Jane escrita por Lucca


Capítulo 13
Sonhos, pesadelos e realidade.


Notas iniciais do capítulo

Após três grande tentativas, consegui finalizar parte do que pretendia para esse capítulo. Nenhuma novidade até aqui, não é mesmo? Vou postar sem a revisão, então, se encontrarem erros não se acanhem em me apontar. Ficarei feliz em poder fazer as correções.
Sei que estou em débito na resposta aos comentários. A vida está uma loucura e, quando as pressões e obrigações terminam, só me abandono no desânimo. Logo eu supero essa fase dark e volto para o lado bom da força. E, mesmo antes disso, prometo respondê-los com muito carinho.

Esse capítulo segue encaixando peças no quebra-cabeças. Será que basta um simples encaixe para vencer o desafio ou isso exigirá estratégias de um jogo mais sofisticado?

Boa leitura.



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Alguns dias depois

                Sempre que estavam assim, totalmente entregues um ao outro, seus dedos entrelaçados aos dele, seus corpos fundidos num só, se movendo em perfeita sintonia, era tão perfeito! Não havia nada ali que ela não entendesse, nada o que temer. Senti-lo dentro dela era inexplicável. Contrair-se contra ele e vê-lo arcar de prazer contra o colchão só a deixava ainda mais louca de desejo. Mover-se sobre ele sentindo a força desesperada como seus dedos agarravam-se as coxas dela puxando-a com força e gemendo seu nome era com certeza o momento mais próximo da felicidade que ela já alcançou.

                Ali eram só os dois. Ele era dela, totalmente dela. Assim como ela era só dele.

                E como Kurt a conhecia. Ele sabia perfeitamente como levá-la ao limite. Sabia como se mover para estimular todos os pontos dentro dela que a incendiavam. Sabia como alternar suavidade e força. Sabia como desencadear sensações tão incríveis que o prazer chegava a adormecer suas pernas, concentrando todo seu potencial sensorial nas zonas que os dois precisavam para levar aquilo até o fim. E ele também reconhecia cada reação dela. Quando Jane deixou escapar seu nome de forma quase gutural, tão espontâneo quanto qualquer pessoa normal, sem qualquer traço de suas limitações, a voz dele ecoou sacralizando a sentença:

                - Vem, meu amor. Não existe nada mais lindo do que te ver assim...

                Como conter-se com a voz dele clamando por seu clímax? Ela não poderia, nem queria. Apenas deixou-se sentir e ir, com a onda elétrica do ápice percorrendo todo o seu corpo e ela tremendo em ondulações contínuas involuntárias ao redor dele.

                - Jan... – ele gemeu sem ser capaz de concluir seu nome, afundando o mais que podia dentro dela atingindo o clímax logo depois.

                Um sorriso vitorioso e satisfeito se formou no rosto dela. Os movimentos desaceleraram, mas ela se recusou a sair de cima dele. Continuou ali, disposta a ter Kurt só pra ela por cada segundo que pudesse, deixando seus dedos brincarem no abdômen dele.

                Alguns segundos depois, ele abriu os olhos e a observou. Estava ainda muito mais ofegante que ela.

                - Por Deus, Jane. Por favor, me diz depois dessa você se cansou. – falou deslizando as mãos suavemente sobre a pele nua de suas coxas.

                Ela sorriu maliciosamente e assentiu com a cabeça. Mentira! Jane continuaria ali pela noite toda, mas sabia que ele precisava descansar. Debruçando-se sobre ele, roçou seus lábios no dele antes de rolar para o lado da cama.

                Imediatamente ele se juntou a ela, envolvendo-a em seus braços e aconchegando-se nas suas costas, sua respiração quente oferecendo paz enquanto se fazia sentir contra a pele de seu pescoço. Logo em seguida, ela sentiu a bebê também se acomodando em seu ventre. Com rapidez e delicadeza, Jane empurrou a mão dele até sua barriga, ansiosa pela reação dele sentir aquilo. Mas a mão dele subiu de volta rápido demais, se negando a ficar ali. E, em instantes, ela percebeu a respiração dele pesada e compassando indicando que o marido já tinha adormecido. Respirou fundo decidida a continuar tentando conectá-lo à bebê para que Kurt pudesse sentir tudo que ela sentia e entender a necessidade que ela tinha de ficar com a filha.

                Ele estava tão preocupado com Jane e Bethany nos últimos dias que não sobrava tempo para pensar naquela pequena vida que estava a caminho. Mas claro que se lembrou da caçula assim que Jane deslizou sua mão até a barriga. Pior momento para ele. Batia um certo sentimento de culpa toda vez que o sexo terminava e ele se lembrava que Jane estava grávida. Os médicos garantiram que aquilo não fazia mal algum à bebê e aqueles momentos dos dois faziam tão bem a Jane que... porra, faziam muito bem à ele também. Ainda assim era preciso ignorar que sua filhinha estava ali para ficar em paz consigo mesmo.

