A Herdeira escrita por Sofia Castella


Capítulo 1
Capítulo 01 - New Rules


Notas iniciais do capítulo

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Playlist: New Rules - Dua Lipa



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Capítulo 01 - New Rules

 

— Eu sou a única que acha que colocar uma pulseira de choque nele seria a solução mais prática?

Bella sorriu para Alice enquanto terminava seu café. As duas estavam no restaurante ao lado da empresa, se entupindo de doce e cafeína enquanto tentavam fazer seus nervos superarem a reunião que havia terminado há menos de 10 minutos, em que elas e o resto de sua equipe ficaram sentados durante 40 minutos ouvindo como era péssimos profissionais por não terem argumentos e estratégias bons o suficiente para convencer o Sr. Renshaw a não comprar uma Ferrari quando a casa dele estava prestes a ir a leilão na semana seguinte.

— Eu quero dizer, quando ele for comprar alguma coisa, nós damos um choque nele e ele para. – os olhos castanho-mel de Alice se arregalaram, como ela estivesse vislumbrando o mundo ideal – Ele ficaria muito bem treinado e não seríamos mais obrigadas a ouvir aquelas besteiras. E ainda esvaziaríamos os pet shops que vendem essas porcarias e salvaríamos os animais.

— Eu não desgosto da ideia. – Bella riu, se recostando na cadeira - Anote nisso no seu caderninho de ideias e aplique com seus funcionários quando abrir a boutique.

— Eu não vou precisar disso. Vou tratar meus funcionários como seres humanos, não como imbecis. – sua amiga revirou os olhos e voltou a comer seu sorvete.

— Você ainda não falou sobre o novo ponto que tinha achado no jornal. – ela suspirou com tristeza e foi se sentar na cadeira ao lado da amiga. – Você parecia tão animada na semana passada, Allie... O que aconteceu?

  - Ah, nada. É só que o senhorio não queria alugar para “uma solteirona”.  – Ela fez aspas com as mãos, a voz escorrendo escárnio enquanto revirava os olhos - Aparentemente, nós mulheres solteiras de 23 anos damos muitos problemas ao tentar abrir nossos próprios negócios sem um homem do lado. Velho idiota...

— Oh, Allie, eu sinto muito. – ela abraçou a melhor amiga pelos ombros, sabendo o quanto devia ter doído nela perder mais um lugar onde ela finalmente poderia realizar seu sonho – Quer saber? Para o inferno com ele. Você ainda vai ter a boutique mais chique, mais conhecida e mais movimentada de todo o universo. É o seu sonho. – Ela passou a mão pelo curto cabelo negro da amiga – E você tem lutado por ele desde que éramos adolescentes. Vai conseguir o lugar um dia, você vai ver.

— Sim, sim eu vou. – Alice suspirou e sorriu, parecendo estar falando aquilo mais para si mesmo do que para Bella. Logo ela recuperou sua costumeira expressão confiante e se virou para a amiga, com as sobrancelhas erguidas e os olhos avaliadores – E por falar em sonho, e o seu sonho?

— Hã? – ela a fitou, perplexa – Do que você está falando?

— Vamos lá, Bella. – Alice revirou os olhos e passou-lhe a taça de sorvete – Você merece mais do que ficar ouvindo um velho te desmerecendo todo o santo dia depois de você ter operado milagres, amiga. Você tem que achar o seu mais! O seu sonho!

— Argh, essa conversa de novo, Alice? – ela grunhiu – Já conversamos sobre isso, lembra? Eu sei fazer o que faço muito bem, e eles me pagam bem pelo que eu faço.

— Razoavelmente bem. – Alice pontuou.

— Mesmo assim, Allie. Não posso me dar ao luxo de ir para outro lugar, você sabe. Ano que vem a escola dos gêmeos vai aumentar e a aposentadoria das minhas mães mal paga a hipoteca da casa. O trabalho de Emmett e Rosalie também não paga uma fortuna e você sabe como eles querem economizar o suficiente para encontrar um lugar legal para morar com as crianças. Se eu não pudesse contribuir com as despesas, teríamos que abrir mão de muitas coisas. – Bella suspirou, pegando uma colherada grande do sorvete - Não posso me dar ao luxo disso agora.

— Eu sei. – Alice levantou as mãos em sinal de rendição, mas seu semblante ainda transparecia preocupação – Eu só gostaria que você encontrasse alguma coisa que amasse.

— Está tudo bem, Allie. – Bella sorriu para a amiga – Eu não sou como você. Não tenho um sonho que faria tudo para alcançar. Estou bem como estou agora. Talvez, no futuro, eu possa achar algo que me motive a achar esse seu “mais”. – ela deu um sorriso faceiro enquanto imitava as aspas que sua amiga havia feito – Agora, mudança de assunto: Você viu a Leah por aí? Eu passei pelo departamento de marketing, mas não vi nenhum sinal dela.

— Eu só espero que não seja pela razão que eu estou pensando. – Alice levantou uma sobrancelha sugestivamente, com o rosto torcido de desgosto.

