puxou junto consigo para dentro da sala, sentando-se na ponta da mesa e sentando-a na cadeira lateral imediatamente ao seu lado, ainda assim não deixando de sentir o olhar arrepiante de James, que até então estivera solenemente calado, em suas costas. Para sua mais completa repulsa, Edward escolheu exatamente a cadeira em frente à Esme, o que o deixou bem ao seu lado esquerdo. O resto dos presentes se distribuiu ao redor da grande mesa, sendo que Jasper sentou-se ao lado de Edward e Kate e Emmett nas cadeiras depois de Esme, ficando próximos à Bella. Quando todos estavam devidamente acomodados e todos os advogados já estavam com papéis espalhados pela mesa em frente a eles, Bella começou a falar antes que qualquer um tivesse a oportunidade, inclusive Edward, que ela percebeu que já havia tomado ar.

— Eu agradeço a todos por terem vindo aqui hoje. – sua voz soava séria e sóbria, o mesmo tom que ela estava acostumada a usar quando tinha que conversar com algum cliente importante, mas também difícil – Levando em consideração que todos estamos a par da situação atual da herança de Marie Volturi e todos concordamos que tal situação não pode se manter, eu solicitei suas presenças aqui hoje para lhes apresentar uma alternativa formulada por mim e por meus advogados para que consigamos excluir meu nome da herança e distribuí-la coerentemente entre os familiares diretos da Sra. Volturi.

— Pois bem, minha cara Isabella. – Aro parecia muito satisfeito – Prossiga, por favor.

— Primeiramente, tenho certeza de que todos os advogados aqui presentes têm consciência de que o testamento não abre possibilidades para que ninguém além de mim tenha acesso à herança diretamente. De fato, tive certeza de que meus advogados entrassem em contato com os senhores aqui presentes para que todos nos certificássemos de que realmente não havia maneira legal, dentro do próprio testamento, para que eu deixasse de ser a única herdeira.

— Sim, todos sabemos disso. – Edward rosnou, cruzando os braços e a observando raivosamente – Se tivéssemos encontrado essa maneira, não estaríamos aqui.

— Peço, por favor, que respeite minha cliente, senhor. – Emmett disse entre dentes.

— E eu peço que a Stra. Swan vá logo ao ponto... Por obséquio. – ele fuzilou os dois irmãos com o olhar antes de se recostar em sua cadeira novamente.

Bella respirou fundo para acalmar a raiva dentro de si. – Pois bem. Eu os reuni aqui para poder lhes esclarecer que: De fato, a Sra. Volturi não deixou margens para que alguém além de mim herde sua fortuna, sem que esta seja perdida por completo. Não planejo ficar com ela para mim mesma, mas todos percebemos que não há como evitar que isso aconteça, pelo menos sem que ela fique inacessível para todos os envolvidos.

— Eu pensei que alguém tinha dito que não iria ficar com a herança de maneira nenhuma. – Edward deu-lhe um meio sorriso maligno, como se fosse um demônio que acabara de pegar um pecador no ato do pior dos pecados.

— E não planejo ficar. – ela esclareceu, estreitando seus olhos para ele – A alternativa que lhes apresento é: a Sra. Volturi me deu um total de 06 meses para, necessariamente, permanecer com seus bens em meu nome e permanecer com eles estáveis e sem qualquer alteração e, mais especificamente, sem qualquer prejuízo. Nesse contexto, o testamento deixa claro em seu corpo legal que, mesmo após esses seis meses, somente com a questão de eu não ter prejuízo, ainda sou obrigada a permanecer com os bens em meu nome pelo resto da minha vida. Contudo, analisando o documento completo do testamento, eu e meus advogados nos concentramos em uma cláusula muito específica: a Sra. Volturi especificou que, caso ao final dos 06 meses, sob minha gestão, o patrimônio tivesse lucro e a fortuna da família crescesse em, no mínimo, 3%, eu poderia ficar com a fortuna por completo.

