Jane escrita por Lucca


Capítulo 14
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Tentando das sequência na história por vocês.

Boa leitura.



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Kurt abriu os olhos devagar, sem vontade nenhuma de despertar. Chovia lá fora e o vento castigava a janela do quarto convidando a ceder para mais um cochilo. Mas não era só o tempo que o inebriava. Jane estava aninhada em seus braços, de costas pra ele, cabeça acomodada na curva de seu pescoço, seus cabelos fazendo cócegas em seu queixo e seu cheiro fazendo-o acreditar que ainda sonhava. A respiração compassada e profunda dela entregou que ainda dormia. Ele suspirou e beijou suavemente seus cabelos, comovido pela constatação de que ela finalmente se sentia segura. O medo de ser separada da bebê devia ter lhe roubado muitas horas de sono.

Tentando fazer poucos movimentos para não acordá-la, Kurt estreitou a conchinha ao redor dela, disposto a continuar ali o máximo possível, talvez até bons minutos depois do despertador tocar. Seu braço procurou um espaço entre os seios e o abdômen da esposa, preocupado em não deixar seu peso se fazer sentir no ventre que já lutava para gerar aquela criança enquanto se recuperava de um tiro e também sem querer dar ao momento uma conotação sexual demais aos olhos dela. Ele queria que ela compreendesse o amor que compartilhavam já que na conversa da noite anterior as inseguranças dela ficaram nítidas.

Missão cumprida, Kurt fechou novamente os olhos, deixando seu corpo relaxar certo de que dali em diante a jornada de sua família seria muito tranquila.

Foi então que aconteceu. Suave e doce como o bater das asas de uma borboleta. Mas com toda a força que só a vida tem e seu poder incrível de sacudi-lo mais que um terremoto. Ele abriu os olhos imediatamente, tentando manter o corpo relaxado, mas os sentidos mais atentos. E se repetiu de novo e de novo, colocando um sorriso novo em seu rosto. Lentamente, Kurt roçou o polegar sobre a barriga de Jane, num “bom dia” silencioso, mas carregado de carinho para sua garotinha. E foi incapaz de conter o riso que fez seu peito estremecer quando ela não se acanhou ao seu toque, continuando a se ajeitar no ventre materno.

Um suspiro de Jane entregou que ela despertara, mas continuava imóvel, apreciando o momento.

— Bom dia, mamãe. – Kurt sussurrou para ela. – Nossa princesinha está acordada e bem disposta nessa manhã.

— Bom...dia. – ela respondeu com um novo e mais longo suspiro. E um novo e mais forte movimento da bebê surpreendeu os dois.

— WoW! Olha só isso. Ela está bem forte.

Num movimento rápido, Jane se sentou na cama, se recostando na cabeceira e, juntando as pernas, convidou o marido a se deitar ali. Ela conhecia bem a rotina matinal da filha e sabia que os movimentos continuariam por um bom tempo.

Kurt obedeceu para agradar a esposa, achando que não conseguiria um prêmio maior do que já tivera naquela manhã. Em todos os momentos que teve com Allie durante a gestação de Bethany, a criança sempre parava de se mover ao seu toque. Se acomodou dando crédito à Jane e já colocou a mão na lateral da barriga dela roçando os dedos suavemente sobre o leve tecido de cetim do pijama que ela vestia.

Jane sorriu e também acariciou a própria barriga enquanto dizia baxinho:

— Papai.

— Bom dia, princesinha! Como vão as coisas aí dentro? – perguntou em esperar qualquer resposta.

A bebê se agitou estremecendo toda a barriga da mãe. Kurt arregalou os olhos e procurou o rosto da esposa.

— Será que ela me conhece? – questionou de forma infantil.

— Ja! – Jane confirmou e respirou fundo buscando que as palavras se soltassem para explicar. - ... voz... papai. – e apontou pra ele.

O rosto dele se inundou num sorriso pleno:

— Você ensinou isso a ela? Isso sobre minha voz e sobre eu ser o “papai”?

— Sim!

Ele voltou a olhar para a barriga, decidido a fazer um teste:

— Oi, bebezinha. Sou eu sim, o papai. – disse com palavras carregadas de amor e orgulho.

A leve ondulação sobre a pele dela foi mais lenta agora, mas ainda assim marcante.

— Eu achava que ela era pequena demais pra isso. Faltam mais de dois meses pra ela nascer... Como? – e deixou a reflexão se perder para retomar o diálogo com a filha. – Você é realmente muito especial e muito esperta, minha princesinha. Papai quer muito te conhecer. Mas tem uma coisa importante que já posso fazer agora: Papai te ama demais. Muito obrigada por ser essa garotinha incrível, por ter resistido a tanta coisa e por cuidar da mamãe trazendo ela de volta pra mim. – e a garotinha voltou a se mover encantando o pai. - Aproveite bem esse tempo aí dentro da barriga da mamãe. Esse lugar deve ser muito gostoso e quentinho, não é? Ficar abraçado com a mamãe já é ótimo. Estar aí dentro, toda envolvida por ela deve ser incrível. Mamãe tem lutado por você assim como você tem lutado por ela. São minha PowerGirls.