— Oh, não. – Bella descansou a testa em uma das mãos, frustrada. – Você não acha que ele procurou ela de novo, acha? Quer dizer, depois daquilo tudo. Eles estavam na cama dela, pelo amor de Deus! – ela exclamou com incredulidade o suficiente para seus óculos deslizarem até a ponta de seu nariz.

— Você sabe como a Leah é sobre o Sam. Ele disse a ela tantas vezes ao longo dos anos que não podia viver sem ele, que ela finalmente acreditou. – Alice rosnou, enfurecida – Eu também adoro pensar que ela finalmente chutaria aquele traste, se ele voltasse com o rabo entre as pernas de novo, mas vamos ser honestas, você sabe que ela ainda não está pronta para isso.

— Acha que deveríamos ir até a casa dela hoje à noite? Eu odeio pensar que ele pode ter convencido ela a fazer mais alguma bobagem. Lembra de quando ela vendeu o carro do pai? Ela amava aquele carro e teve que vendê-lo para pagar as multas que ele conseguiu dirigindo! – Bella rosnou – Às vezes eu queria ensinar uma lição àquele idiota...

— Às vezes eu queria que ela nos ouvisse. – suspirou Alice – Bem, isso e que ninguém desconfiasse de nós se envenenássemos a cerveja barata dele. Mas, eu acho uma boa ideia irmos até lá. Podemos inclusive comprar os biscoitos favoritos dela quando terminarmos o expediente. Você sabe como ela fica mais feliz quando come...

Bella ainda podia ouvir o eco da voz de Alice naquele começo de noite, enquanto seu chefe saía da sala depois de ter deixado uma enorme papelada na mesa de sua equipe. Aparentemente, a família Murray, que eram seus clientes recorrentes, estavam tendo problemas novamente em manter seus cofres cheios com algo que não fossem cobranças. Suspirando, Bella esfregou os olhos, preparando-se para virar mais uma noite no escritório.

— Tudo bem pessoal, eu e Ben ficamos por hoje. Bella, Judith e Jessica podem ir. – disse Alice com um gesto displicente de mão. E, enquanto Jessica não precisou de um segundo aviso para dar boa noite e se retirar da sala, Bella se levantou de sua cadeira, pronta para discutir com Alice, mas sua melhor amiga a interrompeu antes.

— Não ouse reclamar, Bella. Você já virou dez noites aqui só esse mês e cuidou de toda aquela papelada ontem, em um feriado, pelo amor de Deus! – Alice exclamou, exasperada, sentando-se em sua mesa, enquanto Judith, vendo que a batalha de Bella já estava vencida, também já se despedia e pegava sua bolsa para ir embora – Vá para a casa, tome um banho e vá ver a Leah. Conto com você para me manter atualizada. – ela a dispensou com outro gesto de mão, voltando toda sua atenção ao computador em sua mesa.

— Alice... – Bella revirou os olhos, apesar de que, se havia algo que ela descobrira em 15 anos de amizade, era que, contra as decisões de Alice Lucy Brandon, não havia argumentos. A garota que decidira ir morar com a mãe quando os pais se divorciaram por saber que o pai estivera tendo um caso com a secretária e convenceu inclusive o Conselho Tutelar, aos 15 anos, de que ficar com sua mãe, aquela com menos bens entre os dois progenitores, era o melhor para ela. E também a garota que decidiu, aos 08 anos de idade, que teria a boutique mais diversa e sofistica que o mundo já viu e vinha economizando para tornar aquilo realidade desde aquela época.

Essa era Alice. Lutar contra ela era o mesmo que querer domar um furacão.

Resignada, Bella não pode fazer muito além de juntar suas coisas e ir para casa. Contudo, o fato era que sua preocupação com Leah a estava consumindo desde cedo e, ao finalmente chegar em casa depois de uma longa caminhada naquele começo frio de noite, ela já havia se decido à apenas guardar suas coisas antes de chamar um carro. Sua amiga era mais importante, ela afirmou para si mesma, enquanto abria a porta e sua atenção acabou caindo em um grande carro preto ao se virar para verificar a rua. O carro, preto e reluzente, que àquela altura já havia dado a partida e estava longe, se destacava em meio à vizinhança humilde. Balançando a cabeça, Bella girou a chave para entrar em casa, colocando seus pensamentos em outras coisas mais importantes que um ricaço perdido em seu bairro.

O som de Somebody to Love, do Queen, tocado no piano, encheu seus ouvidos assim que entrou em casa. Não pode se impedir de sorrir largamente ao adentrar mais na sala de estar e ver sua mãe Isabelle, sentada em seu pequeno piano, com os gêmeos sentados um de cada lado, e cantando melodiosamente o refrão da música. Bella lembrava perfeitamente do Dia das Mães, quando ela tinha apenas 07 anos, em que ela, Emmett e sua mãe Edythe deram o pequeno e simples piano para Isabelle, mas que pareciam muito bem ter lhe dado o maior diamante do mundo, pelo jeito como ela reagiu.