— Ainda não vejo como isso a exclui como herdeira, Srta. Swan. – Edward rosnou devagar, colérico, com a expressão perigosa.

— Não nesses seis meses. – Bella o encarou com a expressão sombria – Contudo, se eu conseguir cumprir esta cláusula, a fortuna será minha por completo e estará a minha disposição para fazer o que quiser. Inclusive abrir mão dela e passá-la legalmente para os membros da família Volturi.

Um minuto de silêncio se passou, antes que Edward repentinamente se erguesse de sua cadeira, enquanto batia a mão fortemente na mesa e falava, enraivecido.

— Você está brincando?! – ele rosnou baixo e ameaçadoramente – Realmente espera que concordemos com essa sua ideia estúpida? Espera que confiemos a você tudo o que pertence aos Volturi durante seis meses com a esperança de que você consiga lucrar o suficiente? Sendo que, se não conseguir, tudo fica com você de qualquer maneira? O que acha que somos?

— Não estou pedindo que confiem em mim. – Bella permaneceu calma, pois já esperava uma reação como aquela, especialmente por parte de Masen – Estou pedindo que façamos um acordo por escrito: Eu aceitarei a herança e todos os que têm direito a entrar na distribuição da fortuna dos Volturi me ajudarão e supervisionarão para que consigamos os 3% de aumento na fortuna total. Deixo claro que permanecerei sustentando toda a família durante o meu tempo de gestão da mesma forma que Marie Volturi o fazia. Eu me comprometerei textualmente para que, ao final dos seis meses especificados, eu passe todos os bens para tais envolvidos de maneira igualitária e sem deixar absolutamente nada para mim mesma. Caso contrário... – ela interrompeu Edward antes que ele pudesse interrompê-la novamente – Eu me comprometo, também textualmente, na última semana, do sexto mês, caso fique claro que os 3% não serão alcançados, a gastar a quantidade necessária para totalizar o prejuízo que me levará a perder a herança.

— Mas que altruísta. – a voz grave de Edward pingava ódio e sarcasmo – Agradeço seu imenso esforço Srta. Swan, mas receio que vamos ter que achar outra alternativa.

— A outra alternativa seria se a própria Marie Volturi recobrasse sua lucidez e exigisse todos os seus bens de volta. – Kate tomou a palavra – Contudo, todos os laudos médicos indicam que isso já não será mais possível, diante de sua condição de saúde. Os senhores terão todo o direito de pedir laudos novos, obviamente. – ela deu de ombros – Mas eu gostaria de lhes recordar que isso nos colocaria na data limite de um mês para que minha cliente recebesse a herança. Prazo este que, se for desrespeitado, resultaria na perda total da herança para todos os envolvidos, que acredito que é o que todos desejam evitar.

— De fato, nós já temos a primeira versão do acordo mencionado pela minha cliente impresso. – Emmett disse, enquanto se levantava para distribuir grossos maços de papel entre os advogados presentes – Gostaríamos de pedir que o analisassem minuciosamente primeiro. Dependendo de sua resposta, em caso de um retorno positivo, poderemos ter outra reunião onde modificaremos e adicionaremos nele aquilo que os senhores acharem relevante. Em concordância com os interesses de todos os envolvidos, incluindo minha cliente, obviamente.

— Contudo, caso o senhor tenha outra sugestão, Sr. Masen... – Bella cruzou os braços e o encarou, ainda de pé ao lado dela – Sinta-se livre para nos apresentar.

Bella o viu rosnar para ela, mas Esme o interrompeu antes que ele pudesse reagir além isso.

— Eu acho um plano perfeitamente aceitável. – ela franziu as sobrancelhas, irritada, para Edward – Minha filha ofereceu uma alternativa que respeitará o último desejo da minha mãe e ainda assim não vai desamparar a família, além de distribuir a herança ao final, como vocês tanto querem.

