Colônias Galácticas escrita por Aldneo


Capítulo 50
Último capítulo




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Na ponte de comando, Rademaker, transtornado, gritava com seus subalternos, exigindo que estes detivessem os fugitivos, ao que um deles tentou lhe explicar a situação:

— A suborbital deles foi conectada diretamente ao sistema de controles do hangar, isto bloqueou o acesso com usuário e senha, não podemos ter acesso aos comandos… contornar a criptografia pode funcionar, mas leva tempo…

No hangar, do lado de fora da suborbital, os três soldados que haviam combatido com os fugitivos buscavam se aproximar dela, no intuito de forçar sua entrada. Porém, o som de grandes engrenagens sendo ativadas por detrás das paredes os fizeram cessar prontamente com este intento. Sendo capazes de prever o que estava para ocorrer e na expectativa de conseguirem deixar aquele local a tempo, eles correram na direção da porta de acesso, pela qual haviam, pouco tempo antes, adentrado. Os dois mais próximos da porta, não localizando o terceiro membro do grupo, o qual havia se lançado em uma tentativa de franquear a suborbital, lhe gritavam desesperadamente, chamando-o. Não obtendo resposta, um deles lhe gritou:

— Estamos saindo! As comportas, parece que vão abrir! Caso se abram com você ainda aqui, esvazie todo o ar dos pulmões e se agarre o mais forte que puder em qualquer coisa!

Pouco depois, de fato, as comportas do hangar começaram a se abrir, fazendo a atmosfera artificial do local ser rapidamente sugada pelo vácuo espacial. Os dois soldados, que se achavam ao lado da porta quando o vácuo começou a se estabelecer, necessitaram de um esforço sobre-humano para se segurarem nos umbrais da porta, acionar seus comandos de abertura e se lançarem para fora do hangar, fechando a porta em seguida, em claro desespero. Na cabine, oficiais temerosos informavam a Rademaker:

— Senhor, creio que a nave dos fugitivos deixou o hangar. Eles já não estão mais conectados, então, conseguimos restabelecer o controle sobre a área. Fechamos a comporta e ordenamos aos soldados mais próximos que verifiquem…

— Quero o relatório do soldado responsável, agora! - Rademaker esbravejou.

Na área do hangar, os dois soldados que conseguiram escapar, observavam-no por uma das “janelas” ao lado da porta que a pouco haviam cruzado com extremo esforço. Eles haviam recebido ordens para retornarem ao hangar e verificarem a situação detalhadamente, porém, precisavam aguardar que as comportas fossem novamente seladas e que se tornasse a injetar atmosfera no local. O soldado líder, através de seu comunicador, informava os seus superiores:

— Aqui é Mandelbrot, não há sinal da suborbital no hangar. Também não há sinal do soldado Bouligand, que acreditamos ter permanecido no hangar durante a abertura das comportas e fuga dos alvos.

Na suborbital, Marcus e Klás pilotavam, buscando se afastar o máximo possível da nave principal. Karine havia se recuperado e se juntara a eles na cabine, permanecendo em pé pouco atrás dos acentos de piloto e copiloto, chegando ali no momento de escutar o diálogo entre os dois:

— Não nos resta muita opção além de retornarmos à colônia no caótico de Murias… - Marcus concluía para Klás. - Uma vez lá, tentaremos seguir com o plano original…

— Enquanto a mim? - Karine entrou na conversa, com a voz um tanto fraca e a respiração ainda ofegante.