A conversa continuou e continuou, pai e filha se comunicando e mostrando o quanto se amavam sem pressa nenhuma para chegar ao final daquele momento.

De repente, após mais uma declaração de amor, Kurt olhou para Jane. Ela acompanhava a cena quase que em transe, olhos marejados de lágrimas, um sorriso velado no rosto, suspirando.

— O que houve, meu amor? – disse levando a mão até o braço dela e se apressando em acariciá-la demonstrando carinho e tentando fazê-la integrar-se aos dois.

Jane moveu os ombros em sinal de total rendição e deu um longo suspiro.

— Feliz. – disse por fim. – Vocês... dois... família...de novo, Kurt. – e colocou a mão sobre o peito e fechou os olhos num agradecimento mudo.

Ele rapidamente deu um suave beijo na barriga para encerrar a diálogo com a filha e sentou-se de frente à esposa puxando ela para seus braços.

— Sim, meu amor, sim! Você tem uma família novamente. Nossa família! – e beijou seus cabelos sentindo os braços da esposa o envolverem e ela se apertar contra seu peito.

— Eu...amo... você. – ela disse com a voz carregada de emoção.

— Eu também amo você, Jane. Mais que tudo. E isso que temos só fica melhor, não é mesmo. Olha só para nós. Somos três agora! Muito obrigada por tudo isso, meu amor. Eu sou tão feliz com você, Jane. Feliz de uma forma que jamais imaginei que seria.

A resposta dela foi se aninhar ainda mais ao peito dele. Os dois sabiam que não era preciso mais nada.

Pouco depois foram para a cozinha preparar o café da manhã. Comeram no balcão da cozinha enquanto flertavam com olhares e palavras. Foi nesse momento que ela manifestou o desejo de ir até o ateliê de Boston naquele dia, algo que não fazia há muito tempo.

— Você tem certeza disso? – Kurt fez questão de se certificar sobre a vontade da esposa. Não queria forçá-la a nada.

— Ja... pintar. – ela disse sorrindo o que o fez sorrir também.

— Se é o que você quer fazer, tenho certeza que Boston ficará feliz em te receber lá.

Kurt estava realmente maravilhado com Jane nessas últimas horas. Toda vez que ele tentava se imaginar no lugar, vagando entre as incertezas de suas limitações, os alertas de seus instintos forjados em tanta dor e as possibilidades tão cruéis que a cercaram, era como fazer uma curta viagem ao inferno. Entretanto, durante todo o tempo que lidou com isso, ela sorriu e, mesmo diante das piores projeções, sua determinação a impeliu a continuar e lutar para poder ser mãe.

Ele terminou de colocar a louça na máquina e recostou-se discretamente no batente da porta para observá-la. Jane tinha organizado algumas de suas coisas numa bolsa: seu caderno de esboço, alguns lápis e grafites. Depois deslizou para o corredor dos quartos silenciosamente. Chegando à porta do quarto de hóspedes, a abriu devagar. Kurt não podia ver seu olhar porque ela estava de costas pra ele, mas pode observar o longo suspiro que se seguiu e a forma como a cabeça dela se reclinou para o lado antes de fechar a porta de forma tão discreta quanto a abriu.

“Merda!” – pensou insatisfeito enquanto torcia o pescoço.

Para ele, aquele cômodo era uma referência direta às visitas de Sarah e Sawyer, mas sabia que para Jane ali era o lugar de Avery. A saudade devia ser um peso a mais para ela carregar. Pela primeira vez, Kurt considerou que, mesmo não podendo ser pai de Bethany em tempo integral, ainda assim ele vivia essa experiência de paternidade da filha. Já com Jane e Avery isso nunca aconteceu. Enquanto ele pensou que enlouqueceria por ficar afastado da filha por três meses, sua esposa carregava quase duas décadas de maternidade negada.

Ao longo das últimas semanas, Avery entrava em contato quase que diariamente querendo notícias da mãe. Ele procurou atenuar todas as más notícias para que ela pudesse prosseguir os estudos sem preocupações. Muitas vezes, a garota manifestou seus desejos de vir até eles e ele desaconselhou já que tudo estava bem e isso poderia comprometer seu ano letivo já abalado pelas duas semanas que ela passara com Jane no hospital. Mas agora, pensando no quanto as duas já perderam e no quanto o futuro é incerto ainda mais diante da instabilidade do quadro da esposa, estava decidido a incentivá-la a estar com eles sempre que desejasse.

Mas é claro que Kurt não pode sentir o sabor das mudanças na sua forma de pensar e agir. No final daquela manhã, quando Avery o chamou com mensagens de texto, sua determinação em visitá-los em breve já estava decidida. Tão discreta quanto a mãe para expressar suas reações às notícias, a garota foi curta na resposta sobre tudo que acontecera após a visita de Sal na noite anterior:

“Estarei aí no final de semana.” Dizia a mensagem. Ele sorriu satisfeito, descobrindo que deixar os sentimentos falarem tão alto quando a razão era mais fácil do que imaginava.