                O dia amanheceu lindo e ensolarado, quebrando o frio do vento cortante e gelado de NYC. Aquela beleza era tão cativante, que Jane abriu a porta da sacada para desfrutar do sol. Ela tentou arrastar a poltrona da sala até lá para se sentar, mas Kurt que a observava da cozinha, foi mais rápido, fazendo isso por ela.

                Ah, aquele sorriso torto que ele lhe dava nesses momentos! Era um bálsamo diante de suas inseguranças. Mas também a deixava tão confusa. Por que tudo era tão complicado? Mesmo sem se recordar do seu passado, quanto mais ela percebia o mundo ao seu redor, mais se sentia presa a um ciclo repetitivo e cruel que a impedia de ser definitivamente feliz.

                Jane respirou fundo, enchendo os pulmões com aquele ar fresco e fechou os olhos deixando os raios de sol banharem sua face.

                “Sempre há uma saída. A dor é um sonho.” A voz de Roman ecoou na sua cabeça tão vívida.

                Nem sempre a dor é um sonho. Muitas vezes ela é a coisa mais real que te acompanha dia após dia. Mas assim como o sol quebra o vento gelado e até a mais suave brisa traz refresco ao calor do astro rei, ela também acreditava que existiam saídas, forma de se quebrar aquele ciclo e encontrar mais paz.

                Acomodando-se na poltrona, Jane puxou seu caderno de esboços e, apoiando-o nos joelhos, começou a rabiscar enquanto a mesma mão que sustentava a base do caderno usava o polegar para acariciar a barriga. Muito baixinho, imaginando que só ela e a bebê ouviam, ela cantarolava sem palavras, apenas emitindo sons. Isso a inspirava e também a ajudava a manter seu foco. Aquele serzinho que se agitava dentro dela lhe apontava o caminho. Estava orgulhosa de seu progresso nos últimos dias e dos aliados que fez. A amizade era algo que ela sempre cultivaria. Ela precisava de equilíbrio interior para mudar tudo dali em diante. Tudo na dose certa. Inclusive seus planos de futuro e as possíveis dores que ele lhe traria.

                Da cozinha, Kurt a observava. Ele estava finalizando a louça do café. Jane queria fazê-lo, mas ele preferia vê-la descansando. Ali, sentada ao sol da sacada com a luz destacando seus traços e o vento brincando com seus cabelos, sua esposa parecia ainda mais divina, quase angelical. Ele sorriu, pensando na força que ela tinha como contraponto dessa fugaz percepção de sua visão.

                Nesses momentos, o medo de perdê-la parecia apenas um pesadelo que acabou com o amanhecer. E como os pesadelos o perseguiram nessa semana. Em alguns, Jane estava ali, sorrindo pra ele e, de repente, se despedia indo se deitar numa cova aberta no chão lamacento da floresta. Em outros, ela simplesmente não estava mais lá, ele não tinha mais nada dela: nem o olhar, nem o toque, nem o cheiro, nada! Outros lembravam sua alucinação durante a tortura de Ivy: Bethany chorando e chamando por ele e, quando ele se virava para segurar a mão de Jane e conduzi-la até onde sua filha estava, via a esposa atrás da porta com a fumaça do ZIP a tirando dele. A pior parte de todos eles era saber que parte disso era real. Ela se entregou a morte por ele e poderia repetir isso. Da mesma forma que ele sabia que ela daria a vida pela criança que gerava se preciso fosse.

                Perder Jane não era só um pesadelo. Era parte do seu mundo nos últimos anos. Ele a perdeu quando ela desapareceu com Oscar enquanto Cade tentava matá-la. Ele a perdeu para a CIA após prendê-la. Também pensou tê-la perdido após a explosão do complexo da Sandstorm na armadilha de Shepherd.  E a perdeu por dezoito meses pouco depois de se casarem. Se repetiu de novo quando ela o deixou ao descobrir que tinha matado Avery. Sentiu toda a dor da despedida quando o envenenamento por ZIP cobrou seu preço. Desesperou-se ao retirá-la daquela cova onde Dominic a enterrou, já sem batimentos cardíacos. Sentiu-se sem chão ao vê-la consumida pelo ZIP naquela sala. Viu seu mundo se despedaçar quando ela caiu na Times Square e rasgou-se ainda mais após cada diagnóstico médico. Deus, ele a perdeu muito mais do que a teve nesses anos todos.

Contrariando a tudo e a todos, Jane voltou para ele como uma fênix. Kurt se enchia de esperança. Não deixaria nada tirar essa vitória dela. Por isso era tão importante para ele descobrir o que estava acontecendo, montar o quebra-cabeças descobrindo o encaixe para cada peça. Controlar o motivo desses apagões. Ajudá-la onde ela não estava conseguindo se autossuficiente. Ele não podia perder nenhum detalhe, nada, absolutamente nada. Seus olhos vagavam sobre ela vasculhando cada gesto, cada expressão.