— Eu também concordo. – a voz de Aro surpreendeu a todos, inclusive Bella e Edward, que se viraram chocados para ele, que lhes sorriu – Com todo o respeito à minha sobrinha-neta mas, na última semana, meus advogados tomaram a liberdade de esclarecer quais foram as razões que levaram minha irmã a dar-lhe a herança. E, de fato, Marie tinha razão quanto aos dons administrativos de Isabella. – ele sorriu brilhantemente – Seu histórico na empresa em que trabalha não pode mentir, nem sobre suas capacidades, nem sobre sua integridade. Portanto, eu sou totalmente a favor desse acordo. Acho excelente. – ele deu uma risada satisfeita, mas logo balançou a cabeça pesarosamente –  Contudo, receio não ser o melhor administrador do mundo, por isso, tendo em vista que temos Edward nessa sala, que é um excelente gestor e poderá certamente melhorar ainda mais a proposta da minha sobrinha-neta, eu deixarei minha decisão nas mãos dele, deixando claro apenas que estou inclinado a concordar com tudo. – Aro entrelaçou as mãos na mesa e olhou para Edward – O que você me diz, Edward? Minha decisão está em suas mãos.

— Jasper... – Edward chamou em voz baixa e perigosa.

— Eu receio que os advogados da Srta. Swan estejam certos em dizer que não há muitas alternativas viáveis. – a voz do advogado permanecia sóbria e estável apesar de toda a tensão na sala – De fato, eu mesmo havia pensado em tal alternativa, apesar dela ser um pouco arriscada. Contudo, se a Srta. Swan está aberta a estabelecer um acordo legal escrito e assinado e barganhar os termos deste, além de se sujeitar às conseqüências legais do cumprimento ou não cumprimento de tal acordo, como seu advogado... – ele olhou Edward diretamente nos olhos – Eu o aconselharia a pensar seriamente sobre essa proposta.

Bella viu Edward encarar o advogado por um segundo, com as mãos apoiadas na mesa, a mandíbula travada e os ombros largos tensos sendo os únicos indícios de que ele parecia prestes a explodir. Ela viu também os olhos verdes gélidos percorrerem todos os presentes na sala até pararem em Esme e a encararem por um longo momento.

Foi enquanto ele a encarava que ela viu suas sobrancelhas se levantarem um pouco de repente, quase imperceptivelmente, e seus ombros relaxarem minimamente logo em seguida. Tensa, ela percebeu que ele havia tido uma ideia quando moveu a cabeça para encará-la, com um brilho venenoso nos olhos.

— Pois bem, Srta. Swan... – o gelo em sua voz era muito mais do que quase palpável, era cortante – Eu estou disposto a aceitar os termos do seu acordo, caso... – ele se endireitou e observou de cima – Concorde em adicionar três termos ao seu documento.

— Muito bem...  – ela também se levantou, a fim de não permitir que ele achasse, nem por um segundo, que era superior a ela ou que poderia intimidá-la. – E quais seriam eles, Sr. Masen?

— Primeiramente, quero que me inclua no documento. Não como herdeiro, mas como figura de supervisão dos seus atos enquanto receptora da herança durante o decorrer dos 06 meses.

— Edward... – Esme começou, mas ele a interrompeu.

— Minha mãe poderá ajudá-la e supervisioná-la como quiser. – ele acenou com a cabeça para Esme e voltou a encarar Bella – Mas eu também terei o mesmo direito e farei isso em nome dela e de Aro Volturi. Como tal, você terá que me dar relatórios completos de todas as suas movimentações na empresa e também me manter informado de absolutamente tudo que fizer enquanto o dinheiro estiver em seu poder.

— É uma cláusula aceitável. – Bella moveu a cabeça afirmativamente – Se todos estiverem de acordo, os advogados poderão incluí-la no documento.

— Segunda cláusula. – Edward se aproximou um pouco mais – Se ficar comprovado que qualquer uma das partes, desde os envolvidos até a herdeira,— ele a avaliou de cima a baixo – estão envolvidos em qualquer tipo de esquema de desvio de dinheiro da fortuna ou qualquer corrupção nesse sentido, essa pessoa será denunciada e perderá completamente sua parte no acordo.