Pelo resto da semana, Jane voltou à sua rotina anterior, alternando dias no ateliê de Boston com dias na companhia de Ana e outros na ONG de Patterson onde foi recebida com muita empolgação pelos meninos que, de forma até um pouco desajeitada, procuraram se desculpar e mostraram-se dispostos a dispensar cuidados especiais com Jane que iam desde lanches baseados em frutas e legumes até a tradicional oferta de uma cadeira para ela se sentar. Ela procurava reagir naturalmente as mudanças, mas ria de forma velada entre um paparico e outro. Era bom se sentir querida.

Na sexta-feira após o almoço era dia de consulta obstétrica. Geralmente marcavam no final do período para dar mais privacidade ao casal diante do quanto Jane costumava se mostrar desconfortável fora de seu ambiente. Mas ela vinha se mostrando tão mais adaptada a tudo que resolveram arriscar.

Kurt gostou da sensação de estar ali entre outros casais. Era como se fossem normais.

Sentaram-se perto da janela na sala da espera. Era o segundo andar do prédio e atenção de Jane ficou mais na rua do que nas pessoas que a rodeavam. Logo casais trocavam experiências animadamente. Kurt contava orgulhoso da jornada da esposa e filha nos últimos meses. Jane dava atenção à eles quando solicitada e depois voltava a observar lá embaixo.

De repente, ela se remexeu na cadeira se esforçando para observar melhor as pessoas lá embaixo.

— Kurt, ali! – disse atônita apontando para um ponto que ele não tinha certeza se identificou.

— O que foi, querida?

— Avery! – ela disse aflita.

— Não, Honey. Avery está na Alemanha estudando.

— Não, Kurt. Aqui! – ela insistiu.

Ele levou a mão ao rosto dela, procurando acalmá-la:

— Ela virá em breve, Jane. Eu prometo. Mas ali não era Avery.

O rosto de Jane se fechou numa expressão de desafio ao que ele dizia. Ficando em pé com determinação, ela atravessou a sala pisando duro em direção aos elevadores, pegando Kurt de surpresa.

— Jane! – e tentou chamá-la de volta sem alterar voz para não chamar a atenção, mas tudo que colheu foi o desprezo dela que começou a apertar o botão do elevador repetidas vezes.

Então, ele se levantou e caminhou até ela.

— Por favor, Jane, venha se sentar. Não era Avery.

— Ja, Kurt! – ela insistia.

— Avery virá em breve, Jane. Mas hoje estamos aqui para a consulta, lembra-se? Precisamos cuidar dessa filha aqui agora. – disse colocando a mão na barriga dela para tentar trazê-la para essa outra fase da realidade.

— Mas... por favor, Kurt. – ela pediu com os olhos enchendo de água.

O casal tinha a atenção de todos na sala de espera que observavam sem compreender aquilo.

— Meu amor, por favor, confie em mim, não era Avery lá embaixo. – disse segurando as mãos dela. Se houvesse uma chance, por menor que fosse, eu levaria você até lá. Confie em mim, Jane, por favor.

O olhar dela demonstrava o quando aquela decisão estava sendo difícil: Kurt estaria certo e ter visto Avery lá embaixo era só mais uma das alucinações que sua mente lhe pregava?

Nisso a porta do elevador se abriu revelando uma surpresa:

— Uau! Eu não esperava dar de cara com vocês dois na porta do elevador. Por favor, não digam que eu perdi a consulta? Você disse que seria as 2h30 pm, Kurt. Ainda faltam quinze minutos. – a garota disse. – E quanto a você, vai ficar aí me olhando e sorrindo sem me dar um abraço?

Ainda sem conseguir parar de sorrir, Jane envolveu a filha num abraço demorado. Kurt, ainda tomado de surpresa, tratou de pegar a mala da garota enquanto processava tudo aquilo.

— Olha só pra você! – Avery disse observando a mãe. – Parece ótima! E essa barriga cresceu bastante, hein? – e colocou a mão na barriga da mãe.

Jane sorriu meio sem jeito e colocou a mão sobre a mão da filha:

— Sis... – disse com um fiapo de voz embargada pela emoção.

 Avery puxou o ar, entendo bem o pesa daquela referência tão curta.

— Sim. Sis. – e desviou o olhar para não deixar a emoção falar mais alto. – Mas e aí? Eu perdi a consulta?

— Não, não. – Jane se apressou em esclarecer.

— Nós estávamos sentados próximos à janela e ela te viu lá embaixo e queria descer a qualquer custo. Eu estava tentando dissuadi-la, achando que era só alguém parecida com você. – Kurt esclareceu. – Ainda não fomos chamados para a consulta.

— Que bom! Eu resolvi vir antes justamente para poder acompanhar esse momento. Quer dizer, se vocês não se importarem... – a garota falou.

— Ja, Avery. OK, Kurt? – Jane já se posicionou querendo a filha consigo na consulta.