O polegar direito sutilmente acariciando a barriga o prendeu. Ele respirou fundo. Não dava pra negar que o quanto a gravidez evoluíra nessas últimas semanas. Estava totalmente perceptível agora.

“Faz parte. Vai dar tudo certo.” Repetiu para si mesmo em pensamento engolindo seco e tentando afastar a constatação que, quanto mais a barriga dela crescia, maiores as chances do tecido uterino se romper transformando seu sonho em novo pesadelo.

“Não! Isso não vai acontecer. Ela está bem. Preciso confiar nisso para apoiá-la e não trazer mais preocupações para seja lá o que for que a está afetando tanto.”

Tudo arrumado, ele foi até ela. Abaixou-se ao seu lado e sorriu. Ah, como era bom vê-la assim de perto! Poder desfrutar de cada traço de seu rosto tornando-os inesquecíveis. Olhou para o caderno de esboços. Ainda estava muito rabiscado, um projeto muito no início. Mas ele já percebeu do que se travava. Um autorretrato. Jane acariciando seu próprio ventre. Kurt não conseguiu conter o impulso de beijá-la. Deus, como ela era especial!

— E hoje, Jane, quer ir a algum lugar? A ONG da Patterson ou o atelier de Boston? – ele repetiu a mesma pergunta que fazia todos os dias já antecipando a resposta.

— Nie. – ela disse sorrindo pra ele. – Aqui... Casa...

— Ok. – Kurt concordou se levantando. Daria a ela o tempo que fosse necessário para sentir-se segura em outro lugar. – Ana virá ficar com você, então.

Um sorriso iluminou o rosto de Jane. Ana os procurou a poucos dias, mas a afinidade entre as duas logo aflorou. A garota tinha terminado a faculdade de Ciências da Computação, um curso que só fez graças a bolsa que Kurt e Jane conseguiram para ela. Agora tinha folga todas as quartas e se ofereceu para fazer companhia a amiga nesses dias.

Assim que a garota chegou, Kurt se despediu e saiu para o trabalho. O SIOC andava agitado nos últimos dias.

As garotas tiveram um dia agradável. Foram dar voltas no parque, comeram e riram. Kurt chegou por volta das 18 horas carregado de pacotes. Ana se despediu com um forte abraço em Jane e voltou a se disponibilizar para acompanhá-la na semana seguinte.

Depois que ela saiu, Kurt foi para a cozinha e começou os preparativos dos petiscos. Logo isso chamou a atenção de Jane.

— Ei, o que? – ela se mostrou curiosa.

— Vamos receber visitas. Patterson me ligou. Ela logo estará aqui. – ele informou e ela suspirou sem esconder a alegria pela notícia.

Pouco depois as leves batidas soaram na porta e a loura entrou acenando e já indo rapidamente em direção a Jane que a abraçou forte.

— Ah, eu também estava com muita saudade. – Patterson disse. – Sinto falta da sua companhia na ONG, Jane.

A tatuada torceu os lábios e desviou o olhar demonstrando que não estava a fim de falar sobre aquele assunto.

— Mas tem mais alguém que estava muito preocupado com você. Tão preocupado que quis vir hoje comigo para te ver.

Foi nesse instante que Sal entrou tímido pela porta. Estava muito diferente de como Jane estava acostumada a vê-lo na ONG. A camisa xadrez, geralmente amarrada de forma despojada na cintura, agora estava vestida e alinhada. O cabelo antes jogado para traz de forma rebelde, estava penteado para o lado. O jeans não estava surrado e o tênis era muito mais discreto do que o normal. Na mão, ele trazia um singelo ramalhete de flores. Estava acanhado e inseguro.

O sorriso de Jane foi tão autêntico e receptivo que fez todos na sala respirarem aliviados.

— Oi! – ela disse animada indo ao seu encontro.

— Oi. Espero não estar incomodando. Eu queria ver como você estava. Essas flores são pra você. – e ofertou o ramalhete que foi recebido com uma joia rara causando suspiros e sorrisos.

— Eu... bem. Obrigada. – ela disse colocando a mão no peito. – Vem! – e o puxou pela mão conduzindo-o até o sofá. – Kurt... – disse ao passar pelo marido – aqui. – e entregou o ramalhete para que ele o colocasse num vaso demonstrando que a atenção dela seria totalmente de Sal.

“Merda! Com tudo isso nunca pensei em dar flores pra ela.” Kurt se lamentou em pensamentos sentindo uma pontinha de ciúmes por um menino ainda tão jovem saber como agradar sua esposa.