— Há uma cláusula quase igual a essa no documento original. – Bella o avisou – Certamente poderemos aperfeiçoá-la.

— E, mais importante... – os olhos verdes se estreitaram, mas não conseguiram esconder o brilho desafiador e predatório – Terá que concordar com essa terceira cláusula caso queira que meu apoio e o de Aro: - ele se inclinou para ela, sustentando seu olhar perigosamente – Se, ao final dos seis meses, você não conseguir alcançar o lucro ou se recusar a distribuir a herança... Terá que se comprometer a reembolsar todos os membros da família Volturi com o mesmo valor que eles teriam recebido de você, caso lhes desse a herança.

Por um minuto, o corpo de Bella congelou com aquela declaração, apesar dela ter conseguido manter sua expressão séria inalterada. Ela já havia analisado qual parte da herança cada membro dos Volturi receberia, para explicitar isso no documento. E ela sabia que era muito dinheiro. Mais do que ela jamais poderia arrecadar trabalhando em toda a sua vida.

— Isso é inaceitável! – Kate esbravejou – Minha cliente não teria condições financeiras para tal reembolso!

— Se ela confia tanto em si mesma... – Edward deu um minúsculo e maligno sorriso – A ponto de sugerir esse plano e pedir que confiemos nela para conseguir esses 3% de aumento, porque não concordar com esse termo? Afinal, é apenas uma garantia de que ninguém sairá prejudicado. Será tão justo que poderão acrescentar isso: o valor do reembolso só irá até um valor máximo que permita a subsistência da Srta. Swan. Contudo, o resto irá para os prejudicados do acordo que ela mesma sugeriu e ela mesma tem total responsabilidade.

— Edward! – Esme nunca parecera tão revoltada – Você não pode...

— Muito bem. – Bella os interrompeu. De fato, conseguir aquele dinheiro, caso ela falhasse, seria um inferno, ainda mais porque ela tinha certeza de que Edward seria como uma sombra ao redor dela, esperando seu fracasso. Mas sua vida seria um inferno com os Volturi culpando-a caso ela não aceitasse aquela herança e os deixasse sem nada ou se a aceitasse apenas sem apresentar prejuízo e se prendesse para sempre a um nome e uma fortuna que não queria. Ela já havia determinado para si mesma que daria o seu melhor e daria o que Esme e os outros Volturi tinham direito. De um jeito ou de outro.

Encarando Edward com uma expressão sóbria e determinada, ela falou, com a voz tranquila. – Eu concordo com essa cláusula. Contudo, - ela interrompeu o início dos protestos de Emmett, Kate e Esme - Exijo que faça uma adição a ela.

— E qual seria? – Edward rosnou.

— Caso tal reembolso seja necessário, todo o dinheiro que eu devolverei deverá ser comprovado como meu. Nenhuma quantia, propriedade ou escritura que venha da minha família ou de qualquer outra pessoa além de mim deverá ser aceita. Apenas eu serei responsável por essa dívida e ninguém poderá me ajudar com ela.

— Bella... – Esme choramingou, mas Edward a interrompeu, o olhar frio e desdenhoso direcionado a Bella.

— Concordo plenamente. – ele estendeu a mão para Bella, com um sorriso sarcástico – Bem, finalmente concordamos em algo, Stra. Swan. Aro me permitiu representá-lo, então estamos todos de acordo.

Bella apertou aquela mão forte, desejando poder quebrá-la. – De fato estamos, Sr. Masen.

— Nossos advogados avaliarão seu documento e acrescentarão essas cláusulas a ele. Quando tudo estiver acertado, nos encontraremos novamente para assinar a ele e à posse de sua herança. – as orbes verdes a percorreram como ácido – E iniciaremos oficialmente sua gestão dos bens dos Volturi e a minha supervisão.