— Claro. Tudo bem por mim também. Você disse que chegaria amanhã... – Kurt respondeu sorrindo.

— Esse era meu plano inicial. Mas quando você contou sobre a consulta não resisti. Achei que seria uma boa surpresa pra vocês. E, falando em surpresas, não é bom pegar um pouco de água pra ela? – a garota constatou observando o quanto Jane ainda parecia emocionada. – Water? – perguntou a mãe em africâner.

— Ja. – Jane respondeu e as duas foram se sentar.

— Hoe gaan dit? (Como você está?) – a garota perguntou ainda usando o africâner.

— Bem. Você? – questionou a filha enquanto pegava o copo das mãos de Kurt e sorvia um gole de água.

— dit gaan goed met my (Eu estou bem.). – Avery respondeu vendo o sorriso da mãe. – E aprendi um pouco de africâner nas últimas semanas. Ek het jou baie gemis. – e virando-se para Kurt, traduziu – eu disse que senti muita falta dela.

— Ek het ook na jou verlang. – Jane respondeu num ímpeto sem vacilar com as palavras.

— Olha isso, você está falando bem melhor agora! Ela disse que também sentiu minha falta. E já temos um nome para a pirralha número dois?

— Não. – Jane respondeu logo. – Bee... Kurt, por favor. – e pediu a ajuda do marido.

— Jane disse à Bethany que ela poderia escolher o nome da bebê. – ele esclareceu.

— Oh, céus, Jane. E se a piralha número um resolver chamá-la por PJ Mask ou algo assim, hein?  - Avery disse com um pontadinha de ciúmes.

— Não, não. Bee inteligente. – Jane defendeu a enteada. – Você é... Big Sis da Bee também.

— É agora acho que é praticamente oficial, não é mesmo. Somos três irmãs. Mas me conta o que você aconteceu com a Bethany na escola. Kurt me contou por alto.

Jane deu um longo suspiro.

— A escola... não boa pra Bee. Ela triste... sente diferente. – relatou triste.

— Nossa, não podem fazer isso com a pirralha não. Troquem ela de escola e mandem esses idiotas a merda. – Avery disse já sabendo do que tinha acontecido para reforçar sua decisão de apoiar a mãe no acontecimento passado.

Jane torceu os lábios diante do palavriado da filha, mas olhou para Kurt confirmando sua posição na ocasião dos acontecimentos.

— Ok, vocês duas estão com a razão. Allie levará Bethany em novos especialistas na próxima semana e eu tenho insistido sobre a necessidade de mudança de escola.

— Falando em mudança de escola, eu também decidi mudar de escola. Entrei em contato com a Com o Centro de Estudos de Neuro Biologia de Harvard e aceitaram a minha transferência. Vou morar bem mais perto de vocês agora. O que significa que minhas visitas ficarão mais frequentes.

— Bom! – Jane disse sorrindo empolgada.

— Você pensou bem sobre isso? Considerou todas as variáveis? Sempre gostou de viver na Europa. – Kurt indagou.

— Pensei muito sobre isso. A adaptação curricular prolongará meu curso em um semestre ou dois. Mas acredito que vale a pena. No momento, quero muito mais do que uma profissão para o meu futuro. Eu quero passar o máximo de tempo possível com a minha família. – Avery estava determinada.

— Se essa é sua escolha, então que seja assim. – Kurt concordou.

Nesse momento, a recepcionista chamou o nome de Jane para que entrassem no consultório. Enquanto atravessavam a sala de espera, Kurt cochichou para Avery:

— Foi uma ótima estratégia. Obrigado por isso e por ter vindo.

— Melhor aproveitar as oportunidades que a vida insiste em colocar na minha cara antes que ela pare de fazer isso.  Eu não nasci de Jane por nada. Temos uma história a construir juntas e preciso disso.

— Ela também precisa, Avery. E muito.

A consulta seguiu os padrões de rotina e mostraram que mamãe e bebê estava muito bem. Avery se emocionou ao ver a irmãzinha no ultrassom. Jane sorria o tempo todo, como quem vive um sonho por ter a filha e Kurt ali curtindo a bebê ainda no seu ventre. Aqueles momentos a fizeram se sentir importante e capaz de realmente trazer felicidades às pessoas que amava.

À noite em casa, as duas conversavam o tempo todo. Avery descobriu que Jane consegui se expressar com muita fluidez quando usava o alemão assim como acontecia com o africâner. No decorrer do dia, a medida que as duas conversavam em outros idiomas, a fala dela também fluía melhor quando usava o inglês.

Antes de irem dormir, as duas estavam deitadas na cama da garota no quarto de hóspedes, os assuntos surgiam de forma espontânea e nenhuma delas parecia querer parar.

— Ich bin wirklich überrascht von den Fortschritten, die Sie seit unserem letzten Treffen gemacht haben. Du siehst viel, viel besser aus, Jane. Ich hätte nie gedacht, dass du so gut aussehen würdest. (Eu estou realmente surpresa com os avanços que você fez desde a última vez que nos vimos. Você está muito, muito melhor, Jane. Eu nunca imaginei que você ficaria assim tão bem.) – Avery disse brincando com os cabelos da mãe.