— Sal, esse é Kurt Weller, o marido de Jane. – Patterson fez a apresentação formal.

— Bem vindo, Sal. Fique a vontade. Vou colocar essas flores num vaso. – Kurt tentou ser receptivo antes de se afastar. Patterson o acompanhou para dar mais privacidade a Jane e seu amigo.

— Nossa, sua casa é legal. – o garoto disse vasculhando tudo com o olhar.

— Ja... sim. Você? Conta... – ela pediu e ele entendeu começando a relatar como estavam seus estudos, família e a experiência de profissionalização na ONG.

Kurt dispôs os petiscos na mesa de centro e voltou para o balcão da cozinha, forjando uma conversa com Patterson, mas de fato ambos estavam com os ouvidos atentos à conversa na sala.

— A ONG era mais legal quando você estava lá. – Sal disse num tom mais baixo. – Agora tá meio chato. Os meninos ficaram muito chateados com o que aconteceu. Já falei que eles precisam deixar de ser cabeça-dura.

Jane assentiu com a cabeça, mas desviou o olhar parecendo incomodada. Pegou um dos filetes de cenoura e mordeu.

Percebendo que algo instalou um clima estranho, Kurt resolveu intervir.

— E, então, Sal. Jane aprontava muito lá com a sua turma? – e imediatamente recebeu um olhar desafiador de Jane.

— Não, não. Ela é muito inteligente. Aprende bem rápido e me ajudava muito. Fomos bons parceiros.

— É, ela sempre voltava animada de lá. – Kurt confidenciou.

— E ela é sempre certinha, Sr. Weller. Faz tudo direito. Cortava as nossas bagunças e isso fazia a gente aprender mais. Ela é tão certinha que, mesmo na lanchonete, só comeu os legumes que o senhor mandou. Comeu uma das minhas batatinhas, mas foi uma só.

Jane concordou e riu.

— Eu não sabia que tinham ido a uma lanchonete. Não tem problemas comer batatas fritas de vez em quando. São tão boas, não é mesmo?

— São uma delícia – o garoto concordou. – Ela só foi com a gente aquele dia.

— Sim! Foi durante a reforma. Acho que foi o último dia de Jane lá na ONG antes...- e percebendo que entrava numa parte delicada, Patterson resolveu se corrigir – no último dia. Durante o almoço. Você poderia contar pra Jane sobre como os meninos estão, Sal?

— Ah, sim. Eles estão muito preocupados com você, Jane. Acho que se sentem culpados por você ter ficado doente. Não deviam ter dito tudo aquilo na lanchonete.

Os olhos de Patterson e Kurt se encontraram assustados e curiosos. Jane tratou de se posicionar.

— Não, não. Eu...- e apontou para a cabeça tentando sorrir. – não... meninos.

— O que eles disseram na lanchonete, Sal? – Patterson quis saber.

— Ah, eles sabem ser chatos de vez em quando. Primeiro ficaram dizendo que a Jane ia afastar as meninas. Depois começaram a colocar apelidos nela só porque a gente não sabia seu nome completo. Chamaram ela de Jane Doe e Jane Carrie.

— Tudo... bem. – Jane disse colocando a mão na perna do amigo para o tranquilizar.

— Agora eu sei que o nome dela é Jane Weller, né? – o garoto concluiu e Jane olhou para Kurt atônita.

— Na verdade não, Sal. O nome dela é Jane... – e Kurt se lembrou que o Doe não tinha sido bem vindo desde que ela acordara do coma. – Jane Alice Krugger. – olhando para a esposa, viu que deu um suspiro e sorriu.

— É um lindo nome.

— Foi só isso, Sal? – Patterson insistiu.

— Não. Eles também ficaram dizendo que eu e a Jane éramos namorados... e no dia seguinte as meninas que estavam lá na lanchonete também vieram me perguntar onde estava a minha namorada. – e coçou o pescoço.

Patterson usou todo o empenho possível pra conter o riso. Jane arregalou os olhos e lançou o olhar para Kurt que estava com a cara fechada e balançando nervosamente a perna enquanto ouvia. O lado racional do então diretor substituto do FBI dizia nitidamente que não havia nada ali. Sal não passava de um adolescente e Jane, convivendo com gente dessa idade na ONG, se veria envolvida em situações comuns a essa faixa etária. Mas por algum motivo que ele não sabia explicar, um desconforto se apossou do seu interior, uma vontade estranha de estar naquela lanchonete com eles, ao lado de Jane, firmando sua posição de marido.

— Nie! – a voz de Jane soou doce e brincalhona. – Não. Nós... não...

— Não, não mesmo. A Jane é muito bonita... – e aqui nessa parte da fala do garoto Kurt não conseguiu evitar uma leve torcida no pescoço. – Mas nós somos só amigos. Parceiros.

