Colônias Galácticas escrita por Aldneo


Capítulo 43
贿赂 [huì-lù]




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Algumas horas após deixar a nave principal, Marcus, Klás e Ivana, a bordo da suborbital pousam em um hangar de um distrito industrial que, por ser domingo, estava deserto. Tal lugar não fora escolhido ao acaso, Marcus haviam entrado em contato com um conhecido que morava naquela colônia, que, por uma feliz coincidência, seria o único funcionário que estaria em tal hangar naquele dia. Após desembarcarem, o trio seguiria até a porta de saída, rumo a via de acesso que os levaria a parte central da colônia. Porém, a sorte que tiveram para encontrar um lugar para pousar pareceu não lhes acompanhar por muito tempo, pois, assim que saíram do hangar, eles cruzaram o caminho de uma dupla de seguranças que patrulhavam a área. Um deles prontamente os encarou, gritando-lhes algo que soava como:

— Shéi shì ni!?

Klás, tomando a frente, com as mãos levemente levantadas para lhe chamar a atenção, tentou lhe responder:

— Women… yóu rén… hã… cóng… guó niàn… — após o que ele tentou disfarçar sua insegurança com o idioma em um sorriso. Porém, o homem que lhes abordara, lhe encarando de forma estranha, respondeu, com uma voz que mesclava irritação e zombaria:

— Nide huà méi you dàoli.

Ivana perguntou a Klás o que aquele homem teria dito, porém este não conseguiu responder nada além de um “eu não consegui entender” (embora, com isso, sem querer e sem perceber, tinha quase acertado a tradução). Nisto, a parceira do segurança, uma mulher que deveria ter na média de uns trinta anos e, assim como seu parceiro, era magra e possuía o que poderiam ser considerados como “traços orientais” (diferenciando-se dele, principalmente, por ele usar o cabelo preso em um coque, enquanto que ela tinha a cabeça quase toda raspada, mantendo apenas uma faixa de cabelo curto do lado direito da cabeça), chamou a atenção para si, dizendo:

— Ele disse que o que você falou não faz sentido nenhum, e, realmente, o seu mandarim é horrível. Por favor, não tente continuar falando.

Klás, constrangido, pediu desculpas, enquanto escutava Ivana lhe declarar cinicamente: “É, ao que parece, sua apostila de ‘Chinês em um mês’ não é muito boa.”

— Sou Selena Mun, responsável de segurança deste distrito. - a mulher lhes informou em tom formal e firme, mantendo o olhar fixo e indagante no trio.

— Somos turistas… - Klás tentou começar a explicar, mas foi rapidamente interrompido por ela:

— Turistas vem em voos comerciais, durante dias úteis, e desembarcam na base aeroespacial. Não em naves particulares que pousam às escondidas em um hangar de um distrito deserto.

— Somos vendedores de quinquilharias – Ivana tomou a palavra em meio aos dois rapazes que apenas balbuciavam tentativas de explicações, assumindo uma atitude que parecia dizer “sabemos que você sabe que estamos mentindo”. - Viemos comprar mercadorias para revender, porém não queremos pagar os impostos, taxas e tal, por isso tentamos entrar na colônia escondidos. Isto está bem pra você.

— Comerciantes é… - Selena comenta, abrindo um sorriso que os três demonstraram saber exatamente do que se tratava. - E vocês ganham muitos créditos revendendo essas quinquilharias?

— Quanto você quer para não nos ter visto? - Marcus concluiu depois de um suspiro que mesclava alívio e frustração.

Uma vez que valores foram acertados entre eles, a dupla de seguranças permitiu que o trio continuasse seu caminho, ainda que o parceiro de Selena insistisse em soltar um “cao bao”, em um tom bem desagradável, no momento em que Klás passava por ele. Enquanto deixavam a dupla para trás, Ivana se voltaria para Selena, a questionando o que Klás lhes teria dito, ao que ela respondeu de forma claramente incômoda:

— O que ele disse foi realmente ininteligível… Mas acho que entendi algo sobre vocês “comemorarem o Ano Novo”… - Após ouvir tal explicação, Ivana, voltou para junto de seus companheiros, comentando ironicamente: “Hei, Klás, sabe que já estamos em fevereiro, não sabe?!”

Enquanto os três seguiram na via em direção ao centro da colônia, a dupla de seguranças adentrou o hangar de onde eles saíram, indo até o empregado que estava ali de vigilante (o mesmo que facilitara o pouso para o trio de fugitivos). Este, um homem de meia idade, também de traços levemente orientais, porém de nariz largo e cabelos encaracolados, ao vê-los, os saudou cordialmente, demonstrando já os conhecer, e foi ao encontro deles.

— É são realmente eles – Selena comenta com o funcionário. - Você cumpriu com sua parte no trato e nosso chefe vai transferir o valor combinado para sua conta assim que lhe informarmos, mas, antes, queremos mais um servicinho seu: triangule de onde esta suborbital desceu.

Indiferentes ao que ocorria no hangar, o trio seguiu em sua caminhada, a qual se mostrava bem longa, indo daquele distrito até o centro da colônia. Caminhada esta que se mostrou um tanto mais incomoda devido a sensação térmica bem fria daquele local (apesar do fato daquela colônia, como todas as demais, possuir um sistema de aquecimento e ser aterrada com uma camada de solo artificial por sobre a superfície de gelo natural de Europa).

— Então, vamos realmente mandá-la de volta? - Ivana puxou conversa enquanto caminhavam.

— Sim, é a melhor decisão que podemos tomar. - Marcus respondeu.

— E se forem atrás dela? Acham mesmo que ela não vai nos entregar? - ela insistiu.

— Você esteve com ela pelos últimos quatro meses, e, assim como nós, pôde perceber que ela não oferece perigo algum - Klás comentou. - É metida a esperta, mas não é nada boa em deduzir coisas… Se a questionarem, o máximo que poderia falar é que estamos em Europa. É uma lua inteira, com dezenas de colônias, e nós sabemos nos esconder, não é?

— É… - Ivana consentiu, um pouco a contragosto, enquanto continuavam a caminhar.


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