Ela sabia que sua avó tinha sido professora de música, assim como Isabelle também havia sido durante muito tempo, até se aposentar dois anos atrás. Bella sabia que o piano era uma forma dela se conectar com a mãe, Renée Swan, que havia sido muito importante para seu processo de aceitação, seu relacionamento e seu amor pela música. E também era um doce lembrete da época em que Renée levava a única filha para as aulas que dava à jovem Edythe Volturi.

E o resto era história e uma linda família.

A voz estridente dos gêmeos tentando cantar a tirou de seus pensamentos. Rindo, ela foi até o piano, onde sua mãe novamente iniciava o refrão e os surpreendeu cantando o último verso sobre ter alguém para amar. Os gêmeos se viraram rapidamente e a abraçaram. Contudo, ela percebeu que algo estava errado quando sua mãe, ao invés de vir abraçá-la também, como fazia rotineiramente, apenas levantou-se rapidamente do piano e subiu as escadas correndo, nem ao menos se virando para encará-la.

Preocupada, Bella deixou as crianças distraídas com Panqueca e subiu as escadas atrás da mãe. Poucas coisas eram capazes de deixar Isabelle distante de sua família e todas elas eram sérias. E a tensão de Bella só foi aumentando quando ela abriu a porta do quarto das mães e não encontrou nada, o que a levou a percorrer todos os outros quartos do corredor, até chegar ao do irmão, onde vozes abafadas escapavam da porta entreaberta. Ainda em seu ímpeto de preocupação com a mãe, Bella estava pronta para perguntar o que estava acontecendo, quando a voz de seu irmão interrompeu sua voz na metade de sua garganta.

— O que você queria que eu fizesse, Rosalie? Eu não posso obrigá-los a me dar a promoção.

— Você disse que quando conseguíssemos isso, poderíamos finalmente financiar a casa! – Rosalie gritou em voz baixa.

— Eu não disse quando, eu disse se! – Emmett parecia exasperado, o que era algo raro.

— É sempre assim com você! Nunca posso dar algo como certo! – a voz de Rosalie soava frustrada e irritada, o que não exatamente algo raro, mas ainda sim era algo que Bella sabia que não era bom.

— Se quiser eu ainda posso pegar o taco de beisebol no banco do meu carro. Se você prometer bater bem forte, eu seguro meu chefe até ele prometer me promover.

— Sem gracinhas, Emmett! Eu estou cansada de você sempre fazendo piada com tudo! Não é só a casa. Eu quero que as crianças possam ir para a faculdade e isso não vai acontecer se você continuar vendendo carros para sempre! – agora Rosalie estava realmente gritando.

— Você fala como se não fosse a única vendendo maquiagem no shopping...

Bella bateu na madeira da porta rapidamente enquanto Rosalie tomava um fôlego profundo para responder. Nos cinco anos em que acompanha o relacionamento dos dois, ela havia aprendido que nada de bom sairia de uma briga entre eles.

— Emmett, você viu a mamãe? – ela procurou manter sua voz o mais natural possível, enquanto entrava no quarto.

Seu irmão e a esposa estavam em lados opostos do quarto, de braços cruzados e parecendo não querer encerrar um ao outro. Emmett olhou a irmã com as sobrancelhas franzidas, esforçando-se para parecer normal, apesar da grossa camada de tensão que cobria o quarto.

— Não, mana, não vi. Já olhou lá em baixo? – ele limpou a garganta na metade da frase, como que se aquilo fosse fazer ele parecer menos nervoso.

— Eu a vi subindo, ela parecia um pouco estranha...

— Estranha? Ela parecia doente? – Ela viu o olhar de Rosalie brilhar com preocupação genuína, enquanto ela se afastava um pouco da extremidade do quarto em que estava encostada.

— Não, calma. Ela não parecia doente... – ela percebeu que talvez trazer aquele assunto não fosse o melhor naquele momento. Foi então que uma ideia surgiu em sua cabeça – Vocês sabem, talvez ela ainda esteja triste com aquela história de vocês dois procurarem apartamento.

— Não é um apartamento! – Rosalie corrigiu rapidamente, contrariada – É uma casa. As crianças precisam de espaço. E nós já dissemos a ela que vamos visitá-la sempre. Aliás, ela não tem porque ficar triste já que não vamos nos mudar tão cedo... – ela jogou um olhar enraivecido na direção de Emmett.

— Bem... – disse, Bella, cautelosamente – Eu acho que a mamãe já falou o suficiente sobre como vocês não precisam se sentir pressionados a ir embora, então eu acho que não preciso tocar nesse assunto. Mas, sabem, todas aquelas vezes em que vocês falaram como queria ter seu próprio lar, onde pudessem construir suas próprias conquistas... – ela olhou para os dois, enquanto continuava a falar devagar e com ênfase em cada palavra – Eu acho ótimo que vocês queiram um lugar para celebrar o amor e a família de vocês.