“Parceiros... ela é minha parceira. Sempre fomos nós dois em campo, um cobrindo o outro. E ainda somos assim aqui em casa. Parceiros...” O pensamento de Kurt voava pelo relato.

— Eu fiquei muito irritado por eles falarem tudo isso. E ainda falaram coisa sobre ela ser assim... diferente, sabe?

— Drogas. – Jane disse suspirando e batendo o dedo indicador na cabeça para se referir ao problema.

— Isso, disseram que ela usava drogas, por isso ficou assim. Chamaram ela de lesada. Eu fiquei muito bravo!  - as lembranças colocaram as emoções à flor da pele do garoto que se empolgou com o relato. - Joguei na cara deles que são um bando de idiotas e mandei todos à merda!

— Não! – Jane disse aflita, se colocando entre Sal e Kurt como se quisesse proteger o garoto e olhando de forma suplicante para o marido que ficou olhando pra ela e assimilando tudo aquilo. – Não, Sal. Não fica bravo. Eu... drogas... assim. – finalizou triste.

Percebendo algumas peças do quebra-cabeças se encaixando, Kurt se sentou ao lado de Jane e passou o braço ao redor dela.

— Não, Jane. Você nunca usou drogas.

— Sim! – ela insistiu sem entender. – Você disse.

— O problema que te afetou não foi causado por essas drogas das quais os meninos estavam falando. Jane trabalhava para o FBI, Sal. Ela foi uma das melhores agentes de lá. Atirava como ninguém. Em lutas mão a mão, ninguém a vencia. Derrotou vários oponentes numa luta com espadas no Japão.

Jane acompanhou o relato atenta e aflita. Kurt já tinha contado histórias sobre ela antes, mas não sobre como ela ficou assim. Também estava muito preocupada com o desfecho de tudo aquilo. Sal usou palavras que seu marido desaprovava e ela temia que isso desencadeasse algum tipo de repreensão.

— Uau! Eu já achava ela boa só pelo que faz no computador.

— Ela também era muito boa em desarmar bombas. Mas acabou presa numa sala com uma bomba de uma substância muito tóxica. Foi isso que a deixou assim. Não o uso sistemático de drogas alucinógenas. – Kurt resumiu.

— Ela parece quase um herói. Como a Mulher Maravilha, só que mais bonita.

— Eu acho que ela tem mais o perfil de uma deusa nórdica, tipo da Lady Sif de Thor. – Patterson completou. – Mas não é tão popular, talvez vocês nem a conheçam... – finalizou mais para si mesma do que para as pessoas da sala.

— Pra mim, ela é muito melhor do que qualquer heroína, Sal. Mas ela é também humana e precisou de você naquela lanchonete. E estou muito feliz por você tê-la defendido dos meninos.

Sal sorriu orgulhoso. Pouco depois se despediu. Kurt o acompanhou até a porta enquanto Patterson ficou para se despedir de Jane.

— Olha só, você teve uma grande aventura naquela lanchonete, hein? Esses meninos... como diria Tasha: “Boys, aff.” – e viu a amiga sorrir. – Eu trouxe Sal porque sei que são muito amigos, Jane. Os outros meninos são mais difíceis, com histórias mais complicadas. Mas todos sentem sua falta. Nossas aulas não são mais as mesmas. Eles não bagunçam mais e também não se envolvem com o que eu estou explicando. As perguntas são sempre as mesmas: “Quando a Jane volta? A Jane está bem? A Jane vai voltar, né?” – a loura disse rindo e depois ficou séria – E eu também sinto muito a sua falta, demais mesmo. Então, se algum dia você quiser voltar, mesmo que não seja agora... todos nós vamos ficar muito felizes em ter você conosco de novo. Pode ser até depois da bebê nascer. Levamos ela pra ONG, por que não?

A fala de Patterson tirou Jane por alguns momentos da confusão que se instalara em seus pensamentos diante de tudo que Sal e Kurt conversaram. Patterson estava fazendo planos para ela e a bebê juntas num futuro! Como isso a enchia de esperança.

— Eu e... ela? – ela quis confirmar.

— Sim, vocês duas. Tasha está pensando em deixar Maya lá também. Teremos uma babá, mas vamos ficar mais seguras se uma de nós estiver por perto. Podemos aproveitar as adaptações para acomodar sua bebê por lá também. Assim, a cada sorriso que as duas derem, a gente pode se desmanchar de alegria. O que acha?

— Bom... Muito bom. – e se lançou sobre a amiga a abraçando. – Obrigada.

— Ah, não me agradeça. Somos amigas, lembra? Acho que somos até mais que isso. Quase uma família.

Enquanto isso, Sal e Kurt conversavam no corredor:

— Sr. Weller, eu quero que o senhor saiba que fiquei muito feliz em ver que a Jane está bem, mora num lugar legal e tem uma família. Eu estava muito preocupado, com medo dela estar doente e sozinha. Eu já estava até achando que as coisas que o Malcom falou podiam acontecer, sobre o serviço social tirar o bebê dela. Mas o senhor não vai deixar, não é mesmo?