— Bin ich noch besser? (Eu estou melhor mesmo?) – Jane criou coragem para aprofundar a conversa sobre isso com a filha.

— Sicher! (Com certeza!) Es ist so gut, dass es sogar noch viel mehr mit Kurt flirtet. (Está tão bem que até flerta muito mais com Kurt.) Ah, esse crush aí!

Jane sorriu tímida:

— Crush não. Amor. – falou para a filha. – Muito amor. Kurt é... bom. Muito bom comigo. Eu e ele... melhor juntos. E... quando nós... fazemos amor... é maravilhoso.

— Fazer amor? Vocês dois já chegaram a isso? Vocês dois estão transando? – Avery questionou realmente surpresa procurando manter o tom de voz baixo pra conversa não chegar aos ouvidos de Kurt.

— Sim, sim. Nós... é tão perfeito. – Jane ficou meio sem graça ao abordarem esse assunto. Queria muito se aproximar de Avery e sabia que Patterson e, principalmente, Tasha sempre tentavam colher informações sobre como era a vida íntima dela com Kurt. Ela não se sentia a vontade para expor isso. Eram momentos tão especiais dos dois que não parecia correto falar sobre isso. Entretanto, ela queria demonstrar a filha o quanto precisava da cumplicidade com ela e, por isso, pensou que expor algo além do que estava acostumada a ceder às amigas poderia ser necessário. Então, continuou, se forçando a falar enquanto mordia o lábio inferior. – Kurt é muito bom ... as coisas que ele me faz sentir, sabe?

— Meu Deus, Jane. Pode colocar mais uma boa dose de melhor em tudo que eu disse. Você está ótima!  Mas vamos deixar os detalhes de tudo que vocês dois fazem só entre vocês. Essa coisa de saber da vida sexual da minha mãe não é muito agradável. – Avery disse rindo.

— Ok. – Jane respondeu aliviada. E olhou para a filha achando que tinham mais em comum do que ela imaginava, afinal, a garota, assim como ela, não gostava daquele tipo de assunto.

O final de semana seguiu alegre. Levaram Avery para conhecer a bebê de Tasha, passearam, riram. Quando a nova semana começou, mãe e filha foram às comprar com as amigas. Todos concordavam que a era hora de renovar o guarda-roupas de Jane já que suas roupas estavam apertadas e também sabiam que ela precisava de mais materialidade para sua bebê: roupinhas, acessários, um carrinho e um berço acoplável à cama seriam um bom começo.

Kurt compartilhou com Avery que estava vendo algumas casas no subúrbio da cidade. Precisariam de espaço com a chegada da bebê.  Ele queria fazer uma surpresa no aniversário de Jane que estava chegando.

No NYO, a semana começou com um grande caso de tráfico sendo solucionado. No dia seguinte, após semanas de investigação e da reunião de provas contundentes, uma acusação de fraude envolvendo uma empresa local foi descartada. O jovem dono da empresa que se mostrava promissora no ramo editorial veio até o SIOC. Ele tinha sido muito acessível durante toda a investigação e queria agradecer pessoalmente à Weller pela forma profissional e discreta como a investigação foi realizada, garantindo que a idoneidade da empresa não se tornasse alvo da mídia o que traria danos irreversíveis.

Jeremy Santoro era descendente de latinos que imigraram para os EUA em busca de uma vida melhor. Graças a garra de seus pais e a bolsas de estudos, conseguira cursar a universidade. Entrou para o ramo editorial após enfrentar mais uma barreira com seu ex-sogro que o queria nos negócios da família. Determinação, responsabilidade, comprometimento e dedicação estavam entre suas características que se aproximavam de Weller e isso levou os dois a desenvolverem certa afinidade durante o andamento do caso.

— Mais uma vez, Diretor Assistente Weller, quero expressar minha gratidão. Se algum dia precisar de qualquer coisa que esteja ao meu alcance, por favor, me procure.

— Eu agradeço, mas não nada além do meu trabalho. É seu direito como cidadão desse país trabalhar em paz. As empresas tradicionais da área precisam aprender a lidar com a concorrência de forma justa e não falsificando fraudes que só oneram os cofres públicos com investigações desgastantes. – Kurt se posicionou.

— Eu realmente temia não ser ouvido quando procurei o FBI. Mesmo tendo nascido nos EUA, os descendentes de imigrantes mexicanos ainda são vistos como um problema por muita gente.

— Realmente nosso país tem muito o que caminhar para superar isso. Mas os avanços das últimas décadas foram importantes. Dentro do próprio FBI desenvolvemos uma verdadeira luta contra a corrupção que acaba desembocando em tratamentos diferenciados para determinados grupos sociais. Hoje posso garantir que nossa agência está muito melhor que no passado.

— E isso só me dá mais garra para lutar por esse país abrindo espaço editorial para jovens promissores. Cada um fazendo a sua parte, temos a certeza que estamos construindo um futuro melhor para nossos filhos. A propósito, eu tenho dois meninos. Nove e seis anos. Vivem em Nevada com a mãe desde minha separação há dois anos atrás.