Diante do silêncio perplexo, e até um pouco contrariado, que se seguiu, Bella resolveu falar um pouco mais.

— É para isso que é a mudança, não é?

— Sem ofensas, Bella... – Rosalie suspirou, parecendo mais triste do que irritada – Eu acho que isso não é da sua conta.

— Eu sei que não é. – Bella sorriu um pouco, sabendo que já havia abandonado a discrição àquela altura - Eu só queria lembrar vocês disso. Às vezes é fácil esquecer.

Ela viu os dois pararem surpresos por um momento, apenas para olharem para ela. Satisfeita com o efeito de suas palavras, ela continuou sorrindo e abriu a porta para sair, enquanto se despedia.

— Bem, eu vou falar com a mamãe antes de ir até a casa da Leah. Até mais tarde. – Ela acenou por cima do ombro ao deixar uma Rosalie e um Emmett pensativos e encarando um ao outro, para trás.

De volta ao andar de baixo, ela passou pelas crianças brincando felizes no sofá da sala com Panqueca e foi até a cozinha, ficando aliviada ao ver ambas suas mães conversando atrás da bancada. Suas vozes estavam extremamente baixas e, antes que ela tivesse a oportunidade de captar qualquer fragmento daquela conversa tão secreta, as duas se viraram completamente para ela, com as expressões suaves, mas os corpos ainda tensos.

— Oi, querida. – Edythe cumprimentou com um sorriso completamente forçado, tentando parecer normal, segundo Bella avaliou – Como foi o trabalho hoje?

— O que há de errado? – Bella se orgulhava de dizer que suas mães a criaram em um lar amoroso onde as pessoas podiam ser gentis e ainda sim diretas e sinceras com as outras. O que era ótimo, porque era exatamente o que ela estava sendo agora.

Edythe e Isabelle apenas a encararam em silêncio por um minuto, depois se entreolharam por outro minuto. Bella passara toda uma vida vendo-as conversar apenas por olhares daquele jeito, mas aquilo só adicionou mais lenha a sua preocupação. Seja lá o que estava acontecendo, era óbvio que elas não queriam falar. O que significava que era algo mais sério do que algum problema entre Emmett e Rosalie ou alguma peripécia dos gêmeos.

— Tudo bem... – Bella falou devagar – Vocês acabaram de comprovar de que tem algo muito errado. O que houve?

— Calma, querida. – Edythe a acalmou, andando alguns passos até que elas ficaram frente à frente e ela pôde colocar a mão em seu ombro – É só que... Eu e sua mãe recebemos uma... Notícia hoje. – Bella não deixou de perceber como a voz de sua mãe tremeu um pouco e ela engoliu em seco antes de continuar – Foi algo que... Nos pegou de surpresa. Vamos conversar com você... – a voz de Edythe ameaçou se partir novamente e Bella finalmente percebeu porquê: sua mãe estava quase chorando. – Quando tivermos absorvido tudo. – ela finalmente terminou com um suspiro e voltou para o lado de Isabelle, que permanecia com a cabeça baixa, mas não o suficiente para que Bella não percebesse que sua expressão era um misto de desolação e perplexidade.

— Mãe... – Bella começou, ciente que agora a própria voz estava saturada de preocupação e tristeza – Seja lá o que for, nós vamos resolver. Por favor, digam o que aconteceu.

— Não se preocupe com isso, querida. – Edythe tentou novamente acalmar a filha, mas desta vez sorriu um pouco, suavizando minimamente a expressão preocupada – É só o choque, vai passar logo, então poderemos lidar com... A situação. Está tudo bem.

— Não, não está. – Bella engasgou, incrédula – A mamãe mal consegue olhar para mim. – ela apontou, fazendo Isabelle levantar a cabeça rapidamente, surpresa, mostrando seus olhos inchados de choro – Eu sei que pode ter sido algo muito ruim. – Bella suspirou e se aproximou de suas mães – Mas vai ficar tudo bem, eu prometo. Por favor, me digam o que há de errado. – ela implorou.

— Ah, meu amor... – Isabelle fungou – Eu realmente não quero conversar sobre isso agora. – ela enxugou os olhos repletos de lágrimas antes de continuar – Pode nos dar algum tempo, por favor?

— Você não tem algum lugar para ir por enquanto? – Edythe sugeriu com cuidado, colocando-se entre a filha e a esposa – Que tal visitar Alice ou Leah?

— Está tentando me tirar de casa?! – questionou Bella, perplexa.

— Não do jeito que você faz parecer... – Edythe se defendeu, nervosa – Nós só queremos um tempinho para discutir sobre... Algumas coisas. – sua mãe olhou para o chão para evitar seus olhos ao proferir a última frase – Será que você não pode sair apenas por algum tempo e nos deixar a sós um pouco, querida? – Edythe finalizou com um sorriso tenso.

— Se acham que eu vou sair com vocês duas assim, só pode estar... – sua exclamação revoltada foi cortada pelo toque alto de seu celular.