A pergunta de Sal caiu sobre Kurt com muito mais peso do que o garoto poderia imaginar. Parecia um raciocínio lógico: se Jane era uma pessoa debilitada pelo uso de drogas, não a deixariam ficar com a bebê. Aquilo fez seu estômago revirar. Entretanto, ele precisava da sua frieza de agente do FBI para prosseguir e colher mais provas:

— Sal, fiquei muito feliz por você ter vindo até aqui. Sua amizade é importante pra Jane. Pode ficar sossegado, sempre vou cuidar dela e Jane terá todo o apoio que precisar quando nossa filha nascer. Não deixaria ninguém as separar. Mas me diga uma coisa, quando Malcom falou isso, Jane ouviu?

— Sim, foi na lanchonete. Só mais uma das asneiras que eles disseram. Mas eu vou falar pra eles que o senhor não gostou nada disso.

— Realmente não é bom ficar dizendo esse tipo de coisa perto dela. Pode deixá-la triste e preocupada com coisas que não irão acontecer. Conte a eles o que te contei e peça que a tratem bem se ela voltar.

— Jane sempre vai poder contar comigo, Sr. Weller.

— Eu agradeço, Sal.

Patterson se aproximou e se despediu rápido. Deixaria o garoto seguro em casa antes de voltar para seu apartamento. Kurt esperou os dois entrarem no elevador lutando contra as batidas de seu coração, cada vez mais forte, apertando seu peito. Assim que os amigos desapareceram, entrou e fechou a porta, permanecendo alguns segundos ali, estático, mão na maçaneta, respirando fundo em busca de uma abordagem cuidadosa e eficiente.

Finalmente se virou para encarar seu mundo. Ela estava sentada no sofá, de costas pra ele, imóvel olhando o nada. Ele se aproximou devagar e ela se voltou para ele com o olhar aflito. Kurt tentou sorrir para passar segurança, mas sabia que ela captaria rapidamente seu fingimento. Sentou-se na mesa de centro à frente dela e segurou suas mãos:

— Jane... – antes que encontrasse uma forma de continuar ela o interrompeu.

— Nie... – e parou se concentrando. – Não... entendo, Kurt. Ajuda?

A questão o pegou de surpresa. Ele achava que faria as perguntas, não que seria questionado. Será que descobrir que os amigos se importavam com ela era algo tão incompreensível assim?

— São seus amigos e gostam muito de você, Honey. Sentem sua falta, se importam.

— Nie! Você. – falou batendo o dedo indicador no peito dele.

— Eu? Eu também me importo muito com você, Jane.

— Aff – ela bufou insatisfeita. – Você: Idiotas, merda não pode! Eu e Bee. Você... Sal: idiotas, merda, parabéns! Obrigado!

Kurt não conseguiu conter o riso que escapou iluminando seu rosto. Haviam tantas coisas que ele queria resolver que nem pensou na ambiguidade de suas atitudes. Dois pesos e duas medidas para as mesmas palavras.

— Não, não. Não é a mesma coisa, Jane. Sal usou essas palavras para te defender das brincadeiras dos amigos.

A expressão insatisfeita no rosto dela mostrava que não aceitaria apenas isso.

— Defender Bee, Kurt! – disse firme.

— Pensando no mesmo contexto, sim. Mas Bee é muito pequena ainda e usar aquelas palavras na escola contra colegas e professores poderia fazê-la levar uma detenção. Sal estava tentando evitar que as pessoas te magoassem. A escola não está fazendo mal à Bee, entende?

— Bee triste. Isso é ruim, Kurt.

— Tem muita coisa envolvida, Jane. Eu vou tentar te explicar um outro dia, com mais calma, com exemplos.  Existem muitas coisas que não se resumem a certo ou errado. Mas... OK, você está certa em parte disso. Na hora em que tudo aconteceu, eu não consegui ver que você só estava tentando proteger Bee. – e colocou a mão no rosto dela. – Eu devia ter dito o mesmo que disse ao Sal para você. Obrigado por defendê-la, Jane.

Ouvir isso foi libertador para Jane. Desde que tudo acontecera com a pequena Bethany, ela se questionava sobre se seria capaz realmente de ser mãe já que quando todos os seus instintos lhe cobraram defender a criança, Kurt disse que isso estava errado. Aos poucos, ela se dava conta que poderia confiar em si mesma e que as outras pessoas podiam estar erradas, até mesmo Kurt. Então, sorriu satisfeita.

Não durou muito essa alegria. Kurt continuava olhando pra ela com um olhar carregado de incertezas. Isso a incomodava demais. Por isso, resolveu ajudá-lo a se abrir:

— Ei, o que...?