— Sua passagem de volta a Terra ainda está comigo… - Marcus se volta para ela. - Creio que a parte de embarcá-la de volta também continua…

Uma sensação de segurança (comum aos que acabam de passar, ou acreditam já ter passado, por uma situação de perigo) envolveu os três, enquanto a suborbital era lentamente direcionada na direção da superfície de Europa, buscando localizar ali o seu destino. Porém, esta sensação acabaria lhes anestesiando, quase como que lhes fazendo esquecer que ainda estavam a poucas centenas de quilômetros (o que, para os padrões siderais, é bem pouco) de uma nave que, embora anteriormente pertencessem a eles, agora estava repleta e comandada por soldados, que já não buscavam mais apenas capturá-los, mas também por se vingarem deles. Na ponte desta nave, um dos oficiais, após receber uma mensagem pelo comunicador, informa ao kaptein:

— A torre da gávea confirmou localizá-los, estão a cerca de mil quilômetros da popa, e se afastando rumo bombordo, aparentemente em direção à superfície.

— Vire a nave contra eles e os acertem! - Rademaker esbravejou, não disfarçando um sorriso de sádico contentamento, sendo que alguns de seus oficiais cometeram o erro de lhe retornar um olhar questionador, que mesclavam perguntas de “como?”, “com o que?” e “isto é realmente necessário?”, ao que, com clara indignação, ele gritou imperativamente: - Lance esta nave contra eles, somos mais rápidos e, pelo menos, umas cinquenta vezes maiores, o impacto os destruirá, danificará ou, ao menos, os lançará fora de órbita… de qualquer jeito nos livramos deles! E é isto que estou mandando, que se livrem deles!

Na suborbital, a atenção de todos seria atraída por um alerta de proximidade acionado no painel.

— Viraram a nave e estão vindo em nossa direção… - Marcus exclamou. - Acho que tentarão nos acertar…

— Cerca de dois minutos para o impacto. - Klás informou, sem esconder certo desespero que o tomava.

— Temos que fugir! - Karine concluiu, sentindo uma vontade enorme de dizer algo, porém sem ter certeza alguma de o quê e se seria realmente necessário.

— Não tem como fugir! - Marcus informou. - Eles estão numa interplanetária, a velocidade média deles é, no mínimo, dez vezes maior que nossa velocidade máxima!

— E se apenas desviarmos… - Klás propôs com nítida insegurança. - Poderíamos acionar a potência máxima, então cortar os motores principais, acionando os propulsores laterais de manobra em apenas um dos lados…

— Você está sugerindo “derrapar” com a nave?! - Marcus o interrompeu com uma conclusão que fez Klás se retrair, demonstrando reconhecer o quanto sua ideia parecia estúpida quando posta nestes termos. Porém, antes que ele tivesse tempo de argumentar qualquer coisa (ele aparentava estar se preparando para pedir desculpas por ter sugerido tal tolice), Marcus retomou: - Isto soa bem idiota, mas pode funcionar… Embora sejam mais rápidos do que nós, o tamanho lhes torna bem menos manobráveis, uma mudança brusca de direção pode nos dar uma chance de despistá-los. Vamos tentar, até porque não temos outras opções mesmo – ele concluiu acionando a potência máxima das turbinas principais e indicando ao amigo que iniciasse os comandos dos propulsores laterais. - Ok, quando eu desligar o motor principal, acione os laterais no máximo! - ele instruiu pouco antes de gritar um “Já” para realizarem a ação.

O corte abrupto das turbinas principais, acompanhado do ligar dos propulsores laterais de bombordo fez realmente com que a nave suborbital realizasse um movimento em arco brusco, e mais do que isto, acabou desnivelando-a, inclinando, fortuitamente, sua parte frontal para a superfície da lua a qual se dirigiam. No momento em que Marcus percebeu a mudança de direção, ele religou os motores principais em máxima potência, lançando a nave para frente velozmente, retirando-os da rota de colisão da interplanetária e permitindo-lhes passar por ela a uma distância de poucos quilômetros de seu casco (o que, embora fosse mais que o suficiente para salvar-lhes da colisão, chegou a ser suficiente para que a ação gravitacional da nave maior os desestabilizasse levemente).

— O que aconteceu?! - Rademaker, na ponte de comando, e mais transtornado do que nunca, questionava seus oficiais.

— Ao que parece… - um dos oficiais o respondeu temerosamente, engolindo em seco antes de completar a informação – eles escaparam, senhor.


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