— Viu? Você tem coisas a fazer. – Edythe disse, apressadamente – É só por algum tempinho, querida. – triste, ela suspirou – Prometo que lhe contaremos tudo quando voltar. – essa última frase foi acompanhada de um soluço baixo por parte de Isabelle.

— Mãe, eu... – Bella tentou contra-argumentar, mas seu toque de celular, parecendo estridente ao reverberar no cômodo silencioso, continuou a interrompê-la. Irritada, ela o puxou de dentro da bolsa e estava pronta para desligá-lo e continuar a discussão com suas mães, quando viu o nome brilhando no visor: Leah. A tela também mostrava uma série de mensagens, sendo que a última ela não teve como deixar de ler: “Preciso de você, por favor.”.

Aproveitando-se de seu momento de choque, sua mãe aproximou-se um pouco e leu rapidamente o que estava em seu celular. Parecendo satisfeita, ela segurou seus ombros e começou a direcioná-la à porta.

— Acredite, querida. Leah precisa mais de você agora e nós duas precisamos absorver tudo o que aconteceu.  – Edythe parou quando a filha virou-se abruptamente para ela, parecendo furiosa e decepcionada – Isabella Renée Swan, não faça essa cara para mim! Ensinamos você a respeitar o tempo das pessoas e agora eu e sua mãe estamos lhe pedindo que nos compreenda e nos dê um momento a sós. – agora a voz de Edythe estava cheia de autoridade.

— Porque tenho que sair de casa então? – questionou-lhe Bella, ainda contrariada.

— Porque é algo que não queremos que você... Escute. Pelo menos agora. – Isabelle fungou, finalmente entrando na conversa. Ao ver que tinha toda a atenção da filha mais nova, deu um pequeno sorriso trêmulo - Por favor, querida. Vá até a casa de Leah e vamos lhe dizer tudo quando você voltar.

Bella parou por um segundo, apenas encarando a mãe, sem saber muito bem o que fazer depois de tantos pedidos. Quando estava tomando fôlego para tentar convencê-las novamente, Isabelle sussurrou novamente: - Por favor.

Suspirando profundamente, Bella olhou novamente entre suas mães, que pareciam ainda tristes, mas, ao mesmo tempo, agora menos chocadas e mais resolutas. Sabendo que ficariam naquilo durante toda a noite se alguém não cedesse, ela encolheu os ombros.

— Está bem. Eu vou ver como Leah está... – Bella resmungou, estressada com toda aquela recusa de suas mães em lhe esclarecer sobre o que exatamente era tudo aquilo – Mas... – ela enfatizou com seriedade – Assim que eu entrar por aquela porta novamente, quero saber exatamente sobre o que é tudo isso!

— Sim, meu bem. – Isabelle suspirou, indo para perto de sua esposa – Vamos lhe explicar tudo quando você voltar... E quando estivermos mais calmas.

Após um momento de silêncio tenso, Bella relaxou um pouco e deu um passo a frente, abraçando as duas.

— Eu não sei o que houve... – disse baixo, com a bochecha encostada no lugar onde os ombros das duas se encontravam – Mas eu estou aqui com vocês e posso garantir que vai ficar tudo bem. – levantando a cabeça, ela encarou as duas com convicção – Entenderam?

Isabelle soluçou novamente e Edythe lhe deu um sorriso triste e orgulhoso.

— Essa é nossa garotinha... – Ela acariciou sua bochecha com um olhar perdido, antes de suspirar e afastar a mão, fungando suavemente – Agora vá. Vá antes que você faça a sua mãe chorar de novo. Nós vamos ter muito o que conversar quando você voltar.

Com um último e longo suspiro, Bella arrumou a alça de sua bolsa no ombro e lançou um derradeiro olhar preocupado às suas mães. Ao sair da cozinha, parou um pouco na porta, esperando que elas falassem alguma coisa e lhe dessem uma pista do que era tudo aquilo. Contudo, é claro, elas eram inteligentes demais para isso e, novamente, ela se viu forçada a seguir seu caminho até a casa de Leah e abrir mão de explicações. Pelo menos por enquanto.

Já com a mão na maçaneta da porta da frente, ela viu Emmett e Rosalie descerem as escadas com as roupas amarrotadas e grandes sorrisos no rosto. Com um virar olhos, apesar de por dentro estar satisfeita que eles houvessem se resolvido, ela correu rapidamente até perto deles e sussurrou, antes que eles pudessem lhe perguntar o que estava errado.

— Escutem. – ela confidenciou, a fim de que suas mães não a escutassem – Aconteceu alguma coisa que as mães não querem me contar.  – novamente, antes que eles pudessem questioná-la, elas os cortou – Acreditem em mim, eu tentei saber, mas aparentemente elas não querem falar sobre isso agora.  – com um suspiro, ela terminou – E, aparentemente, eu preciso sair de casa para que elas pensem sobre seja lá o que aconteceu. Eu sei, é estranho, mas ficou bem claro que elas não querem que eu ouça, então... Eu vou até a casa da Leah e vou voltar o mais rápido possível. Fiquem atentos, está bem? E se acontecer alguma coisa, me chamem o mais rápido possível.