— Eu... – e respirou fundo. – Eu conversei um pouco com o Sal ali fora e ele contou coisas que me deixaram preocupado. Preciso falar sobre isso com você, mas não quero te deixar triste.

Ela pegou a mão dele docemente e colocou em seu peito, cobrindo-a com as suas. Então olhou para ele com o olhar carregado de determinação e amor:

— Confia, Kurt. Fale.

Ele sorriu triste, aproximou-se para um rápido beijo em seus lábios e segurou suas mãos.

— Jane, Sal me disse que os meninos disseram que não te deixariam ficar com a bebê por ter tido problemas com drogas.

Todo o brilho dos olhos dela se dissipou rapidamente e suas pálpebras se fecharam numa recusa involuntária de encará-lo. O movimento amplo do peito inflando mostrava que ela buscava o ar.

— Jane... – e começou.

— Nie, Kurt! – ela disse reabrindo os olhos e o encarando com feracidade e puxando suas mãos de volta. – Eu... melhor. Aprender e ficar com ela.

— Jane, você não precisa aprender ou ficar melhor para ficar com ela...

— Ja! Consigo...  – e respirando bem fundo, disse pausadamente. – Vou ficar com ela. Kurt, sem ela eu... não...posso. – e nesse momento seus olhos mostraram certa fragilidade.

— Você vai ficar com ela, Jane. Claro que vai. Eu não deixaria ninguém te separar dela. – disse apertando as mãos dela mais firmes para passar segurança. – Você sabe disso, não sabe?

Jane fechou os olhos e respirou buscando uma forma de mostrar a ele tudo que pensava. De repente, ela abriu os olhos e se levantou, puxando o pela mão. Entraram no corredor dos quartos e foi abrindo todas a portas. Kurt colocou toda a sua atenção naquilo submetendo sua vontade de apenas abraçá-la e repetir mil vezes se preciso fosse que não deixaria ninguém a separar da bebê. Com todas as portas abertas, ela retornou para a entrada do primeiro quarto onde geralmente colocavam os hóspedes. Era também onde Avery ficava quando os visitava.

— Avery... Nada. – e gesticulou para dentro do cômodo.

— Avery não está aqui. Ela está na faculdade. Logo ela virá.

— Nie, Kurt. Avery nunca... nada. – e voltou a puxá-lo pela mão até mostrar o quarto de Bethany – Nada.

— Bethany está no Colorado...

Ela bufou diante do comentário dele e mostrou o quarto dos dois:

— Nada.

— Mas nós dois estamos aqui e todas as nossas coisas estão aí, Jane.

— Nie, Kurt. Nada. – e apontando para os três quartos repetiu – Nada... nada... nada. – e colocou a mão na barriga.

Olhando diretamente pra ela, desesperado por ser capaz de entender aquilo, os pensamentos de Kurt finalmente apontaram o significado daquilo:

— Nada. Não temos nada nos três quarto para a bebê.

— Isso! – ela disse com um ânimo triste.

Kurt se jogou contra a parede do corredor. Suas pernas estavam trêmulas e precisava de apoio. Nunca imaginou que ela sentiria falta das coisas que ele deliberadamente evitava trazer para o apartamento. E, se era assim, era hora disso mudar. Negou-se a solta a mão dela e ainda a puxou para perto, bem em frente a ele:.

— Jane, ainda não temos nada, mas é só por enquanto. – disse segurando-a pela cintura.

Ela sorriu incrédula e disse:

— Avery...

Ouvir o nome da enteada novamente provocou uma estranha reação no cérebro de Kurt. Varias outras peças foram se encaixando numa sequencia macabra que fazia seu estômago revirar.

— Avery. – ele repetiu. – Foi assim com Avery. Não havia um berçário ou roupas ou fraldas, mas te diziam comprariam isso depois que ela nascesse. Estou certo?

Jane deu um longo suspiro e concordou com a cabeça. Kurt sentiu-se muito mal. Todo esse tempo, achando que a estava protegendo, ele acabou agindo como Shepherd, fazendo tantas coisas ruins do passado dela se repetirem. Ele duvidou da sua própria integridade moral enquanto estavam em fuga e não desconfiou que podia machucar justamente essa mulher que amava tanto apenas evitando que ela pudesse ter tudo que a maternidade poderia lhe proporcionar desde já. Enquanto estavam sendo acusados de terrorismo e viviam escondidos, as circunstâncias justificavam sua ausência da vida da filha. Mas, e agora, o que justificaria isso? Colocando a mão dela em seu peito, resolveu reafirmar o que já havia dito:

— Jane, eu não... – e foi silenciado pelo dedo dela selando seus lábios.

— Você bom, Kurt. Muito bom. Quer coisas boas pra ela. Pessoas boas.