— Sim, de fato. – Bella disse, entre dentes.

— Mal posso esperar.  – ele lhe deu um sorriso de escárnio e se virou para ir embora – Até logo, Stra. Swan.

Jasper e os outros advogados o seguiram prontamente, enquanto que Aro e James foram mais devagar, dando-lhes sorrisinhos falsamente gentis ao sair, que lembraram Bella de duas raposas.

— Bella... - a voz de Kate sugeria um desespero aparente que ela não estava conseguindo esconder – Você tem que chamá-los de volta imediatamente e dizer que não concorda com aquilo. – ela se aproximou, parecendo a um passo de entrar em pânico – Você vai literalmente dever para eles até morrer se realmente aceitar aquilo.

— Não é que não acreditemos em você, mana. - Emmett emendou, parecendo assustado – Você é mais do que capaz, mas isso é muito arriscado. Por favor, pense direito.

— Eu agradeço que vocês se preocupem tanto comigo. – Bella suspirou e lhes deu um sorriso triste - Mas eu já pensei no que tinha que pensar e já fiz o que era necessário. Eles nunca concordariam com o acordo caso eu não aceitasse aquela cláusula e eu não permitiria que essa cláusula acabasse prejudicando vocês, se tudo der errado. O que tinha que ser feito, foi feito.

— Então não aceite a herança e mande eles para o inferno! – Emmett esbravejou – Eles não importam! Você sim!

— Eles vão ficar sem nada se eu fizer isso, Emmett. – Bella suspirou, resoluta – Eu não iria querer que fizessem isso com nossa família e não vou fazer com a deles. Não pedi para estar nessa situação, mas agora depende de mim terminá-la. E agora é tarde demais. Eu já concordei com Masen. Agora tenho que começar a estudar ainda mais a fundo o caso da fortuna dos Volturi e dar tudo de mim para fazer isso funcionar.

— Edward... – por pouco Bella não perdeu o murmúrio quase inaudível vindo do canto da mesa, mas ele foi suficiente para que ela se lembrasse de Esme e se virasse para ela, finalmente percebendo que ela estava sentada com os ombros tão baixos que estava quase sumindo em si mesma, enquanto murmurava desconexamente – Por que... Por que ele...?

— Esme. – preocupada, Bella foi rapidamente até perto dela – Você está bem?

Esme a encarou com um olhar perdido e repleto de lágrimas – Eu não entendo. Ele sabe o quanto você significa para mim... Eu não entendo. Será que eu disse alguma coisa para ele que o fez pensar mal de você? Por que ele fez isso?

— Esme, não. Não se culpe. – Bella a abraçou e beijou sua testa gentilmente, consolando-a – Você não podia fazer nada para evitar isso.

— Mas talvez se eu tivesse dito a ele sobre a sua proposta antes...

— Ele teria tido mais tempo para planejar mais cláusulas como aquelas.  – Bella suspirou – Esme, eu sei que Edward não é só como um filho para você. Ele é seu filho. Eu tenho certeza que ele não fez isso para te machucar. Mas a verdade é que ele não gosta de mim. – Ele me odeia e o sentimento é completamente mútuo, ela quase completou, mas conseguiu se controlar – A antipatia dele tem a ver apenas com isso, então não fique assim tão triste.

— Bella... – Esme fungou - Eu sei que eu dizer que sinto muito não faz diferença nenhuma agora, então... Eu gostaria que você soubesse que eu tenho muito orgulho e admiração por tudo o que você está fazendo e vou apoiá-la em cada passo do caminho.

Sorrindo docemente, Bella a abraçou – Obrigado, Esme.

Kate suspirou, parecendo ter se resignado. – Bem, Bella. Espero que esteja pronta para ter mais dinheiro do que pode contar.

Bella respirou fundo, antecipando tudo aquilo que teria que passar pelos próximos 06 meses, enquanto Katie continuou:

— E também para ficar sob mais pressão do que já esteve em toda a sua vida.


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