Em um silêncio perplexo, seu irmão e cunhada apenas balançaram a cabeça afirmativamente. Um pouco mais aliviada, ela finalmente saiu de casa e pegou um táxi que a levou até a casa de Leah.

O caminho passou como um borrão, enquanto sua mente vagueava entre todas as coisas terríveis que poderiam ter acontecido para deixar suas mães naquele estado. As alternativas eram tantas e tão aflitivas que, ao parar no prédio da amiga, ela resolveu tentar não conjecturar sobre isso, pelo menos não enquanto estivesse com Leah.

Ela soube imediatamente qual era a situação da amiga quando o porteiro a olhou com alívio ao perceber para qual apartamento ela queria ir. No elevador, ela se perguntou o que Sam, o namorado mal-caráter de Leah, havia aprontado agora. Ao longo daqueles quase dois anos em que se conheciam, quando ela tinha acabado de entrar na empresa e Leah havia sido a primeira à ser gentil com ela, ela já vira sua amiga suportar muitas coisas. Coisas que geralmente terminavam com ela chorando e de coração partido. E quebrando algumas coisas de raiva.

O que ela logo percebeu que era o caso, quando Leah abriu a porta para ela, enrolada em um coberto, com os olhos inchados de chorar, a camisa suja de sorvete e um apartamento revirado atrás dela.

— Bella... – ela soluçou antes de se lançar em seus braços, completamente em prantos.

— Ah, Leah... – Bella suspirou enquanto a amparava pelos ombros e a levava novamente para dentro, guiando-a até o sofá – O que ele fez desta vez?

— Aquele desgraçado... – Leah soluçou – Ele fez de novo! Disse que me amava e que tinha mudado! E eu, como a idiota que sou, deixei ele entrar!

— O que ele fez? – Bella sentou-se no encosto do sofá e observou o apartamento revirado, provavelmente por mais um ataque de fúria e coração partido de Leah. Novamente.

— Ele me roubou!  - ela gritou por entre os soluços – Eu deixei o dinheiro para o aluguel debaixo do pote de açúcar. E aquele idiota achou e pegou! E saiu mais rápido que um raio... – a frase furiosa foi minguando até que ela estava apenas chorando, com grossas lágrimas escorrendo pelo rosto magoado – Por que? Por que ele faz essas coisas? Ele não sabe que eu o amo? Por que diz que me ama e faz essas coisas comigo?

— Oh, querida... – Bella suspirou, triste por sua amiga – Já conversamos sobre isso. Ele é o tipo de homem que vai dizer qualquer coisa para que você acredite nele. – com delicadeza, ela segurou o queixo da amiga e encontrou seus olhos – Eu sei que ele é convincente e que você não pode deixar de amá-lo da noite para o dia, mas... Leah, você precisa aprender a dizer não a ele. Do contrário, vai viver assim para sempre. – ela gesticulou ao redor do apartamento caótico.

— Eu sei! – Leah fungou, agora irritada novamente – Mas eu nunca aprendo.

— É claro que aprende, Leah! – Bella exclamou suavemente, tentando animá-la – Há seis meses, você teria negado tudo o que eu estou dizendo e dito que ele te amava, com certeza. Você não vê? Você já deu um grande passo admitindo o tipo de pessoa que ele é. – ela segurou a amiga pelos ombros e a encarou seriamente – Agora só precisa a se fortalecer contra ele.

— Mas eu não sei como... – Leah suspirou, abraçando a si mesma – Ele sempre diz as coisas certas para me convencer...

— Bem... – Bella levantou-se e ficou de frente para ela – Então vamos começar não dando a ele oportunidade de falar com você. Se ele te ligar, não atenda. Se ele bater na porta, ignore. Comece a exercitar não ligar para ele.

— Mas... - Leah amuou, incerta.

— Você precisa de regras novas, Leah. – Bella suspirou e se sentou ao lado da amiga - Como as regras que você tem no trabalho. O que acontece se alguém desobedecer a regra de não mostrar o projeto final ao supervisor antes de enviar para o cliente?

— Tudo fica uma droga. – ela respondeu prontamente.

— Exatamente. O que aconteceu se você atender o telefonema dele?

— Decepção. – Leah grunhiu, triste.

— Bem, então, primeira regra: Nada de atender as chamadas dele.

— Mas, e se ele estiver precisando de ajuda?

— Então que vá procurar alguém que ele não tenha partido o coração. – Bella argumentou, cruzando os braços - O que nos leva à regra número dois: Não deixe ele entrar. Isso tudo vai acontecer de novo.

— Eu sei. – Leah fungou.

— Vai ser difícil no começo, mas você vai ficar bem, eu prometo. – ela abraçou a amiga pelos ombros – Ah, e outra coisa: Nada de ser amiga dele. Você já lhe deu chances demais para valer por toda a vida. Quando você disser não, é não. E ele tem que aprender isso.