— Eu tenho uma garotinha de quase 5 anos que vive no Colorado.

— Então você me entenderá. A distância pesa. Praticamente nem tenho vivido de fato desde meu divórcio. Total dedicação ao trabalho e todo tempo livre que sobra é para voar pra Nevada para curtir meus filhos. E, ainda assim, tudo o que acontece faz com que eu me sinta culpado: quando Rick vai mal na escola, quando Cameron fica doente.

— Sei bem como é. – Kurt se solidarizou. – Também me cobro bastante. Quero que Bethany saiba que pode contar comigo sempre, mas é tão difícil quando não se pode estar ao lado deles em todos os momentos.

— Nem me fale. Acabei procurando ajuda psicológica e isso me fez perceber que é hora de tocar a vida pra frente. Mesmo à distância, tenho sido um bom pai e preciso aprender a não usar meus filhos como desculpa para não recomeçar. A mãe deles já está em outro relacionamento há um ano. E os meninos estão bem. Bem com a mãe e bem comigo. Outro dia o pequeno me perguntou: “Pai, quando você vai arrumar uma namorada? Você é muito triste sozinho.” Agora que a parte profissional está resolvida, preciso voltar a pensar nisso.

— Minha filha também me quer feliz, tenho certeza disso. Mas realmente é difícil aceitar que para recomeçarmos nossa vida, temos que entender que não é possível dedicar todo tempo livre aos filhos que estão distantes.

— E eu simplesmente nem sei por onde começar: onde as pessoas vão para paquerar hoje em dia? Quando me casei era muito jovem. Ela foi minha segunda namorada. Olha, eu juro que seu eu soubesse onde está a minha primeira namorada, ia atrás dela. Era uma garota incrível. De repente, está sozinha como eu...

Kurt sorriu compreendendo a insegurança do homem a sua frente que tinha tanto em comum com ele.

— Acho um pouco difícil você reencontrá-la por aí. Mas novas oportunidades nos cercam a todo momento, até da forma mais imprevisível possível.

— Você costuma sair? Conhece algum lugar legal pra isso?

— Ah, não. Acho que não fui muito claro nisso. Eu ainda estou casado. Minha esposa teve um... Acidente Vascular Cerebral. Foram meses em coma. Voltou com muitas limitações que estamos lutando para superar. É por isso que não consigo ir ao Colorado ver minha filha tanto quanto gostaria. Preciso cuidar de Jane.

— Eu sinto muito. Deve ser ainda mais difícil para você. Isso só prova seu caráter. Por aí não faltam casos de homens que abandonam suas esposas nos piores momentos. Principalmente quanto é uma doença que deixa sequelas como câncer de mama e AVC.

— Jamais faria isso. Quase perdi Jane e tudo que quero hoje é poder envelhecer ao lado dela. Enquanto ela estava em coma, eu não era o mesmo nem mesmo com minha filha Bethany. Jane sabe trazer à tona o que há de melhor em mim. Sempre serei grato a ela por isso. Mas, voltando a falar de relacionamentos, basta estar aberto às oportunidades que aparecer. Não se prenda ao passado. Muitas vezes, a pessoa certa não tem exatamente o perfil que imaginávamos.

Enquanto eles conversavam, leves batidas soaram na porta da sala que se abriu e Avery apontou sorridente:

— Olá. Posso entrar?

— Bom dia, Avery. Por favor, entre. Já estamos terminando aqui. Está tudo bem? – Kurt questionou franzindo a testa.

— Tudo ótimo. Só passei pra te devolver isso. – e, aproximando de Kurt, entregou o cartão de crédito. – Fique sossegado que não gastamos todo o seu salário. Deve ter sobrado algum dinheiro.

— Eu disse que poderia gastar o que fosse necessário. – Kurt respondeu sorrindo, já com o coração acelerado pensando no encontro com Jane.

Jeremy Santoro observou acompanhou o diálogo sentindo sua admiração por Weller se relativizar. O tão honrado Assistente de Direção do FBI parecia estar tendo um caso com uma garota de menos de vinte anos. Após respirar fundo, tentou se colocar no lugar do outro para não julgá-lo: uma esposa acamada, uma filha distante, as responsabilidades do cargo que ocupava... talvez um homem tivesse o direito de buscar a felicidade em algum relacionamento que não fosse só cobranças.

— Weller – interrompeu o diálogo do casal se colocando em pé. – Foi muito bom conversar com você, mas preciso ir agora.

— Ah, me desculpe. Fiquei tão distraído que sequer apresentei vocês. Avery, esse é Jeremy Santoro. O FBI acaba de desmontar falsas acusações de fraudes contra a editora dele. Santoro, essa é Avery Drabkin... – antes que Kurt continuasse, Santoro olhou intrigado para a garota.

— É um prazer, Avery. Nossa, você se parece demais com minha tia Ernestine.

A garota estendeu a mão e o cumprimentou.