— Odeio quando você diz que sou bom. Eu quero sim o melhor pra ela. E o melhor pra ela é você. – disse olhando quase suplicante para fazê-la entender.

— Nie. – e apontou para o celular que estava no bolso de trás da calça dele e depois para seus próprios lábios mostrando que ele precisaria traduzir. Assim que ele ativou o tradutor, ela continuou - Ek is nie baie goed nie. Maar ek sal verbeter. Ek belowe om goed te wees om vir haar te sorg. (Eu não sou muito boa. Mas vou melhorar. Prometo ser boa pra cuidar dela.)

— Você não precisa ser melhor do que já é para poder ficar com a bebê, Jane. Não está nisso sozinha. Eu estou aqui com você. Vou continuar aqui e te ajudar a cuidar dela.

— Nie, Kurt. Você livre e... feliz.

— Livre? Livre de quê? E feliz como sem você?

— Feliz... Bee. E... Allie. – ela disse firme determinada a mostrar que entendia e aceitava tudo aquilo.

— Não. Não, não, não e não, Jane. Eu amo Bethany demais, mas... – ele precisava se fazer entender de uma vez por todas.

Puxando-a pela mão, entrou no quarto da filha e pegou o quadro que Jane pintou. Prosseguiu sem parar até entrarem no quarto de Avery onde colocou o quadro no chão, ao lado de um grande espelho spin de chão. Depois escorregou para o chão, encostando-se nos pés da cama e convidando-a a se juntar ele, acomodada entre suas pernas. Ela fez o que ele queria.

— Vamos começar conversando sobre o quadro que você pintou pra mim. É lindo. Mas tem algo nele que me incomoda muito. E o que me incomoda é Allie estar ali e não você.

— Allie... “meu Kurt!” – ela argumentou.

— Allie disse isso?

— Ja. – Jane foi firme. Aquela cena sempre voltava a sua mente.

— Allie está errada. Ela não é minha esposa, você é. Ela não é a mulher que eu amo. Você é. Isso que você pintou nunca será real. Eu não seria feliz com Allie mesmo tendo Bethany comigo todos os dias. Por que para eu ser feliz, Jane, preciso de você. Olha ali, por favor. – disse apontando para o espelho. – Eu preciso que você veja e entenda que só posso ser feliz se estivermos juntos.  Perder você me aterroriza. É meu pior pesadelo.

Tudo o que ele dizia penetrava em Jane com a eficiência de um algoritmo programado para falar diretamente ao seu coração. Nem todas as palavras faziam sentido, mas o conjunto todo era muito claro. Era quase como poder respirar embaixo d’água. Não parecia ter sentido, mas era bom demais.

Retirando-a definitivamente do sonho direto para a realidade, Kurt colocou as duas mãos na barriga dela e Jane deslizou o corpo um pouco para o lado para poder olhar o marido. Então ele continuou:

— Eu sou feliz aqui, Jane. É aqui com você que sinto verdadeiramente eu. Você não me prende. Foi você quem me ensinou a voar. E voar alto, tão alto que isso fez Bethany existir. Como se isso não bastasse, você ainda vai me dar outra filha, essa pequena guerreira aqui. – e roçou os polegares. – Nós somos uma família. Somos os melhores parceiros. Estar com você me faz muito bem porque eu te amo. Claro, tudo isso se você também quiser ficar comigo...

— ja. Sim... quero... muito. Amo muito. – ela disse sem conseguir esconder a emoção em seus olhos.

Os dois se beijaram sem a menor necessidade de calcular o tempo. Apenas se deliciaram com a felicidade de ter suas bocas seladas uma na outra e suas línguas brincando de saborear a pessoa amada. Após muito tempo, o beijo longo deu lugar a vários e repetidos selinhos até que pararam para retomar a conversa.

— Então, será assim. Eu e você. E ela. E Bethany quando ela vier nos visitar ou quando nós formos ao Colorado.

— Avery.

— Sim, e Avery também. E vamos comprar berço, roupinhas e tudo o mais que essa princesinha aqui merece. – ele falava empolgado com a alegria no rosto dela.

Virando-se de frente para ele, Jane disse:

— Nós e... as meninas.

— Perfeito! Nós e nossas três meninas. Juntos sempre, mesmo quando duas delas estiverem longe.

Entrelaçaram seus dedos e deixaram suas testas repousarem uma contra a outra. Ambos sentiam de forma pela que eram totalmente um do outro e nada mudaria isso.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso. Daqui pra frente, nosso casal mais unido que nunca. Problemas só da porta pra fora e os dois juntos para enfrentá-los.
Comentários são sempre bem vindos. Se gostarem dessa história e quiserem adicioná-la aos favoritos, agradeço imensamente.
Vou parar de digitar e postar antes que eu adormeça.
Muito obrigada pela leitura.