— Certo. – sua amiga suspirou – Você tem razão. Eu não posso mais viver assim. Eu tenho que dar um jeito nisso.

— E eu e Alice vamos estar aqui com você a cada passo do caminho.  – Bella sorriu e abraçou novamente, afastado-se somente para encará-la com seriedade – Agora, quais são suas novas regras quando se trata do Sam?

— Um: Não atender as chamadas dele. Dois: Não deixar ele entrar.

— E três? – Bella ergueu uma sobrancelha sugestivamente.

— Nada de ser amiga dele. – Leah suspirou – Vai ser difícil, Bella. Eu queria dizer que sim, mas não sei se já estou forte o suficiente.

— E é para isso que as regras servem. – Bella apertou as mãos dela entre as suas – Para manter ele longe de você enquanto você fica mais forte. A prática leva a perfeição, você vai ver. E se ele te incomodar... – seus olhos tinham um brilho mortal – Vai ter sorte se eu só chamar a polícia.

Leah deu uma risada fraca e a abraçou de novo. – Você é a melhor Isabella Swan. Prometo que vou me esforçar. E que vou repetir essas regras até nem perceber que estou seguindo elas.

— Isso é o que eu queria ouvir.  – Bella sorriu brilhantemente - Agora, que tipo de sorvete você tem aí?

Uma hora e meia depois, o táxi estava estacionando novamente na frente da casa de Bella. Ela esperava que aquele tempo que ela havia passado com Leah fazendo-a rir e tentando conscientizá-la do quanto era importante ela ficar longe de Sam, finalmente houvesse feito algum efeito nela. Apesar de que ela desconfiava que seria como Alice sempre tinha lhe dito: “Uma hora, ela vai perceber o quão ruim ele é para ela. Só aí ela vai estar disposta a tomar uma atitude.” E, enquanto abria a porta da frente, Bella torcia para que aquele momento finalmente tivesse chegado.

E que suas mães finalmente estivessem prontas para serem honestas com ela.

A sala de estar já estava completamente escura quando ela entrou e uma luz solitária brilhava de dentro da cozinha. Respirando fundo e se enchendo de coragem para só deixar Edythe e Isabelle em paz quando tivessem lhe contado absolutamente tudo, Bella caminhou até lá.

Sentados ao redor da mesa, estavam todos os adultos de sua família. Suas mães, de mãos dadas sobre a mesa, olharam imediatamente para ela quando entrou. Já Emmett e Rosalie, sentados na parte lateral da mesa redonda, pareciam um pouco chocados e demoraram um pouco até parecerem perceber que ela estava ali. Seu irmão foi o primeiro a falar, com a voz vaga e um tanto perplexa.

— Hã... Acho melhor nós deixarmos vocês sozinhas. Vamos, Rosalie...

— Sozinhas? – Bella questionou, surpresa quando os dois se levantaram e começaram a ir até a saída – Por que?

— Hum... – Rosalie parou, incerta – Você já vai entender.

— Vamos estar aqui se precisar conversar mais tarde... – Emmett coçou o pescoço, tão incerto quanto Rosalie, enquanto a puxava rapidamente para fora da cozinha.

— Tudo bem. – Bella suspirou frustrada, sentando-se à mesa, finalmente a sós com suas mães – Eu quero que alguém me diga o que está acontecendo e não vou sair daqui até que isso aconteça.

Isabelle e Edythe pareceram parar por um momento, como se estivessem planejando por onde começar. Por fim, Edythe foi aquela que começou, parecendo um tanto quanto desolada.

— Sempre fomos honestas quanto à sua adoção, não é, querida?

— Vocês estão assim por isso? – Bella suspirou, aliviada – Os Volturi procuraram você, é isso? Porque se for isso, mãe, não se preocupe. Eu sou uma adulta agora, eles não podem fazer nada. Eles não queriam ter nada a ver conosco antes, então pode deixar claro que não queremos ter nada a ver com eles agora.

— Não é mais tão simples, Bella... – Isabelle parecia nervosa quando trocou um olhar significativo com a esposa.

— Porque? Eles não ameaçaram vocês, não é? – ela lhes perguntou, enraivecida, sua mente já fazendo uma lista de advogados e contatos que ela poderia chamar se aquele fosse o caso.

— Não, não foi assim. – Edythe suspirou tristemente – Lembra do que eu sempre lhe falei sobre sua mãe biológica?

— Ela não é minha mãe. – Bella disse suavemente – Vocês são. É uma palavra muito especial para eu falar sobre alguém que deu a própria filha para a tia porque se envergonhava dela.

— Eu também pensava assim. – Edythe engoliu em seco – Foi o que a minha irmã mais velha me contou quando apareceu aqui com você 22 anos atrás. Você só tinha um dia de vida e ela me disse que a filha dela tinha cometido um erro ao engravidar e que não queria um bebê. Eles não queriam um Volturi na fila de adoção, então decidiram que era melhor deixá-la com “a lésbica” que eles mesmos renegaram. – Edythe revirou os olhos com raiva.