— Então, era você roubando o Kurt de nós nas horas extras das últimas semanas? Fico feliz em saber que tudo que resolveu. Espero que sua tia Ernestine não seja tão feia.

— Não, é claro que não. Mas a semelhança é gritante. Por acaso você tem família em Skillman em New Jersey?

Avery e Kurt se olharam incomodados. Então, a garota respirou fundo e disse:

— Skillman? Em Montgomery? Eu nasci lá.

— Eu sabia. A semelhança é gritante. Devemos ser parentes. Pouco mais de vinte mil habitantes não é quase nada perto do formigueiro de gente que vivem em NYC. – Santoro estava mesmo empolgado com a coincidência. Sorridente, continuou – Quais os nomes de seus pais? O sobrenome Drabkin não me traz recordação nenhuma...

A garota voltou a puxar o ar e arqueou as sobrancelhas ponderando sobre o que dizer. Por fim, decidiu jogar com a verdade:

— Olha, é uma história complicada. Não estranhe se você não conhecer ou se lembrar da minha família.  Só minha mãe e meu tio moraram lá. O nome dela é Remi Briggs.

Jeremy Santoro empalideceu instantaneamente.

— Quan...tos anos... você tem, Avery? – questionou gaguejando.

— Eu tenho quase vinte.

Andando de um lado para o outro da sala, o homem passou a mão pela testa aflito:

— Eu não entendo... Sua avó disse... ela estava determinada a te entregar para a adoção.

— Ah, que bom. Você também conheceu a minha avó...

Nesse momento, Kurt percebeu que deveria intervir:

— Jeremy, qual sua relação com Remi Briggs?

O homem se deixou desabar na cadeira, arrasado:

— Remi foi minha primeira namorada. Nós éramos muito jovens... Ninguém se aproximava dela e do irmão, Roman. Mas tivemos que fazer um trabalho de escola. Marcamos na biblioteca. Eu estava morrendo de medo. No começo ela ficou afastadas, seca. Só que eu não consegui parar de olhar pra ela àquela distância. Ela era linda e acabou rindo do meu jeito. Depois disso a gente estava sempre fazendo trabalhos juntos. Por baixo daquela casca assustadora, ela era a garota mais incrível que conheci: inteligente, meiga, companheira, carinhosa, determinada, envolvente...

— Deus, que mundo pequeno... – Avery balbuciou incomodada.

— A mãe dela tentou nos separar de todas as formas. Eu morria de medo dela, mas Remi sempre achava uma forma de escapar para a gente se encontrar. Então veio a transferência súbita do meu pai para Nevada. Remi me contou da gravidez... eu tentei ficar com a minha avó... Um dia Ellen me cercou, disse que eu me arrependeria se ficasse, que a criança seria dada pra adoção e Remi já tinha concordado com isso e que a família que a adoria eram de pessoas com “ótimas condições econômicas e maturidade para criar uma criança” – foi bem assim que ela falou. Achei muito estranho, Remi fazia tantos planos pra nós. Por fim, ela disse que eu teria uma bolsa na escola militar de Nevada e que seria perigoso para meus pais se eu não me juntasse a eles. Dois dias depois meu pai quase foi morto num assalto. Os ladrões não levaram nada. Eu não tive dúvidas. No final daquela semana já estava morando com meus pais e estudando na escola que Ellen indicou. Eu sinto muito, Avery...

— Acredite, eu também. – e suspirou.

— Se houver qualquer coisa que eu possa fazer por você...

— Não se preocupe. No momento, tudo que eu preciso é de um pouco de tempo e espaço pra assimilar tudo isso... – a garota respondeu firme.

— E sua mãe, como ela está?

Santoro mal terminou de formular a pergunta, a porta se abriu e Rich entrou eufórico:

— Com licença, com licença. Weller, preciso da tarde de folga. Eu diria pra você fazer isso e levar as meninas para um passeio, mas sei que não vai deixar de participar da reunião chata de orçamento que vai te deixar maluco e rabugento. Só por garantia, pra ter certeza que deixei claro todas as possibilidades, se você adiar essa reunião, a próxima só acontecerá quando Zapata estiver de volta, ou seja, você se livra da bucha.

— Obrigada pela dica, Rich. Mas não. Eu não vou tirar a tarde de folga. Vou ficar na reunião e entregar todas as questões orçamentárias engatilhadas para quando Zapata voltar não ter qualquer tipo de dor de cabeça com isso e nem precisar fazer horas extras pra resolver trabalho acumulado.

— Eu tinha certeza! Você é sempre tão boy scouth! Então, como eu ia dizendo, já que você não vai aceitar tirar a tarde de folga, eu preciso dessa folga para mim. Preciso andar por aí ostentando a grávida mais linda de NYC. Eu me arrumo rápido, Avery. Provavelmente, seremos fotografados por algum paparazzi que ao nos ver tão lindos e perfeitos, achará que se trata de algum astro do cinema ou TV.