— No momento em que vi você, eu sabia que você era minha filha. – Isabelle sorriu docemente, com lágrimas escorrendo pelos olhos – Você era tão pequena que ainda nem tinha aberto os olhos. Eu me tornei sua mãe naquele dia.

— É claro que sim, mãe. – com a voz trêmula, Bella foi se sentar na cadeira vazia ao lado de Isabelle, para poder abraçá-la – Não importa o que ela tenha dito, você sempre será minha mãe e não ela. Não sou mais uma criança, ela não pode me tirar de vocês.

— Essa não é a questão, Bella. – Edythe fungou – A questão é que... Hoje, pouco antes de você voltar do trabalho... Nós descobrimos que o que Marie... Minha irmã nos contou... Era mentira. – sua mãe admitiu, derrotada.

— O quê? – Bella perguntou, sem entender.

— O mordomo de Marie Volturi veio aqui hoje. – Isabelle explicou enquanto afagava o ombro da esposa, consolando-a – Aparentemente a irmã da sua mãe está muito doente. Ela está em coma induzido agora e a família decidiu começar a leitura do testamento e de seus últimos desejos, já que os médicos acham que ela não terá mais do que um mês de vida.

— Bem, isso é terrível, é claro, ela ainda é sua irmã, mesmo depois de tudo o que ela fez. – Bella encolheu os ombros tristemente – Mas... Sobre o que exatamente ela mentiu? A filha dela queria realmente me colocar em um orfanato ou coisa assim? – Bella tentou conjecturar.

Edythe e Isabelle trocaram um olhar triste antes que a primeira voltasse a falar.

— Eu não participei da criação de Esme. – sua mãe suspirou – Ela mal tinha completado dois anos quando eu tinha 18 anos e meus irmãos me expulsaram de casa quando descobriram que eu e sua mãe estávamos namorando. Quando Marie apareceu aqui 14 anos depois, eu sabia que ela não tinha vindo se desculpar. E bem... Quando ela me contou sobre você... Me pareceu lógico que a filha dela tivesse crescido para ser como a mãe. Quem mais iria querer não ter contato nenhum com o próprio bebê?

Tensa, Bella esperou enquanto a mãe se recompunha. Por fim, ela respirou fundo novamente e continuou.

— Nós sempre nos prometemos que seríamos completamente verdadeiras com você e que, um dia, talvez, se ela reaparecesse e quisesse fazer parte da sua vida, nós deixaríamos para você a decisão de aceitá-la ou não. Mas ela nunca apareceu. Então, hoje, quando Antônio... O mordomo da Marie apareceu e nos disse... Tudo... Nós perdemos um pouco nosso chão.

Bella engoliu em seco antes de falar – Não importa o que ele tenha dito, podem me dizer. Eu nunca vou considerar uma mulher que me abandonou como minha mãe ao invés de vocês. – ela lhes garantiu.

— Essa é questão, filha... – Edythe apertou a mão de Isabelle com força antes de levantar os olhos para Bella e falar novamente – Esme não abandonou você. Marie mentiu para nós e para ela também. Ela achava que você estava morta.

— O... O quê? – Bella gaguejou, completamente chocada.

— Aparentemente Marie não aprovava o relacionamento de Esme e seu pai biológico. Quando a filha engravidou, ela a levou para uma casa de campo até que desse a luz... – Isabelle revelou, seu olhar anormalmente sombrio – Então ela se aproveitou que a própria filha desmaiou por ter perdido muito sangue e levou você. Quando Esme acordou, ela lhe disse que você havia nascido morta.

— E todos na família Volturi ainda acreditavam nisso... – o olhar perplexo de Bella foi atraído para a fala de Edythe – Até que Marie ficou doente e Antônio realizou uma de suas últimas vontades: deixar todos da família saberem que você estava viva.

Diante do silêncio que se seguiu, Bella não pode fazer nada além de balançar a cabeça desconexamente, perplexa com tudo o que ouvira. Então sua mãe biológica nunca a procurara porque não sabia que ela existia? Durante toda a sua infância, ela havia aprendido a ignorar aquele fato da sua vida. De fato, desde muito cedo, ela nunca pensava na possibilidade de ter outra mãe que não fosse Edythe ou Isabelle, ou pensar em procurar pessoas tão cruéis quanto a antiga família de sua mãe, os Volturi, que a renegaram apenas por estar apaixonada.

Agora, aquilo... Ela não sabia como se sentir sobre aquela loucura.

— Eu... – ela engasgou, ofegante, sem perceber que havia ficado sem respirar por alguns segundos por conta do choque – Eu não entendo. Por que... Por que agora? Por que contar tudo isso agora? – ela questionou as mães, desnorteada.

— Porque você agora é uma parte da família Volturi e está no testamente de Marie. E também porque... Marie não contou a verdade apenas para nós.  – Edythe balançou a cabeça tristemente – Ela também fez Antônio revelar o que eles fizeram com você à filha dela, Esme. E agora...

Ela quer conhecer você.


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