— Rich, estamos resolvendo um problema pessoal aqui e do que é que você está falando? – Weller questionou confuso e, então, olhou pelas frestas da persiana da sala de reuniões em viu uma pequena aglomeração de pessoas fora da sala. – Você deixou ela lá fora com as pessoas se aglomerando ao redor dela?

— Eu não calculei isso. Disse que ela estava deslumbrante.

A reação de Avery foi instantânea, passou pelos dois homens em pé à sua frente para alcançar a porta da sala. Weller seguiu logo atrás dela.

Rich e Santoro se entreolharam.

— Uau! – Rich disse. – Você é hetero?

Santoro não respondeu. Estava preocupado demais com a saída apressada de Avery e Weller, por isso, resolveu os seguir.

Já fora da sala, a presença de Weller fez a pequena multidão de agentes que se aglomerava em volta de Jane dispersar devagar, todos constrangidos.

Aos poucos, a imagem dela emergiu entre as demais pessoas da sala. Usava um vestido preto levemente mesclado. O tecido tinha uma leve pelugem que garantia que ela ficasse aquecida naquele clima frio do outono novaiorquino. O vestido tinha mangas longas que estavam suavemente puxadas até o meio do braço, gola alta e corte marcando as curvas de seu corpo até abaixo do joelho, acomodando confortavelmente a barriga e a deixando totalmente sensual mesmo grávida. Um par te bota verdes completava o look. O cabelo estava escovado e teve as pontas aparadas. O sorriso iluminado e os brilhantes olhos verdes a deixavam mais radiante do que qualquer jóia seria capaz.

Jane levantou discretamente a mão acenando um olá à distância enquanto se recuperava da surpresa que foi se ver rodeada por agentes prestativos querendo cumprimentá-la, a elogiando e fazendo várias perguntas.

— Meu Deus, ela está ainda mais linda! – Santoro pensou em voz alta, adianto os passos em direção a ela.

Um Kurt ainda um pouco atordoado, com coração latejante, o seguiu se recuperando do impacto que foi se deparar com o novo look da esposa  por quem só sentia vontade de ficar ali pasmado, a admirando.

— Remi! – Santoro disse empolgado. – Sou eu, Jeremy! Nossa, você está maravilhosa! Eu acabei de conhecer Avery. Ela é a cara da minha tia Ernestine.

Jane tentou sorrir e estendeu a mão para cumprimentar Santoro. Ele tratou de segurar docemente a mão dela entre as suas.

— Eu não acredito que te reencontrei. Isso é tão incrível. E Avery é tão linda. – ele continou.

Assim que Kurt os alcançou, Jane soltou a mão do homem e se aproximou do marido que a puxou para mais perto, envolvendo-a pela cintura. Instintivamente, ela descansou as mãos em seu peito, buscando respostas em seus olhos:

— Kurt... Wat gebeur? (O que está acontecendo?) – ela questionou.

— Ek dink almal bewonder die skoonheid daarvan. (Acho que todos estão admirando sua beleza.) – Jeremy se apressou em responder, atraindo o olhar de Jane que parecia ainda mais surpresa. – Eu ainda me lembro um pouco do africâner que você me ensinou. Só nos comunicávamos nessa língua pra driblar a sua mãe.

Jane sorriu confusa e tímida. Kurt sentiu o desconforto enorme ao ver a facilidade de Santoro com o africâner. Sua vontade era bufar, mas não queria demonstrar sua insatisfação e também precisava proteger Jane. Levou a mão até o rosto dela, puxando suavemente seu olhar em direção ao seu.

— Está tudo bem. – ele a tranquilizou e encostou os lábios nos dela para um beijo discreto que ela retribuiu.

— Kurt... – disse assim que o beijo acabou. – Não aqui. – disse relembrando o marido das regras que ele mesmo impusera.

— Por favor, me desculpe. Não consegui evitar. Você está realmente linda hoje! – e deu um beijo na testa da esposa. Quando terminou, manteve o braço protetoramente ao redor dela e disse – Sweet Heart, esse é Jeremy Santoro e, ao que tudo indica, ele é pai de Avery. Jeremy, essa é minha esposa, Jane.

Os olhos de Rich pareciam que iam saltar do rosto. Mas foi Avery quem falou:

— Acho melhor entrarmos novamente na sala de reuniões e esclarecermos tudo pra ela lá dentro.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso. Pensei em desistir, depois resolvi tentar. Foi o que consegui fazer.
Vou esclarecer algo aqui que acho que pode despertar dúvidas no texto. No trecho em que Jane relembra que Tasha e Patterson demonstravam curiosidade sobre sua vida sexual com Kurt, não se trata de algo no estilo fofoca. Penso nas duas bastante preocupadas com Jane e com Jeller. Elas querem entender o que está acontecendo com a amiga. E, rola também sororidade, diante das limitações que Jane vinha apresentando, a ideia era protegê-la caso necessário.
Obrigada a todos pela leitura. Cada view ou comentário tem sido muito relevante para manter essa história viva. Se gostam de JANE de coração, peço que adicionem essa fanfic aos seus favoritos e leiam logados para marcar o capítulo como lido ao final do texto na caixa preta.
Até mais.